Eu estava parada em meio a um pequeno bosque. Olhei para cima; tinha uma visão perfeita das estrelas. A lua brilhava. Me sentia mais leve, percebi que não estava mais de jeans ou botas; estava vestindo uma toga grega que parecia ser tecida de prata. Uma fita brilhosa rodeava minha cintura.

Comecei a andar, estranhamente eu parecia conhecer aquele lugar, e cheguei próxima a um lago cristalino. Olhei para meu reflexo na superfície do lago e me assustei. A garota que eu vi era eu e ao mesmo tempo não era, eu nunca havia ficado tão bonita assim. Meus cabelos estavam soltos e ondulados, como sempre, mas enfeitados com pequenas pedrinhas brilhantes. Não estava maquiada, mas meu rosto parecia impecável. O que mais me chamou atenção foram meus olhos, eles eram castanhos, que havia herdado de minha avó mãe do meu pai, agora brilhavam prateados, como os de minha mãe.

Não percebi que alguém tinha se aproximado até sentir dedos frios apertarem carinhosamente minha mão. Nico sorria para mim carinhosamente. Eu queria perguntar o que estávamos fazendo naquele lugar, mas não consegui. Quando aqueles olhos escuros intensos me encaravam eu não conseguia raciocinar bem. Ele segurou meu rosto com as duas mãos e juntou seus lábios com os meus. O abracei fortemente, queria senti-lo perto de mim. O filho de Hades desceu as mãos para minha cintura e também me abraçou. Nos afastamos; notei que ele vestia um toga preta e ri. Senti seus lábios frios beijarem meu rosto e pescoço e fechei os olhos.

Mas o sonho mudou.

Dessa eu não estava em nenhum bosque com Nico, nem arrumada. Usava as roupas de sempre e corria de forma desesperada por uma rua, a rua que levava a minha casa...

O arco prateado estava em minha mão, já com uma flecha encaixada quando abri a porta de forma violenta. Mas não chegara a tempo; meu pai, o homem que me criou com tanto amor e cuidado estava ensanguentado, caído no chão da sala.

NÃO

*********

Acordei me levantando subitamente e me agarrando a primeira pessoa que vi. Não estava chorando, mas me sentia completamente trêmula.

– O que houve? - perguntou Nico, me abraçando.

Eu não o soltei quando respondi.

– Meu pai, eu tive um sonho... Ele... Ele estava morto.

O filho de Hades se afastou para olhar em meus olhos.

– Seu pai está bem, não se preocupe. - ele falou confiante, como se soubesse mesmo que meu pai estava bem.

– Como sabe disso?

– Eu posso sentir quando as pessoas morrem. - ele deu um sorriso leve.

– Por quanto tempo fiquei desacordada? - perguntei, finalmente me lembrando de onde estava e do estranho desmaio.

– Cinco horas. Trouxe você de volta para o quarto. Me deixou preocupado, Alexandra. - ele acariciou meu rosto.

Bem nessa hora, em que ele demostrava todo esse romantismo para mim, Cassandra abriu a porta do quarto e entrou com Percy.

– Opa! - ela sorriu um pouco envergonhada - Acho que interrompemos algo, Percy. Como você está, Sandy? - o tom dela mudou para preocupado.

Nico já havia se levantado da cama e estava parado perto das sombras. Suspirei mas sorri para Cassandra.

– Estou bem melhor.

– Vocês devem querer conversar, então Nico e eu vamos para a sala meninas. - o filho de Poseidon falou - Nós também precisamos conversar.

A expressão de Nico ficou confusa por alguns segundos, mas logo ficou impassível novamente.

Os dois saíram do quarto, me deixando ser interrogada por Cassandra.