Aquela estava sendo a pior viagem de taxi da minha vida.

O carro parecia estar programado para permanecer acelerado durante toda eternidade. Nós virávamos para um lado, batíamos com a cabeça no teto. Eu já estava ficando enjoada. A motorista fez uma curva fechada e eu bati com minha cabeça na de Nico.

– Desculpe. -pediu ele.

– Cuidado! Vá para a esquerda! -guinchou a velha do meio.

– Bem, se você tivesse me dado o olho, Tempestade, eu poderia ver isso! -se queixou a motorista.

Dar o olho?

– Vespa! -disse a terceira mulher para a motorista- Me passe a moeda! Quero mordê-la.

– Você mordeu da última vez, Ira! -disse a motorista, que devia se chamar Vespa- É a minha vez!

– Não é! -gritou a que se chamava Ira.

– Vocês não se cansam dessa discussão? -perguntou Percy.

– Calado, Cabeça de Alga! -disseram as três.

– Sinal vermelho! -berrou a do meio, Tempestade.

– Freie! -berrou Ira.

Mas Vespa acelerou e subiu no meio fio, derrubando uma máquina de vender jornais.

– A senhora... enxerga? -perguntei, um pouco tonta.

– Não! -gritou Vespa, do volante.

– Não! -gritou Tempestade, do meio.

– Sim! -gritou Ira, da janela do passageiro.

Olhei para Cassandra.

– Elas tem um olho. -disse Cassie.

– Um olho cada uma?

– Não, ao todo.

Vespa fez uma curva violenta. Agarrei a mão de Nico inconscientemente.

– Esse é o meio de transporte mais rápido que eu conheço. -disse Percy.

Lancei a ele o olhar mais feio que uma pessoa tonta e enjoada pode lançar.

– Já tivemos gente famosa neste taxi! -falou Ira- Lembram-se de Jasão?

– Não quero lembrar! -gritou Vespa- E nós não tínhamos um táxi naquele tempo, sua morcega velha! Aquilo foi há três mil anos!

– Me dê o dente! -Ira tentou agarra-lo na boca de Vespa, mas Vespa afastou a mão dela com um tapa.

– Só se a Tempestade me der o olho!

– Não! -guinchou Tempestade- Você o usou ontem!

– Mas eu estou dirigindo, sua bruxa velha!

– Desculpas! Vire! Era o seu caminho!

Vespa entrou com violência em uma rua que eu não conhecia. Estávamos correndo tão rápido que eu nem consegui distinguir as paisagens de janela.

As três irmãs estavam agora se estapeando.

– O olho! Dê para mim! -berrou Vespa.

Ela bateu com força na irmã Ira. Ouvi um barulho e algo saiu voando da cara de Ira. O olho verde e viscoso veio parar no meu colo.

Dei um grito e pulei tão alto que bati com a cabeça no teto.

– Não consigo enxergar! -berraram as três.

– Dê o olho para mim! -pediu Vespa.

– Dê o olho para ela! -gritou Cassandra.

– Não sei onde está! -falei.

– Perto do seu pé! -ela apontou.

– Não vou pegar aquilo! -gritei, me sentindo cada vez mais enjoada.

– Pegue o olho! -ela rosnou.

Nico se abaixou e pegou o olho em meu lugar.

– Bom menino! -disse Vespa, colocando o olho dentro da órbita.

Ela pisou no freio e o taxi rodopiou cinco vezes antes de parar.

– Vamos! -disse Cassandra, abrindo a porta.

Estávamos cercados de cassinos e hotéis de luxo. Muitas luzes brilhavam e músicas tocavam de vários lugares.

Estávamos em Las Vegas.