" Lembre-se : Você tem o coração de uma caçadora; você é forte, habilidosa e corajosa. Não tenha medo. "

*****

Na manhã seguinte eu acordei mais calma.

Acho que foi resultado da voz de minha mãe falando comigo em meu sonho de novo.

Quando fui abrir uma das mochilas - que minha mãe mandara - para procurar uma roupa, percebi que naquela mochila tinha também outras coisas: dinheiro e um saco com várias moedas douradas. Acho que o nome era dracmas, uma antiga moeda grega.

Decidi usar meu cabelo em um rabo de cavalo alto, como Courtney havia dito. Realmente, esse penteado ficava bem em mim.

Quando terminei de me arrumar, parecia que eu estava brilhando. Não literalmente, mas minha jaqueta era prateada, minha blusa era branca e minha mochila também.

Fui andando até o pinheiro. Quíron já estava lá, junto com Cassandra, Nico e Percy.

– Já vamos partir? -perguntei quando já estava próxima deles.

– Já, minha querida. Desejo-lhes sorte. -Quíron sorriu e acenou.

Foi aí que eu percebi que havia um outro homem conosco. Ele era loiro e alto, e tinha olhos azuis. Completamente no plural, porque ele tinha olhos azuis em todas as partes do corpo. Devia ser uma pessoa difícil de assustar.

– Aquele é Argos, vai nos levar até a estação de ônibus somente. Depois estaremos por nós mesmos. Eles não podem se envolver nas missões de meios sangues. -Cassandra cochichou para mim.

Argos nos levou até uma van. Nico entrou primeiro e Cassandra literalmente me empurrou para que eu sentasse ao lado dele.

Não demoramos muito para chegar até a estação. Argos nos desejou boa sorte e voltou para o acampamento. Estávamos sozinhos.

– Se posso dar uma sugestão, Alexandra -falou Percy- eu diria que não deveríamos ir de ônibus para Los Angeles...

– Los Angeles? -perguntei confusa.

– É lá que fica a entrada para o Mundo Inferior. -explicou Nico.

Ainda estava confusa, mas deixei Percy terminar.

– Podíamos pegar um taxi até Las vegas e de lá ir para Los Angeles...

– Um taxi... -eu ainda tentava entender o que ele estava querendo.

Mas Cassandra pareceu entender. Lançou para ele um sorriso brilhante e tirou um dracma do bolso do casaco.

– Stêthi -ela falou em grego antigo- Ô hárma diabolês!

Eu entendi o que ela disse. " Pare, Carruagem da Danação!"

Isso não me deixou muito animada.

Ela atirou a moeda na rua, que afundou no asfalto.

Depois, no lugar em que ela havia jogado a moeda, surgiu um taxi. Realmente um taxi, só que cinzento, parecia ser feito de fumaça. A janela do passageiro abriu e uma velha pôs a cabeça do lado de fora. Seus cabelos eram grisalhos e cobriam os olhos. Falava de uma maneira estranha.

– Passagem? Passagem?

– Quatro para Las Vegas. -falou Cassandra e abriu a porta traseira, acenando para que entrássemos.

Novamente me sentei ao lado de Nico.

O interior do taxi era cinza escuro, com assento irregular e havia três velhas ao invés de uma. Todas amontoadas no assento dianteiro.

– Las Vegas aí vamos nós! - gritou a que estava na direção.

Ela pisou no acelerador e eu senti meu corpo sendo puxado para trás. Uma voz gravada veio do alto-falante: Olá, aqui é Ganimedes, sommelier de Zeus, e quando saio para comprar vinho para o Senhor dos Céus sempre ponho o cinto de segurança!

Desisti de por o cinto quando vi que ele era uma corrente grande e preta.

No que essa viagem vai dar?