– Virar uma Caçadora? FORA DE QUESTÃO!!!! -Cassandra berrou.

Ela havia me dito que me procuraria antes do jantar para "por juízo na minha cabeça". Me encontrou quando eu estava na porta de meu chalé e começou a falar comigo. Ou melhor, gritar.

– EU SOU SUA AMIGA E VOCÊ PRECISA ME OUVIR! -ela continuava gritando. Alguns campistas de Apolo que passavam nos olhou- ESTOU TENTANDO LHE IMPEDIR DE COMETER UMA LOUCURA! VOCÊ REALMENTE QUER ABANDONAR SEU PAI E O ACAMPAMENTO? E O NICO? VOCÊ JÁ PENSOU NELE? - algumas filhas de Afrodite nos olhava interessadas na conversa.

Cansada da gritaria, peguei Cassandra pela armadura e levei para dentro do meu chalé. Eu geralmente não sou agressiva e mal educada, mas não há nada que me irrite mais do que gritaria.

– Quieta, Cassandra. -pedi séria.

Cassandra pareceu sentir que a última coisa que eu precisava agora era gritos, porque me abraçou e se desculpou.

– Eu não quero que você se arrependa, Sandy. -ela falou mais calma.

– Eu sei. -passei a mão em meus cabelos. Estava cansada - Ártemis me deu tempo para pensar. Eu ainda não me decidi.

– Por quê? -ela perguntou.

– Porque se eu aceitasse ser uma Caçadora, eu teria minha mãe. Coisa que por dezesseis anos não tive. -suspirei- O lado negativo é que raramente poderei ver meu pai. E sentirei falta do acampamento e de você Cassie. -isso era verdade. Eu nunca tive uma amiga como Cassandra. Detestaria abandona-la.

Cassandra me encarou com uma sobrancelha levantada.

– Eu sentiria falta do Nico também. -falei, sentindo minhas bochechas corarem.

– Eu ainda vou descobrir o que está rolando entre vocês dois! -Cassandra estreitou os olhos.

– Não está rolando nada. -olhei para meu anel de lua crescente.

– Ainda.–ela riu.

Atirei meu travesseiro nela mas ela se desviou com facilidade.

Começamos a rir como duas malucas. Do nada.

*****

Faltava trinta minutos para o jantar então eu tive a ideia de procurar o Nico. Não sei por que, mas parece que ele não gosta muito de ficar perto das pessoas do acampamento. Acho que é por isso que Cassandra ficou tão cismada, afinal, o "Rei Fantasma" sorriu duas vezes para mim.

Cheguei em frente a porta do chalé de Hades e bati na porta.

– Quem é? -Nico perguntou do lado de dentro. Sua voz tinha um tom irritado.

– Sou eu, Alexandra.

– Entre. -a voz dele se suavizou.

As paredes de dentro do chalé eram pintadas de cinza escuro e o chão era de mármore negro. Parecia um lugar melancólico demais para dormir sozinho. Mesmo estando sozinha no chalé de Ártemis, eu tinha as constelações me fazendo companhia.

Nico estava sentado em uma beliche afiando sua espada, mas quando eu entrei ele a embainhou.

– O que houve? -ele franziu as sobrancelhas. Deve ter notado meu nervosismo.

– Nada, eu só queria perguntar se você não gostaria de caminhar um pouco comigo pela floresta, sabe, antes do jantar? -perguntei. Aquilo não era somente uma desculpa para ir falar com ele. Eu realmente queria caminhar pela floresta.

O filho de Hades me olhou de modo estranho.

– Por que você queria perguntar isso? -e agora? O que eu respondo?

– Porque eu gosto de sua companhia. -tentei ser o mais sincera possível.

Nico me encarou surpreso.

– Você gosta da companhia de um filho de Hades?

Eu não entendi muito bem o que ele quis dizer com aquilo, mas respondi sua pergunta.

– Sim, eu gosto. -sorri.

Ele abaixou a cabeça e ajeitou a espada em sua cintura.

– Vamos caminhar então. -ele sussurrou quando passou por mim para sair porta afora.

Juro que vi um tom rosado no rosto normalmente pálido de Nico.