Eu acordei com o despertador tocando ao meu lado.

Era o meu último dia de aula antes das férias de verão, então tecnicamente eu não precisaria ir para a escola, mas eu fui mesmo assim. Um grande erro.

Eu tinha dislexia e hiperatividade, mas quase sempre conseguia controlar e os computadores facilitavam minha vida quando precisava escrever rápido.

Levantei da cama e fui tomar um banho relaxante. Eu não era uma pessoa muito vaidosa, por isso eu apenas vesti meus jeans azuis escuros combinando com minha jaqueta. Me olhei no espelho embaçado do banheiro, meus cabelos castanhos escuros estavam ondulados então eu resolvi segura-lo no lugar com um arco prateado.

Ajeitei meu colar de prata em meu pescoço. Tinha dois pingentes, uma estrela, que meu pai me deu, e o outro era uma lua, um presente da minha mãe antes de ela partir.

Meu pai nunca falava muito sobre minha mãe e eu admito que nunca perguntava, quero dizer, eu imagino que ela tenha falecido quando eu ainda era bebê e meu pai me criou sozinho, pronto.

Suspirei pegando minha mochila e desci as escadas para tomar o café da manhã. Meu pai estava servindo as panquecas em nossos pratos quando eu entrei na cozinha. Ele se virou e sorriu.

- Bom dia, minha estrelinha. -ele me chamava assim desde os meus cinco anos de idade.

Meu pai, Steven Jones, tinha os cabelos muito escuros e os olhos muito azuis.

- Bom dia, pai. -sorri.

Sentamos e começamos a comer.

- Você é extremamente parecida com a sua mãe. -quando ele disse isso, meu garfo parou antes de chegar a minha boca.

Era a primeira vez que ele me dizia aquilo.

- O quê? -perguntei

Papai deu um longo gole em seu café antes de falar

- Você é parecida com a sua mãe. -ele olhou para o meu cabelo- Exceto pela cor de cabelo. Os da sua mãe eram castanhos também, só que mais claros. Quase avermelhados.

Depois disso eu engoli meu café da manhã mecanicamente enquanto o encarava. Só que meu pai estava lendo seu jornal calmamente ao invés de explicar o por quê daquele comentário estranho.

Levantei, peguei minha mochila para sair, mas meu pai me chamou novamente.

- Alexa. -me virei- Venha para casa assim que sair da escola. Você precisa saber de algumas coisas.

Sem saber o que pensar, apenas acenei positivamente com a cabeça e sai de casa.

Entrei em meu carro e fui para a minha querida escola

****

O tempo passou rápido e quando dei por mim já saía pelos portões da escola. A maioria dos alunos já haviam saído da escola correndo, então tudo estava praticamente vazio.

Mas apesar de o estacionamento estar deserto e silencioso eu não conseguia evitar de sentir um leve incomodo. A sensação de que algo iria acontecer.

Não deu outra! Estava quase chegando perto de meu carro quando ouvi algo rosnando alto atrás de mim. Me virei e nunca senti tanto medo em minha vida. O animal tinha um corpo de leão, mas era maior e tinha uma cauda pontiaguda com espinhos.

A criatura se aproximou e eu andei para trás. Ela rosnou mais uma vez e eu dei três passos para trás. A criatura balançou a cauda e os espinhos que ela tinha voaram em minha direção. Sem pensar direito, saltei, com uma habilidade que não sabia que tinha, para trás do carro azul do diretor Johnson. Os espinhos atingiram o carro. Coitado do senhor Johnson, ele era muito apegado ao carro.

Venha me encarar, seu animal asqueroso! -uma voz feminina gritou, fazendo com que o animal desviasse sua atenção de mim.

Levantei minha cabeça para olhar por cima do carro. Uma garota lutava bravamente com a criatura. Ela parecia ter a minha idade só que era mais baixinha, tinha os cabelos castanhos na altura dos ombros e brandia um escudo e uma espada.

-Cuidado! -gritei quando vi que o animal a atacaria com a cauda de espinhos. Ela se defendeu com o escudo e lançou algo no olho do animal, que vacilou alguns passos.

Ela aproveitou a chance e correu até mim.

- Qual é o seu carro? -ela perguntou desesperada.

- O prateado. -apontei com a chave.

Ela tomou a chave do carro da minha mão e me arrastou pelo braço até meu carro.

- Vamos! -ela me empurrou para o bancode carona enquanto ela dirigia.

- O quê está acontecendo? O quê era aquilo? Quem é você? - gritei.

- Pergunte depois! -ela gritou de volta enquanto acelerava o carro.

Ela ia em direção a Long Island e olhava sempre para o retrovisor.

- Droga! -ela praguejou. Olhei para trás e vi o mesmo animal nos perseguindo. A garota fez uma curva fechada onde havia uma colina com um pinheiro e parou o carro - Vem! -ela gritou para mim e saímos do carro.

Ela corria em direção a colina e eu a seguia, enquanto a criatura nos perseguia.

Nunca corri tanto em minha vida, mas não foi o suficiente. Estávamos quase chegando ao pinheiro quando um dos espinhos me atingiu no braço. Senti meu sangue se esvair de meu corpo e comecei a ficar tonta.

- Ajudem! -ouvi a garota gritar, mas sua voz estava distante.

Perdi a consciência.