~Pov Narradora

A noite estava fria e o céu completamente livre de estrelas. Todos haviam sido chamados de volta à enfermaria quando Harry abriu aquela porta trazendo a tão preciosa cura para Lily. A movimentação na enfermaria já estava deixando Madame Pomfrey louca.

Os pais, irmãos, primos, todos ali mal podiam esperar para que a pequena ruiva abrisse os lindos olhos verdes como os de seu pai, o que não demorou a acontecer. Pouco tempo depois que lhe deram a única cura que eles acharam que nunca conseguiriam a menina já olhava para todos se perguntando o que estava acontecendo.

Gina Potter não conseguiu se conter e logo apertou a filha em seus braços jurando pra si mesma que nunca mais soltaria. Harry não demorou a fazer o mesmo.

Logo toda a família Potter estava abraçando a pequena Grifinória dando graças por ela ainda estar viva. As lembranças do que aconteceu invadiram sua mente deixando-a assustada e fazendo-a chorar.

Ela se lembrava do rosto da garota que havia encontrado na floresta, se lembrava da sensação do veneno se espalhando por todo o seu corpo, uma sensação que apenas uma pessoa ali conhecia e sabia o quão horrível era.

–Tio Rony, a Rose... –Lily murmurou tentando se acalmar fazendo com que todos arregalassem os olhos. –A Rose e o Scorp...

–Querida você sabe onde ela está? –Perguntou sua tia Meg segurando suas pequenas mãos tremulas torcendo para que ela soubesse qualquer coisa que pudesse trazer sua filha de volta ou ao menos dizer onde ela estava.

–Ela foi atrás do Scorpius! Eu disse que era perigoso e que não devia, mas ela não quis me ouvir, estava preocupada.

–Como assim “ela foi atrás do Scorpius”? –Rony perguntou se aproximando também.

–Nós estávamos andando pelos corredores e quando o vimos a Rose foi falar com ele, mas o Scorp foi grosso com ela. Ela ficou brava então fomos atrás dele. Quando chegamos à floresta negra Lucius estava lá, eles saíram voando juntos e Rose não pensou duas vezes antes de ir atrás.

–E como ela fez isso? –Harry disse.

–Voando. Eu ia voltar ao castelo e pedir ajuda, mas...

–Alguma coisa atacou você? –Sua mãe perguntou e Lily assentiu. –O que era minha filha?

A menina abriu a boca para responder, mas a porta da enfermaria se abriu de novo. Lá estava a garota que a atacou indo até Madame Pomfrey. Os olhos de Lily se arregalaram enquanto a observava.

–Madame Pomfrey, será que a senhora pode me dar algo para dor de cabeça? Não estou aguentando mais. –Ela perguntava a enfermeira, que balançou a cabeça indo procurar algo para ajudá-la.

–Lily, o que foi? Lily? Meu anjo está se sentindo bem? –Luna falou.

–Se contar eu mato todos que estão nessa enfermaria. –A garota disse em sua cabeça.

–Lilian, o que a atacou? –Sua mãe perguntou novamente.

–E-eu não me lembro. –Respondeu finalmente. –Juro que não.

–Acho que está na hora de conversarmos sobre como vamos tirá-los de lá. –Blásio chamou e todos balançaram a cabeça concordando. –Melhor decidirmos isso em um lugar mais reservado.

Todos estavam abraçando-a quando um auror que havia sido escolhido para ficar em Hogwarts no início do ano quando descobriram que Lucius Malfoy estava de volta entrou na enfermaria atraindo toda a atenção.

–Senhor... –Chamou ofegante por correr até lá parando o olhar sobre Harry.

–Sim?

–O rastreador de Rose Weasley... –A menção do nome de sua filha fez com que Rony e Meg se levantassem. -A garota acabou de usar Expelliarmus...

–Temos que ser rápidos. –Draco afirmou preocupado e todos se levantaram também. Precisavam decidir o que fazer, aquela notícia era um péssimo sinal.

*-*

Abrindo os olhos devagar por causa da claridade do quarto Rose percebeu que Scorpius a abraçava enquanto dormia, mas ela não o afastou, estava gostando daquilo.

Por um momento se perguntou quanto tempo mais poderia aguentar se esconder de Lucius, quanto tempo ela teria até ele encontrá-la. Sabia que não se esconderia naquele armário pra sempre.

Foi quando notou a imensidão acinzentada que eram os olhos de Scorpius em direção aos seus da mesma cor. Ele pensou em pedir desculpas, mas antes que o fizesse ela o abraçou apertado de volta.

–Tudo bem? –O Sonserino perguntou acariciando seus fios ruivos e ela assentiu sem soltá-lo. Tinha que ser positiva, bem como sua mãe a ensinara.

–Nossos pais vão demorar muito? –Perguntou baixinho.

–Quer mesmo pensar nisso? –Rose balançou a cabeça negando e ele beijou sua cabeça. –Quem você acha que ganha a taça de Quadribol esse ano?

–Estamos presos aqui e você querendo falar de Quadribol? –A Grifinória perguntou arqueando as sobrancelhas enquanto se sentava. Scorpius deu de ombros fazendo-a rir.

–Não vai responder? –Ele riu também.

–É óbvio que a Grifinória.

–Sem chances.

–E quem você acha que vai ganhá-la? Sonserina?

–Exatamente. –Scorpius disse bagunçando o cabelo da ruiva.

Mas uma tentativa de abrir a porta os fez parar com a brincadeira. Lucius tentou forçar a porta e enquanto Scorpius segurava o colchão contra ela Rose se levantou rapidamente, correndo em direção ao armário.

Com um feitiço o colchão rapidamente foi empurrado para longe da porta, que se escancarou completamente. O Ex-Comensal tinha em suas mãos o café da manhã, parecia irritado com alguma coisa.

–Bom dia. –Cumprimentou com um sorriso assustador, mas Scorpius não respondeu. –Como passou a noite?

–O que quer que eu diga aos meus pais? Vá direto ao assunto.

–Por que não come seu café da manhã? –Perguntou em um tom ameaçador.

–Por que quer que eu coma agora? –O loiro respondeu cruzando os braços fazendo-o rir.

–Já disse que se quisesse envenená-lo poderia fazer isso em Hogwarts criança. Apenas coma. –Mandou novamente, mas ao ver que o menino não se mexeu ele pegou uma torrada e comeu. Parecia que o Ex-Comensal o estava desafiando. -Com quem estava conversando? –Perguntou e Scorpius estremeceu.

–Com ninguém. –Respondeu rápido.

–“Com ninguém”? –Lucius riu com escárnio fazendo Rose tremer. –É a última chance que dou a você pra dizer a verdade, se mentir as coisas não vão ser boas pra você.

–Eu estava falando sozinho, algum problema com isso? –Perguntou se levantando e cruzando os braços.

–Então você prefere o jeito difícil. –Afirmou. –Tá bem, mas se lembre de que foi você quem escolheu.

Ele tirou a varinha apontando-a em direção ao garoto, que nem se mexeu. Não diria a ele que Rose estava escondida ali, isso seria perigoso pra ela. Mas a menina não pensava da mesma forma, na verdade ela nem se importava com isso, antes que Lucius pensasse em algum feitiço ela saiu de dentro do armário com a varinha preparada.

– Expelliarmus! –Gritou fazendo a varinha do Comensal cair do outro lado da sala. –Sai de perto dele agora!

Mas a ordem dela não foi obedecida, o máximo que ele fez foi rir mais. Uma criança de 12 anos achando que conseguiria algo lhe apontando a varinha? Todos naquele comodo sabiam que ela não faria nada, não usaria maldição alguma e mesmo que ela o atacasse com mais algum feitiço eles precisavam dele para sair dali.

–Olha se não é a pequena Weasley. –Disse em meio aos risos se aproximando dela. –Eu sabia que tinha alguém. Por favor, abaixe isso, nós dois sabemos que você não vai usar.

–Deixe a gente ir embora! –A ruivinha disse com as mãos tremulas.

–Vocês vão embora quando eu quiser. –Ele deu mais um passo e ela recuou. Scorpius correu até a varinha dele, pegando-a, mas Lucius nem se importou.

–SE AFASTA!

–E o que vai fazer pirralha? Me matar? Acha que consegue matar alguém? –O mais velho disse se aproximando mais e mais. –Quer fazer isso e ir para Azkaban? Ficar lá até enlouquecer porque todos os dias um dementador se aproxima e suga um pouco da sua alma? É isso mesmo que quer?

Os olhos azuis acinzentados dela se encheram de lágrimas. Ela estava com medo e se xingando mentalmente por não conseguir fazer nada.

–Deixe a Rose ir embora. –Scorpius mandou com a varinha apontada. –Eu fico quieto e faço o que mandar.

–Scorp... –Ela murmurou se acreditar que ele estava fazendo aquilo.

–E por que eu faria isso quando posso ter os dois aqui? –Lucius respondeu sorrindo olhando para ele, que não respondeu. –Sei que você também não vai usar isso. –Indicou a varinha.

–Quer apostar? –Perguntou com a sobrancelha arqueada.

–Eu sei que não vai, você é só um covarde que se preocupa demais com os outros ao seu redor Draco!

Percebendo o que havia acabado de dizer ele bufou. Eles eram parecidos demais, era impossível não lembrar. Irritado consigo mesmo ele saiu do quarto batendo a porta, aquelas crianças não iriam a lugar algum, tinha certeza disso.

Rose correu para os braços do primo e o abraçou apertado enquanto chorava. Tinha medo do que aconteceria a seguir, enquanto isso Scorpius apenas pensava, ele tinha mesmo o chamado pelo nome de seu pai?

–Vem, você precisa comer alguma coisa.

Ela concordou e eles se sentaram, comendo em silêncio, ambos perdidos em seus pensamentos. Como sairiam dali?

Mas a garrafa de suco de abóbora estava cheia com uma fraca poção do sono. Quando os dois adormeceram Lucius voltou ao quarto, pegando as duas varinhas e depois levando Rose para outro cômodo.

*-*

Meg estava aos prantos abraçada à Rony, que tentava se distrair pensando em como fariam para trazer Rose e Scorpius de volta. O uso do feitiço deixou todos preocupados, aquilo com certeza não era um bom sinal, principalmente o fato de ter sido um único feitiço usado.

Hermione tentava ser forte, mas estava claro que tudo o que estava acontecendo desde a morte de seus pais até aquele momento a fazia desabar cada vez mais. Draco acariciava sua barriga abraçando-a por trás enquanto olhava para Harry, que tinha numa mesa o mapa da casa onde as crianças estavam.

Gina não quis deixar Lily sozinha, por isso não estava na Sala Precisa com eles. Já Luna e Blásio estavam dispostos a fazer tudo o que pudessem para ajudar.

–Mandarei os aurores cercarem a casa para o caso dele não fugir se estiver lá. Tem certeza que querem fazer desse jeito? –Perguntou Harry. –Deixar os aurores entrarem primeiro é mais seguro, principalmente pra você Draco.

–Não importa o que diga, nada vai fazê-lo desistir de entrar na casa. –Hermione disse baixo cruzando os braços.

–Eu vou ficar bem! Todos nós vamos! –O loiro disse beijando-lhe o rosto. –E vou trazer o nosso filho de volta.

–Herms eu prometo que não vou deixá-lo fazer besteira okay? –Blás falou olhando nos olhos da morena. –Mas acho que Luna e Meg também devem ficar.

–O quê?! –Meg disse cruzando os braços. –É lógico que não Blásio, eu vou com vocês buscar a Rose!

–Eu concordo com ele. –Rony acrescentou e ela se afastou olhando-o. –Meu amor você está muito nervosa, fique com a Mione e a Gina, você sabe que é melhor assim.

Luna, que havia entendido o que Blásio quis dizer ao falar que ela deveria ficar se aproximou da amiga e a abraçou apertado.

–Eu vou ficar também Meg, eles vão trazer a Rose, não se preocupe.

Mesmo querendo ir com eles para buscar a sua pequena ruiva ela concordou, talvez seu desespero e preocupação atrapalhasse caso fosse.

–Saímos em dez minutos. –Ele disse arrumando os óculos. –Vou me despedir da Gina.

Quando ele saiu Blásio se aproximou da esposa e a beijou, abraçando-a apertado em seguida e tirando-a de perto de Meg.

–Me desculpe, eu sei que queria ir, mas... –Começou e a loira o interrompeu.

–Embora eu saiba que o que você queria com isso tudo era me impedir de ir por estar preocupado eu entendo que elas precisam de mim aqui. Quero dizer, Gina não vai a lugar nenhum por estar com a Lily, mas a Herms e a Meg...-Ela deu de ombros.

–Eu amo você sabia? –O moreno sorriu beijando-a apaixonadamente.

Do outro lado da sala Meg e Rony se abraçavam, enquanto ela chorava preocupada com o que poderia estar acontecendo ele dizia que tudo ficaria bem, para ela confiar nele e acreditar nisso.

Observando a cena Draco pegou a mão de Hermione e a levou para longe de todos. De início ela não disse nada, mas também não conseguiu segurar as lágrimas quando ele a abraçou apertado.

–Queria ir com você.

–Morena você não pode, se algo acontecer...

–Eu sei, eu entendi, tenho que pensar no bebê.

–Exatamente, se ele descobrir... Além disso, você passou mal hoje de manhã.

–Não foi nada de mais, eu estou bem, nós dois estamos.

–Falou com Madame Pomfrey? –Draco perguntou e ela não respondeu, fazendo-o cruzar os braços.

–Como eu disse, nós dois estamos bem. –Ao ver que ele continuava a olhá-la da mesma forma ela bufou. –Vou falar com ela okay?

–É sério morena, precisa ver o que está te deixando assim.

–Tudo pronto para irmos. –Blásio chamou. O loiro então se aproximou da morena e lhe deu um selinho demorado.

–Eu te amo.

–Toma cuidado. –Hermione pediu enquanto observava ele se afastar.