~Pov Narradora

Ultima aula do dia. Todos os alunos estavam ansiosos para voltar ao castelo e finalmente saborear as delicias que tinham certeza que estariam nas grandes mesas do Salão Principal na hora do jantar.

Hagrid dava sua aula sobre explosivins passando os olhos pela turma do 2º ano da Grifinória em busca de Rose e Lily. Pela primeira vez as duas haviam perdido sua aula, e aquilo o preocupava.

“Devem estar ocupadas conversando com alguém” pensou “ou então elas não gostam da minha aula tanto quanto dizem”. Era exatamente o que sentia e pensava quando Harry, Rony e Hermione faltavam ás suas aulas há anos atrás.

–Entendem o motivo de estarmos levando-os para passear? –O gigante perguntou, mas nenhum aluno respondeu. “Que saudades de Rose e Lily”. –Se os deixarmos parados em algum canto, simplesmente nos esquecermos deles, os Esplosivins começam a acumular muita energia, e nós não queremos que eles destruam o castelo não é?

O professor riu, mas nenhum dos alunos pareceu achar graça, tinham os olhos arregalados para ele, que apenas suspirou. A aula continuou até que um grito assustou todos os alunos.

Hagrid de início pensou que alguém havia se queimado, mas a aluna parecia desesperada demais.

–O que houve Marie? –Ele perguntou.

–Professor é a Lily! –A menina disse puxando-o para próximo da entrada da floresta proibida, onde o professor viu o corpo pálido da menina no chão.

–Merlin... –Exclamou completamente em choque enquanto todos os alunos se aproximavam para ver também. –Quero todos os alunos de volta ao castelo agora. Marie, vá até a diretora e conte o que aconteceu, vou levá-la para a enfermaria.

Ele sentia vontade de chorar, mas conseguiu se controlar até todos os alunos saírem. Quando pegou a garota no colo percebeu o quanto ela estava fria e isso o deixou mais preocupado ainda.

*-*

A sala da diretora Minerva nunca esteve tão cheia de pessoas desde que ela a ocupara. Diante da mesa dela parecendo confusos e se perguntando o motivo para tudo aquilo estavam os senhores Potter, Weasley, Malfoy e Zabini.

Desde que havia colocado os pés naquela sala Harry não conseguia tirar os olhos do quadro do falecido diretor Alvo Dumbledore que estava na parede, sentia falta dele, e ver Minerva ocupando seu lugar na cadeira parecia um tanto estranho.

Já Luna olhava sonhadora para a pequena garotinha que tinha em seus braços, Angel, pensou “já que vamos até Hogwarts por que não levá-la para ver o irmão? Vai deixá-los felizes”.

–Antes de tudo eu quero pedir desculpas por não dizer o motivo dessa conversa, eu acredito que não seja um assunto do qual devemos tratar por cartas.

–Aconteceu alguma coisa professora? –Hermione perguntou notando a preocupação na voz dela.

–E agora quero pedir desculpas por falhar com vocês. –Todos a olharam estranhando aquilo, mas a diretora resolveu continuar por mais difícil que fosse falar tudo aquilo. –Eu realmente não sei como dizer isso a vocês, mas... Vejam.

Minerva McGonagall pegou um pergaminho e entregou a Blásio Zabini, que estava mais perto da mesa. Era um pedaço de pergaminho amassado, velho e nele havia algo escrito.

–“Sentiram saudades? Estou no lugar onde tudo, desde o primeiro abraço, o primeiro sorriso e a família se perdeu. Quero todos no castelo, se fizerem algo errado o garoto não voltará e ele não será o único a dizer adeus a esse mundo. Resumindo, continuem com as ações erradas e ele volta morto. L.M.”.

–O que significa isso? –Hermione perguntou se levantando torcendo para que tudo não passasse de um mal entendido, suas lágrimas caindo cada vez mais. –“O garoto não voltará”? Minerva diga que ele não está com o meu filho. –Ela abaixou a cabeça. –Por favor, diga!

Draco, que estava tão assustado quanto a esposa, respirou fundo tentando acordar daquele pesadelo. Não, aquilo não poderia ser verdade, Scorpius tinha que estar bem!

–Me desculpe... –Pediu a diretora.

–Onde encontrou? Ele mandou por alguma coruja? –Harry disse pegando o pergaminho e tentando manter a calma.

–Não, este é outro assunto que precisamos tratar. –Ela murmurou. –Scorpius não foi o único a desaparecer. -Todos prenderam a respiração pensando em seus filhos, torcendo para estarem bem.

–Mas na carta ele diz que só está com Scorpius! –Blásio falou.

–Eu sei, isso também me espantou, mas a questão é que não conseguimos encontrar Rose em lugar nenhum e Lily... –A diretora se calou, ainda estava escolhendo as palavras que usaria para dar aquela notícia.

–Rose... Minha garotinha... –Meg murmurou em choque abraçando Rony. Os olhos de todos naquela sala estavam marejados.

–O que houve com a Lily? –Gina perguntou se levantando, separando-se de Harry. –Minerva, por favor, me diga o que houve com a minha filha.

–Venham comigo.

A diretora se levantou e todos fizeram o mesmo, seguindo-a. Segurando a mão da esposa Harry torcia para que o caminho tomado pela diretora não fosse para a enfermaria, mas infelizmente era exatamente para lá que ela estava indo.

Assim que entraram na sala perceberam a presença de Annia, Ronan, James, Alison, Chris, Nina, Tessa e Alvo. Todos estavam em torno de uma das camas, onde a pequena Lily se encontrava adormecida.

Assim que percebeu que Angel também estava ali, Chris se levantou e foi até Luna, que deixou que o moreno segurasse a irmã fazendo-o sorrir em agradecimento.

Gina correu até a filha, soltando a mão de Harry, que estava completamente em choque e não conseguia se mexer. Quando teve uma visão da pequena Lily ela parou levando as mãos à boca e chorando.

A ruiva se aproximou da filha pouco tempo depois e segurou delicadamente a mão dela notando o quão fria estava e acariciou seus cabelos.

–Ela está...? Lily vai ficar bem não é? –Rony perguntou à Madame Pomfrey.

–Uma das alunas a encontrou perto da floresta durante uma aula de Trato de Criaturas Mágicas e Hagrid a trouxe pra cá imediatamente. Ele teria ficado, mas estava chorando muito então sugeri que fosse tomar um ar.

–Algum feitiço a deixou assim? –Luna perguntou.

–Veneno de basilisco. –Harry falou quando finalmente encontrou a voz, se aproximando dos filhos e da esposa. –Eu não sei como, mas tenho certeza que é.

Todos olharam para Madame Pomfrey como se esperando-a negar, mas ela não o fez. Gina havia se levantado e ido até James e Alvo, abraçando-os apertado e Harry acariciava o rosto da filha.

–Demos a ela folhas de arruda, mas infelizmente não vai curá-la, apenas vai retardar o efeito. Precisamos de algum antídoto o mais rápido possível, antes que o tempo acabe.

–Onde ele conseguiu esse veneno? Lucius não pode ter um basilisco, ele não é ofidioglota, como vai controlá-lo?! –Meg perguntou, mas nenhum deles tinha a resposta.

Algumas horas depois, quando todos foram obrigados a ir para o quarto deixando apenas os adultos na enfermaria, Hermione se levantou e seguiu sozinha até a biblioteca.

Draco se levantou e foi atrás dela. Quando a encontrou ela estava sentada em uma das mesas com vários livros em cima, todos gigantescos. Ainda não havia parado de chorar e por mais que tivesse vontade de fazer o mesmo ele se controlou, precisava ser forte por ela.

–Posso? –Perguntou puxando a cadeira ao lado da morena e ela assentiu. Devagar ele se sentou observando-a abrir um livro e passar os olhos em busca de alguma coisa.

Ele entendia o que ela estava sentindo. Queria mais do que nunca quebrar tudo, gritar, chorar, mas não podia fazer isso, tinha que manter a calma.

–Ele vai ficar bem. –Draco disse e Hermione tirou toda a atenção do livro, dando-a a ele. –Eu sei que vai.

–E como tem tanta certeza disso? –A morena perguntou em meio aos soluços.

–Ele voltou da primeira vez, tenho certeza que voltará dessa também. –Ela parecia não acreditar, então ele se levantou pegando sua mão. –Vem cá.

Ela soltou os livros e se levantou devagar indo até o marido, que a puxou para o melhor abraço do mundo. Era exatamente o que ela precisava, ele entendia exatamente como ela estava se sentindo e ela sabia disso. O loiro não pode controlar algumas lágrimas que insistiram em cair, mas também não as escondeu.

Hermione secou suas lágrimas e o beijou apaixonadamente. Teriam que acreditar que ficaria tudo bem, evitar as lágrimas de fraqueza porque no fundo também acreditava que seria possível que seu filho voltasse, que encontrassem uma cura para Lily e que Rose fosse encontrada.

–Somos fortes o suficiente para passar por tudo juntos, você sabe disso. –Draco deu um sorriso triste e ela balançou a cabeça concordando. –Quer sair um pouco?

–Não posso. –Ela respondeu olhando direto para a imensidão acinzentava que brilhava naquela sala. –Acho que ele deixou alguma pista no bilhete, deixe-me mostrar. –Eles se aproximaram da mesa onde ela pegou um livro empoeirado. –Está vendo “Estou no lugar onde tudo, desde o primeiro abraço, o primeiro sorriso e a família se perdeu”... Essa frase faz sentido pra você?

–Nenhum. –Admitiu sorrindo. –Mas aposto que faz para a sabe-tudo irritante.

–Veja aqui... –Ela indicou o livro, mostrando uma frase. –É uma parte da frase, “onde tudo, desde o primeiro abraço, o primeiro sorriso e a família se perdeu”.

–E o que ele quis dizer com isso? Quero dizer, o que o livro tem a ver com o que houve?

–Foi impossível não pensar no livro quando Blás leu o bilhete. Eu já o havia lido várias vezes nos tempos de Hogwarts, um dos meus favoritos. Acho que ele quis nos dar uma dica do lugar onde está escondendo o Scorp.

–Amor eu ainda não entendi. –Hermione riu fechando o livro e mostrando a capa à Draco.

–“Memórias Perdidas” esse é o nome do livro. Acho que se substituirmos a parte que encontramos no livro pelo título podemos encontrá-lo.

–Estou no lugar memórias perdidas?

–Estou no lugar das memórias perdidas. E tudo o que eu consigo pensar é na casa velha onde perdemos nossa memória há 12 anos.

–Acha que eles podem estar lá?

–É a única pista que temos.

–Oh meu Merlin Hermione você é a mulher mais inteligente do mundo. –Ele a beijou enquanto a morena corava. –Vamos até lá de manhã.

–Não. Primeiro temos que ter certeza de onde Rose se meteu, se Lucius não está com ela ele com certeza não pode saber que ela sumiu. Vou procurar algo para Lily nesses livros.

–Enquanto isso vou ver se precisam de mim lá na enfermaria. –Ela assentiu e ele se virou para sair da biblioteca, mas Hermione correu até ele e o beijou.

–Obrigada.

–Na alegria e na tristeza se lembra?

*-*

A cabeça de Scorpius estava dolorida e, por algum motivo, ele não conseguia controlar o seu corpo para voar para longe de Lucius Malfoy. Ele via a resistência do menino quando durante o voo o garoto ficava parado sem conduzir a vassoura, forçando-o a parar e reforçar a maldição.

No fundo Lucius sabia que o efeito da sua Maldição Imperius era ruim e não durava muito tempo, mas precisava dela para chegar à velha casa sem o garoto causando problemas.

Rose voava baixo e um pouco afastada para evitar ser vista. Sabia que se Lucius descobrisse que ela o estava seguindo ele com certeza a mataria, mas primeiro queria entender o que o primo estava fazendo com ele.

Quando chegaram à casa ela entrou por uma das janelas do segundo andar antes que o Ex-Comensal colocasse os feitiços de proteção e se escondeu em um armário, onde também deixou sua vassoura, quando ouviu passos em direção ao comodo.

A ruivinha abriu um pouco da porta e conseguiu ver Lucius tirando a varinha de Scorp e guardando consigo. Logo em seguida ele amarrou as mãos do loiro para que ele não conseguisse fugir e se sentou apenas olhando-o, foi quando o efeito da maldição passou.

–Olá Scorpius, há muito tempo não damos um passeio desses.

–Onde eu estou? –Ele perguntou tentando se soltar, o que fez Lucius rir.

–Você não vai conseguir sair garoto, desista.

–Acha que meus pais não vão descobrir? Que eles não virão atrás de mim e acabarão com você de uma vez?

–Eu sei que eles vão descobrir, é exatamente o que eu quero, e quando chegarem aqui você vai dar um recadinho a eles.

–Que recadinho?

–Vai descobrir na hora certa, agora tenho que sair. Nem tente fugir moleque, a casa está cheia de feitiços e se você ultrapassar a barreira você morre.

Lucius Malfoy saiu da casa, sem se esquecer de refazer todos aqueles feitiços de proteção e foi ao encontro de sua filha. Scorpius não poderia fugir, de jeito nenhum, precisava dele para dar o recado.

O menino que ainda tentava se soltar só parou quando viu a porta do armário se abrir e dali sair uma pequena ruiva que ele conhecia muito bem. O Sonserino não sabia o que ela estava fazendo ali, pelo que se lembrava Lucius tinha trago apenas ele e depois que foi obrigado a expulsá-la por causa da maldição não a viu mais.

Ela parecia assustada, preocupada, com medo. Rose correu até ele e o abraçou apertado enquanto chorava, e Scorpius mesmo se perguntando o que ela estava fazendo ali retribuiu, só soltando-a quando a ruiva se acalmou.

–Eu fiquei com tanto medo do que ele poderia fazer com você! –Ela murmurou.

–Rose, o que você está fazendo aqui? Ele trouxe você? –Ela ficou calada e logo o loiro obteve a resposta. A porta do armário de onde ela saíra ainda estava aberta e ali ele podia ver uma vassoura. –Não, me diz que não nos seguiu com aquela vassoura...

–Eu fiquei preocupada Scorpius.

–Se ele descobrir você morre!

–Eu sei.

–E não se importa? Você não devia ter feito isso!

–Se acalma okay? –A Grifinória pediu ao ver que ele ficava cada vez mais vermelho. –Lily estava comigo quando aconteceu, ela vai buscar ajuda e contar o que viu.

–Faremos o seguinte, eu vou distrair Lucius quando ele chegar e você vai sair daqui. Teremos pouco tempo, mas temos que tentar.

–Não vou ir embora. –Ela cruzou os braços e ele arqueou as sobrancelhas.

–Como é?

–Me desculpa Scorpius, mas não vou te deixar com um Ex-Comensal maluco que tem fixação por destruir sua família.

–O que pretende fazer então? Viver dentro do armário até alguém nos encontrar?

–Não sei, mas só vou sair daqui com você.

–Já pensou então no que vai fazer caso eu não saia?

Os olhos da garota se encheram de lágrimas, não acreditava que ele estava perguntando aquilo. Morrer? Ela não se arriscou indo até ali para vê-lo morrer. Na verdade, não sabia bem o motivo que a levara até lá, tudo o que sabia era que não estava ali para assistir a morte dele.

Talvez demorassem alguns dias, semanas, ou até mesmo meses procurando os dois. Lucius poderia ou não descobrir que ela estava ali, poderia fazer o que quisesse, mas ela chegou até lá por Scorpius, então mesmo que ele não acreditasse nisso, ele sairia bem de lá.