~Pov Annia

—Bom dia. –Falei me sentando ao lado de Ronan, Chris e Nina, dando um beijo em meu namorado.

—Bom dia. –Eles responderam juntos.

—Será que Ally e James têm alguma aula importante hoje? –Nina perguntou e eu dei de ombros.

—Por quê? –Ronan disse beijando meu rosto.

—Chris e eu estávamos na biblioteca ontem procurando sobre aquele assunto e... –A ruiva lançou um olhar ao Sonserino, que apenas colocou mais comida na boca fazendo-a revirar os olhos. –Achamos algo.

Ronan e eu nos entreolhamos preocupados com o que poderia ser e eu lancei um olhar ao resto do salão procurando os dois, mas nenhum sinal deles.

—Tudo certo para irmos hoje? –Perguntei.

—Sim, ou pelo menos acho. –Chris respondeu.

As portas do salão se abriram mais uma vez e lá estavam eles me fazendo suspirar de alívio. Entraram juntos de mãos dadas, ambos sorrindo. James lançou um olhar a nós e eu fiz um sinal para ele vir se sentar conosco.

—Bom dia. –Os dois disseram juntos e nós respondemos.

—Aconteceu alguma coisa? –Ally disse nos olhando e eu indiquei Nina com a cabeça para que ela falasse.

—Chis e eu estávamos pesquisando sobre aquele assunto e achamos algumas coisas, se importam de faltar às aulas de hoje?

—Não, por mim tudo bem e por você? –A loira olhou para o namorado.

—Tudo bem também. –James falou. –Vamos hoje?

—Sim. –Respondi e eles balançaram a cabeça concordando.

Um grupo de garotas Corvinas passou conversando animadamente atrás de James e Ally. Uma delas, acho que Phoebe ou algo assim, pegou uma mecha do cabelo da loira soltando rapidamente com um risinho. Ela apenas pegou o cabelo todo colocando para frente e abaixou a cabeça.

—O que foi isso? –O Grifinório perguntou olhando a namorada, mas ela apenas balançou a cabeça negando.

—Nada. –Ela murmurou e ele a olhou como se não acreditasse. –Deixa pra lá Jay, por favor.

Quando acabamos de tomar o café – Alison quieta sem falar nada, apenas passando os dedos entre os fios loiros – seguimos juntos para a Sala Precisa. Eu estava curiosa pra saber o que tinham descoberto.

—E então? –Ronan perguntou se sentando no sofá e me puxando pra perto. –É tão grave assim?

—Depende do que você considera grave. –Chris respondeu.

—Estávamos procurando sobre Azkaban e achamos esse livro. –Nina começou colocando um grande livro verde-musgo empoeirado sobre a mesa que havia no meio de nós.

Ao abrir o livro percebemos o quanto era velho, estava completamente empoeirado, como se tivesse chegado primeiro que a escola.

—Parece um registro, tem o nome de todos que entram e saem de lá desde 1718.

—O ano em que foi construída. –Ally murmurou e Nina balançou a cabeça assentindo.

—Aqui temos todas as visitas, trocas de celas, mortes, fugas, tudo. Não explica muito bem, mas já é um começo.

—E aqui... –Chris se levantou passando algumas páginas do livro e todos nos aproximamos para olhar. –Tem o dia em que Lucius chegou à prisão.

—Como conseguiram esse livro? –Ronan arregalou os olhos. –Tem tudo aqui, digo, tudo mesmo!

—Obrigado Seção Reservada. –James disse rindo. -Aqui diz que seus pais o visitaram um tempo depois de ele ser preso.

—O que acham que foram fazer? –Perguntei sem receber resposta. –Espera, tentem 14 de maio de 2005, foi quando ele escapou.

A Sonserina passou algumas páginas e quando chegou virou o livro pra mim.

Nenhuma visita.

—Okay, então ele escapou sozinho. –Ronan bufou se afastando um pouco e bagunçou os cabelos, sinal de preocupação. –O que o torna mais perigoso ainda.

—Isso! –Comemorei e ele voltou para perto. –Como eu imaginava, Josephine Becker o visitou alguns dias antes da fuga acompanhada de uma tal de Evangeline.

—Becker?

—Já pesquisamos, é o sobrenome do marido.

—Quem é essa Evangeline? –Ally perguntou, mas não soubemos responder.

—Será a garota que está com ele nisso? Eu ouvi minha mãe falando com meu pai. Ela disse que a voz não era de uma mulher mais velha, era uma garota mesmo.

—É o que vamos descobrir. Já temos o endereço da Zoe, o que acham de ir até lá mais cedo e ver no que dá? Tentamos o de Josephine, mas ela morreu no início do ano passado.

—Vamos acabar logo com isso. –Ronan disse baixo e todos balançaram a cabeça concordando.

—Vou pegar o mapa, por que vocês não vem comigo também? Algo que me diz que os dois precisam conversar. –James chamou pegando a mão de Ally e todos saíram com ele me deixando sozinha com o meu namorado.

—Está tudo bem? –Perguntei me aproximando dele.

—E se nós chegarmos lá e encontrarmos Lucius? Não pensou nessa possibilidade? No que ele pode fazer com você?

—Ele não vai fazer nada comigo.

—Como sabe? –Eu desviei o olhar cruzando os braços. –Annia esse é o momento perfeito pra ele fazer algo com você! Seus pais acham que você está na escola, todos aqui demorarão um pouco para perceber que não está, e os únicos que sabem aonde você vai irão também.

—Vamos ficar bem okay? Todos nós. –Murmurei me aproximando e beijando-o demoradamente. Depois disso ele me abraçou, e nós ficamos um bom tempo assim.

—Eu sei que concordei em ajudar com tudo isso, mas eu fico preocupado com as coisas que ele pode fazer com você.

—Eu sei. –Murmurei. –Não pensa assim, vai dar tudo certo.

Nós nos separamos e eu estendi minha mão para que ele pegasse, coisa que ele não demorou a fazer. Saímos juntos da Sala Precisa, encontrando todos no corredor conversando.

—Tudo pronto? –Nina perguntou e nós assentimos.

—Então vamos. –Chris deu um leve sorriso pegando a mão da ruiva.

*-*

Estávamos diante da casa da filha mais velha de Josephine. Todos nós estávamos muito ansiosos e nervosos, eu não fazia ideia do que dizer a ela, não sabia nem por onde começar.

Eles me olharam esperando que eu fizesse algo, então eu respirei fundo e toquei a campainha. Como a casa estava em um bairro trouxa resolvemos não tocar no assunto magia, assim ficaria mais fácil.

Uma mulher pálida de cabelos enrolados e negros abriu a porta e nos olhou curiosa esperando que disséssemos algo.

—Oi, eu sou Annia... Annia Jackson, nós precisamos falar com Zoe Becker, a senhora por acaso sabe onde posso encontrá-la? –Perguntei, emitindo meu verdadeiro sobrenome.

—Sou eu, o que querem?

—Nós aahn... –Comecei, mas parei sem saber o que dizer, olhando os outros em busca de ajuda.

—Espera, eu conheço você. –Disse Chris se aproximando e parando diante da mulher. –É a irmã da Mabel?

—E você é o pirralho filho do novo namorado dela não é? –A mulher revirou os olhos entrando e nos chamando. –Entrem. Mas já vou avisando, ela não está aqui.

—Não, tudo bem. –O Sonserino respondeu nos olhando e piscando o olho. –É melhor que ela não esteja.

—Então, o que vieram fazer aqui? Acho que deveriam estar na escola agora. –A castanha pegou um copo de chá nos oferecendo, mas negamos e ela indicou o sofá para que sentássemos.

—Tudo bem, meu pai mandou uma carta nos liberando.

—O que posso fazer por vocês?

—Meu pai resolveu pedir a Mabel em casamento, mas ela não fala muito da família então ele nos mandou aqui. Disse que quer decidir sobre os convidados agora pra que ela não precise fazer tudo sozinha.

—Bem a cara dela.

—Tem mais irmãos? –Ele piscou o olho pra mim quando Zoe se distraiu.

—Não, somos só nós.

—E a sua mãe? É casada? –Arrisquei perguntar.

—Não. Ela se separou do meu pai quando a Mabel tinha dois anos.

—E quem é Evangeline? Mabel estava falando dela outro dia. –A mulher se calou e abaixou a cabeça, gesto que nos fez estranhar.

—Era nossa irmãzinha. –Ela murmurou um tempo depois. –Morreu aos oito anos.

—Sinto muito. –Zoe não respondeu, apenas balançou a cabeça.

—A mamãe havia chamado a menina para passear e de repente aparece aqui chorando e dizendo que ela havia sido acertada por uma maldição e acabou não aguentando... Nem tivemos a chance de vê-la depois.

—E onde elas estavam? –Perguntei e Ronan apertou minha mão. –Quero dizer, se não se importar de dizer, é claro.

—Dover. –Estremeci... Era a cidade em que meus avós moravam. –Minha mãe disse que um antigo amigo havia voltado e que precisava vê-lo, mas quando me ofereci para cuidar de Evangeline ela não quis, disse que ela precisava ir.

—E você sabe o nome desse amigo? –James perguntou olhando-a nos olhos, o que a fez rir.

—Vocês são bem curiosos hein? –Zoe disse. –Mas mesmo que eu quisesse dizer eu não sei. Tudo o que tenho é a inicial que estava na carta que ele mandou.

—Acho que já temos tudo o que precisamos. –Falei me levantando. –Obrigada por tudo.

—Pode me dizer onde fica o banheiro? –Ally perguntou soltando a mão de James.

—Claro, é por aqui. –E ela indicou o caminho.

Minutos depois ela voltou e nós saímos, indo direto a alguma lanchonete trouxa para comer alguma coisa.

—Então Chris, e essa Mabel? –Perguntei. –Zoe não se parece nem um pouco com Lucius, então acho que podemos descartá-la da lista.

—Eu não sei, mas não acho impossível que a Mabel não seja filha dele. Ela é loira e tem os olhos claros como os seus Annia, além disso, ela não é uma pessoa muito agradável.

—O que acha que devemos fazer agora que temos uma ideia de quem pode estar ajudando-o com isso? –Nina perguntou abraçando o moreno.

Mas as coisas foram ficando um pouco embaçadas, me fazendo cada vez mais ter dificuldades para ver. Foi quando tudo mudou. Eu não estava mais na lanchonete, e sim em uma casa antiga.

Olhei ao redor procurando o responsável por tudo aquilo, não me surpreendendo ao encontrar Lucius sentado em uma poltrona com um sorriso no rosto.

—Tenho que dizer, eu estou gostando muito da maneira como está jogando. –Ele riu. –Quando o jogo começou eu achei que demoraria mais de um mês para entender o que eu queria mostrar com aquela lembrança, mas até que foi bem rápido.

—Se esqueceu que eu sou filha da Sabe-Tudo? –Eu cruzei meus braços.

—Posso confessar uma coisa? –Não respondi e ele se levantou aproximando-se de mim. –Eu gosto do seu modo de ver as coisas garota, de como as resolve... Gosto de você. Tem potencial, acho que consegue ficar viva por mais tempo que pensei.

—Tempo suficiente pra acabar com você, eu garanto. –Lucius gargalhou.

—Se não fosse tão chatinha e mimada seríamos bons amigos.

—Nem em sonhos.

—Pelo visto você continua em negação... Vamos passar para a próxima fase do jogo antes que eu me canse de você.