~Pov Annia

Os dias passavam cada vez mais rápidos e amanhã estaríamos voltando para a casa para o Natal. Chris e Nina estavam mais próximos, parecia que nunca haviam brigado, e Scorp estava mais fechado, até havia parado de falar com os garotos, mas quando perguntei o que houve ele apenas me disse para ficar fora disso.

Rose me disse que eles haviam brigado de novo. Que quando ela perguntou o que estava acontecendo ele simplesmente começou a gritar com ela, o que era estranho. Mesmo fingindo que não se importava ele nunca faria isso.

–E você Ruby? Vai ficar aqui na escola mesmo? –Perguntei quando começamos a conversar sobre o Natal.

–No início eu achei que sim, mas ontem o meu pai me mandou uma carta dizendo que precisa de mim. Nós não convivemos muito, já que eu só o conheci quando eu tinha cinco anos e ele andava um pouco ocupado, então eu acho que lhe devo isso. –Disse a loira sorrindo.

–Por que demorou tanto para conhecê-lo? –Disse Nina. –Não precisa contar se não quiser.

–Não, tudo bem. Ele estava fora e minha mãe estava dando um tempo da magia quando descobriu que estava grávida, então quando ele voltou ela o procurou e disse tudo.

–Nossa, mas que ótimo que estão bem agora. –Eu falei e ela balançou a cabeça.

–Então quer dizer que além de estranha você ainda acha que deve algo ao cara que só descobriu da sua existência quando você tinha 5 anos? –Amélia riu com escárnio fazendo com que eu e Nina revirássemos os olhos. –Nossa Ruby eu sinto tanta pena de você.

A loira a lançou um olhar penetrante que me deixou com um pouco de medo, se levantou e entrou no banheiro batendo a porta.

–Ui, parece que ela ficou irritadinha. –A idiota da Goulartt completou.

–Você não cansa de ser tão piranha? –Perguntei e ela sorriu mandando um beijo.

–O Ronan gostava.

–O Ronan era um otário. –Nina respondeu.

–Nossa, acho que ele não vai gostar de saber que fica dizendo essas coisas dele Weasley perdida.

–Ele sabe que eu digo, assim como também sabe que foi um otário por ficar com você.

–Ele mesmo disse isso. –Completei.

–Ainda não se cansou de se meter no meu caminho sua ruiva estúpida? –Amélia se levantou cruzando os braços.

–Não, continua sendo divertido. –Nina disse fazendo o mesmo.

–Sabe que o que eu disse no início do ano continua valendo não é?

–Eu não tenho medo de você, e a propósito, se até agora não fez nada quem me garante que fará algum dia?

–Só toma cuidado, porque quando a bomba que eu estou planejando jogar estourar você vai se arrepender muito de tudo isso.

–Duvido que faça algum estrago, você é burra demais pra isso. –Minha amiga disse voltando a se sentar na cama com um sorrisinho.

–E você Malfoy? Como anda a vida?

–Melhor que a sua eu garanto.

–Vai passar o Natal com a família de Comensais? –Revirei os olhos ignorando. –O vovô também vai estar lá?

–Não sei, a sua mãe vai estar? Porque eu acho que minha mãe não vai gostar de vê-la correndo atrás do meu pai.

–Quem sabe ela já esteja com o seu pai e você não sabe. –A piranha piscou o olho e dando alguns risinhos seguiu até sua cama. –Mas não aconselho você a perguntar á sua mãe, ela pode ficar irritada.

–Isso é mentira! –Gritei enquanto as gargalhadas dela ficavam mais altas. –O meu pai nunca trairia a minha mãe! Ele a ama!

–Já se perguntou por que ele chega tão tarde do trabalho?

–Annia não, ela está mentindo, só quer te irritar. –Disse Nina me segurando quando me levantei para bater nela.

*-*

Acordei e rapidamente me levantei ansiosa para ir pra casa descobrir a tal “novidade” que minha mãe tanto falava nas cartas e o que eles estavam planejando fazer para o Natal dessa vez.

Depois do café da manhã nós fomos até o trem, na mesma cabine de sempre. Eu estava lá com Ronan, Nina, Chris, James e Alison. Nós conversávamos sobre várias coisas, mas o que Amélia disse ainda estava na minha cabeça. Será que... Não, com certeza não, ela é maluca e só disse aquilo para me magoar.

–Terra chamando Annia... –Nina falou me sacudindo e eu me virei assustada encarando-a. - Calma, sou só eu.

–Eu sei, é que eu só... –Eu disse rindo. –Pode repetir o que disse?

–Eu disse pra você me mandar uma mensagem amanhã pra avisar onde vai ser a festa de Natal.

–Aah sim... Mando, pode deixar. –Falei me deitando no ombro de James reparando Ronan desviando o olhar. Era o que eu geralmente fazia quando o via com a Amélia.

–Está tudo bem? –O Grifinório me perguntou abraçando minha cintura e eu assenti.

Eu teria dormido, mas assim que vi Scorp passando em frente a nossa porta da nossa cabine me levantei rapidamente assustando-o.

–Só um minuto, preciso falar com o Scorpius. -Eu saí de lá rapidamente com medo de perdê-lo de vista.

Depois de andar um pouco pelo trem eu o encontrei. Estava sozinho em uma cabine, encolhido em um dos bancos e com a cabeça baixa, gemendo de dor. O que estava acontecendo com ele?!

–Scorpius? –Chamei e ele levantou a cabeça, seus olhos pareciam cheios de lágrimas. –Está tudo bem? –Ele balançou a cabeça voltando a abaixá-la logo em seguida. –Tem certeza?

–Tenho.

–Como conseguiu ficar sozinho em uma cabine? –Perguntei me sentando de frente pra ele, tentando puxar assunto. O loiro levantou a cabeça mais uma vez me encarando.

–Eu disse que estouraria todas aquelas bombinhas aqui se não saíssem. –Meu irmão respondeu sério.

–Rose me disse que gritou com ela. –Comecei e ele revirou os olhos. –O que está acontecendo com você? Não o vejo mais desenhando, não o vejo conversando com ninguém, por que está se isolando assim?

–Eu não desenho mais. –Ele murmurou e aquilo me assustou.

–O quê? Por quê? Você ama desenhar! –Scorp deu de ombros olhando pela janela. –Ainda não me disse por que estava com o olho roxo aquele dia, e eu estou esperando.

–Você sabe que eu não vou dizer. –Eu bufei cruzando os braços.

–Anda se metendo em mais brigas? O que a mamãe vai pensar disso? –O loiro não respondeu. –Pode pelo menos me dizer o motivo? –Ele continuou calado. –Scorpius eu estou preocupada!

–Não precisa se preocupar, eu já disse isso!

–Por que parou de desenhar? –Repeti a pergunta e foi a vez dele bufar.

–Eu só não gosto mais, não quero mais!

–E eu não acredito em você. –Falei simplesmente. –Não vai me dizer o que está acontecendo? Talvez eu possa ajudar. –Eu me aproximei mexendo em seus cabelos. Dessa vez ele não reclamou.

–Não. –Scorp murmurou.

–Por favor! –Meu irmão balançou a cabeça negando e eu suspirei. –Se precisar eu estou aqui okay?

–Eu sei.

Depois disso eu não voltei para a minha cabine, apenas fiquei ali com ele em silêncio. Tudo o que ele fez foi abaixar a cabeça mais uma vez escondendo o rosto, e assim ficamos até chegarmos á plataforma, onde nossos pais nos esperavam com nossos tios.

Minha mãe parecia radiante como sempre ficava quando vínhamos pra casa, e meu pai tinha um sorriso enorme e a abraçava pela cintura. Quando ela nos viu correu até nós nos abraçando ao mesmo tempo.

–Oh meu Merlin eu estava com saudades!

–Nós também. –Falei enquanto nos separávamos. –Papai!

–A casa fica tão vazia sem vocês. –Ele disse nos abraçando e depois indo até o Scorp.

–E então, depois de tantas cartas eu fiquei curiosa, qual é a novidade? –Perguntei ansiosa. Os dois se entreolharam sorrindo.

–Só vão saber na festa de Natal.

–Aah mãe, por favor!

–Vai valer a pena esperar. –Disse meu pai abraçando-a.