~Pov Annia

Eu não sei quanto tempo eu e James ficamos ali nos beijando, estava tão bom! Por mim eu ficaria ali o dia todo, mas ainda tínhamos aula. Pelo menos era aula em conjunto com a Grifinória, então poderíamos ir juntos.

Eu me sentei com ele e começamos a fazer alguns exercícios quando Minerva bateu na porta da sala fazendo todos nos virarmos curiosos.

–Pode me emprestar a senhorita Malfoy por alguns minutos? –Disse a diretora e eu arregalei os olhos tentando me lembrar se havia feito algo errado desde que cheguei na escola.

–Claro que sim. –Disse o professor e eu me levantei indo até ela, percebendo o sorrisinho nos lábios de Amélia, coisa que eu ignorei.

Ao chegar lá fora encontrei Scorpius com expressão curiosa e preocupada. A diretora foi andando na nossa frente e eu parei ao lado dele, falando baixinho.

–O que você fez de errado dessa vez?

–Eu? Nada, pelo menos não esse ano ainda.

–Então porque ela está... –Mas logo a resposta me veio em mente. Lucius. Meus pais com certeza haviam descoberto o ataque, principalmente depois da McGonagall mandar uma carta pedindo Aurores na escola.

–Sabe o motivo disso?

–Soube o que houve com a Ruby? –Ele franziu o cenho como se tentando se lembrar. –A minha colega de quarto.

–Aah... –Ele balançou a cabeça e cruzou os braços parecendo tenso. –Lucius.

Quando chegamos à sala da diretora encontramos nossos pais. Minha mãe estava chorando abraçada a ele, que apenas acariciava seus cabelos e murmurava alguma coisa sobre ficar tudo bem.

–Graças a Merlin! –Disse minha mãe quando percebeu que estávamos ali. Ela correu até nós dois e nos abraçou apertado, depois meu pai se aproximou e fez o mesmo.

–Eu vou deixá-los conversar, levem o tempo que precisar. Foi um prazer revê-los, mesmo que sob essas circunstâncias. –Minerva sorriu e assim saiu de lá, nos deixando a sós.

–Viemos o mais rápido que conseguimos... E-eu fiquei tão preocupada! –Ela puxou Scorp, que estava mais perto e o abraçou mais uma vez o apertando em seus braços.

–Nós precisamos conversar com vocês, é sério. –Meu pai começou abraçando minha mãe e fazendo-a soltar meu irmão, que já estava vermelho de tanto que ela o estava apertando. –Acho que já sabem sobre o que é.

Nós dois balançamos a cabeça lentamente, ambos olhando pra baixo e ele respirou fundo antes de começar a falar.

–Scorpius eu sei que deveríamos ter conversado mais vezes com você sobre isso, mas...

–Acharam que ele não iria voltar ou não queriam que eu crescesse com medo. Eu sei de tudo, entendo. –O loiro disse olhando meu pai, que mesmo estranhando como ele sabia não disse nada.

–Nós estávamos conversando mais cedo e acabamos considerando a hipótese de tirar vocês da escola.

–O QUÊ?! –Gritamos juntos olhando-os atentamente. Minha mãe tinha se acalmado um pouco.

–Por favor, entendam que é perigoso ficar em Hogwarts. Sei que a escola foi o lar de vocês por muito tempo e que não querem ir embora, mas nós estamos preocupados e aqui vocês correm mais riscos! Ele está no castelo! –Disse minha mãe.

–Eu não posso simplesmente sair, vou me formar esse ano!

–Nós sabemos Annia, mas você sabe o que acontece quando ele resolve aparecer, e eu não quero que ele machuque nenhum de vocês.

–Pai, por favor, pelo menos pense em outra coisa! A Minerva disse que vai colocar aurores na escola! –Disse Scorp parecendo tão desesperando quanto eu.

–É por pouco tempo, só até termos certeza de que ele não vai mais entrar em Hogwarts. A escola não é segura pra vocês.

–Hogwarts é o lugar mais seguro de todos! –Scorp falou bagunçando os cabelos.

–Foi o que pensamos e mesmo assim Voldemort entrou. –Minha mãe murmurou. –Eu só não quero que ele os machuque... Nem sei o que vai ser de mim se ele se aproximar.

–Ele não vai se atrever com aurores aqui! Por favor! –Pedi. –Lucius só queria nos assustar.

–Se os dois prometerem ficar quietos sem sair do castelo a noite e muito menos andar sozinhos por aí poderemos deixá-los aqui. Mas se algo acontecer vocês vão conosco pra casa na mesma hora.

–Prometemos. –Falamos juntos.

–Tudo bem pra você morena? –Meu pai perguntou a minha mãe que balançou a cabeça meio relutante e ele secou suas lágrimas beijando-lhe a testa. –Scorp, pode ir, nós temos que falar com a Annia.

Ele balançou a cabeça assentindo e os abraçou, saindo da sala da Minerva e me deixando sozinha ali com eles. Eu sabia que eles falariam o mesmo que todos “não vá atrás dele”, então me sentei e suspirei me preparando para ouvir tudo o que eles tinham a dizer.

–Filha eu sei que o que ele fez com você foi horrível, mas quero mais uma vez pedir para esquecê-lo. –Começou minha mãe. –Por favor, por mim e pelo seu pai, não vá atrás dele.

–Mamãe, eu sinto muito, mas isso eu não posso prometer. –Ela suspirou triste. –É impossível esquecer tudo o que ele me fez! Eu ainda tenho pesadelos com ele, e isso só vai acabar quando ele pagar por tudo o que fez com a gente!

–Não, ir atrás dele só vai te deixar pior! Ele pode tirar você de mim de novo!

–Lucius vai pagar, mas não é o seu dever fazer isso. –Murmurou meu pai me olhando nos olhos.

–Você precisa parar de pensar assim, isso vai te fazer mal! Por favor, me diga que não vai atrás dele, deixe isso para os aurores!

–Vocês não entendem! Eu tinha cinco anos! Cinco! Têm ideia de como eu me senti quando ele me disse o que havia feito?! –Só de pensar meus olhos marejaram. –Eu não sabia se desejava que o feitiço desse errado e vocês se lembrassem um do outro ou que desse tudo certo e vocês ficassem bem mesmo que se esquecessem de tudo!

“E quando deu certo eu fiquei apavorada pensando que vocês iriam querer fingir que eu não existia, simplesmente ir embora e me deixar! Mas vocês ficaram comigo assim mesmo, isso foi a melhor coisa que aconteceu comigo sabiam? E embora vocês brigassem eu tinha certeza que poderíamos ser uma família de novo, o que acabou quando ele entrou na minha mente me fazendo ver tudo o que fez com o meu pai... Naquele dia vocês brigaram como eu nunca havia visto antes e começaram a se olhar com ódio e aquilo era como uma tortura pra mim. Por sorte o meu plano e do tio Blás deu certo e vocês voltaram a se falar.”

“Depois veio a notícia do Scorp e mais uma vez eu pensei que fossem me deixar, mas vocês disseram que não e de fato eu não via vocês me tratando diferente! E então aquele Comensal idiota atacou a mamãe e ela quase morreu junto com o bebê! Eu sei que você entende pai! Eu via nos seus olhos que você estava prestes a explodir! Quando vocês me contaram que iriam se casar de novo e tudo finalmente pareceu bem ele apareceu de novo!”

“Eu sei que ele não fez nada naquele dia, mas não me peça pra não ir atrás dele porque ele já havia feito a pior coisa de todas! Ele merece que eu vá atrás dele, assim como também merece morrer por tudo aquilo! Eu vou tomar cuidado, mas não vou desistir de encontrá-lo, e isso não é só por mim, é pela nossa família.”

Então eu me levantei secando as lágrimas e saí da sala rapidamente. Eu não tinha mais nada pra dizer, e depois de dizer tudo aquilo, tudo o que eu queria era um lugar calmo pra pensar. Fui rapidamente em direção à casa de barcos, mas alguém me parou, segurando meu braço parecendo preocupado.

Mesmo enxergando tudo embaçado pelas lágrimas eu sabia que era Ronan. Pequenas correntes elétricas iam do ponto em que ele tocava e se espalhavam por todo o meu corpo.

–Oh meu Merlin o que aconteceu?

–Por favor... –Pedi fazendo-o me soltar e seguindo meu caminho, mas o loiro correu até mim e parou na minha frente. –Ronan...

–Por que está chorando? –O loiro perguntou secando minhas lágrimas e me abraçando, acariciando meus cabelos.

E quando eu não disse nada, ele me soltou e pegou minha mão, seguindo comigo até a casa de barcos. Tudo o que se ouvia no caminho era o som dos meus soluços, pois as imagens de Lucius torturando meu pai voltaram á mim.