~Pov Annia

–Será que o Ronan está tomando jeito e vendo que você e ele podem dar certo? –Perguntou Nina enquanto íamos até a sala de aula.

–O que? Nina ele acabou de terminar com a Amélia e é óbvio que só me vê como amiga.

–Então faça ele te ver como algo mais.

–Como se fosse fácil. –Digo revirando os olhos e me sentando. –Deixe tudo como está, contanto que ele não volte com aquela vadia eu vou ficar bem.

Os outros alunos chegaram e Ronan pediu para que Nina se sentasse com Chris para que ele pudesse conversar comigo. Ela não gostou muito, mas como uma boa amiga aceitou mudar de lugar.

–O que foi? –Perguntei ao perceber que ele parecia irritado.

–Amélia me pediu para voltar pela milésima vez. –Eu suspirei e olhei em seus olhos. –Não, eu não aceitei, relaxa.

–Então por que está assim?

–Por que eu cansei de dizer pra ela que nós não vamos voltar. –Ele deu um pequeno sorriso. –Ela me perguntou se nós estamos juntos.

–E o que você respondeu?

–Que eu não lhe devo satisfações sobre nada que eu faço ou deixo de fazer. –Ele disse rindo e me fazendo rir também.

–Sente falta dela? –Perguntei baixinho após receber um olhar de censura do professor Binns.

–Não vou negar, mas eu acho que se eu estivesse com ela agora não estaria tão bem quanto estou aqui com você. –Eu corei e ele sorriu, mudando de assunto ao ver que eu não sabia o que dizer. – Tudo certo para a festa? –Eu assenti.

–Por acaso a senhorita Malfoy e o senhor Zabini estão com algum problema que não pode ser resolvido depois no intervalo?

–Não senhor. –Respondemos juntos, nos segurando pra não rir.

–Foi o que pensei. –Ele nos lançou mais um olhar de censura e se virou, voltando ao que estava dizendo e fazendo com que eu e Ronan parássemos de conversar.

Com o fim da aula eu e Nina seguimos até nosso quarto. Eu a ouvia falar sobre treinar Quadribol para ganhar a aposta com Chris, mas no fundo ainda estava pensando em Ronan. Quando chegamos ao quarto nos assustamos ao encontrar Ruby , nossa colega de quarto no chão com um corte na barriga. O quarto estava totalmente destruído, como se alguém tivesse duelado, e ela sagrava muito.

–Oh meu Merlin! –Eu gritei correndo até ela assustada com tudo aquilo. –Nina, chame alguém, rápido! - A ruiva desceu as escadas correndo enquanto eu pegava um a blusa que estava no chão aplicando pressão firme com os dedos em uma tentativa de estancar o sangramento. –Q-quem fez isso com você? –Perguntei e ela soltou o ar pesadamente, como se o ato de respirar a machucasse.

Mas ela não disse nada, apenas apontou com dificuldade para minha cama. Logo Nina entrou no quarto, seguida por Ronan. Ele olhou para tudo aquilo assustado, mas pegou Ruby no colo, seguindo com ela para a enfermaria. Eu iria até lá, mas primeiro me levantei, indo até minha cama. Ali eu encontrei uma carta, nela haviam pequenas manchas de sangue, mas eu não me importei com isso, apenas abri o envelope.

–Ei, você não vem... O que é isso? –Nina perguntou se aproximando de mim para ler também.

–Eu não sei. Quando perguntei quem a havia machucado ela apenas apontou para minha cama e eu encontrei essa carta.

Eu abri, e ao olhar a caligrafia meus olhos se encheram de lágrimas e minha cabeça foi direto para o dia em que ele havia invadido meu quarto e escrito nas paredes.

Não nos vemos há muito tempo não é? Ainda se lembra de mim?

É claro que se lembra, impossível que tenha esquecido da maneira como “perdeu” os pais, afinal eles não lembravam de você não é mesmo? Não lembravam nem que se conheciam e muito menos que um dia se amaram.

Se você não se lembra eu sinto lhe dizer, mas usaram Obliviate em você minha querida. Não, não acho que o traidor do sangue que você chama de pai e a sangue-ruim que você chama de mãe tenham coragem de te levar a loucura...

Faz muito tempo, mas você achou mesmo que eu esqueceria? Jamais.

Eu estou de volta.

Ass.: Lucius Malfoy

–Oh meu Merlin Annia... –Nina disse com os olhos arregalados, me olhando assustada. Ela sabia da história, eu havia contado tudo e assim como eu, ela temia que ele realmente voltasse um dia.

Mas eu não disse nada, apenas sequei minhas lágrimas e com a varinha arrumei todo o quarto. Eu ainda estava em choque e não conseguia parar de chorar, mas disse a ruiva para ir às aulas que eu tomaria um banho e depois dormiria. Meio relutante ela concordou e saiu, me deixando sozinha naquele quarto.

Ele havia voltado, era a hora que eu cumpriria a promessa que havia lhe feito há 12 anos. Eu o faria pagar caro pelo que fez a mim e a minha família, mas pra isso eu precisava pensar em alguma coisa, me lembrar claramente do que houve quando ele fugiu de Azkaban. Como eu era muito nova eu havia esquecido alguns detalhes, então eu precisava de uma penseira, mas depois eu veria isso.

Primeiro precisava saber como ele havia entrado em Hogwarts... Será que estava usando poção polissuco? Se escondendo na casa dos gritos? Na floresta negra? Haviam vários esconderijos nesse castelo, e eu precisava ir a cada um deles.

O dia passou e eu não saí mais do quarto. Ignorei tudo ao meu redor, o que eu queria era ficar sozinha, ou talvez esquecer o que houve, esquecer o maldito bilhete, esquecer como Lucius havia arruinado minha vida quando eu tinha 5 anos.

–Annia? –Ouvi a voz de Ronan e uma batida na porta, logo ele estava no meu quarto, me olhando preocupado. Eu havia me esquecido completamente da festa, e acho que ele percebeu isso, já que quando entrou eu estava de pijama. –O que aconteceu? Não vai mais à festa?

–Me desculpe Ronan, eu me esqueci completamente. –Falei levantando os olhos e encontrando os seus enquanto me sentava na cama.

–Por que está chorando? –Ele perguntou se sentando diante de mim. Parecia preocupado. Eu não consegui responder, a única coisa que eu conseguia fazer era chorar, então eu o entreguei a carta e seus olhos se arregalaram. –Annia isso é...? E-ele...? Foi ele que atacou a Ruby? O que vai fazer? Não me diga que vai atrás dele!

–E-eu... Eu... Eu estou com medo... –Admiti chorando mais ele me abraçou, e assim ficamos por longos minutos, até que eu parei de chorar e soluçar.

–Você vai atrás dele? –Ele repetiu a pergunta me soltando e olhando em meus olhos.

–Pode me encontrar amanhã depois do jantar na Sala Precisa? Vou falar com James e Nina também.

–Por favor, não me diz que vai seguir com essa história de vingança.

–Ronan eu não vou fugir agora que ele voltou. –Falei e ele fechou os olhos por um tempo.

–Annia ele pode matar você!

–Não se eu o matar primeiro!

–Como tem certeza de que consegue? Por Merlin, diga aos nossos pais o que está acontecendo. Meu pai, o tio Harry e o tio Rony são aurores treinados, eles podem cuidar disso melhor que nós!

–Você conhece o meu pai Ronan, ele é impulsivo e vai enlouquecer quando souber. É capaz de ir atrás dele sozinho, e eu não sei por que, mas alguma coisa acontece ao meu pai se ele matar o Lucius, coisa essa que ele não se importa. Eu não quero perder o meu pai!

–Como assim?

–Eu ouvi meus pais conversando um dia, mas não consegui ouvir a conversa toda, tudo o que eu sei é que o meu pai não pode matá-lo porque se não algo acontece a ele. Eu conheço Lucius, ele vai falar com meus pais que voltou, só está esperando a hora certa.

–E se ele fizer algo ao Scorp? O garoto só tem 12 anos, não vai conseguir se defender de um Ex-Comesal maluco!

–Enquanto ele estiver em Hogwarts tudo vai ficar bem.

–Não acha que a mãe da Ruby pensou que Hogwarts era o lugar mais seguro que existe quando a mandou pra cá? Acha que ela imaginou que algum dia ela duelaria com um dos caras mais procurados do mundo bruxo? Annia, seus pais precisam saber!

–Eles vão saber! –Falei e ele sorriu. –Mas vai ser quando estiver tudo pronto.

–O que quer dizer com “tudo pronto”?

–Eu não desisti do meu plano Ronan, e nada me fará desistir dele.

–Olha pra mim sua louca suicida. –Ele pediu e eu olhei em seus olhos, o loiro se aproximou mais me fazendo estremecer. –Ele pode te matar se quiser e eu não estou nem um pouco a fim de te perder, então pare com essas ideias malucas Malfoy!

–Sinto muito Zabini. –Murmurei e ele bufou se levantando e cruzando os braços. Ele sabia que eu não desistiria.

–Vai falar com Alvo? –O loiro perguntou irritado mudando de assunto e eu neguei.

–Ele está bem com a Tessa, não quero causar uma briga entre eles por causa disso.

Foi quando o silêncio tomou conta do quarto, e aquilo estava me matando. Eu não queria que ele ficasse com raiva de mim, mas ele precisava entender. Eu sabia que eu era a única que iria atrás dele, já que os aurores desistiram há anos pela falta de pistas. Acreditavam que ele havia morrido, então todos, exceto tio Blás, tio Harry e tio Rony voltaram para encerrar as buscas.

–Está com raiva de mim? –Perguntei.

–Você sabe que não. –Ele disse dando um leve sorriso. –Me promete que vai tomar cuidado?

–Prometo. –Ronan se aproximou novamente, me abraçando apertado e acariciando meus cabelos. –Ainda quer ir à festa?

–Me diga você. –Ele respondeu ao me soltar.

–Desço em alguns minutos. –Eu sorri e ele riu revirando os olhos, me deixando sozinha no quarto para que eu pudesse me arrumar.