I Never Told You escrita por EuSemideus


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Gente, eh minha primeira song fic, então perdoem se estiver uma bosta. Coloquem pra tocar "I Never Told You" da Colbie Caillat, bote botar pra repetir tb. Espero q gostem



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I Never Told You

Nico

Nico rolou na cama sem abrir os olhos. Sentiu-a fria sob seu corpo, da maneira como sempre parecia estar nos três meses anteriores. Tateou a procura dela, na esperança de que o pesadelo fosse só isso, um pesadelo, e não uma grande parte de sua vida. Como temia, não a encontrou. Só havia o cheiro dela, ou melhor, da camisola que ela esquecera lá e que passara a ser sua companheira nas noites atormentadas, ou seja, todas.

Pesadelo voltava a sua cabeça.

" - Onde você estava? - ela perguntou pela terceira vez, já com os olhos marejados.

Nico tentou se equilibrar. O álcool que corria por seu corpo impedia que o mesmo raciocinasse com clareza. Diria para ela aonde estava, mas não se lembrava. Não se lembrava de nada.

– Não sei - ele disse enrolando a língua.

A morena o fitou, ela parecia a beira do choro. Para Nico aquilo chegava a ser aterrorizante, ele nunca a vira chorar naqueles dois anos de relacionamento.

– Diga-me então, pelo menos, com quem você estava? - ela pediu, parecia quase desesperada.

Nico fechou os olhos. Lembrava-se de uma boate, do copo de uísque em sua mão, música alta, mãos por seu corpo... Mas não via rostos, mal sabia como tinha ido parar em seu apartamento. Ele balançou a cabeça em negação.

Quando abriu os olhos, ela já não estava mais ali. Nico ouviu portas batendo, barulhos de rodas contra o chão e grunhido frustrado. Pouco depois ela estava a sua frente novamente. O rosto vermelho e manchado pelas lágrimas.

– Por favor, não me procure mais - ela pediu olhando em seu olhos.

Aqueles olhos azuis o deixaram sem reação por alguns segundos.

– O que?

– Não vá atrás de mim, Nico - ela esclareceu - Não suporto mais te ver nesse estado deplorável sempre que tem uma decepção.

Lágrimas começaram a rolar pelo lindo rosto da morena.

– Você chega desnorteado, bêbado, com perfume de outras mulheres - ela balançou a cabeça - Eu não posso mais. Não posso mais cuidar de você, colocar a culpa nas bebidas, fingir que... Que você não me trai. Não posso.

A mente de Nico tentava trabalhar, mas o efeito do álcool lhe afetava de uma maneira impressionante. Ela estava indo embora?

– Não - ele disse por fim, andando na direção da namorada - Eu te...

– Você me ama, Di Ângelo?! - ela perguntou, agora com um brilho raivoso em seus olhos eletrizantes - Você teve DOIS anos para dizer isso, e fala agora?! Bêbado?!

Nico tentava pensar num jeito de argumentar, mas não conseguia, mais parecia um incapaz naquele momento.

– Adeus, Di Ângelo - ela disse antes de sair e bater a porta."

Nico colocou a mão na cabeça, tentando amenizar a dor de cabeça que aquela lembrança sempre causava. Só no dia seguinte percebera o que tinha feito. Mas foi só duas semanas depois que percebeu que ela não voltaria.

Desde então, aquele pesadelo era constante. Todas as noites, sem excessão, sonhava com ela. Quando tinha sorte, eram bons momentos, mas sempre seguidos da última vez que a vira. E pensar que tudo aquilo acontecera por mais uma música recusada.

Nico, apesar de ter cursado administração e trabalhar em uma empresa no centro de Chicago, era músico. Fazia shows em bares, cafés e, quanto tinha sorte, casas de show. Tentara várias vezes vender músicas de sua autoria para cantores e gravadoras, mas era sempre recusado. A última vez que havia tentado tinha sido naquele dia, e acabara, como sempre, em uma boate qualquer.

Não culpava-a por te-lo deixado. Ele não a merecia. Não da maneira que vivia.

Culpava-se todos os dias por nunca ter dito que a amava. Sentia aquilo desde o primeiro mês de namoro, mas nunca se sentira confortável para concretizar em voz alta. Segurou-se por muito tempo e, talvez, por esse erro, perdera a única mulher já amara.

Nico levantou-se da cama dolorido e cansado. Estava sempre assim, desde que ela o deixara. Sentia falta dos beijos de boa noite, de sentir o corpo dela ao seu lado na cama.

O moreno seguiu para o banheiro e logo estava debaixo do chuveiro. Fechou os olhos na intenção de aproveitar a água, mas lá estavam eles. Os olhos azuis elétricos e inigualáveis que ela exibia. A falta que tinha deles comparava-se a dor que sentia ao vê-los, avassaladora o bastante para fazer seu coração vacilar por um momento.

Nico não se demorou no banho, e logo estava na cozinha de sua casa, completamente vestido e já arrumado para o show que faria dali à uma hora em um café no centro da cidade.

Cérbero, seu pastor alemão manto negro, rodeou-o abanando o rabo. Ele fora seu único amigo naqueles meses negros. Afastara todos os outros, não queria que o vissem naquele estado nem queria ter notícias dela. Já bastava tudo que sua mente fantasiava em função da culpa que o assolava.

Porém a verdade era que Cérbero só estava daquele jeito por ele. O cão fora presente dela para Nico assim que decidiram morar juntos, quando estavam com seis meses de namoro. Ele ainda era filhote e cresceu com os dois, certamente sentia tanta falta dela, ou até mais, quanto Nico.

– Ei, garoto - disse o moreno acariciando a cabeça do amigo - Pronto para mais um dia de inverno?

Cérbero pareceu fazer uma careta e Nico riu. Tinha que admitir que nem ele estava animado para sair naquele frio sábado. Chicago era uma cidade fria, na Cidade dos Ventos a sensação térmica podia chegar até dez graus a menos do que o real. Mesmo sendo início de inverno, a neve já cobria levemente as calçadas. Nico tinha noção de que faltava pouco para o período das nevascas.

Involuntariamente lembrou-se dela. Ela odiava frio quase tanto quanto tinha medo de altura. Lembrava claramente de suas respirações misturadas em uma noite particularmente fria no inverno anterior, onde ele a abraçara durante a noite, na intenção de conforta-la, recebendo um beijo e um obrigada murmurado em agradecimento.

Nico balançou a cabeça, espantando aqueles pensamentos, e tomou um café rápido. Minutos depois já estava dentro de seu carro, com Cérbero no carona e o violão, seu companheiro inseparável, no banco de trás.

Por algum motivo obscuro, lembrou-se daquele costumava ser seu melhor amigo. Percy aparecera diversas vezes em sua casa naqueles últimos meses. Tentara a todo custo animar o rapaz, tira-lo daquela tristeza que tomara conta dele quando percebeu que não conseguiria esquecer a morena de olhos azuis. Mas não adiantou de muito. E, na opinião de Nico, ele desistira. Percy nem mesmo ligara nas duas semanas anteriores, provavelmente tinha coisas mais importantes para fazer, como passar o tempo com sua noiva, Annabeth, que por acaso era a melhor amiga de sua antiga garota.

Nico estacionou o carro à uma quadra do café e seguiu o necessário à pé. Cérbero caminhava confortável na coleira. Ele era treinado e só não era dócil com quem Nico dissesse para não ser ou quem ele percebesse que estava querendo fazer mal ao seu dono. Apesar disso, causava medo nas pessoas ver um cão grande, como ele, solto, mesmo que ao lado de seu dono, somente por isso Nico o mantinha na coleira.

Nico adentrou o café com Cérbero ao seu lado, já que este permitia animais. O rapaz cumprimentou o dono, que já conhecia, e seguiu para o pequeno palco em uma das paredes laterais. Cérbero, como sempre, deitou em um dos cantos do palco, já acostumado com aquele ambiente aconchegante. O moreno ligou o microfone e conectou o violão ao amplificador, colocando-o num volume não muito alto.

Aquele café era essencialmente frequentado por pais com seus filhos e casais apaixonados. O ambiente era agradável e tranquilo, trazendo uma sensação de paz muito boa. Nico tocava ali todo sábado há pouco mais de um mês, e já tinha alguns fans.

Logo que o primeiro acorde se fez presente, algumas pessoas se viraram para olhar. Nico cantou as primeiras palavras e logo se sentiu seguro para continuar. Como sempre, tocou músicas conhecidas, pedidos do público e escolhas suas, sempre com o máximo de emoção possível. Aquele era o único momento em que conseguia não pensar nela, quando estava ali, em cima do palco.

Nico olhou o relógio no fundo da loja e percebeu que seu horário já estava quase no fim. Só tinha tempo para mais uma música.

Seu coração disparou. Ele dizia "Cante, você consegue". Ele dizia para cantar sua última composição, a única que fizera depois que ela se fora. Nico fitou Cérbero, em busca de ajuda, mas encontrou seu cachorro dormindo. O moreno sentiu uma gota de suor passar por seu rosto. Ele cantaria.

O rapaz respirou fundo e fechou os olhos. Lá estavam eles, as imensidões azuis eletrizantes que tanto o atormentavam. Aquilo foi estimulo o bastante para que ele começasse.

"I miss those blue eyes

How you kiss me at night

I miss the way we sleep [Sinto falta daqueles olhos azuis

De como você me beija à noite

Sinto falta de como nós dormimos]"

Ele abriu os olhos e no mesmo momento viu porta se abrir. A visão que teve quase o fez parar de cantar.

"Like there's no sunrise

Like the taste of your smile

I miss the way we breathe

[É como se não houvesse nascer do sol

Como o gosto do seu sorriso

Sinto falta do jeito que respiramos]"

Lá estava ela, depois de três meses. Thalia Grace, o amor de sua vida. Logo atrás dela estava um casal. Um homem novo de cabelos pretos e olhos verdes, acompanhado de uma moça loira de olhos acinzentados. Percy e Annabeth.

Nico viu sua chance, ele poderia, mesmo não esperando perdão, dizer o que sentia. Então olhou no fundo dos olhos dela.

"But I never told you

What I should have said

No, I never told you

I just held it in

[Mas eu nunca te disse

O que eu deveria ter dito

Não, eu nunca te disse

Eu me segurei]"

Nico não viu, mas Cérbero levantou a cabeça naquele momento e fitou a dona feliz. Ele estava mais preocupado em sustentar o olhar de Thalia, claramente surpresa e confusa com tudo aquilo.

"And now,

I miss everything about you

I can't believe that I still want you

And after all the things we've been through

I miss everything about you

Without you

[E agora

Eu sinto saudade de tudo em você

Não acredito que eu ainda te quero

Depois de tudo que nós passamos

Sinto falta de tudo em você

Sem você]"

Nico viu os olhos de Thalia se encherem de lágrimas, ele só não sabia se de tristeza ou emoção. Queria correr até ela e dizer que nunca mais a decepcionaria. Que ela nunca mais o veria bêbado, porque desde aquele dia não bebera, e prometera a si mesmo que nunca mais o faria. Não deixaria algo tão fútil como a bebida tirar mais alguma coisa tão importante de sua vida.

"I see your blue eyes

Everytime I close mine

You make it hard to see

Where I belong to

When I'm not around you

It's like I'm alone with me

[Eu vejo seus olhos azuis

Toda vez que eu fecho os meus

Você torna isso difícil de ver

Onde eu pertenço

Quando não estou à sua volta

É como se eu estivesse sozinho comigo]"

A música era como um desabafo de tudo que ele sentira naqueles três meses. Ele queria que ela soubesse, queria que ela visse o que ele sentiu.

"But I never told you

What I should have said

No, I never told you

I just held it in

[Mas eu nunca te disse

O que eu deveria ter dito

Não, eu nunca te disse

Eu me segurei]

And now,

I miss everything about you (still you're gone)

I can't believe that I still want you (and loving you, I never should've walked away)

And after all the things we've been through (I know I never gonna go away)

I miss everything about you

Without you

[E agora

Eu sinto saudade de tudo em você (mesmo que você se vá)

Não acredito que eu ainda te quero (e te amando, eu nunca devia ter ido embora)

Depois de tudo que nós passamos (eu sei que não devia ter partido)

Sinto falta de tudo em você

Sem você]"

Para Nico, era como se ele tivesse indo embora, não ela. Afinal, quantas vezes o Nico que ela amava não estava lá para ela? Quando ela saiu de casa, o Nico com quem ela falou era seu namorado ou outra pessoa? Não, aquele não era ele. Se estivesse com a consciência sã nunca a deixaria ir. Por isso pedia perdão por ter ido embora, por isso se sentia culpado por não estar ali.

"But I never told you

What I should have said

No, I never told you

I just held it in

[Mas eu nunca te disse

O que eu deveria ter dito

Não, eu nunca te disse

Eu me segurei]

And now,

I miss everything about you (still you're gone)

I can't believe that I still want you (and loving you, I never should've walked away)

And after all the things we've been through (I know I never gonna go away)

I miss everything about you

Without you

[E agora

Eu sinto saudade de tudo em você (mesmo que você se vá)

Não acredito que eu ainda te quero (e te amando, eu nunca devia ter ido embora)

Depois de tudo que nós passamos (eu sei que não devia ter partido)

Sinto falta de tudo em você

Sem você]"

Nico fechou os olhos, cortando o contado visual com Thalia, e tocou os últimos acordes. Aplausos encheram seus ouvidos. O moreno abriu os olhos e sorriu, fazendo um reverencia em agradecimento. Ele apoiou o violão no tripé e andou calmamente da direção dela.

Ao se aproximar, segurou sua mão, fria naquele momento. O toque familiar lhe deu forças e esperança. Talvez, só talvez, se ele dissesse aquilo que nunca tinha dito, ela pensasse em lhe dar um segunda chance.

– Thalia, eu te amo - ele admitiu por fim - Sempre te amei.

Nico tomou coragem e se aproximou. Segundos depois seus lábios já estavam juntos aos da morena. Ele sentiu um choque de energia e satisfação tomar conta de seu corpo. Aquela sensação era tão boa, tão familiar e nova ao mesmo tempo.

Para surpresa de Nico, Thalia se aproximou e abraçou seu pescoço, retribuindo o beijo. Nico sorriu e abraçou sua cintura, colando o corpo dela ao seu. Seu mundo de repente pareceu ganhar cor, a dor de seu coração desapareceu como por mágica. Tudo aquilo consequência do fato de ela estar em seus braços.

Aos poucos, o rapaz se afastou, ainda um pouco receoso. Temia que ela acordasse e o empurrasse, que corresse para longe e nunca mais voltasse. Tinha medo do que aconteceria a seguir. Porém, independente do que ocorresse, só aquele beijo já teria feito tudo valer a pena.

Thalia soltou seu pescoço e apoiou as mãos em seus ombros. Seu olhar demonstrava dúvida, isso era límpido e claro.

– Nico, eu...

– Eu parei de beber, Lia - ele disse sem pensar e a interrompendo - Parei por você.

Um sorriso tomou conta do rosto da mulher e o azul, que por tanto tempo fora sinônimo de sua tristeza, agora brilhava de alegria. Thalia abraçou-o e descansou a cabeça em seu peito.

– Também senti sua falta - ela disse por fim.


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Notas finais do capítulo

Bem, n ficou muito grande e n sei se ta legal, mas ta a! Comentem e favoritem se gostarem,e se puderem recomendem, ok? Bjs, EuSemideus