— Danielle?

— Posso dormir aqui essa noite?

Dominique abriu a porta dando de cara com uma loira com lágrimas banhando seu rosto.
— Ah meu Merlin Danielle! Mas é claro que sim. Venha, entre logo.
Danielle sentiu ser puxada por Dominique para dentro do quarto. A Delacour respirou fundo e passou as mãos no cabelo sem saber o que falar. Se Lily estivesse aqui ela saberia o que fazer.
A Zabine ficou de cabeça baixa, tentando ao máximo parar de chorar, mas falhara copiosamente.
— Dani essa é a Emma. Emma essa é Danielle Zabine. – Dominique apresentou as duas. Emma deu um sorriso fraco para a loira Zabine, que não se mexeu. – Dani? O que aconteceu? Alguma coisa aconteceu com seus amigos?
— Eu... eles não são mais meus amigos.
— O quê? Vocês brigaram?
— Não. Quer dizer... briguei sim. Mas isso só aconteceu porquê eu abri meus olhos.
— Desculpe Dani, mas eu não estou entendendo. – A Delacour lamentou. – E seu irmão? Ele sabe como você está?
— A essa altura ele já deve saber. Mas é claro que ele vai consolar Cassandra, ao invés de mim. – Dominque a olhou com pesar. – Não se preocupe Domi. Já estou acostumada a ser trocada pelo meu irmão.
Emma olhava a cena com pena. Não saberia o que fazer sem sua irmã. Por tudo o que já passara, sem o amor de sua irmã ela não seria nada.
— Se você não quiser me falar nada agora, eu vou entender. Mas quando quiser falar eu vou estar aqui ok? – A loira Delacour lhe deu um beijo na testa e saiu até o armário pegando uma toalha. – Pegue. Tome um banho relaxante e quando sair estaremos aqui pra fazer uma festa do pijama.
— Eu... eu nunca fui à uma festa do pijama. – Danielle balbuciou e Dominique lhe lançou um sorriso malicioso.
— Então a sua primeira vai ser maravilhosa!
Danielle nunca se sentira tão acolhida em toda a sua vida.
(...)
— Fred? – Scarlett foi pega de surpresa pelo ruivo assim que saiu do seu salão comunal.
— Scarlett. Eu preciso falar com você. – O ruivo suspirou fundo. – É sobre James.
— Estou ouvindo. – A morena cruzou os braços sobre o peito.
— Bem... Eu ando meio preocupado com ele. – Fred passou as mãos no cabelo. – Bom... Ultimamente ele tem fumado mais que o normal e já não há mais espaço no quarto para tantas bebidas. Eu sei que o fornecedor dele tinha atrasado o pedido do mês passado e entregou mais do que o previsto. Mas isso é um exagero.
Scarlett riu debochadamente.
— Fred. Olha só meu bem. Não há nada com o que se preocupar. James só está fazendo o que sempre faz pra esquecer alguma coisa. Ele só está planejando uma festa.
(...)
— Scorpius. – Albus o chamou. Mas o Malfoy não lhe respondeu. – Scorpius acorde.
Vendo que o amigo não iria acordar. Desistiu quando viu que o amigo não levantaria tão cedo. Luke já havia saído e só ficara ele e Scorpius no quarto.
Saiu do quarto já arrumado para as aulas. Não estava com vontade de tomar café. Então foi logo para a primeira aula do dia. Runas Antigas.
Andando até a sala de aulas, que ficavam no último andar, Albus pensava sobre a doce incógnita Claire Malfoy.
A irmã do seu melhor amigo não lhe saia da cabeça. O Potter não conseguia tirar a morena da mente. Se pensava em alguma coisa, Claire Malfoy estava ali para interrompê-los. Aquilo não era paixão. Era desejo. Desejo de tocar a pele alva dela. Desejo de sentir os lábios dela sobre os seus. Desejo de tocar sem nenhum pudor.
Mas era só desejo. Ele esqueceria disso assim que se deitasse com outra mulher.
Quando chegara na sala de Runas Antigas. Foi interrompido pela voz de Hugo.
— Albus! – O irmão de Rose veio correndo até ele. Parecia que tinha corrido o castelo todo.
— Hugo? O que faz aqui? E porquê está assim? – O moreno franziu o cenho vendo seu primo puxar o ar com força para respirar.
— Al é um assunto meio delicado. Vamos para um lugar mais reservado...
— Fale logo Hugo.
— É a Lily.
(...)
Scarlett andava até o armário de vassouras do quinto andar, até que foi interrompida por um soluço alto de menina.
Procurou o emissor do som. Que a levou até uma sala vazia. Quando viu quem era que estava soluçando, se desesperou.
— Emma? Ah meu Deus! Emma!
Assim que viu a irmã mais velha, Emma correu até ela e a abraçou. Scarlett sem saber o que tinha acontecido começou a tentar acalmar a irmã.
— Emma o que aconteceu? Alguém fez alguma coisa com você?
— Não Skye. Ninguém fez nada comigo. Mas uma coisa muito ruim aconteceu. – A mais nova soluçou mais uma vez.
— O que aconteceu Emma?
— Foi a Lily Skye. Eu estava com a Dominique e a Danielle no jardim no nosso horário vago, quando avistamos uma pessoa mancando perto da cabana daquele cara altão. A Domi correu pra ajudar a tal pessoa, quando chegamos perto, vimos que era a Lily. Ela estava toda ensanguentada e cheia de feridas e hematomas Skye. Danielle e Dominique correram com ela para a enfermaria, mas eu não consegui acompanha-las. – Emma contou chorando e soluçando e a única coisa que Scarlett conseguiu pensar foi em James.
A mais velha abraçou a irmã e disse que tudo ficaria bem.
— Emma. Eu tenho que falar isso pra o James! Você vai ficar bem? Vem, eu te levo até seu salão comunal e vou procurar o James.
Quando iam saindo da sala viram Hugo e Albus.
— Emma? – Hugo perguntou e a morena se jogou em seus braços chorando. – Você já sabe não é?
Emma assentiu.
— C-como você soube?
— Dominique mandou um patrono para mim. Por sorte Louis estava comigo e foi avisar os outros. Mas ele não conseguiu achar James. E eu também não. Só o Albus.
Scarlett olhou para o irmão do seu melhor amigo e suspirou.
— Emma, você pode ficar com o Hugo? Acho que sei onde James deve estar. – Scarlett falou para sua irmã, que assentiu. A mais velha logo saiu andando.
— Eu vou indo para a enfermaria. Fique aqui com ela Hugo. Aproveite e descanse um pouco. Vocês dois. – E Albus saiu para a enfermaria, deixando os dois amigos sozinhos.
(...)
Scarlett procurava insanamente James por toda a escola. Já havia ido a todos os armários de vassouras, a torre de astronomia, a cozinha e até mesmo viu no mapa do maroto e o garoto não estava em lugar algum. Ou seja. Ele estava na Sala Precisa.
Correu insanamente entre os alunos que saiam de suas aulas. Parou em um corredor e pediu para Hogwarts uma sala em que achasse seu amigo.
Uma porta se revelou e Scarlett entrou.
James estava sentado em uma poltrona com uma garrafa de bebida na mão.
— James? - O Potter mais velho se virou e sorriu.
— Scarlett! Venha se afundar comigo na merda em que eu me meti. Eu me apaixonei Scarlett. E pior... – Levantou a garrafa para o alto – Me apaixonei por uma pessoa que nunca vou ter.
— James, se o caso não fosse extremo eu até zoaria ou até beberia com você. Mas não hoje.
James franziu o cenho confuso e levemente irritado.
— O que aconteceu pra você negar beber comigo?
— É ela James. É a Lily.
(...)
James nunca correra tanto na sua vida. Sua irmã estava na ala hospitalar com sabe Merlin o quê. E ele se sentia culpado por isso.
Chegando na enfermaria viu Albus e Dominique esperando na porta. Abraçados.
Seu estômago se revirou de ciúmes e ele quis socar a parede.
— Onde está minha irmã? – O mais velho disse, assustando os outros dois.
— Ah. Agora ela é sua irmã não é? – Albus soltou a prima e arqueou uma sobrancelha.
— Albus. Por favor. – Dominique olhou para James e suspirou. – Não vou deixar que briguem agora. Não com Lily do jeito que está.
A loira passou a mão no rosto secando algumas lágrimas. James revirou os olhos. Albus sustentou seu olhar em James, mas desistiu segundos depois.
A porta foi aberta e a já velhinha e baixinha Madame Pomfrey saiu atraindo o olhar dos três. Ela olhou para cada deles e parou em James.
— A menina Potter passa bem. Mas continua muito fraca e terá que ficar por pelo menos uma semana por aqui. – A senhora continuou olhando para o mais velho, que entendeu o significado daquilo. – Vocês podem ver ela agora.
Os três entraram na enfermaria e lá estava Lily. Seus cabelos ruivos não tão vivos agora e estava mais pálida que o normal.
James viu a prima correr para a cama que Lily estava. Ela parou bem ao lado de sua irmã e pegou sua mão.
— Ei Lily... – A loira beijou a mão da amiga. – Eu estou aqui ok? Não vou sair daqui pra nada.
A ruiva abriu com dificuldade os olhos. Dominique nem Albus viram isso. Mas James sim. E quando ela os abriu em completo ela o olhou.
O olhou com curiosidade e surpresa. James, ali, olhando sua irmãzinha naquele estado, se sentiu quebrado. Mas do que estava. Pela primeira vez em anos se permitiu abaixar a guarda e chorar. Não conseguiu aguentar e correu para o outro lado de Lily.
Parou ali e pegou sua mão assim como Dominique fez. Ele beijou a mão da irmã e se permitiu chorar ali mesmo. Tanto Dominique quanto Albus olhavam aquela cena chocados.
— Lily. Me desculpe. E-eu sei que eu errei, eu sei. Eu fui um idiota, um babaca, fiz você e a mamãe sofrerem muito. Eu vou entender se você não quiser me perdoar ou quiser ficar longe de mim. – Lily tinha os olhos fixos no irmão - Eu só percebi agora o quanto eu errei, o quanto eu fui babaca quando você está assim. M-me desculpe cajuzinho.
O coração da ruiva se derreteu ao ouvir o apelido de infância dos dois. Ela começou a sentir as lágrimas caindo sobre seu rosto. Apertou o máximo que conseguiu a mão do irmão. Que olhou para o rosto dela.
— Eu te perdoo Jay. – Ela falou com dificuldade. James a olhou, ainda chorando e começou a distribuir beijos e algumas palavras que não foram compreendidas pelos demais na enfermaria.
Lily, também não se aguentando, começou a chorar também. Mas não era de tristeza. Era de alegria. Por mais fraca que estivesse, eoa nunca esteve tão feliz em toda a sua vida.
A mais nova dos Potter's trocou um olhar com sua melhor amiga que logo entendeu o que ela queria dizer.
— Albus. Vamos... Vamos deixar eles dois conversarem melhor. Depois ele fala com você. – Dominique saiu puxando o primo sem dar a chance dele a contrariar. Antes de sair porta a fora, ela se virou para James e sussurrou. – Obrigada.
Assim que a loira saiu da enfermaria, James se virou para a irmã e sorriu.
— Eu senti a falta disso. – Lily tossiu um pouco.
— Do quê?
— De você. Sorrindo. – A ruiva riu.
— Lily... Eu... só queria dizer que eu... eu sinto muito. – O mais velho respirou fundo. – Meus motivos são os mais idiotas possíveis por ter feito isso, mas eu imploro, por favor Luna, me perdoe.
— Com uma condição... – Lily soltou um riso sapeca.
— Luna!
— É brincadeira James! – O moreno suspirou aliviado.
— E o que acha de me contar como ficou desse jeito mocinha? – James levantou uma das sobrancelhas.
— Não... Não quero falar sobre isso agora. – Lily mordeu o lábio.
— Tudo bem. Mas eu não vou esquecer isso não. – Ele disse sério, mas depois voltou a sorrir. – Vem cá. Estou com saudades de você dormir nos meus braços, que nem a gente fazia quando era criança.
James subiu na cama e ajeitou Lily em seus braços com muito cuidado, para que não a machucasse mais. Passado algum tempo, Lily se apertou mais em James e disse:
— Senti tanto a sua falta Jay.
— Eu também cajuzinho. Você não sabe o quanto.
— Jay?
— Fala.
— Promete que nunca vai fazer isso com a gente de novo?
— Prometo pela minha alma cajuzinho.
— Eu te amo maninho. Nunca vou deixar você em paz.
— Eu te amo mais pequena. E eu não deixaria você em paz mesmo que quisesse.
(...)
— Dominique! – Danielle entrou no quarto da loira, mas não a achou.
— Zabine. – A loira ouviu uma voz atrás de si.
— Dursley. – Danielle encarou a morena. – O que está fazendo aqui?
— Só vendo você confraternizar com o inimigo. – Cassandra andou pelo quarto. – Uma pena que se bandeou para o lado inimigo. Até gostava de você.
— Isso não é uma guerra Cassandra. Eles não são seus inimigos. São a sua família.
— Uma família abandona não um membro dela!! – Cassandra gritou ainda virada para Danielle. – E eles vão pagar. Pagar por tudo.
— Cassandra! Não pode culpar todos eles por um erro que só um cometeu! – A loira suspirou fundo, imaginando o rumo daquela discussão. – Não aja como se sua vida tivesse sido uma merda. Você sempre teve tudo do bom e do melhor. Estudou nas maiores escolas da Bulgária. Sempre teve pais que te amavam e nunca negavam nada que você pedia...
— Não comece Danielle ou...
— Ou o quê? Vai dormir com meu namorado novamente? Colocar meus pais contra mim? Ah, o que acha então de fazer meu irmão meu odiar? Ah, me esqueci. Você já está fazendo isso – A loira fez uma careta.
— Não importa. Eu vou continuar com isso com ou sem você. Não queria que fosse assim. Mas você escolheu jogar contra mim. – Cassandra disse e seguiu para a porta.
— Sabe qual o erro dos seus pais? Te mimaram tanto que criaram um monstro que só pensa em si mesmo. Você é imatura. E isso vai fazer todos deixarem você.
E Cassandra saiu do quarto transtornada. Uma palavra melhor para descreve-la melhor seria muito puta.