Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 5
Nós não fazemos prisioneiros


Notas iniciais do capítulo

Vamos tentar manter duas postagens por semana! Só não sabemos o dia certo, por favor: não se esqueça de olhar nos seus acompanhamentos. Obrigada :3

Boa leitura!



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O prédio não fugia aos padrões das centenas de outros espalhados pelos reinos. O Centro da Justiça naquela cidade também era uma obra ancestral, construída muitos anos atrás, que ainda carregava em sua arquitetura traços do passar do tempo. A estrutura descascava em algumas partes. Rachaduras nas paredes aumentavam o ar de fragilidade. Mas, apesar das desmazelas, cumpria bem o seu papel: tinha acomodações para até dez criminosos capturados, que aguardariam transporte para o local onde seriam julgados. E um cofre com dinheiro suficiente para pagar as recompensas oferecidas.

E foi pela porta principal desse prédio por onde os dois rapazes saíram. O primeiro deles, um homem de estatura mediana, cabelos castanhos assim como os olhos, de massa corporal bem definida, revelando a condição de bom lutador, levava um grande machado atado as costas por uma tira de couro e carregava um saco de couro na mão esquerda. Pelo tilintar ficava claro do que se tratava: moedas de ouro.

O segundo deles, gêmeo de armas, pois também carregava um machado, igualmente grande, a ponto de o garoto parecer ter dificuldades em levá-lo nas costas. Era consideravelmente mais baixo e mais jovem. Os cabelos rebeldes possuíam um tom de ruivo alaranjado e os olhos eram verdes.

– Ei, Gravor – o baixinho falou enquanto observava dois panfletos atentamente – Acho que o Sky vai preferir caçar esse cara aqui.

Mostrou um dos criminosos procurados pela justiça. A foto era nítida: um homem de meia idade, o rosto coberto com uma barba espessa, logo abaixo do “Procura-se vivo ou morto” tinha uma dezena de informações para ajudar na captura.

Gravor deu de ombros. Se tinha uma coisa que odiava era responsabilidades! E mesmo assim ali estava ele trocando a cabeça do mago que mataram por moedas e selecionando novas presas para eliminarem. Isso o deixava irritado, porém por mais que odiasse as responsabilidades, não fugia delas. E essa era uma das características que o transformaram em um excelente braço-direito e segundo no comando da Beast Hunters. Mas se pudesse escolher ele iria para a taverna ao invés de ir pegar a recompensa, quem sabe conquistar uma ou duas mulheres. Bem... não que ele conseguisse convencer com o papo... só tentava!

E ali estava ele, com uma grande responsabilidade! Ironias da vida.

– Tem razão, Ryan – o mais alto balançou a cabeça depois de analisar rapidamente os dois panfletos.

Mantiveram o ritmo dos passos e o silêncio confortável até chegar a porta de uma taverna, onde tinham combinado se encontrar com o restante da equipe. Archotes presos em postes de madeira iluminavam o caminho, auxiliando a claridade da lua. Algumas casas construídas aqui e ali na rua estavam às escuras, já que era madrugada.

Apenas na taverna ainda havia luz e barulho, onde três figuras conhecidas esperavam do lado de fora: Skylar, Sean e Trix.

– Yo – o ruivo líder da equipe acenou – Foram rápidos.

– Expulsaram vocês de novo? – Ryan perguntou olhando para os companheiros.

– Essa droga de taverna nem tem nada de bom – Skylar resmungou aborrecido. Depois de terminar a bebida destilada de Sean não tinham mais desculpas para ficarem dentro da taverna e acabaram saindo apenas para evitar confusão – Vamos voltar para o acampamento.

E tomou a dianteira sabendo que seria seguido pelo restante do grupo. Ryan alcançou o ruivo e estendeu um panfleto.

– Sky, o que acha desse? – soou ansioso. Ele era o mais jovem dos cinco em idade, mas tinha vontade de aprender o quanto pudesse e mostrar-se um membro valoroso da equipe – Ele é procurado em três reinos. Vale oitenta moedas de ouro.

– Qual o crime? – Trix perguntou com curiosidade.

– Prática de magia negra – Gravor respondeu passando a mão pelos fios de cabelo castanho. O cansaço que se refletia em seu rosto era similar aos dos demais. Todos estavam exaustos, precisavam dormir um pouco – E criação de uma Quimera usando seres humanos e criaturas mágicas.

– Que horror – a única garota estremeceu ao ouvir a informação.

– O cartaz diz que a Quimera morreu poucos minutos depois, testemunhas viram a criatura e fizeram a denúncia – Ryan continuou lendo o panfleto, uma brisa suave fez seus fios ruivos e rebeldes ondularem um pouco.

– Não deve ter sido o primeiro caso – Sean deduziu erguendo os olhos para o céu, não precisava ser um gênio para concluir aquilo – Pra conseguir criar uma Quimera viva são necessárias muitas tentativas.

A moreninha ficou séria, sua voz tornou-se solene.

– Muitas pessoas e criaturas devem ter morrido nas mãos desse homem durante suas experiências.

– Oitenta moedas é pouco – o segundo no comando balançou a cabeça.

– Pouco ou não vamos fazer um favor ao mundo! – Skylar fechou as mãos sentindo a empolgação por uma nova caçada dominá-lo.

– Assim que a gente comer alguma coisa e recuperar as forças – Gravor resmungou. Lá estava ele assumindo responsabilidades de novo! Por que fazia isso? Ele observou seus companheiros: Skylar e Ryan eram apaixonados pela aventura, e isso os deixava imprudentes. Trix começava a se fascinar pelo gostinho de perigo e emoções fortes e seguia o mesmo caminho dos ruivos. Sean, mais centrado, deixava os vínculos pelo grupo falarem mais alto: onde a Beast Hunters fosse, ele também iria. Então sobrava para Gravor, o único com um pouco de bom senso, lembrá-los da realidade. Exaustos não caçariam ninguém. Ao contrário: se tornariam a caça de seus inimigos.

– Muito bem! – Skylar cruzou as mãos atrás da cabeça – Para nosso acampamento descansar um pouco!

Trixia sorriu, enquanto Sean e Gravor giravam os olhos e Ryan apertava o passo para ficar ao lado do líder e imitar-lhe a pose de comando. Quem não os conhecesse acreditaria ser uma dupla de irmãos!

– E vamos dividir a recompensa – Skylar esfregou as mãos – Como sempre: dez moedas de ouro para os veteranos: Sean, Gravor e eu. Cinco moedas de ouro para os novatos: Trixia e Ryan.

Sempre dividiam nessa proporção, para não gerar brigas. Assim os cinco ficavam satisfeitos. Nem todos caçavam pelo dinheiro, mas as moedas de ouro auxiliavam pessoas importantes da família, que esperavam aquela ajuda financeira no Reino Natal de cada um dos caçadores.

Enquanto faziam os planos iam caminhando para fora do pequeno aglomerado de casas adormecidas. O silêncio foi aumentando à medida que deixavam a trilha e avançavam para a floresta que crescia em derredor.

A Beast Hunter era uma das poucas equipes que não tinha um quartel general fixo. Eles eram caçadores mambembes, sempre avançando e conhecendo lugares novos, acampando ao anoitecer em um canto que fornecesse paz e um mínimo de segurança, geralmente uma clareira na floresta. E partindo ao surgir do primeiro raio de sol.

Justamente por isso, em algumas ocasiões, quando voltavam ao improvisado acampamento eram colhidos por uma desagradável surpresa...

– Oh, não! – Skylar deixou os ombros caírem, os olhos verdes vasculhando onde deveriam estar as coisas deles. Deveriam...

– Fomos roubados de novo! – Trix levou as duas mãos ao rosto, angustiada.

– Não acredito... pensei que pudéssemos confiar nas pessoas desse reino – Ryan aproximou-se de onde tinha deixado sua grande mochila. Todas haviam sumido.

– Maravilha – Gravor coçou o pescoço e bagunçou os cabelos curtos e castanhos. Roubos não aconteciam com freqüência. Mas quando ocorriam era uma chateação!

– Certo. Gravor, você vai... – Skylar começou a dar as ordens, mas não terminou. Seu braço direito acertou-lhe um cascudo dolorido na cabeça.

– Eu não vou nada! – ele respondeu aborrecido – Você é o líder e você vai dar um jeito nessa bagunça!

O ruivo esfregou a cabeça e resmungou alguma coisa. Olhou rápido para Sean, mas o moreno apenas ergueu uma sobrancelha. O homem não estava nada a fim de consertar as coisas.

– Okay – o líder cedeu – Trix e Ryan vem comigo. Vai ser uma ótima oportunidade para treinar vocês.

A menina sorriu animada e o ruivinho vibrou.

– Qual o plano? – a moreninha soou tão empolgada quanto parecia.

– Quem fez isso não deve estar longe. Você pega o cheiro dele, Trix, Ryan e eu fazemos o resto. Sua forma shifer é a melhor entre nós para rastrear.

Parecia um bom plano. O silêncio ficou entre eles por alguns instantes, enquanto Sean, Gravor e Ryan viravam-se de costas. Como a menina hesitava antes de fazer a transformação, o líder desesperou-se.

– Vai logo Trix! Se não o cheiro se dissipa e fica mais difícil de reconhecer!

– Sky... – a moreninha levou as mãos ao rosto e corou sem jeito.

O ruivo não compreendeu a reação da única mulher entre eles. Até Gravor agir como o integrante cheio de bom senso e grudar o líder pela gola da blusa, fazendo-o ficar de costas para Trix.

– Por todos os deuses do Universo... – o braço-direito resmungou.

Pervertido – foi Ryan quem deixou escapar, enquanto Sean respirava muito fundo, reunindo paciência.

A ficha demorou meio segundo para cair, deixando Skylar; dessa vez, totalmente graça.

– Céus! Eu... eu... ESQUECI! Perdoa, Trix! Não foi por querer... eu... JURO! – não havia meio de o rapaz se acostumar com aquilo. Ele era um shifter lobo. Estava acostumado a correr com a alcatéia quando era criança. E apesar de todo o tempo que ficara isolado de sua espécie ainda guardava a sensação de viver com criaturas a quem nutria fortes laços afetivos.

Agora ao fazer parte de um grupo a transformação era para ele algo natural e espontâneo. Nada para se envergonhar, nada com caráter sexual. Uma situação que fluíra bem enquanto eram apenas os quatro rapazes. Porém com a chegada de uma garota as coisas eram um tiquinho diferentes...

Trix riu, mais relaxada. Ela sabia que Skylar não agia com maldade. Na verdade, nenhum dos quatro a tratava com maldade ou segundas intenções. Mesmo Gravor que vivia a paquerar mulheres por onde passavam a tratava como uma irmã mais nova.

Confortável e confiante, lançou um último olhar para as costas daqueles a quem aprendia a amar como uma família e começou a tirar as roupas que usava, deixando cair no chão peça após peça, formando um montinho de panos.

Quando ficou totalmente nua, fechou os olhos e se concentrou. Deixou os pensamentos vagarem livres até que encontrassem com a fera que abrigava dentro de si, a criatura com a qual dividia o corpo e a qual respeitava não apenas como parte de sua própria existência, mas como uma alma gêmea dada pela Deusa Mãe para dividirem um corpo. Sua forma shifter.

Um gemido escapou de seus lábios enquanto seu corpo se dobrava de dor, fazendo a moreninha cair de joelhos no chão. Transformar-se a noite era mais fácil, mas ainda assim, doloroso.

A forma humana se retorcia e encolhia, moldada por mãos invisíveis, as mãos da Deusa, enquanto os ossos quebravam e se remodelavam, ganhando novas proporções. Uma transformação tão fantástica que influía até na atmosfera da clareira. Por alguns segundos o som de ossos quebrando e gemidos de dor suplantaram a voz da natureza. Então... silêncio por breves segundos.

Um rosnado baixo e agressivo foi o sinal indicando que os rapazes podiam se virar novamente, para observar a espetacular criatura parada no meio do improvisado acampamento, sentada sobre as pernas traseiras: uma grande pantera cujos pêlos negros e brilhantes lembravam os longos cabelos de Trix, assim como os brilhantes olhos esverdeados.

A fera observava os quatro humanos como um predador prestes a atacar sua presa. Skylar sabia que Panteras Negras eram excelentes caçadoras solitárias. Mas quando criavam um vínculo com um bando tornavam-se extremamente fiéis e comprometidas com seus companheiros.

Por isso ele avançou sem medo até a forma shifter de Trix e abaixou-se apoiando um joelho no chão.

– Trixia Oliver – ele disse mirando fundo nos olhos esmeralda – Encontre o cheiro de quem ousou roubar nosso acampamento. Ryan e eu estaremos logo atrás de você – então baixou o tom de voz enquanto um sorriso estendia seus lábios – Lembre-se, garota: a Beast Hunters não faz prisioneiros.

A Pantera rosnou baixo e ameaçadora, de um jeito que faria qualquer pessoa de fora daquele grupo se arrepiar de puro medo. Então levantou-se e deu meia volta, saindo da clareira rumo ao interior da floresta, deixando claro que já pegara o odor de sua vítima.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Sorry aos Seguidores do Pesadelo. Não conseguimos encaixar uma cena deles, porque já ficou meio grandinho! Espero que não tenham preguiça de ler. Mas temos a imagem do trio :D

Por favor, se encontrar um (ou muitos) erro (s) nos avise. Essa é uma Interativa, por isso contamos com a ajuda dos leitores.

O que achou desse capítulo? E do desenvolvimento dos personagens? Estamos tentando equilibrar para ninguém ficar de fora.

Uma dica: você que é um JusticeBlade e você que é um Beast Hunter... preste muita atenção na equipe rival... isso pode salvar a vida de seu personagem! E você, Seguidor do Pesadelo... fique atento a tudo o que vai acontecer!

E leitores que estão acompanhando essa história, mas não enviaram suas fichas... façam suas apostas sobre o que o futuro reserva para nossos personagens! Qual o seu preferido? Quem você acha que vai mais longe? E quem irá cair primeiro?

Até a próxima atualização :3