Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 49
Quebre as correntes.


Notas iniciais do capítulo

Yooooo!
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Finalmente consegui arranjar uma internet mais ou menos para poder voltar à carga total, e devo admitir que esse capítulo está divino... modéstia a parte. Algo me diz que irão gostar bastante! E não me xinguem por ele estar grande, ouviram, porque nem vão notar isso -q
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A propósito, para quem não está no grupo do whats e quer dar uma olhada na minha nova ideia insana relacionada a CdP (um spin off em fase de teste, lembrou-os) aqui está o link ->
https://fanfiction.com.br/historia/493958/PensamentosDeUmaGarotaEstranhaParteII/capitulo/11/
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Lembrando que aquele arquivo está ali apenas por falta de opção para ser apagado mais tarde, quando eu resolver finalmente postar a história, então não comentem ali, tudo bem? Qualquer dúvida ou sugestão, mandem uma MP.
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Agora, finalmente... boa leitura. :3



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Isso não está funcionando…

Ela levou a ponta dos dedos em direção aos olhos, pressionando-os delicadamente, o carmesim ao seu redor afetando-os mais do que poderia suportar. Não era a toa que diziam ser o vermelho a cor da raiva. Andar naquele labirinto monocromático estava deixando-a estressada, e não podia culpar cem por cento a cor, afinal a própria arquitetura causava-lhe vertigens.

Por um momento desejou profundamente que seu melhor amigo estivesse ao seu lado. Lidrin seria o suficiente para deixá-la mais calma naquela situação. Ou qualquer um dos seus parceiros. Skylar, Sean, Ryan, Gravor… não havia ninguém mais ali, e forçou-se a fazer seu cérebro trabalhar para ignorar a sensação de solidão, uma mão fria a apertar seu coração.

Trixia deu meia volta, disposta a voltar para o ponto de partida. O caminho que tomara terminara num corredor sem saída, forçando-a a deter-se. E achava que estava indo tão bem! Enquanto tomava cuidado de seguir exatamente os mesmos passos que levaram-na até o ponto em que estava, na direção oposta, tentou encontrar alguma coletânea de pensamentos que pudesse se agarrar para que não começasse a enlouquecer ali dentro. Uma canção breve veio a sua mente, e ela pôs-se a cantarolá-la baixinho.

Hei, olá, vou lhe contar uma história.

Acredite, venha ouvir, é mais que verdadeira.

Hei, queridos, juntem-se, façam um círculo.

Este livro que tenho aqui vai interessar-vos.

Folheio as páginas, velhas e novas.

Percorrendo histórias de ontem, hoje e amanhã.

Que vida me pedirão para contar essa noite,

Sob esse céu de estrelas inconstantes?

Ela calou-se por alguns segundos. Sabia que aquilo fazia parte de uma lenda envolvendo Destiny, a fiandeira do destino. Nas eras antigas e imemoriais, no berço da criação de Meroé, ela costumava reunir os povos racionais em volta de fogueiras e contar-lhes histórias. Histórias de ontem, de hoje, de amanhã. Deles e de outros que vieram antes ou que ainda viriam.

A ideia lhe parecia agradável, a princípio, mas duvidava que as coisas voltariam a ser assim. Se havia algo como harmonia entre as diferentes raças em algum tempo longínquo, já havia se apagado a muito. E agora, Destiny lhe parecia mais uma deusa perturbada entrelaçando vidas e jogando com as mesmas, sem sombra de compaixão ou algo nesse nível.

Sem fogueiras enormes, sem dança e histórias de magia, sem união. E as últimas estrofes – adicionadas por algum bardo de tendência rebelde e maldosa, em alguma taverna esquecida – da canção vieram a sua cabeça, e seus lábios as proferiram mecanicamente.

Eu vejo-os chafurdando em miséria,

Sangrando em decepção.

Esses olhos que nada podem ver

Agora estão mais cegos que nunca.

Vocês quem sabe já choraram de verdade por algo importante?

Fazendo pulsar na alma algo mais que egoismo

Erros incondicionais, escolhas ruins

É tudo parte de uma mesma faceta.

Mesmo que insistem em mudar agora

Ela nunca se apagará.

Ela estremeceu, balançando a cabeça de um lado para o outro, tentando pensar em algo mais simpático. Ao mesmo tempo, contudo, havia chegado a uma fenda gigantesca, que lhe impedia de prosseguir. Estranho… não havia passado por nenhuma interrupção no caminho desse tipo. Teve certeza que havia se enganado. O padrão do local parecia-lhe familiar, contudo. As escadas e corredores… a única coisa que faltava era a plataforma que usara de ponto de referência. Era de se imaginar que, se houvesse simplesmente sumido, daria lugar ao buraco pelo qual caíra, mas havia toda uma série de padrões repetindo-se indefinidamente para cima e abaixo.

— Oh… maldição.

Impossibilitada de continuar naquela direção, tentou outro caminho.

Mesmo assim, mostrou-se inútil, como as alternativas posteriores. Qualquer lado que seguisse terminava num abismo do qual não poderia saltar, ou numa parede, ou numa escadaria com final abrupto. E aquilo começava a irritá-la profundamente, ainda mais do que já estava estressada. Ela deu tantas e tantas voltas que poderia ter se perdido completamente, se não fosse seu instinto sempre fazê-la retornar ao ponto de início. Desta última feita, contudo, milagre dos milagres – ou desgraça das desgraças – desta vez havia novamente uma plataforma avermelhada.

Como se esperasse por ela.

Guardiã desgraçada.

Trixia levou as mãos ao rosto, fazendo-as escorregar para cima, em direção aos cabelos, entrelaçando seus dedos finos entre as madeixas negras e puxando-as. E gritou. Um grito histérico, de pura raiva e frustração, que repetiu até ficar rouca, enquanto deixava-se cair sentada na escadaria em que havia parado.

— Eu quero sair… que quero sair, eu quero sair, me deixe sair daqui!

Claro, ela sabia que não havia ninguém realmente para realizar esse pedido, que Samira estava divertindo-se de seu desespero, rolando de rir em algum lugar escuro e normal. O que não daria por voltar ao salão escuro onde a tapeçaria de Pesadelo e dos cinco guardiões dominava a atenção…

Era claro, também, que a crise de pânico haveria por cessar sozinha, quando reparasse que gritar e implorar era inútil. Bom, não era uma descoberta muito inteligente. Na verdade ela já sabia daquilo, mas precisava descontar seu ódio em alguma coisa. Como não havia nada ao seu redor e chutar aquelas paredes vermelhas parecia doloroso demais, contentou-se em ferir o ar, e apenas ele.

Ou imaginou isso.

Foi um ruflar que fez com que despertasse de seu silêncio, parte resignado, parte pela sua falta de voz. Um ruflar insistente, que evitou nos primeiros segundos, até notar que era realmente algo existente, e não fruto de sua imaginação momentaneamente perturbada. Podia sentir até mesmo o vento provocado pelo bater das tais asas, e sua razão lhe disse que, com um som daquela altura e uma rajada com aquela pressão, a coisa em questão deveria ser realmente grande.

Ergueu os olhos…

E congelou imediatamente… teria gritado também, se tivesse voz para isso.

A “coisa” em questão era uma mariposa, ou parecia muito com uma. Seria uma visão agradável, com suas antenas emplumadas e as asas completamente carmesins. Seria, se sua cabeça não tivesse o tamanho da própria Trix. Se suas asas não fossem tão grotescamente gigantes…

Oh… maldição… maldição, maldição, maldição, não me diga que…

Ela teve vontade de se estapear. Era por isso que encontrava o passo hora sim hora não, a ponto de sentir-se completamente perdida. Não era um passo, não era uma plataforma. Eram as asas daquela coisa mutante, e sem sombra de dúvida não deveria estar nada feliz por ter sido pisoteada.

Mariposas não são carnívoras, forçou-se a se lembrar, enquanto dava passos lentos para trás, evitando movimentos bruscos. Se bem que, com um corpo daquele tamanho, aquela ali poderia mudar sua dieta. Principalmente para carne de shifter. A mera ideia de uma pantera ser engolida por um inseto fez com que desse um risinho desconsolado. Que patético. O que os outros diriam ao saber disso?

Ela preferiu não pensar muito nisso, e fez a única coisa que passou pela sua cabeça.

Deu as costas e correu.

Sem qualquer plano em mente ou direção, ela já tinha certeza que, se aquela coisa quisesse, poderia tê-la alcançado com facilidade.

Mas não a alcançou. Quando finalmente parou para pegar fôlego, sem ter ideia de onde estava no grande labirinto, viu que nada vinha em seu encalço. Olhou a sua volta, notando que estava bem mais acima do ponto em que havia partido. A mariposa-mutante-demoniaca continuava pousada em uma viga, ocasionalmente abrindo as asas, para depois fechá-las novamente. Sua cor era tão similar à do labirinto que mal dava para vê-la, tanto com as asas abertas, quanto com elas fechadas. Só era possível identificá-la quando fazia o movimento. Ou do local onde estava antes, num ângulo que podia notar sua cabeça, da mesma cor avermelhada e doentia de todo o resto.

Borboleta… não é uma mariposa, é uma borboleta.

Corrigiu-se mentalmente, como se fosse um mantra, algo que lhe impedisse de perder completamente a razão. Não que estivesse muito longe disso.

A criatura não parecia ser perigosa… sequer havia lhe dado a menor atenção, apesar de ter as asas pisadas. Talvez fosse tão fortes que mal sentira o movimento.

Apenas conjecturas…

E o pior era que estava começando a ter ideias que envolviam usá-la como montaria.

Quer dizer… se ela observasse aquele labirinto de um ponto absolutamente alto poderia achar algo como a saída, certo?

Mais uma vez tratava-se de um palpite, e afinal, não tinha certeza de ter coragem suficiente para subir em cima de uma coisa daquelas por vontade própria. Fora que forçar aquilo a fazer o que queria… seria difícil.

Muito problemático.

Uniu as sobrancelhas, numa consideração muda. Não podia ficar pior do que já estava. Já estava mais do que óbvio que Samira não facilitaria as coisas, sair normalmente daquele labirinto seria impossível. Ele fora feito para levar aqueles que entravam ali a loucura… como a maior parte dos labirintos, é claro. E sua colega de confinamento podia causar medo o suficiente para que não pensasse na ideia de usá-la.

Podia?

Causava.

Definitivamente.

Mas estamos falando de Trixia, afinal, e ela é uma BeastHunter por excelência.

Lembrando-se disso, respirou profundamente e tornou a pegar o caminho em direção à borboleta-mutante. Afinal, o que poderia acontecer demais? Ser mastigada? Borboletas não tinham dentes… tinham? Na realidade, o ser nem sequer era normal, como haveria de saber uma coisa dessas?

Afastou os pensamentos negativos com um safanão. Se continuasse a hesitar assim, nunca sairia dali. Quando ficou mais próxima da criatura, no entanto, seus passos começaram a ficar nitidamente mais lentos, mais cautelosos. Engoliu em seco, o suor frio escorrendo por sua pele.

Acalme-se… você é uma pantera. Está quase no topo da cadeia alimentar.

Seria melhor transformar-se? Duvidou profundamente disso. Agora estava perto o suficiente para sentir o vento causado pelo bater daquelas asas potentes. Abrindo, fechando, abrindo…

Vertigem.

Como se já não bastasse todo aquele vermelho e todas aquelas linhas paralelas levando-a para lugar nenhum.

Fique fria, Trixia…

— Ei, você… é, estou falando com você… — a cabeçorra virou em sua direção, os olhos cravando-se nela. Era um jeito bem desagradável de se referir a um ser daquele tamanho, mas estava temerosa demais para se preocupar com isso. — Também está presa aqui, não é?

Silêncio. A coisa não respondeu, até porque não havia uma boca para falar. No entanto, um zumbido ecoou em seus ouvidos logo após, e Trixia perguntou-se se aquilo poderia ser borboletês. É claro, ela não sabia falar borboletês. Duvidava que qualquer ser racional sobre aquelas terras soubesse. Duvidava ainda que houvesse mesmo uma língua chamada borboletês, mas preferiu retornar ao monólogo. — Você me levaria para cima?

Mais uma vez aquele zumbido. Muito provável que o inseto a entendia tanto quanto vice-versa. Sentindo-se patética e agradecendo por estar afastada dos colegas – os quais zombariam infinitamente dela se a vissem naquele instante – começou a fazer gestos e mímicas com o corpo, batendo os braços como asas, apontando para si mesma e depois para cima, diversas vezes. Até que a borboleta inclinou a cabeça para um dos lados – como um humanoide que franze o cenho, imaginando o que diabos aquilo significava – e pôs-se a bater as asas novamente. O vento carregou-a para trás, já que desta vez as batidas eram mais potentes, para levantar voo. Com decepção e uma expressão irritada, Trixia viu o monstro ganhar altitude, deixando-a para trás.

— Hum… ao menos não ficou chateada e tentou me comer. — Tentou consolar a si mesma, dando as costas.

Foi então que sentiu.

O vento novamente.

E quando virou-se era tarde demais. A coisa já vinha em sua direção, e mais rápido do que ela imaginaria, já havia sido agarrada pelas garras que saiam de suas patinhas e sabia que estava sendo erguida. A tontura pareceu piorar, vendo todos aqueles padrões afastando-se dela. E sua garganta já não suportava mais gritar. Só conseguiu sentir-se mais calma quando a borboleta chegou a um ponto máximo de altura e planou, mantendo-as no ar.

— Oh… você podia ter me avisado que ia fazer isso, sabia?

A cacofonia de zumbidos que veio após poderia ser um xingamento, mas Trixia ignorou-a. Seus olhos varriam toda a extensão do local – muito maior, intrincado e desordeiro do que julgara a início – à procura de uma saída. Quando encontrou algo relativamente próximo disso, uma passagem mais larga (convenientemente grande o suficiente para a criatura passar), começou a apontar freneticamente para o local, esperando que o ser a entende-se dessa forma. — Por ali… por ali, voe naquela direção!

A borboleta não tardou a seguir para o local indicado, num voo sacolejante e de tirar o ar. Trixia sabia que, se não falecesse de fome perdida lá dentro, provavelmente as surpresas a matariam.

oOo

— Hum… parece que ela está te chamando…

Ele não respondeu. Sua mão havia subido ao coração, apertando a região da camisa diretamente sobreposta ao local, com certa força. Seu outro “eu” estava bem a sua frente. Ele meramente levantara-se da mesa de vidro, como se não fosse um reflexo, como se fosse um espectro maligno, e o encarava, com seus olhos desiguais e sua expressão doentia. Sentou-se no tampo, cruzando as pernas e fazendo sua enorme foice equilibrar-se entre o dedo médio e o indicador da mão direita.

— O que foi? Por que me olhas dessa forma? Como se eu fosse um fantasma ou algo tão desagradável quanto?

— Algo tão desagradável quanto… sem dúvida é uma ótima definição. — ele suspirou, recuperando-se aos poucos do choque. — De quem falavas?

— Sinto-me ofendido.

— Eu não me importo.

— Pois deveria… eu sou você.

O djinn trincou os dentes. Não queria entrar naquele assunto. Aliás, nem queria ter de preocupar-se com aquilo. — Responda a pergunta.

Os olhos maldosos de seu lado Ifrit estreitaram-se por alguns segundos, antes que finalmente ele se desse ao trabalho de responder. — “Ela”… sua amada amiga. Em pensamento, muito possivelmente. Eu sei. Também sentiste, estou errado?

— Não deverias estar aqui. — Lidrin abaixou o tom, tentando mudar de assunto. Evitava olhar para sua imagem nos olhos, talvez porque soubesse da loucura que havia ali dentro, suficiente para arrastá-lo junto. — Volte para onde veio.

— És tão prepotente… e instável. Querias tanto se ver livre de minha influência, e agora está me mandando voltar? Tem algo muito errado nessa situação, não acha?

— Não me provoque!

— Eu não estou. Na verdade, estou sim. Mal comecei, no entanto, e já estás tão revoltado! Certo, certo, meu caríssimo outro eu! Vamos jogar um pouco!

— Eu não vou perder meu tempo contigo, definitivamente. — Lidrin deu-lhe as costas, começando a tatear as paredes da sala, à espera que houvesse alguma porta escondida. Mais uma vez, porém, não encontrou nada, e ainda assim continuou sua busca, como se isso tirasse de seus pensamentos a existência do sósia.

— E prefere perder seu precioso tempo procurando uma passagem secreta que sabes não existir? Que inteligente. — Ele fez uma careta de tédio, batendo palmas algumas vezes, sem muita convicção. — Não quer tentar olhar debaixo da mesa?

— Tsc… não deverias estar me ajudando?

— E por que eu haveria de fazer isso? — aquela existência deu de ombros. — Pense bem, por que colocar ambos em uma sala sem saída?

Lidrin parou, percebendo algo perturbador nessas palavras. De costas para o outro ele estava, no entanto ousou observá-lo de viés, e viu seu sorriso.

Um sorriso demoníaco, como era-lhe comum.

E a percepção atingiu ao mesmo tempo que a foice do Ifrit, jogando-o contra a parede e fazendo-a rachar atrás de si. Seu corpo escorregou por ela, e Lidrin desceu-o a tempo de evitar um segundo golpe, que o partiria em dois pedaços.

— A resposta é… que só um de nós pode sair daqui!

— E você consegue ser mais desagradável do que eu pensava. — ele conseguiu falar enfim, rolando no chão e tentando passar uma rasteira no rival. O outro saltou, escapando da mesma e voltando a descer a foice. E Esta bateu com força contra a que ele mesmo invocara, no último instante. Eram ambas iguais, em tamanho e aparência.

— Quando foi que resolves-te usar a Pierrot Sickle por conta própria?

— Quando se voltas-te contra mim.

— Bobagens. Eu nunca me submeti a ti. Eu sempre apareci porque queria, e quando me convinha. — ele moveu rapidamente a gadanha, fazendo um arco para trás e forçando Lidrin a cair para aquele lado, afinal as foices estavam enganchadas. — Ou não se lembra de quando sua amada amiga foi embora? Devo lembrar-lhe de como é ser abandonado?

Lidrin travou os pés no chão quando conseguiu tocá-lo novamente e desta vez foi ele quem atacou, mirando as pernas do outro, mas num último instante subindo o golpe, cortando superficialmente o peito do Ifrit. — Continuas falando demais.

Viu-o cambalear para trás, a trança grossa que usava se desfazendo e deixando soltos alguns dos fios verdes. Podia notar que seu próprio penteado estava começando a desmanchar. Estreitou os olhos, entrando em posição defensiva.

— Quer mesmo me matar, é…? — ele endireitou-se, o corte no peito começando a escorrer. — Por que quer desesperadamente sair daqui para poder encontrar Trixia, ou por que tem vergonha de mim? Ou talvez… porque eu faça com que se lembre de nosso pai.

Houve um estremecimento, e Lidrin quase deixou a foice cair ao chão com ele. Seu pai. Sem sombra de dúvida, a existência de seu lado Ifrit era culpa dele, no entanto… ele nunca chegara a pensar nisso, não era mesmo? Nem julgando nem condenando, esquecendo-se completamente de sua origem real.

Lidrin não era capaz de desdenhar seu outro lado, afinal fora seu pai que lhe dera, por sangue. Era o pouco que sobrara do djinn, injustamente torturado e jogado em uma fogueira para que todos vissem, para que o povo se sentisse seguro.

Mas todos sabemos que ninguém estava seguro naquela época, em lugar algum. E tal sacrifício foi em vão.

Lidrin amaldiçoou pela enésima vez seu coração frágil. E chegou a uma decisão.

Não importava o quanto fosse doer.

Não importava o quão quebrado ele sentir-se-ia depois daquilo.

Ele sairia dali. Para encontrar a chave, para que todo o plano orquestrado pudesse dar certo.

Para chegar a Trixia, e a todos os outros.

E com esse pensamento, e sem mais nenhuma palavra que fosse, ele impulsionou-se para frente, ainda mais rápido do que o normal – uma velocidade absurda para alguém tão preguiçoso como ele fingia ser – e desceu a foice.

E ela cortou, seja lá o que aquilo fosse… e parecia muito real para ser apenas uma ilusão.

E o sangue esguichou, espirrando em seu rosto.

E ele soube que estava sozinho, e irremediavelmente partido.

oOo

— Hum…

Sean havia desistido completamente de seguir por aquela parede, naquele mundo onírico. O “eclipse” sorridente costurado no céu continuava a observá-lo, e ele evitava olhar na direção em que sabia que os astros estavam. Só lhe restava uma opção, e era seguir em frente, pelas agulhas. Talvez do outro lado das estacas houvesse uma saída.

O problema era que ele não queria passar por ali, até porque era praticamente impossível cruzar aquela distância sem pisar em alguma delas. E os cadáveres empalados continuavam a incomodá-lo. De um jeito desagradável.

Normalmente ele ignoraria aquela sensação e iria em frente, contudo…

Ele preferiu parar de pensar e seguiu adiante, com passos reticentes. Frequentemente acabava pisando em um amontoado de agulhas – estavam todas muito juntas – que percorriam as areias negras, e agradecia mentalmente por seus pés estarem protegidos com calçados brutos. Mesmo assim, ainda podia senti-las espetarem ligeiramente.

Nada a se fazer.

Agora as estacas estavam próximas. O desconforto foi crescendo bruscamente, e quando chegou bem a frente do primeiro corpo, sentiu-se sufocar. Parecia que alguém estava apertando seu pescoço, mas era apenas o choque.

Na sua frente, estava uma pessoa que ele a muito esquecera.

A aparência de suas vestes era velha e simples. Sua cabeça raspada, a pele com um tom dourado. A estaca perfurava-o, começando da canela e chegando ao ombro do lado oposto. O sangue estava seco, como se tivesse corrido a tempos.

Mesmo assim, mesmo naquela situação, ele reconheceu-o.

Seu antigo mestre.

Ele levantou seus olhos e viu mais rostos. Rostos que vira morrer, rostos daqueles que matara com suas próprias mãos. E então sentiu uma mão descer sobre seu ombro. O primeiro cadáver, o do monge, havia aberto seus olhos de cor indefinida e fitava-o, segurando-o. Para que não fugi-se? Para onde ele poderia ir afinal?

Pelo canto do olho, viu mais daqueles corpos se mexendo. Movimentos lentos e alquebrados, sem muita coordenação.

Para Sean ou qualquer meroense não existia o termo “zombie”. Bem, ao menos que o indivíduo fosse um necromante ou estudioso de magia negra, ninguém entendia o conceito de “trazer cadáveres de volta a vida”. E isso chocou-o de tal forma que muito da sua fúria natural se perdeu, enquanto aquelas coisas rastejavam para cada vez mais perto dele, com estacas ou sem elas. Pedaços de corpos caiam, o cheiro era desagradável… ele se viu coberto por dezenas deles.

Mas Sean não era um parvo, afinal.

Ele estava completamente são, e quando despertou de seu estupor, a fúria veio junto. E ele forçou tudo aquilo para o alto, tirando-os de cima dele com um safanão poderoso, enquanto começava a modificar-se… os pelos claros foram crescendo, em meio a dor, e caiu de joelhos, ficando novamente de quatro. O alongamento dos membros, o crescimento de outros… a fera soltou um rugido de advertência, e como sabemos bem que nenhum zombie tinha cérebro funcionando para entender aquilo, logo o aviso virou carnificina.

Bem… mais carnificina, pelo menos.

O tigre branco começou seu ataque, com saltos precisos e pesados. Arrancando membros podres, abocanhando cabeças. Sean obviamente não estava preocupado se estavam apodrecendo. Se conseguisse mantê-los longe dele, era suficiente. Ele nunca poderia ser considerado covarde, e aquela fraqueza momentânea lhe deixara angustiado.

Sim, ele os conhecera, odiara ou amara-os. Mas estavam mortos.

Os mortos devem continuar mortos. Nada de consideração para com eles.

Sua vida a muito havia seguido por outro caminho, afinal.

Ele seguiu em frente, ocasionalmente pisando em agulhas, afinal naquele espaço elas estavam em menor quantidade, mas ainda existiam. Nem isso foi capaz de pará-lo.

Foi quando ele começara a rasgar o dorso de um morto-vivo que notou uma falha naquela paisagem de pesadelo. Parecia uma porta cortada em pleno ar, e do outro lado era possível notar paredes de tijolo claro, como as que vira do lado de fora do castelo. Sem pensar em mais nada, o tigre disparou naquela direção, pronto para deixar aquele lugar.

Alguém ia sentir suas presas separando a cabeça do pescoço, por ter aprontado tamanha encenação para si… por ter despertado lembranças que ele preferia deixar adormecidas. E pobre da criatura que cruzasse o seu caminho com a intenção de detê-lo.

oOo

Victory rolava pelo chão, de um lado para o outro. As vozes já estavam tão altas que seus tímpanos haviam estourado, e a dor unira-se aos outros machucados e a cabeça que já zunia com o barulho a tempos. As lágrimas já haviam caído tanto que talvez tivessem secado. Podia sentir certa quantidade de sangue correr das orelhas pontudas, mal sinal. Pôs-se a se arrastar pelo chão, mas aquelas bocas haviam surgido até mesmo ali.

Tentou não olhar para elas especificamente, mas apenas para a frente. O túnel deveria chegar a algum lugar. Ela sabia que teria de ser forte. Que se aquilo continuasse, nunca sairia dali. Pensou em Nyx, sua natural protetora, que na maior parte das vezes estava sempre por perto para tirá-la das piores enrascadas possíveis.

Nyx não estava ali para ajudá-la.

Se ao menos pudesse chamá-la… sim, ela poderia, mas duvidava que seu grito pudesse varar todas aquelas vozes. E havia outra coisa também…

Agora que estava praticamente surda e conseguia pensar, apesar das inúmeras dores, sabia que podia deixar aquele local. Se a chamasse naquele momento, nunca mais seria digna de dizer-se uma JusticeBlade. Porque aquela fora a missão que lhe deram. Não podia contar com ninguém além de si mesma para levá-la a cabo.

Estava cansada de depender dos outros. As vozes tinham razão, Neco era uma inútil. Não fazia nunca nada certo! Lembrou-se das vidas perdidas nos terremotos que acabava causando, principalmente as da Noite das Máscaras. Trincou os dentes e arrastou-se um pouco mais. Suas mãos tocavam nos ocasionais lábios que haviam crescido no chão e ela os ignorava. O barulho parecia extremamente distante. Muito, muito longe, como se fosse mais um sussurro.

Forçou-se a erguer o tronco, esticando os braços e apoiando a parte inferior do corpo de joelhos. Arfou, sem conseguir ouvir a própria voz. Finalmente conseguiu por-se de pé novamente, os músculos magoados pela queda reclamando. Um passo de cada vez. Um passo de cada vez e você chegará a saída, lembrou-se a si mesma. Um, dois, três, quatro.

Era quase uma benção não poder ouvir nada, afinal.

Apertou o passo. Cada vez mais, até que havia começado a correr novamente, ignorando as fisgadas. Você pode vencer sozinha, Victory. Seu nome é abençoado, apesar de nunca usá-lo. Ela desequilibrou, e um dos joelhos foi ao chão, uma dor violenta subindo pelo mesmo por causa da pancada. Contudo, ela apenas esperou o suficiente para que a dor diminuísse e já recomeçava a andar novamente.

Sem a ajuda de ninguém, Neco acabou por chegar no fim do caminho. As vozes haviam cessado completamente, mas não foi capaz de perceber isso, afinal. Quando cruzou o limiar do túnel e encontrou-se num salão aberto, mal estava em condições de sentir sequer alívio. Um vulto branco familiar achegou-se a ela. Ignorando o cheiro que subia de seu pelo e das manchas avermelhadas no mesmo, deixou-se apoiar o corpo nele, deitando a cabeça sobre o que parecia ser seu dorso.

Ao menos, não estava mais sozinha. Sean estava com ela. E não queria pensar momentaneamente em como que eles acabaram se encontrando, se cada um seguira por um lado. Aquele calor em seu peito, seria satisfação consigo mesma?

É… provavelmente…

oOo

Ele já deveria ter previsto que seu bom coração haveria de pregar-lhe uma peça. E nem podia reclamar que não fora avisado, pois o coelho desfigurado fizera questão de lembrá-lo no começo do percurso. E ainda mais, havia aquela garota…

Nunca soube exatamente porque resolvera trazê-la consigo. Sua aparência era bizarra, mas de alguma forma não sentia o alerta de perigo emanando dela… talvez porque já estivesse preocupado o suficiente com o boneco-perseguidor-demoníaco, e com outras coisas que só diziam respeito a ele mesmo.

Havia sua família, morta durante a queda do antigo reino élfico, antes que seu povo migrasse para o Vale das Estrelas. E de alguma forma, aquela menina perdida fazia-o lembrar de sua irmã mais nova. Muito possivelmente por causa dos cabelos e dos olhos.

Havia Nyx, e sua nova família… coisas que foram ditas da última vez que se viram. Coisas que deveriam ser lembradas, e outras que nunca deveriam ter sido ditas.

Havia Selene e tudo que ela lhe sugeria. Para o bem e para o mal. Pensar nela era quase um castigo, no fim das contas, porque aquele lugar lhe causava uma desesperança frustrante. Com relação a tudo, e principalmente a ela.

Ele trocara poucas palavras com aquela que o seguia de perto. Mesmo gentil como era, a influência de um amaldiçoado pairava sobre ele, e mexia um pouco com seus nervos. Frosty já estivera com amaldiçoados antes… e eles não causaram aquela sensação.

Não sabia ao certo o que foi que despertou-o, o que fez com que pressentisse a traição. Mas ele conseguiu virar-se a tempo. Tempo suficiente para levantar o braço e receber neste o golpe que mirava seu coração, no mesmo lugar que Destiny acertara-o no sonho.

— Ahn! Sua pequena pestinha… — a lâmina afiada havia cravado em seu antebraço, e ele sacudiu-se para soltar-se dela, dando passos para trás. Apesar de profundo, o ferimento não seria fatal. O máximo que lhe causaria era uma hemorragia, mas podia lidar com ela.

Sua atacante não moveu um milímetro de sua posição. Apenas um sorriso zombeteiro passou pelo seu rosto, até que finalmente se move-se, levando a adaga para bem perto de sua boca e passando a língua por ela, lambendo com satisfação o que restara de sangue dele na arma. — Pobre, pobre Frosty. Mesmo solitário, mesmo perdido, continua sendo um tolo de coração nobre.

— Imagino que seja Samira… — o elfo alegou de seu lado, parecendo muito calmo. Lembrou-se que não levava arma alguma com ele, pois Nyx havia tomado de seu poder os sais amaldiçoados. No fim tinha sido uma bela decisão, pois não poderia usá-los contra ela. A bem-dizer, aquelas armas eram mais pesos extras do que qualquer coisa, mas recusava-se a separar-se delas. Era a única herança que sobrara de seu pai. Dos dias felizes, com ele, a mãe e a irmã. Quando ele ainda gostava da ideia de ser princípe.

No mais, contava sempre com sua magia para lutar, raramente recorrendo a armas, de fato. Mesmo assim, estava com um pressentimento ruim, mesmo que esse não transparecesse. Ele havia tentado fazer um escudo protetor de gelo para impedir que a lâmina perfurasse o braço. E nada acontecera.

Proteção contra magia, é… que garotinha inteligente.

— Sim… Samira, a Guardiã da Chave Principado do Ar. — fez uma mesura polida, logo endireitando-se. — É um prazer enooooorme conhecê-lo!

Frosty abriu um sorriso de canto, quase divertido. — Deve ser mesmo. Também fico feliz em conhecê-la. Mas sabe… isso de atacar os convidados pelas costas é uma péssima atitude, para uma anfitriã de seu calibre.

— Ora! Eu disse, não disse? — jogou o peso de um pé para o outro, ajeitando seu tapa-olho em forma de relógio — Isso é um jogo. O intuito é sobreviver. Você deveria ter esperado por isso, não?

— Pois é… que tolo eu fui. — fechou momentaneamente os olhos, e quando os reabriu havia uma centelha de satisfação neles. — Um tolo irreprimível. Mas diga-me, minha cara criança… Por que logo eu?

— Não é nada pessoal contra você, veja bem… — a jovem caminhou em sua direção, rolando despreocupadamente a faca entre os dedos das mãos, sem temer que acabasse se cortando assim. — É apenas uma aposta… uma aposta feita em um sonho. Mas isso você não precisa saber, precisa? Na realidade, eu só preciso matá-lo…

— Me matar? Mas eu não lhe fiz absolutamente nada. — ele continuava calmo. Absolutamente controlado.

— Não, não fez… mas esse é o jeito mais fácil que se tem de… — e Samira jogou-se contra ele, tentando outra investida, estava tão perto que poderia ter furado seu olho. Frosty jogou a cabeça para trás, e depois o corpo, ganhando distância novamente, a mão livre apertando o ferimento causado anteriormente. —… cortar alguns laços. Fique parado, como um cavalheiro, e deixe que eu o fatie, sim?

— Então é isso… — Frosty estreitou as sobrancelhas. Aquilo tudo fez muito sentido em sua mente, com aquelas palavras… então era isso. É, Nyx estava fazendo um ótimo trabalho, se desejava mantê-lo longe dela, se quisesse que ele a despreza-se. — Sobre seu pedido… não posso aceitar, algo me diz que deve ser muito doloroso ser fatiado.

Ela não respondeu dessa vez, começando uma série de golpes que fez com que ele se preocupasse cada vez mais em esquivar. Alguns pegavam de raspão, mas nada mais que isso. Esperou que ela passasse do seu lado e desceu a mão em direção sua nuca, prendendo-a por ali, e com a segunda prendeu sua mão com a faca, ficando por trás dela no processo, de maneira que não conseguiria acertá-lo dessa forma. A menos que tentasse chutá-lo, mas estava mais do que preparado para aquilo.

— Eu lhe disse… não quero ter partes do meu corpo arrancadas. Agora, já que estamos sendo tão educados mutuamente, que tal me levar até onde está a chave?

Samira parou de tentar se libertar – ela se sacudira por alguns segundos, antes das palavras dele – e lançou-lhe um olhar de viés obviamente ofendido. — Não.

E Frosty sentiu a pancada na cabeça. Forte o suficiente para deixá-lo zonzo, e forçá-lo a afrouxar a pegada, e dessa feita Samira libertou-se, subindo mais uma vez a adaga. Ele viu duas coisas caindo no chão, e apenas a dor violenta em sua mão lhe deu certeza do que havia acontecido. A adaga feriu-o novamente, desta vez no ombro, e ele acabou caindo contra uma das paredes. Precisando apoiar-se na mesma para manter-se de pé. Não conseguiu, contudo. Acabou deslizando, terminado ajoelhado, os olhos fixos em Samira. E no seu acompanhante.

O coelho amaldiçoado estava ali, com suas perninhas minúsculas e os olhos malvados. Segurava um bastão em uma das patas, e era aquilo com toda a certeza que havia atingido-o primeiramente. Como que aquela coisa tivera força para levantá-lo e batê-lo com tanta força era um mistério.

Seu braço esquerdo era pura dor. Do ombro até a ponta dos dedos ele conseguia senti-la. Do primeiro ferimento ainda pingava sangue, o último parecia tão profundo quanto. Mas o que chamava mais a atenção fora o que havia sido feito sem a intenção. Ele não queria desviar o olhar daquela dupla estranha, mas sabia muito bem o que acontecera com sua mão esquerda. Seu dedo médio e o indicador haviam sido cortados pelo fio da faca, e descansavam bem a sua frente, se se dispusesse a olhar para o chão.

Era claro que ele não se dispunha.

— Ah… que criança malvada você é… — ele conseguiu dizer, um tom de dor visível em sua voz.

— É realmente conveniente, isso de você evitar lutar contra crianças… ainda mais com uma tão parecida com sua verdadeira irmã, certo?

— Tsc… minha irmã se foi, a muito tempo. E…

— Aquela que colocou em seu lugar é uma egoísta, desequilibrada e indiferente. Deveria saber escolher melhor.

— Ha… haha, sim… ela é tudo isso, mas… — ele ergueu os olhos azuis, a despeito da dor, e encarou Samira de baixo. — eu ainda a amo. E você não vai mudar isso, mesmo me matando. Até porque, por mais egoísta, desequilibrada e indiferente que ela seja, nunca te deixará fazer tal coisa.

— Agora está delirando… Nyx não está aqui.

— Estará… — os olhos dele se estreitaram, e Frosty finalmente apagou o sorriso do rosto. Samira, que não queria mais saber daquela brincadeira, que já estava cansada daquilo, preparou-se para descer a faca mais uma vez.

Isso antes que ele gritasse. Uma coisa que, normalmente, nunca faria. Mas ele respirou profundamente e gritou o nome daquela que havia ajudado a criar como uma irmã. Sem saber se realmente haveria uma chance… sem saber que sua vida estava por um fio.

— Nyx!

E aquele chamado percorreria distâncias inimagináveis…


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Notas finais do capítulo

Yo!.
Acho que todo mundo ficou um tanto quanto arrepiado com algumas coisas, não é? Antes que me perguntem, sim, Frosty perdeu mesmo os dedos da mão. E sim, Lidrin inutilizou seu próprio lado Ifrit quando arremeteu-se contra ele. Sobre o passado de Sean, vai ser contado mais em seu flash-back. E sim, Neco está momentaneamente surda, também.
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Todo mundo ferrado, assim que eu gosto -q
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Estou tendo problemas graves para postar a imagem com essa internet fdp... se houver uma alma caridosa disposta a postá-la em algum site para mim depois, ficaria intensamente agradecida. De qualquer maneira, tentarei editar novamente quando o sinal estiver melhor, porque ficou fodinha.
.
Eu acho que é só isso por enquanto, pessoal. Semana que vem - ou no dia que eu tiver saco pra escrever - temos o capítulo dos Seguidores e logo após o do grupo SNGS, e é provável que saia rápido porque estou muito empolgada para escrever ambos, e tudo o que vai vir depois.
Hahaha
Beijos para vocês, seus lindos, e até a próxima



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