Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 47
Por dentro da névoa, e muito além…


Notas iniciais do capítulo

Bom... depois de um século estou de volta.
Pra começar eu realmente devo pedir desculpas, pois o atraso foi grande dessa vez. Por inúmeros motivos, que prefiro não descrever aqui, tive problemas de inspiração, falta de paciência e também falta de criatividade.
Eu sei que não há justificativa para o certo descaso que demonstrei com a fic nesses últimos dias, poderia dar várias razões, mas no fundo seria inútil. Então só peço minhas sinceras desculpas, e espero poder postar o próximo o mais rápido possível.
De qualquer forma, agradeço a todos que ainda acompanham, que ainda estão ai para me dar força para continuar a escrever e poder vislumbrar um final.
Amo de coração todos vocês.
Boa leitura, e espero que gostem...



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O instrumento voador não identificado – cujo apelido, “o corvo” parecia conveniente apenas pelo fato de trazer a desgraça – acabou por bater violentamente contra a Ilha Flutuante ao acercar-se da mesma. Depois de zunir, embicar e chacoalhar durante todo o caminho, Lyla quase ficara feliz ao ver-se novamente em terra firme… apesar de a queda ter sido feia e, por algum milagre ou por capricho de Destiny, ninguém ter saído extremamente ferido dela.

A mulher deixou a máquina com passos trôpegos e um tom claramente esverdeado no rosto. Uma das mãos pressionava o estômago, sinal de que este não deveria estar muito bem. Por todos os malditos deuses… Preferia ter vindo a pé.

— Tão mal-agradecidos… — Liam foi o segundo a deixar o veículo, com seus cabelos completamente fora de lugar e alguns rasgos nas roupas. Com certo desagrado, observava os óculos quebrados, seguros por uma de suas mãos. — Tsc… tenho que começar a trazer um extra…

— Seria ótimo, já que o fato de você ser míope feito uma porta quase nos matou! — Kenai desceu com uma pressão desnecessária a mão sobre o seu ombro, levantando o tom de voz o suficiente para que o rapaz estremecesse, mais por causa da proximidade com seu ouvido do que pelo teor da conversa.

— Não me lembro de ter dito que era cem por cento seguro. De qualquer forma, ganhamos um pouco de tempo… e pare de gritar no meu ouvido, sou míope, não surdo. — ele empurrou o mokolé para longe de si com a mão vazia, mantendo-o afastado e voltando a raciocinar sobre o enigma que a voz de Pesadelo falara em sua mente a alguns dias atrás.

Eis que aqui chegastes, ambiciosos seres

Onde a sombra dorme sobre o prado

Busquem a pior coisa que temestes

O som os guiará até seu tesouro”.

Não lhe parecia muito significativo em primeiro momento, teve que admitir para si mesmo. Pesadelo parecia disposto a brincar com eles tanto quanto os deuses, independente do fato de sua liberdade estar em suas mãos. Talvez as décadas que passara aprisionado no nada estivessem finalmente fundido a sua mente, transformando-a num emaranhado de caos e desordem. Ou sua existência era assim mesmo, inquieta e instável.

Liam desistiu completamente de imaginar o que se passava na cabeça daquele ao qual lutavam para libertar, consolando-se com o fato das pesquisas anteriores de Loke terem dado resultado. Felizmente para eles, o fenômeno que a Ilha Flutuante causava nos dias de sol a pino não passava despercebido… embora nenhum dos habitantes de Porto Pedras tenha ousado buscar um significado para a sombra que ocasionalmente era vista sobre a grama, os boatos circulavam.

Isso os poupou de se preocuparem com a primeira parte do enigma, mas não impediu que se chocassem contra o obstáculo aéreo. Os controles do “corvo” haviam se descontrolado sem qualquer motivo aparente – apesar de Kenai insistir que a culpa fora do parceiro – e acabaram por cair. Ao menos haviam conseguido aterrissar lá em cima, visto que seria impossível subir até lá de outra forma.

Ao espichar a cabeça além da borda para ter uma ideia da altura em que estavam, Lyla percebeu que a terra havia sido movida e revirada. Se alguém tivesse tido a boa vontade de notar tal coisa antes, talvez pudessem ao menos ter pousado de maneira decente no solo da Ilha, mas aquele fato passara despercebido. Mesmo assim, a mulher fez questão de afirmar o óbvio, caso os outros ainda não tivessem reparado. — Parece que eles já passaram por aqui.

— Será melhor que ainda estejam presentes. — Liam alegou por sua vez, ajeitando os óculos sobre o nariz, ignorando as rachaduras nas lentes. — Detestaria pensar que passamos por isso tudo para descobrir que a Chave já foi levada…

Kenai, que havia andado alguns metros – disposto a ficar o mais distante possível daquela corja de pragas, como decidira chamar os outros – agachou-se bruscamente e logo ergueu a cabeça, um rosnado baixo vindo de sua garganta. — Ainda estão aqui. Há rastros que seguem para o interior, mas não tem nada que indique que voltaram.

— Quantos são? — questionou por sua vez Lyla. Mesmo que a pergunta fosse ligeiramente idiota, era sempre bom ter certeza. A divisão do grupo dos Relicários estava lhes dando uma vantagem, mas isso não duraria muito.

— Aparentemente… quatro ou cinco. — ele voltou a ficar de pé, arreganhando os dentes. — É o suficiente para fazermos um belo estrago.

— Não estou tão certo disso… temos que lidar com a guardiã, apesar de tudo. — Liam parecia cético. Das últimas vezes, ambos os guardiões deram trabalho, embora tivesse de admitir que Shakrat tinha facilitado um pouco o lado deles… o que não pareceu resultar em muita diferença, no fim.

— Aquele cara tinha dito que Samira é neutra, não? — uma voz diferente chegou até eles. Cedric não parecia de muito bom humor, mantendo-se em silêncio por todo aquele tempo. Com aquela expressão aborrecida, parecia realmente muito similar ao pai, que fazia questão de ignorar.

— Sim, Loke chegou a comentar algo do tipo, mas duvido que seja uma coisa boa, por assim dizer. — Lyla fez uma careta. — Afinal, é uma amaldiçoada que controla a realidade a sua volta… alguém que pode tornar nossos piores medos em realidade não me parece muito “neutra”.

— Até porque uma informação vinda de Loke é sempre questionável. — Liam bocejou, brevemente, antes de se pôr a caminho do castelo, visível por entre a fauna deslumbrante do lugar.

— Falando nisso… onde está ele? — Cedric ergueu uma sobrancelha, seguindo aquele que estava em posição para ser seu mestre.

— Em algum lugar não identificado. Deve estar próximo, no entanto. Combinamos de nos reencontrarmos aqui.

— Tsc… somos suficientes sem aquele idiota. — A única mulher do grupo contentou-se em fitar as próprias unhas por um tempo, antes de tomar a dianteira e ir entrando no portão sem se deter ou sequer dar uma olhada ao seu redor. As peculiaridades do lugar, que tanto chamaram a atenção do grupo que chegara antes deles, passaram despercebidas…

oOo

Em algum lugar não tão distante dali…

Loke sentiu um incômodo na parte de trás da nuca, uma pontada irritante… podia jurar que havia alguém difamando-o em algum lugar, e tantas pessoas diferentes vieram a sua mente que mal tinha ideia de quem poderia ser.

Bom, nada a se fazer com relação a isso. Era o preço que pagava por ser um mentiroso.

Deu de ombros, decidindo deixar o ocorrido para lá, e ergueu o corpo de dentro da água. As minúsculas gotas escorreram pelo seu tronco, enquanto ele se espreguiçava, sem realmente se importar em ser flagrado em tal posição, sem uma peça de roupa sequer para cobri-lo. Os olhos focaram-se em nenhum lugar em especial, permitindo-se um raro momento de tranquilidade.

Sentia-se estranhamente relaxado, o que não acontecia com frequência. De tanto enganar e ludibriar, era possível que tivesse perdido sua personalidade própria em algum lugar indefinido dentro de si mesmo. Isso não lhe importava o suficiente para pensar sobre o assunto. Tampouco o faria, se importasse.

Caminhou de maneira lenta até a margem do lago, tateando para encontrar as roupas que deixara espalhadas. Saiu completamente da água, colocando as vestes inferiores, ignorando o fato de ainda estar encharcado. Atirando descuidadamente o que parecia ser uma toalha sobre seus cabelos, sem deixar de caminhar, dirigiu-se a uma pequena rocha, sentando-se na mesma, sobre um sol agradavelmente quente.

Fiore teria conseguido dar um fim ao segundo grupo de Relicários? Mesmo que essa fosse sua intenção inicial, duvidava bastante. Além da Rainha estar confiante demais ao falar com ele, parecia um tanto quanto tola. Desconhecia as habilidades dela, mesmo assim achara-a ridiculamente dependente. Provavelmente tinha muitos Guardas Reais sob seu comando, o que não significava nada, caso não soubesse como utilizá-los.

Além do mais, se fosse fácil assim, não teria graça… Uma imagem surgiu em sua mente, enquanto a luz do sol incidia em suas pálpebras cerradas. De alguma forma isso o fez sorrir. Divertidamente, como uma criança que tem seu brinquedo favorito de volta… com um toque inconfundível de malícia.

— Parece-me que ainda teremos algumas danças pela frente, não é mesmo… — Apesar de dizer isso alto, a pessoa referida estava longe demais dali. — Minha caríssima Demon Lady?

Sem se dar ao trabalho de esfregar a toalha em sua cabeça para secar os cabelos ou mesmo de retirá-la, voltou a por-se de pé, juntando suas coisas, inclusive a camisa que deveria estar usando. Com uma mal mascarada satisfação, levou dois dedos até os lábios e assoprou, produzindo um assobio longo.

Não demorou muito para o Dorehan saltar, entrando em seu campo de visão e levantando um acúmulo de folhas mortas e terra. As patas potentes e ameaçadoras rasgaram o chão, enquanto a criatura grunhia. Talvez estivesse irritado pelo fato de Loke não ter se afogado ao resolver tomar banho. De qualquer forma, abaixou-se, rente ao chão, para que o homem conseguisse subir nele.

Depois de acomodar-se – com um dos olhos focando principalmente a calda em forma de garra do ser, balançando de maneira furiosa e agourenta – fechou suas mãos nos pelos rentes ao pescoço da fera, franzindo o cenho, enquanto cutucava-a para demonstrar que já podia começar a corrida.

— Ora, ora… você parece de mal humor hoje, afinal.

Outro rosnado, ainda mais potente que o anterior, e a criatura disparou numa carreira desenfreada, desviando das árvores, em direção a saída da floresta. Sem ser pego de surpresa pelo movimento brusco, Loke apenas apertou mais forte, corrigindo sua postura. Para um servidor de Surm, aquela coisa tinha um péssimo temperamento. Os olhos voltaram-se para a frente, já tendo seu destino em mente.

Acabara o tempo de folga… era hora de ver por si mesmo do que Samira era capaz.

oOo

A pressa é inimiga da perfeição.

É o tipo de regra que nunca deveria ser esquecida, em hipótese alguma.

E mesmo assim, Samira foi capaz de pegar os Seguidores desprevenidos.

Contudo, como a maior parte da sua atenção estava focada em outros pontos pré-definidos antes da chegada dos mesmos, a guardiã precisou de um pouco mais de trabalho para envolvê-los em seu poder.

O que separou os quatro fora uma névoa espessa, que tornava o salão principal ainda mais escuro do que era normalmente, fazendo com que o sentido da visão fosse praticamente inútil. A audição também deixou de ser confiável quando uma cacofonia de sons – onde era possível escutar gritos, choros e risadas macabras misturadas – ergueu-se ao redor deles. Por fim, até mesmo o olfato apurado dos mokolés não foi capaz de reuni-los aos outros membros do grupo.

Estavam por conta própria a partir daquele instante.

Liam demorou um pouco para notar que estava afundando. Não soube especificar o porquê talvez a magia estava afetando seu senso de tato. Sem conseguir enxergar muito bem, um certo receio tomou-o… conseguiu, contudo, agradecer mentalmente a alguma força divina o fato de não ser ácido.

Seus olhos percorreram cada centímetro ao seu redor, com mais dificuldade que o normal, afinal seus óculos ainda estavam rachados e a névoa não havia afinado em nada. Contornos indistintos podiam ser vistos ocasionalmente… ele parecia estar em alguma espécie de pântano, pelo que podia deduzir. Talvez atolara-se em algum charco. Um cheiro fétido havia penetrado em seu nariz, fazendo seu estômago revirar, mas decidiu ignorá-lo o máximo que conseguisse.

Sua boca fechou-se em uma linha apertada, seus dentes trincando com a força que os pressionava.

Odiava que usassem um poder similar ao dele contra si. Era irritante… e seria humilhante se deixasse aquele cenário levar a melhor sobre ele.

Apesar de sua habitual atitude distante e racional, sentiu a raiva ferver em seu sangue, ao mesmo tempo que o líquido não identificado chegava até a altura de seus joelhos. Dessa vez não havia um crocodilo para tirá-lo de sua situação desagradável…

Era por fatores como esse que sempre preferiu o trabalho burocrático ao de campo.

Vergou o corpo apenas o suficiente para tatear a sua volta, tomando o cuidado de não afundar as mãos naquilo que o puxava. Talvez pudesse encontrar algo que usaria de alavanca para erguer-se novamente dali…



Kenai, como era próprio dele, começara a praguejar desde o momento que a névoa descera e triplicara os xingamentos ao reparar que estava sozinho. Depois de caminhar algum tempo, esperando chegar a uma das paredes do suposto salão principal em que antes estavam, ou a um dos aliados que também deveriam estar em algum lugar por ali, acabou enroscando-se em algo.

Uma substância fina e pegajosa, que não foi capaz de discernir…

Fez com que suas garras crescessem, passando-as nos locais onde sentia os fios sobre a pele, cortando-os. Quando sentiu-se solto novamente, levou as mãos em frente ao rosto, de maneira que pudesse observá-las bem de perto. Os restos daquilo que o prendera escapavam por entre seus dedos… fios prateados e extremamente fortes.

Pareciam com teias de aranha.

Mas teias de aranha não tinham força suficiente para segurá-lo, tinham?

Não, definitivamente não.

— Que coisa mais inútil. — ele deu mais alguns passos, erguendo a cabeça, esperando poder ver o teto. Quando não conseguiu, voltou a resmungar, voltando a caminhar e consequentemente sendo pego mais uma vez pelos estranhos fios. — Que maldição! Por que não aparece, vadia desgraçada? Pare com seus malditos joguinhos!

Ninguém respondeu, o que fez com que ele ficasse ainda mais furioso, soltando-se das amarras para ser envolvido por elas segundos depois.

A sensação de que havia uma cretina brincando com ele atingiu-o como um raio.

Samira…

A maldita guardiã, a qual Loke alegara categoricamente que era neutra.

Ele começou uma série de imprecauções contra tal fato. Se sabia que “neutra” significava que não estaria necessariamente do seu lado, sua raiva fizera-o esquecer completamente disso. Enquanto as pragas e maldições iam multiplicando-se a um nível tão irritante quanto as vozes criadas pela anfitriã do castelo, ele não pareceu notar que havia algo movendo-se acima dele.

Algo realmente grande…



Lyla não soube exatamente o que aconteceu a ela desde o momento que vira-se separada dos outros. Fora tudo extremamente rápido… As correntes que envolveram seu corpo, puxando-a em direção a algum lugar. Correntes absurdamente grossas e fortes, capazes de reprimir sua força sobre-humana. Ela foi arrastada às trombadas por um salão amplo, surgido sabe-se lá de onde em meio a névoa, com o piso de alabastro e colunas da mesma cor.

A escuridão nunca fora algo que a assustara. Holdier ria dela, divertia-se com a falta de estômago que algumas pessoas demonstravam em lidar com algo tão singelo. As trevas eram a ausência da luz, afinal. De qualquer forma, questões filosóficas nunca a incomodaram.

Mas aquele lugar, por algum motivo, lhe dava calafrios.

Deixando isso de lado, sua situação não era das melhores. Ela decidiu parar de lutar por enquanto, o que era obviamente inútil. Não havia alguém contra quem bater. E as correntes não cediam, continuando o lento caminho até lugar nenhum. A neblina, fechando-se à sua frente, impedia que visse o que havia do outro lado das correntes.

Uma pessoa normal não gostaria de imaginar o que havia do outro lado.

Lyla parecia mais preocupada se seria alguém de carne e osso em quem pudesse afundar os punhos e descarregar toda a sua frustração.

Um cheiro, misto de bolor, papel velho e incenso invadiu seu olfato e ela não evitou franzir o cenho em uma careta de desagrado. Para onde estavam levando-a, um templo no meio do nada? Uma biblioteca perdida no meio do nada?

Rezar nunca lhe chamara a atenção. E livros muito a menos. A ideia de ficar trancafiada em um buraco onde só pudesse recorrer a um dos dois lhe causava profunda ânsia. Teve vontade de se debater e tentar libertar-se das correntes mais uma vez, mas já sabia que era um esforço inútil.

Então decidiu esperar. Coisa que também não lhe agradava.

Sua passividade não durou muito, porém.

Só até o momento em que a névoa abriu-se, revelando o local de onde vinha o metal que a mantinha cativa. Passavam através do fundo de algo que lembrava muito um sarcófago aberto, trazendo-a centímetro a centímetro para seu interior.

A compreensão chegou-lhe imediatamente, e ela se surpreendeu por realmente ter se assustado com a perspectiva…

De que seria enterrada viva, dentro daquele belo sarcófago, impecavelmente negro…



Cedric nunca soube se tivera sorte, se fora poupado propositalmente ou não. Talvez Samira já tinha almas suficientes para torturar e não quisera perder tempo com ele. Ou sua atenção estava tão focada nos outros que não poderia estender seu poder maligno para tocá-lo também. Fosse como fosse, ele foi o único a retornar ao salão escuro, onde havia a tapeçaria representando o Pesadelo. Ou nunca tivera saído de lá.

Ele conseguia sentir, no entanto, a energia bruta que o cercava. Como se houvesse picos de energia ao seu redor. Uma chuva de raios que descem ao solo, todos ao mesmo tempo, e ainda assim por pouco não o acertavam. Os pelos se arrepiaram instintivamente.

Não gostara daquele lugar. Desde o momento que pisara na Ilha Flutuante, seu conforto parecera evaporar.

Claro que ele podia ter dado de ombros e ido embora, aproveitando que seu “mestre” estava perdido em algum lugar do castelo – ou de sua consciência, ou de ambos – mas ele havia ido longe demais para voltar. Fora que nada garantia que Liam não fosse sobreviver ao ataque da guardiã, e viesse atrás do seu rastro quando descobrisse que Cedric havia debandado.

De modo que decidiu levar a cabo a missão, afinal… e concentrou sua audição. Os gritos e ecos tinham silenciado, mas não foi o silêncio que encontrou. Havia um som suave, como uma flauta ou algo semelhante, mas a música que soava não tinha padrão algum. E além do mais, estava bem distante. Ou o próprio castelo dava essa impressão.

A última frase do enigma retornou a sua mente.

O som os guiará até seu tesouro”

Não sabia muita coisa sobre coincidências, mas aquilo com toda certeza não era uma. Pensando que aquilo tinha-lhe sido absolutamente conveniente, focou sua atenção naquela música distante. Teve certeza que o som vinha de cima e andou em direção as escadas. Mesmo com sua boa audição, não foi possível definir se deveria seguir pela direita ou esquerda. Guiado tão somente pelo instinto, decidiu tomar a escadaria da esquerda, e pôs-se a caminho dos andares superiores, buscando pela fonte da melodia.

oOo

Ela ergueu a cabeça, silenciosamente, de maneira muito sútil. O movimento poderia sugerir que estava com medo de algo, no entanto não era exatamente isso que sentia. Pôde notar que uma vítima havia escapado de suas garras, o que lhe causou uma pontada de raiva. Uma raiva claramente infantil.

Sem sombra de dúvida poderiam dizer que ela parecia uma criança birrenta, batendo os pés e chacoalhando a cabeça de um lado para o outro quando as coisas não saiam do jeito que queria. Era uma garota endiabrada, uma eterna insatisfeita. Quando acabasse a brincadeira e visse suas vítimas quebradas e mortas, se lamentaria por tudo ter acabado. E o ciclo recomeçaria, enquanto buscava novas pessoas para jogar.

Levando em consideração isso, não era de se admirar que tivesse mordido o lábio inferior até sangrar, fechando os punhos com força suficiente para que as unhas ferissem a própria carne, ao reparar que o filhote de mokolé havia conseguido escapar de suas artimanhas. Mas não começou uma birra, como era de se esperar dela. Aguentou firme, praguejando contra ele em pensamento.

Estava tudo bem. Ele teria o que lhe era devido, cedo ou tarde.

Além do mais, seu foco estava bem na sua frente. Era nele que desceria a pior das suas maldições, era aquela criatura que sofreria mais que todos reunidos ali. E isso ela fazia toda a questão.

Afinal, aquilo fazia parte da briga que uma certa mestiça comprara a alguns dias atrás. E infernizar aquele ser tão bondoso lhe excitava de maneira intensa.

Com isso em mente, esqueceu a raiva que sentia por Cedric e focou-se completamente em seu pequeno e divertido jogo. Se fosse necessário, ela o impediria. Se chegasse perto o suficiente do esconderijo da Chave Principado do Ar, saberia o que fazer.

Ela sempre sabia…


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Notas finais do capítulo

Yo outra vez... tem tanto tempo que estou sem entrar que acabei esquecendo as considerações finais... (como esperado de sua autora com memória de passarinho).
Hoje a internet da minha irmã está decente, então começarei com as imagens.
Uma consideração especial com relação a estas: elas fazem parte de um jogo de cartas para android chamado The Legend of the Cryptids, e são apenas representações dos personagens, afinal em uma conversa com Kaline - e com a própria Enma - dava para ver que algumas imagens poderiam ser usadas para isso.
O que quero dizer com isso é que nem sempre as imagens ficarão cem por cento iguais, ou com a mesma arma... são apenas representações, mas espero que gostem delas, afinal deu trabalho selecionar as que eu poderia usar e as que não -q
Kisses para vocês todos, e até a próxima.



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