Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 4
Teorema de Manipulação


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente pedimos desculpas (em especial eu mesma(Ame), como o atraso foi por minha causa, me responsabilizo por ele), o capitulo deveria ter saído no sábado, mas houve pequenos imprevistos.
Mas sem pânico... como no anterior, mais alguns personagens aparecerão aqui... esperamos que vocês gostem dessa pequena e singela apresentação.
Boa leitura :3



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Houve um verdadeiro escarcéu quando Nyx, vestida com sua aparência demoniaca, apareceu na praça, puxando um homem desgrenhado -e apavorado- cujo braço havia sido cortado fora. Ele guinchava, protestava e gritava, enquanto era escoltado até o Posto de Recompensas. Estava envolvido por uma chapa retorcida de ferro, que deixava-o incapaz de se mover livremente, e era praticamente puxado pelo colarinho da camisa surrada.

–Aquela vadia arrancou meu braço! Vocês não podem fazer isso!

Nyx, com seus lindos olhos verde-esmeralda e cabelos negros e ondulados, fez um muchocho e tocou com a mão livre os chifres sobre sua cabeça, antes de voltar-se para observar os outros membros do grupo, entre eles uma elfa esguia, de expressão fria e obviamente arrogante. Parou de andar e se dirigiu a mesma, inclinando a cabeça.

–O prisioneiro reclama do tratamento que lhe deu... algo a dizer?

–Se ele continuar a reclamar, vou amputar a cabeça dele.

–Bem, você ouviu... -forçou a cabeça do prisioneiro para baixo e voltou a puxá-lo, contudo ainda prestando atenção naqueles que vinham atrás de si.

A JusticeBlade fora contratada para lidar com um ladrão de alto escalão, que diziam ser impossível parar, e ainda mais, capturar. Uma vez que ele resolvia roubar tal coisa, entrava e saia sem que ninguém tivesse notícias, até descobrirem que foram roubados. Isso estava causando tanta insatisfação para os nobres que a própria mãe de Nyx havia perdido algo de seu valoroso acervo. E mesmo que a garota não desse a minima pra isso, logo após entraram com um pedido de captura, e os cartazes de “procura-se” se espalharam pela cidade.

Sem ter muita opção, e admitindo que a recompensa e a missão estavam de acordo com seus termos, ela finalmente tomou sua decisão e convocou os colegas para uma caçada noturna. No final, descobriram que o dito cujo não agia sozinho, ele tinha uma verdadeira quadrilha, com especialidade em criar ilusões. Poderiam até ter se dado bem no final se um dos bandidos não tivesse gritado com a Elemental da Terra, Neco.

–Eu disse, ninguém deveria gritar com a Neco... é como cavar a própria cova. -A líder deu de ombros, abrindo um daqueles seus sorrisos sarcásticos. Victory, a dona do apelido citado, apenas se encolheu. Ela era muito tímida, e as vezes acabava caindo na pilha com extrema facilidade. No entanto, sempre havia um limite de implicância, afinal estavam entre amigos. E apesar da aparência franzina, magoa-la nunca era uma boa coisa.

–Eu já pedi desculpas...

–Está tudo bem, nós sabemos que você não teve a intenção. -o único rapaz do grupo, um elfo muito alto, de irresistíveis olhos azuis, passou uma mão pela cabeça da menina, se aproximando mais da mesma. -Mas apesar de ter “Procurado Vivo ou Morto” no cartaz, não quer dizer que devemos matar.

–Ou enterrar vivos para que seus pulmões se encham de areia? -Selene, aquela que havia arrancado o braço do ladrão, ergueu uma sobrancelha. -Que maneira arcaica de matar...

–Falou a obcecada por cortar cabeças. -Victory rebateu em um tom bem baixo, mas de alguma forma a outra não pareceu ofendida com tal comentário. Os olhos violetas e frios focaram-se em seu rosto e Selene meneou a cabeça.

–Sua cabeça ficaria muito bem numa lança, sabia?

–Hei, hei, hei... vamos manter a calma, sim? -Frosty, o elfo, interrompeu-as, e Nyx pareceu desistir de tentar dizer qualquer coisa que fosse e se concentrou em acabar de carregar a presa por todo o caminho até o Posto, deixando-os para trás.

Bem, aquela tinha sido uma missão semi-fracassada. Com o medo que Victory sentia quando gritavam com a mesma, seus poderes se descontrolaram e o resto da quadrilha tinha sido enterrada por toneladas de terra. Bom, ela não se importava muito com isso, mas preferia evitar mortes ao máximo. Uma ferida, uma cicatriz, uma marca para mostrar o lugar deles já era mais do que suficiente. Claro, havia excessões. Quando o procurado era tão cruel a ponto de merecer realmente morrer, e aquelas nunca eram boas missões. Porque quando isso acontecia, era comum que se deparassem com o outro grupo, vindo de terras mais distantes, os BeastHunters. E bem... de alguma forma havia crescido certa animosidade entre os seus e os shifters. E ela tinha sérios problemas de concordar com aquela personalidade irritante do líder lobo.

Não se lembrava de ter tantos desentendimentos com outras ligas. Geralmente se encontravam e desencontravam sem um incomodar o outro. No entanto...

Quando JusticeBlades e BeastHunters se cruzavam, as coisas nunca acabavam bem.

Foi pensando nisso que ela se viu diante dos guardas aos quais deveria entregar o meliante. Estendendo o braço para que estes pudessem pegá-lo, não disse uma palavra sequer. Já teria de discutir o bastante com o contratante, e tinha por preferência evitar gastar palavras desnecessariamente. O ladrão, porém, não compartilhava deste hábito. Ele continuou a praguejar até esta despedir-se com um meneio de cabeça, e se dirigir ao que parecia ser um guichê, onde um homem velho e decrépito fazia anotações.

Quando este desceu os olhos opacos para ela, fez uma careta.

–Ah... você...

Ele colocou a cabeça calva um pouco mais para fora, como se estivesse a procura do resto da equipe. Não vendo ninguém, voltou sua atenção para a garota abaixo de si e coçou a bochecha.

–E então... ?

–Vim buscar a recompensa pela captura de Red Eyes... o maneta idiota que não pára de reclamar.

–Ahn... certo, certo, sem dúvidas.

–Não estava sozinho, fazia parte de uma quadrilha... -ela prosseguiu por mais alguns minutos com as explicações sobre o caso, culminando com a morte dos outros membros e o tal integrante tendo um braço cortado pela Rainha de Copas, a forma como Selene era mais conhecida. O senhor revirou os olhos, fez anotações e separou uma bolsa de lona, que ia entregar a ela. Mas não entregou.

–Sabe, vai chegar um dia em que vão cansar dessa sua forma de fazer justiça, e ai irão atrás de vocês.

–Pouco me importa. -ela estendeu a mão e manteve a expressão neutra, esperando pelo pagamento. Foi tempo o suficiente do restante do grupo alcansá-la.

–Se tem algo contra o jeito que nós fazemos o trabalho, por que não ir você mesmo até lá e concluir, hum? -Selene alegou, cruzando os braços e encostando-se em uma das paredes.

Nyx não disse mais nada, apenas fez um gesto pedindo pela segunda vez a bolsa. Dessa vez esta foi entregue, não sem muita má vontade da parte do contratante, e então ela se virou, sem se dignar a lhe dar mais atenção. Atirou a bolsinha para Frosty, logo se espreguiçando. Os civis a volta começaram a cochichar, como fizeram por todo o caminho.

–Façam o que quiserem com a minha parte. -alegou, tocando os chifres sobre sua cabeça novamente... como se quisesse colocá-los no lugar, talvez? -Não vou precisar dela.

Aliás, nunca precisava, afinal como herdeira da mãe, tinha direito de mover toda a riqueza que a família possuía. No entanto era raro vê-la recorrer a esse dinheiro. Normalmente se contentava em usar o que ganhava nas missões. Não precisava de muito. Não se incomodava com roupas ou adereços, ou comer nos melhores lugares os mais requintados banquetes.

Mas por essa vez teria de fazer tudo isso. Afinal, estava investigando uma figura muito suspeita que chegara a pouco tempo no reino, mas especificamente naquela cidade. Nunca dava um nome certo, apesar de sua aparência não mudar.

Por algum motivo aquilo vinha a incomodando o suficiente para tirá-la de sua zona de conforto e arregaçar as mangas. Antes de envolver todos os JusticeBlades naquilo, era sempre bom reunir algumas informações.

Nyx franziu as sobrancelhas por alguns instantes, e entreabriu os lábios, olhado em volta. Seus olhos voltaram-se para os outros três, e então ela perguntou, em um tom ligeiramente incomodado.

–Onde está a Anne?

oOo

Sufocamento.

Era essa a definição básica para o que ele estava sentindo. Tanta terra acima de si lhe deixava incomodado. E quanto mais descia, mais aquela sensação ameaçava crescer.

Mas ele não se permitiria abater por causa disso. Ele, que enganava com tanta facilidade os homens, e os derrotava. Ele, um Seguidor do Pesadelo, ansioso para ver o mundo se diluir em caos novamente. Só de pensar em tal coisa, parecia esquecer-se parcialmente de onde estava.

Quilometros e mais quilometros abaixo do solo estava guardada uma das Chaves Principados, ouvira dizer. Então fora levado até aquela cidade, e enquanto passava de banquete a banquete, apurando as lendas que surgiam e separando a verdade da confusão, conseguira achar uma pista convincente, que o levara até a presente situação.

Estava no subterrâneo de Hathea, num túneo que nem sequer era usado. As pessoas falavam que parecia um labirinto, e por tal razão fora abandonado, já que muitos sumiam lá em baixo e nunca conseguiram voltar. Normalmente as passagens para lá foram todas trancadas e as chaves estão em poder do Duque de Lerian. Mas para isso existiam os ladrões, não é?

Ele poderia ter conseguido por si mesmo, claro, mas preferia a arte de manipulação... convencera uma quadrilha, versada em ilusionismo, a roubar as chaves e entregá-las a ele. Depois, para ter certeza que não iriam cobrar sua divida indo atrás dele, colocou sua cabeça em prêmio. E Assistiu deliciado quando aquele grupo estranho, os Justice-alguma-coisa, trouxeram apenas um sobrevivente para ser preso.

Seu plano vinha funcionando maravilhosamente bem, no entanto... ele ainda tinha de chegar à chave. Enquanto passava pelos corredores escuros, ia deixando marcas profundas na pedra, talhadas a partir de suas espadas afiadas. Assim, era fácil manter-se no caminho, ou descobrir se estava andando em circulos.

Agora sentia um pouco mais de amplitude, pois chegara a uma câmara talhada em pedra, com afrescos desenhados no teto, que sugeriam as cenas de uma grande batalha. Lutas contra o Pesadelo, provavelmente, embora a semi-escuridão atrapalhasse a visão. Ele ergueu um pouco mais a lamparina que carregava, e então riu. Um riso doentio, de gelar os ossos. Com satisfação, chegou ao centro da sala, onde havia um altar, e sobre o mesmo uma chave grande e antiga, tão grande que mal cabia na sua mão, e tão antiga que enferrujara, tomando uma coloração descascada e feia. Mas para alguém como ele, era uma das melhores visões que poderia ter.

Chave da Terra

Empacotou-a cuidadosamente em um pedaço de pano grosso, enrolando-o várias vezes em volta da mesma para ter certeza de que estava bem segura, e colocou-a numa bolsa que carregava. Com simplicidade, girou nos calcanhares para fazer o caminho inverso.

–Fácil demais...

E de fato estava... porém, se Loke achava que as outras quatro chaves seriam fáceis de se conseguir, estava muito enganado.

continua...


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Notas finais do capítulo

Mais uma leva de personagens encaixados. Foi bom, foi ruim?
Acham que estamos sendo fiéis? Não? Deem sua opinião, nós adoraríamos saber!