Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 38
Uma troca sempre deve ser equivalente.


Notas iniciais do capítulo

Yei!!!!
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Saiu mais cedo do que todo mundo imaginava né? Haha.
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Eu tive um surto de inspiração para CdP e adiantei a atualização antes que eu perdesse o fio da meada. Espero que gostem, pois aqui marcamos o final desse "arco".
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A pedidos, vou seguir com o que eu imaginei na minha cabeça para essa crônica, ou seja, vai ficar bem mais longa. Estou imaginando pelo menos mais uns vinte capítulos, mas não tenho certeza.
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Boa leitura. :3



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Nyx estava sentada em frente a um espelho, com uma tesoura tremendamente grande e enferrujada nas mãos. Com extremo cuidado, ela tentava acertar o seu cabelo, que havia sido cortado alguns dias antes pela Artesã das Lâminas...

— Você não vai ajeitar esse cabelo? — reclamara Frosty, enquanto segurava algumas de suas mechas negras.

— Não, não vou.

— Está esquisito.

— Não me importo.

Essa fora a mínima discussão de ambos um pouco depois de terem chegado ao esconderijo de Nyele. O lugar era realmente extenso, uma mansão erguida em meio ás matas virgens de Sidnary. Por um feitiço imposto por sua dona, o local era completamente invisível para olhos curiosos. Alguém chegara mesmo a questionar por que ela vivia numa habitação tão grande se morava sozinha, o que foi respondido com um “não te interessa” explícito e grosseiro.

Apesar do nome relativamente fofo, Nyele tinha uma personalidade instável, que mudava do humor negro e irônico para uma atitude grosseira e distante com rapidez. Normalmente, seus melhores momentos com seus hóspedes eram os que ela estava irônica. Mas definitivamente ela era útil.

Nyele sabia de tudo. Literalmente de tudo. O fato dela não revelar nem metade era atribuído à mesma razão que lhe dava tanto conhecimento: a maga fizera parte do grupo original que aprisionara Pesadelo. Ou era isso que as lendas diziam. Enquanto seus cinco companheiros foram enviados para serem guardiões das chaves, ela ficara como garantia de que a verdade nunca fosse esquecida.

É claro que ela aliara-se aos JusticeBlades já sabendo de seu papel importante no futuro. Mas sua condição impedia de mencionar o que quer que fosse antes da hora, e os outros integrantes viam-na apenas como uma informante valiosa. E alguém poderoso, o qual poderiam contar caso tudo falhasse.

Claro... em troca de um preço.

A teoria de troca equivalente estava bem enraizada na mente daquela criatura. Nenhum favor que concedia aos seus aliados era de graça. Nem mesmo se a salvação do Meroé estivesse em jogo.

— Então você decidiu cortar mesmo. — Gravor questionara, observando por trás de Nyx ela se contorcer para tentar deixar seus fios na mesma altura, sem muito sucesso.

— Essa assimetria está me incomodando. — Justificou-se ela, rapidamente, fazendo mais algumas pontas caírem sobre seus ombros.

A expressão cética do rapaz apareceu no reflexo do espelho ao mesmo tempo que ele respondia: — Continua torto.

— Cale-se.

— Mas é verdade. Você não quer uma ajuda? Sabe, se continuar assim vai acabar sem nada.

Nyx parou os movimentos que fazia, deixando o instrumento pender junto com sua mão por um tempo, antes de balançá-lo perigosamente na direção dele. — Se está tão incomodado venha até aqui e corte.

— Tsc... como você é complicada. — para a surpresa dela, ele de fato retirou com cuidado a tesoura de seus dedos e posicionou-se atrás, segurando com a ponta dos dedos a cabeça da mestiça e ajeitando-a com movimentos lentos até que que ficasse num bom ângulo.

— Me pergunto se os homens em geral gostam de cortar cabelo.

— Definitivamente não, mas a senhorita me incomoda. Agora fique parada. Minha noção de simetria é boa, mas se ficar mexendo essa cabeça não posso fazer nada.

Enquanto os dois debatiam quem era pior com o corte, Sky descansava a cabeça na mesa que havia um pouco mais adiante, observando aquela cena de esguelha. — Quem diria... — logo endireitou-se, porém, observando a pessoa que estava sentada a sua frente. Frosty parecia bem tranquilo, aliás, ele sempre era tranquilo demais. Algo nesse pensamento fez o ruivo voltar a falar. — Cara... como você aguenta conviver com tanta mulher junta? Deve ser infernal.

Ele se lembrava bem das situações que passara com Trixia, quando estava no cio e “naqueles dias”, e pra ser sincero ambas eram complicadas. A primeira era contornada pela poção que a shifter costumava tomar, mas a segunda... ele francamente duvidava que qualquer homem fosse capaz de aguentar mais do que uma garota de mau-humor querendo matar todos a sua volta e chorando por causa das coisas mais estúpidas...

Frosty ergueu seus olhos claros do mapa que estava analisando minutos antes e suspirou, parecendo cansado. — É difícil. Ainda mais porque são todas irresponsáveis. Mas dá para sobreviver.

— Você é tão calmo, que inveja. — Skylar bocejou. — Vocês tem certeza que aqui é seguro?

— Noventa por cento.

— Como assim noventa por cento? — Trixia interrompeu, ela estava perto de Frosty, polindo com cuidado sua lâmina, talvez por não ter achado mais nada de interessante – e visível – para se fazer.

— E os outros dez? — Ryan também havia chegado mais perto do grupo, surgindo sabe-se lá de onde, e jogava o peso do corpo no encosto da poltrona em que o líder estava.

— Estão relacionados ao “preço”. Mas isso não é preocupação para vocês. Já que ela é nossa... aliada, e nós pedimos pelo favor, nós arcaremos com as consequências.

— Consequências por causa de um teletransporte, fala sério?

— Na verdade, o resto da barganha ainda não foi decidido. — uma voz soturna intrometeu-se em meio a conversa. Sua dona era alta, com cabelos dourados que chegavam quase até o chão, ondulados. Os olhos de cor avermelhada eram elétricos, não pareciam parar em lugar algum por muito tempo. Suas roupas careciam de lógica ou de sincronia. Metade preta, metade branca, com os cores as vezes trocando de lado, mas nunca se encontrando. Aquilo lembrava muito uma túnica, bem extensa, cobrindo um corpete e uma saia lisa que chegava até o joelho. Nos pés, havias botas, ambas também com cores diferentes.

Nyele mantinha a aparência de uma mulher de trinta anos, mas as vezes parecia mais jovem. Ou mais velha. Dependia muito do ângulo que se olhava, ou da atenção que lhe dispensavam. Aqueles olhos elétricos percorreram a sala até parar na silhueta de Nyx, que não fez nenhum movimento em direção a mesma, a não ser recuperar a tesoura das mãos de Gravor. Aparentemente, ele havia conseguido dar um jeito em suas madeixas negras, com muito custo. Em compensação, seus cabelos ligeiramente enrolados e cheios agora mal chegavam ao ombro.

— Nyx. Está na hora.

— Oh... mas vamos tratar de negócios tão cedo assim? — ela endireitou-se, movendo a cabeça sobre o ombro para observar sua interlocutora. A tesoura fechava e abria em sua mão, com um ruído irritante e até mesmo assustador.

— É claro, afinal temos muito o que tratar. Ou a senhorita Saint Ignis está com medo do que pode ser resolvido a partir daqui?

A resposta foi uma tesoura sendo arremessada a centímetros do rosto da anfitriã, cravando-se profundamente na parede mais atrás. Nyx estralou o pescoço de um lado para o outro, colocou uma mão no ombro de Gravor e murmurou um obrigada meio sem entonação, antes de andar em direção à Nyele e piscar algumas vezes. — Nem um pouco. — andou mais alguns passos, até que tivesse alcance para recuperar a tesoura, e girou-a entre os dedos. — Já que a prezada anciã não pode esperar, farei o favor de ser breve, então.

O olhar que Nyele lhe ofereceu foi algo relativamente amigável comparado ao que os outros imaginavam, e minutos depois a porta era fechada atrás das duas.

— Qual a probabilidade dessas duas acabarem se matando?

— Metade metade, eu diria. — mesmo dizendo isso, Frosty não parecia estar realmente preocupado, o que de certa forma acalmou os outros também. Depois de mais alguns minutos, ele levantou-se e entregou o mapa a Trixia. — Agradeço a boa vontade de ter me emprestado, mocinha. Agora se me dão licença... tenho algumas coisas para cuidar.

— Que envolvem cortejar uma certa elfa, se não me engano. — Lidrin acabava de chegar, aproveitando-se do espaço que havia acabado de aparecer e sentando-se ali. O alvo da chacota apenas respondeu com um sorriso, e deixou definitivamente o salão. Trixia parecia contente com o resultado de seu trabalho e guardou a adaga, junto do mapa. E logo uma cabeça estava deitada sobre seu colo o que a fez erguer uma sobrancelha. — Lidrin, deixe de ser folgado!

— Mas está confortável...

— Eu não sou um travesseiro. — resmungou ela, inflando as bochechas e preparando-se para fazê-lo rolar até o chão, antes que Sean colocasse uma caneca alta na sua frente. A moça fungou um pouco, inspirando o cheiro adocicado, e logo seus olhos pareceram brilhar. — Vinho de mel!

— Você não é muito nova para beber? — questionou Lidrin, sem se mover muito, abrindo apenas um dos olhos para fitá-la.

— Não sou não! Skylar, diga a ele.

— Você é muito nova para beber... mas acho que um pouco não faz mal a ninguém. Ahn, eu quero também!

— Você fica muito chato quando bebe, Skylar. — alegou Gravor, voltando a se aproximar deles.

— Ah, não enche, me deixa ser feliz um pouquinho.

— Falando nisso, de onde tirou essa bebida, Sean?

— Da adega.

— Ela tem uma adega? — houve uma aclamação extremamente satisfeita com aquela resposta, antes de alguém interromper de novo.

— Ficar mexendo na adega dos outros não é muito prudente. — Neco estava encolhida numa poltrona extremamente distante deles, tão quieta e concentrada em sua leitura que ninguém havia notado-a ali antes.

— Não seja tão chata, Neco... — reclamou Gravor, coçando a bochecha. De alguma forma os grupos tinham ficado minimamente mais unidos com os últimos acontecimentos, mas ainda havia algumas exceções. Victor era uma delas, embora ela se isolasse mais por preferência do que por não gostar da companhia dos shifters. Sem dúvida era uma elfa estranha.

— Você quer nos fazer companhia? — Trixia girou os ombros e o pescoço apenas o suficiente para observá-la, afinal o djin em seu colo impossibilitava-a de virar o corpo completamente. Talvez ficasse ligeiramente incomodada com a garota sozinha enquanto todos estavam se divertindo, pelo menos um pouco. Trixia era a segunda exceção à regra. Ela parecia sentir-se completamente à vontade apenas quando estava entre os seus, embora se esforçasse para ser legal com todo mundo. O tempo se encarregaria de levar embora sua desconfiança.

— Não, obrigada. — Neco pareceu se encolher ainda mais no seu cantinho.

— Apenas deixem-na. Ela virá por livre e espontânea vontade, acho. — Skylar deu o assunto por encerrado, logo apontando para Sean. — E eu ainda quero uma caneca de vinho com mel.

— Vai buscar.

— Cara, ninguém mais me respeita nesse lugar...

Sean deixou o ruivo falando sozinho por um tempo, enquanto se dirigia à elfa encolhida na poltrona. Com um gesto silencioso, colocara uma caneca na frente dela, esperando que a mesma pegasse.

— Eu não bebo.

— É chá.

— Você invadiu a cozinha também? — ela piscou os olhos claros, mais surpresa do que indignada, enquanto deixava o livro de lado para pegar a caneca. Com cuidado, assoprou um pouco o líquido fumegante e tomou um tímido gole. O gosto adocicado e fresco, independente da temperatura, passou por sua língua. Hortelã.

O olhar dele dizia claramente algo como “eu não invadi lugar nenhum”, mas não respondeu, contudo. Deixou o corpo cair sentado ao lado dela, enquanto esta seguia-o com o olhar. De alguma forma, ela conseguiu se encolher ainda mais, chegando mesmo a parecer um gatinho.

— Eu não mordo.

— Na realidade você morde sim. — um leve estremecimento passou por seu corpo, e ela voltou seus olhos para o chá, tomando mais um pouco do mesmo.

— Não você. Digo... não vou morder você, nem nada do tipo.

— Ahn. Tudo bem, então. — isso pareceu deixá-la um pouco – bem pouco – mais confortável, e Neco relaxou o suficiente para conseguir sentar como uma pessoa normal. Observou-o pegar o livro que ela estava lendo e abri-lo em uma página completamente aleatória. Era uma coletânea de contos de fadas, pelo que parecia, daqueles com final feliz. Um final que ela não esperava para si mesma, se tratando da situação na qual havia se metido.

— Você se importa?

— Não... — ela respondeu, imaginando a razão por trás da pergunta. Com um movimento fluído, colocou a caneca mais para perto dele. — Tome um pouco, está bom...

Selene encontrava-se no aposento mais longe possível dos outros. Por questões óbvias, evitava ficar no mesmo ambiente que a garota-shifter por muito tempo. Também não se sentia muito bem na presença dos outros ultimamente, aliás, ela sempre fora extremamente anti-social, mas acabara esquecendo-se desse detalhe, pelo tempo que passara com seus companheiros de equipe. Outra coisa que a incomodava era o tal “preço” que deveria ser pago, e de alguma forma todos os JusticeBlades tinham a mesma preocupação. Um teletransporte não era algo muito caro, mas na situação atual ela duvidava de que Nyx deixaria informações valiosas para trás com receio do preço subir.

Ouviu a porta abrir e seu habitual companheiro entrar. Um suspiro velado escapou de seus lábios. Não estava com paciência para aguentar a implicância dele naquele dia. — O que você quer, Frosty?

— Absolutamente nada.

— Pare com seu cinismo, eu te conheço. — ela imaginava que tivesse algo a ver com o que lhe dissera quando terminaram a luta no Santuário do Fogo. Algo sobre conversarem mais tarde. Ele não devia lembrar, ou levar aquilo em consideração. Certo?

Na realidade ele se lembrava bem, mas não ia dizer isso em voz alta. Afinal, Frosty se caracterizava por sua extrema sutileza, quando tratava-se de certas coisas. — Oh, você me pegou! Estava me perguntando porque prefere ficar aqui sozinha do que se enturmar, mas até imagino a razão.

Selene não fez mais que lhe lançar um olhar cético. — Então por que raios está perguntando?

— Nenhum motivo. Mas sabe, Sel... se você continuar fugindo, as coisas não irão se resolver.

— Eu não estou fugindo, apenas prefiro evitar isso, por enquanto.

— Sim, você está. É o que fez a vida inteira, você foge do que não consegue lidar. Acha que por ser uma máquina de guerra isso não vai afetá-la em nada.

— Basicamente isso. — houve um resmungo, enquanto ela levantava-se de onde estava deitada e parava em frente a ele. — Pare de se incomodar, eu não sou as outras, não preciso de um cavalheiro de armadura para me proteger.

— Tsc. Você é realmente impossível de se lidar. — Frosty meneou a cabeça por alguns segundos, antes de descer a mão para segurar o pulso dela. — Não importa o que dizemos, não entra nessa sua cabecinha dura. Você não é uma arma. E também não é como as outras. Sim, você é forte, e admiro muito isso, mas não dá para resolver tudo sozinha.

— Há algumas coisas que não podem ser resolvidas. — Ela desvincilhou-se dele com um puxão. — E outras que podem, mas mesmo assim não mudariam nada.

— Por que está dizendo isso?

— Não te interessa. — desceu seus olhos para o chão, tentando não falar sobre aquilo. Se Frosty descobrisse o que ela sabia, iria confrontá-la. Isso não era algo inteligente. O segredo devia ser mantido por mais um tempo. — Vá embora, Frosty, eu não quero conversar.

— Mas nós já estamos conversando, não?

— Você está apenas me incomodando, como sempre. Deve ser algum tipo de hobby seu.

A expressão tensa que ele havia adquirido alguns segundos atrás transformou-se em um sorriso com muita facilidade. — É porque gosto de você, Selene.

Algo na maneira que ele disse isso deixou claro que não era um “gostar” como amigo. Não que ela desconhecesse tal sentimento por parte dele. Selene simplesmente fingia ignorar, para evitar de ter de pensar sobre os seus próprios. Mas logicamente, quando se tratava de Frosty, isso era impossível.

— Você sabe que me dizer isso com esse sorriso irritante me dá mais vontade de trucidá-lo, não é? — desconversou, enquanto cruzava os braços e encostava-se na parede.

— Então trucide-me. — Ele deu de ombros, enquanto chegava mais perto, apoiando o braço na parede em que ela estava. — Rainha de Copas.

Sua cabeça desceu um pouco, ficando mais próxima do rosto dela, de maneira que era possível sentir sua respiração. Contudo, ele não fez mais movimento nenhum para segurá-la, ou mantê-la ali. Selene estava livre para ir se quisesse. Bastava saber se era isso o que desejava.

— Você anda muito convencido ultimamente.

— Não estou segurando-a. Pode ir, se quiser.

— Não foi você que acabou de falar sobre como eu não deveria fugir?

— Ora, e agora quem está sendo convencida aqui? — uma risada abafada escapou da boca dele. Perto demais da dela. Os lábios de ambos roçaram por poucos segundos, o suficiente para sentir a textura um do outro.

— Eu odeio você.

— Você mente terrivelmente mal, Selene. Tão mal que me dá dó.

O protesto explosivo dela foi cortado, não por um beijo de fato dele (o que Frosty sem dúvida teria feito, se possível), mas pela voz estridente vinda do outro aposento, possivelmente de Lidrin.

— Selene! Frosty! Venham até aqui, elas chegaram a uma conclusão!

— Ah... que coisa mais chata. — ele voltou a se afastar, num movimento lento. — Parece que você escapou de ser beijada por alguém que odeia tanto...

Ela apenas deu um soco mirando seu ombro, o que fez com que ele desse um grito de dor, afinal era o mesmo que havia machucado em sua quase queda. — Cale a boca, idiota. — ela saiu do seu canto, passando por ele e pisando firme. Mas ainda dava para ver seu rosto ruborizado. Assim como suas orelhas.

Nyx havia retornado a sala onde os outros estavam reunidos. Sua expressão, para variar, não dizia coisa alguma, o que podia ser algo bom ou ruim. A anfitriã, Nyele, não estava à vista. Possivelmente estava tratando seu psicológico por debater com uma pessoa tão ácida quanto ela. A jovem mestiça ainda brincava com a tesoura, girando-a entre os dedos da mão. Isso fazia com quem estava na sua reta saísse imediatamente da mesma, por questão de precaução.

— Estamos todos aqui? — ela deu uma pausa, enquanto olhava a sua volta, capturando as fisionomias conhecidas com seus olhos verdes e logo fechando-os. — Certo. Vamos começar.

— Vá logo ao ponto, Boneca Mestiça. — Sky pediu.

— Eu irei. Basicamente, os termos da troca foram estes: Temos mais dois teletransportes à nossa disposição, assim como toda e qualquer informação relativa ao paradeiro das últimas duas chaves, incluindo o da própria prisão de Pesadelo.

Todos pareceram segurar a respiração ao mesmo tempo. Se tratando de barganha, pareceram imaginar o que Nyele pediria em troca daquilo tudo, e a resposta não parecia muito agradável.

— O que você ofereceu? —novamente era Sky que falava. Frosty parecia lívido, um tanto quanto chocado com a notícia para fazer tal pergunta.

— Primeiro de tudo, eu assumo a responsabilidade com a divida que foi feita. — Nyx voltou a reabrir os olhos, a tesoura rodando com ainda mais velocidade. Parecia mais robótica do que o normal enquanto começava a explicar. — No entanto, não posso fazer tal coisa sozinha.

— Pela Mãe, o que foi que ela pediu? — o líder da equipe adversária perguntou, novamente, com tanta ênfase que parecia querer atacá-la se ela não lhes desse uma resposta decente.

— Etherea.

A resposta simples e singela pareceu fazer eco, antes que mais alguém resolvesse falar. — Impossível. É uma lenda.

— Isso não existe.

— Quem somos nós para alegar que algo é um mito? — Skylar interrompeu a chuva de reclamações que começava, lentamente. — Também achávamos Pesadelo uma história de terror, e olha onde estamos?

— Etherea existe. — complementou a outra líder, andando mais alguns passos. — Nyele pode ser o que for, mas sabe tudo. Se ela diz que existe, é porque existe.

— Er... alguém pode me explicar o que é isso? — perguntou inocentemente Neco, deixando apenas a cabeça visível por detrás da poltrona em que estava sentada.

— Etherea é uma planta. Uma flor raríssima, pelo que dizem, capaz de curar qualquer doença ou maldição. Dizem que ela foi feita do sangue da própria Deusa Irmã e por isso suas pétalas são rubras. — Lidrin finalmente levantou-se do colo de Trixia, endireitando seus longos e rebeldes cabelos verdes. — Mesmo que isso exista, deve ser impossível de achar.

— Eu tenho a localização. Acho que Nyele só não vai ela mesma pegar porque não pode deixar esse local. — a mestiça estreitou os olhos um pouco. — Para que ela deseja tal coisa, não é da minha conta. Contudo, isso vai ser útil a nós, também.

Selene, que ainda mostrava-se carrancuda, descruzou os braços rapidamente com essa frase. — Uma flor que pode curar qualquer maldição...

— Até mesmo algo que a magia quebrada de um djin não pode. — Nyx continuou o pensamento dela. Essa frase mais uma vez chamou a atenção de Frosty, que lhe lançou um olhar visivelmente desconfiado. Em sua cabeça, um pensamento já havia feito morada, em colaboração com a frase que Selene deixara escapar mais cedo. Antes que pudesse questionar, contudo, foi cortado pela própria líder, que atirara a tesoura na direção de uma parede, onde havia um alvo demarcado, com finalidade de diversão. A “arma” acertou bem no centro do alvo, enquanto um mínimo sorriso passava pelo seu rosto, sempre tão indiferente.

— Senhoras e senhores... nós vamos trazer Annie de volta.


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Notas finais do capítulo

Desenho (fanart?) feito pelo divo do Dennis ( pra quem não sabe, aquele que criou o Frosty).
Coloquei ele direto porque estava com preguiça de fazer upload dos chibis... mas semana que vem (ou sabe-se lá quando irei atualizar de novo) eles voltam, prometo. Espero que não se incomode, Dennis-sama.
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Well... Acho que vocês já imaginaram que o grupo vai se separar de novo, não é? Eu sempre prefiro trabalhar assim porque me deixa mais tranquila para mostrar a visão de todos os integrantes.
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Sim, a Anne vai voltar! E pelo que notaram tem um mistério/segredo novo (na realidade nem tanto assim) na trama. Eu imagino se vão descobrir do que se trata antes que eu revele ele. *Risada maligna ultra medonha*
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Bom... como fim de todo arco vão entrar os capítulos de "flash-back" agora, mas não se preocupem, possivelmente o do Seguidores (que ainda estou imaginando se vai ser Liam ou Loke) vai pegar um pedaço do que eles estão fazendo no presente também, então não vai ficar muito cortado.
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Eu acho que era só isso... tenho certeza que estou esquecendo alguma coisa, mas vá lá... kisses para vocês, meus amores, e até a próxima. :3