Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 3
Pausa na Taverna e Conspirações a Meia Voz


Notas iniciais do capítulo

Revisamos, mas sempre escapam erros... perdoem por isso e boa leitura!



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A porta da taverna foi aberta de supetão, fazendo com que a luz do luar incidisse no ambiente e revelasse o ar carregado de fumaça. Pairava no ambiente uma mistura intensa de odores: bebidas, cigarro, perfume barato; cheiros da noite. Todos os olhares se voltaram para a porta, curiosos.

Um rapaz segurava a porta estilo vai e vem, seus cabelos eram curtos e ruivos, meio repicados. Um tapa-olhos do lado direito do rosto lhe dava um ar meio assustador, principalmente com as roupas negras atípicas da região: era um estrangeiro.

Ele continuou segurando a porta até que uma jovem garota passasse por ela. Uma jovem de longos cabelos negros e aparência delicada entrou na taverna, encolhendo-se um pouco por vergonha de chamar a atenção. Os olhos verdes não se fixavam em ninguém por muito tempo, denotando nervosismo. Carregava um arco primoroso e um alforje cheio de flechas nas costas.

– Ei, Trix, já pensou no que vai beber? – o ruivo soltou a porta e seguiu sua companheira, cruzando as mãos atrás da cabeça.

– Ainda não... – a jovem respondeu.

Atrás da dupla vinha um outro rapaz, rápido o bastante para segurar a folha de madeira e impedir de ser atingido em cheio por ela! Ele respirou fundo e girou os olhos, como se pedisse paciência. Era um tipo alto e forte, cujos músculos mostravam flexibilidade e a força de alguém acostumado a treinar arduamente. A pele morena também não era comum na região, e chamava a atenção. Uma série de tatuagens em forma de tribal começavam em seu pescoço e desciam, escondendo-se debaixo dos trajes exóticos e deixando todos curiosos para saber se as marcas negras continuavam por todo o lado direito de seu corpo, já que partes dela podiam ser vistas também do braço até a mão, inclusive nas pontas dos dedos. Uma bela bainha entalhada estava presa ao seu cinto, onde se via o cabo de uma espada.

– Anda logo, Sean. Não temos muito tempo – o ruivo reclamou, sem parar de avançar.

O tal Sean rosnou alguma coisa, aborrecido e entrou na taverna, imitando os companheiros. Quando o trio chegou ao balcão os demais clientes perderam o interesse, voltando a beber, fumar, jogar cartas e conversar. Damas de reputação duvidosa espalhadas pela taverna continuaram com os flertes, insinuando-se a qualquer um daqueles homens que pudesse se tornar um cliente para a noite.

– Boa noite – disse Trix ao sentar-se em um dos banquinhos de tampo arredondado.

– Que vão querer? – o taverneiro perguntou sem responder ao cumprimento.

– Leite para a menina, cerveja pro grandão e pra mim vinho de mel – o ruivo respondeu enquanto se sentava.

– Skylar! – a moreninha não gostou de ouvir seu amigo pedindo leite para ela. Também queria vinho de mel! Já tinha idade para isso.

– Só tem destilado – o dono do local informou dando de ombros. Aquela era uma das bebidas de pior gosto e mais forte em todos os reinos. Todavia era barata.

Skylar respirou fundo. Tinham ido ali fazer uma pausa, enquanto os outros dois companheiros passavam pelo Centro da Justiça, um local que possuía muitas funções, entre elas a redistribuição de recompensas pelos criminosos capturados ou eliminados.

Naquela noite tinham vencido um mago a quem perseguiam havia quase duas semanas. O malfeitor era bom em escapar, apesar de não muito poderoso. O Centro da Justiça colocara uma recompensa de quarenta moedas de ouro para quem o encontrasse. Seu crime? Tirara a vida de uma criança durante um ritual para aumentar seu poder. Sacrifício totalmente contra as leis.

Skylar, Trix e Sean; junto com mais dois companheiros, integravam um grupo de caçadores de recompensas que começava a conquistar fama e destaque nas Terras de Meroé. Embora não fossem o único grupo, ganhavam notoriedade por ser um dos times que só escolhiam criminosos cujo cartaz marcava: “Vivo ou Morto”, pois não faziam prisioneiros.

Essa era a Beast Hunters.

– Se não vão beber nada, caiam fora – o taverneiro pegou um copo e começou a limpa-lo com um pano de pratos encardido.

– Uma dose para mim – Sean decretou em um tom neutro. Ele não tinha problema algum com a bebida, podia tomar uma dose sem se afetar. Uma coisa que odiava era tentar fazer algo e não conseguir: ele e seus amigos estavam cansados da viagem, tinham participado de uma caçada e combinado encontrar com os outros dois companheiros naquela taverna. Não seria expulso de lá!

O taverneiro observou aquele rapaz, talvez sondando se ele queria confusão. Parecia um tipo perigoso. Em silêncio obedeceu e colocou o copo que limpava sobre o balcão, antes de enchê-lo com um líquido branco de cheiro forte. Depois se afastou para servir outros clientes.

Trix e Skylar observaram, invejosos, enquanto Sean saboreava sua bebida. O ruivo debruçou-se no balcão e começou a desenhar com a ponta do dedo, chateado. Era fraco demais para álcool, por isso evitava. E a menina ainda era jovem, tinha apenas dezessete anos.

– Ei, Sky! – a voz suave de Trixia chamou a atenção do rapaz – Olha.

Ela apontava um quadro de avisos ao lado da prateleira de bebidas, meio escondido. Entre os papeis colados haviam alguns de “Procura-se”.

Após observar por alguns segundos, ele abanou a mão com pouco caso. Apenas um era de “Vivo ou Morto” se bem que...

– Ne, Sean...? – ele perguntou em um tom baixo.

– O quê?

– Você acha que aquele grupo pode caçar um procurado daqueles? – apontou o cartaz.

– Acho que não – o moreno respondeu sério – Não faz o estilo da JusticeBlade, por que? Quer encontrar com eles?

– Claro que não! – Skylar pareceu se arrepiar – A JusticeBlade é um pé no saco. Eu quero é distância.

– Que péssimo líder – a moreninha resmungou cruzando os braços sobre o balcão. Sean sorriu ao ouvir aquilo.

A verdade é que se esbarraram com a equipe rival no passado algumas vezes e em todas a tensão levara o conflito à beira do abismo. A chance de tudo acabar em tragédia era grande demais. Os dois rapazes compreendiam que não era errado evitar que os times cruzassem o caminho. Skylar era o tipo de líder que colocava a segurança da equipe acima de tudo. Algo que ele e Sean prezavam era seus amigos.

– Gravor e Ryan estão trocando a cabeça do mago por nossas moedas. Talvez eles achem algum cartaz interessante por lá – Skylar soou esperançoso. Confiava em seu braço direito para fazer a troca e escolher um novo alvo adequado. Manteria o combinado original de esperar por eles ali e só depois traçar o novo objetivo.

Estavam passando por um ótimo momento. Tudo o que ele queria era preservar o ritmo: caçar criminosos e ganhar por isso. Sem arrumar encrenca com outros times. Alguns já saiam do caminho da Beast Hunters, sabendo da fama que levavam. Outros faziam com que a Beast Hunters saísse do caminho. Era a vida.

Mal sabia eles que o destino tecia outros planos...

oOo

– Mas que... PORRA! – a voz rouca veio seguida de um som abafado – PORRA!

Descontou a raiva atingindo a parede uma segunda vez, ao lado da porta aberta, com tanta força que fez a pele de seus dedos esfolar e sangrar. A fúria emanava de um homem alto e forte, a pele clara causando um contraste sedutor com o cabelo negro e liso, que exibia um tom azul escuro nas pontas. Havia um ar de selvageria mal contida naquele homem que sequer chegava perto de revelar o quão perigoso ele era. Na cintura um par de sais cintilaza graças a parca luminosidade ambiente.

– Não foi a primeira vez, Kenai – uma voz neutra atraiu os olhos estreitos e brilhantes para si, um tom esmeralda – Não entendo tanta frustração.

– Não entende a frustração, Liam...? – observou o companheiro com irritação, um jovem de cabelos e olhos castanhos, pele clara e ar apático que geralmente irritava Kenai. Odiava ter que trabalhar com ele – Viemos a essa merda de lugar, e não encontramos uma das chaves. Isso está demorando demais.

Liam deu de ombros. Passou a mão pelos fios castanhos, enquanto uma expressão analítica tomava conta de sua face. Calculara os prós e os contras da missão, estudara mapas e resquícios da lenda original. Sabia que tinham apenas 30 por cento de chances de encontrar uma das chaves ali. Ao contrário de Kenai, que não perdia tempo de calcular as chances, apenas agia sem pensar nas conseqüências. Observou o moreno cujos fios de cabelo caiam até o ombro. Como alguém podia ser tão velho e ao mesmo tempo imaturo? Não aprendera nada nos anos vividos?

Analisando bem os dois não podiam ser mais diferentes: Liam, um homem que acreditava no poder pelo conhecimento e sabedoria. Kenai, aquele que se amparava apenas na força bruta e selvageria. Opostos exatos, complexos. Incapazes de compreender um ao outro. Uma parceria imposta pelo destino, sem laços sentimentais, fadada a um fim assim que alcansassem o objetivo que tinham em comum.

– Tsc – o som de contradição escapou dos lábios de Liam sem que pudesse evitar. Também não apreciava a companhia do homem, mas não era como se pudesse escolher. Levemente distraído girou um misterioso anel feito de prata envelhecida que sempre levava no dedo anelar direito. Havia uma voz em sua mente que ditava as regras. A voz dizia que precisava se unir a Kenai e aquele outro homem. Somente os três unidos poderiam despertar o grande senhor das trevas. Pesadelo.

– Qual o seu maldito problema?! – o moreno rosnou deixando a mostra os caninos afiados. Visão que fez Liam sorrir muito de leve: o grandalhão parecia um filhote raivoso. Nada assustador, não para si.

– Vamos embora, Kenai. Torcer para que Loke tenha mais sorte.

A menção do nome distorceu as feições do outro em uma careta. Se detestava Liam, na verdade odiava ainda mais ao Loke, o terceiro integrante do grupo. Apesar da consternação obedeceu silencioso, apenas movimentando a mão dolorida que ainda sangrava.

Faltava pouco para que não precisassem mais se mover pelas sombras, secretamente. Em breve as Terras de Mereo descobririam o plano que se descortinava e seriam acometido pelo pior pesadelo.

Muito em breve!

continua...


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Notas finais do capítulo

Então, jovens! O que acharam desse começo? Já encaixamos alguns dos personagens de vocês, pois já participamos de algumas interativas e sabemos da ansiedade de ver nossa criação aparecer na história! Em breve os outros estará aqui também. Confiem! Reviews? :3

Ps.: Ao criador do personagem Sean (Plebeu): Como eu não tinha uma imagem base e estou sem photoshop, tive de fazer a imagem com o que achei disponível... espero não ter fugido muito, apesar de não ter conseguido achar nenhum personagem com aquele tipo de tatuagem. Mil desculpas.