Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 24
Rumo à verdade.


Notas iniciais do capítulo

Ta aqui mais um capítulo dos Pessy. Sim, esse ficou pequeno. Mas por que, Ame, por que, Kali? Bom, tem uma explicação... estamos tentando atrasar os Pessy para poder adiantar o lado dos JB/BH e diminuir o máximo possível a distância de um para o outro, afinal os Pesadeletes estão assustadoramente na frente.
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A tendência nos próximos capítulos é, justamente, fazermos com que as equipes consigam uma base para de fato virem a ser "os heróis" da história. E isso vai incluir discussões, sangue derramado, confusão e tal...
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Enfim, não vou me delongar sobre isso, vocês próprios verão isso com o passar dos capítulos. Desejo a todos uma boa leitura. :3



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– S-senhor... não tenho troco para isso! – o homem, um velho de pele marcada pela passagem do tempo, olhou da moeda de ouro para o rosto de seu sorridente cliente – Sinto muito.

Liam manteve a expressão enquanto dizia condescendente:

– Não se preocupe. Pode me dar as moedas que tiver, é o suficiente.

Ele estava no estábulo da cidade, comprando cavalos e uma carruagem para que pudessem prosseguir viagem. Seria mais rápido assim. Em suas mãos tinha uma misera moeda de bronze, mas Liam era especialista em manipulação da mente. Por isso aquele pobre homem enxergava uma moeda de ouro.

Graças a truques assim conseguiam dinheiro para as despesas e muitas outras coisas mais.

– Obrigado, senhor! – grato por ter uma moeda de ouro em mãos, o homem foi pegar tudo o que tinha, algumas moedas de prata e muitas de bronze. Entregou para Liam – Vou preparar dois cavalos e a melhor carruagem que tenho!

O rapaz ajeitou os óculos sobre o nariz e saiu, feliz com a negociação. Loke estava esperando por ele do lado de fora do estábulo.

– Você e seus truques sujos... – sorriu maldoso.

– Não mais sujos que os seus – Liam rebateu – Vamos pegar aqueles dois. Já temos nosso meio de transporte.

Tinham deixado Kenai e Lyla em uma taverna, esperando que o álcool amolecesse aquelas cabeças duras e que fosse mais tranquilo continuar a viagem. Não era fácil ouvir as briguinhas o tempo todo!

Liam até sugerira usar manipulação mental para acalmar os companheiros. Mas Loke fora contra. Ele era o tipo que gostava de ver o circo pegar fogo, fosse entre os inimigos ou os próprios aliados. Desde que não atrapalhassem seus planos, é claro.

Chegavam perto da taverna quando ouviram o barulho de briga. Pelo jeito a idéia dera errado! E comprovaram isso quando Kenai praticamente voou pela portinhola e rolou pelo chão de terra, levantando poeira. Segundos depois Lyla passou também, armou uma voadora com os dois pés, mirando o rosto do Mokolé, que se levantou de um salto, agarrou a mulher pelas pernas em pleno ar e, girando ao redor de si mesmo, a arremessou de volta para a taverna. Rosnou algo antes de entrar também.

Loke e Liam se entreolharam. O atualmente loiro deu de ombros.

– Você venceu. Dá um jeito na mente desses dois. Não podemos mais perder tempo.

Liam sorriu torto. Estava esperando essa oportunidade há tempos! Que golpe mental usaria? Com certeza um que causasse muita dor!

oOo

Depois desses pequenos contratempos, os quatro finalmente estavam em uma boa carruagem, com lona branca atrás (onde Kenai e Lyla estavam bem mansinhos, obrigado). Loke mantinha as rédeas dos dois cavalos e os guiava pela estrada deserta. Liam ia ao seu lado, com um mapa nas mãos e alguns livros no banco de madeira.

– Eu queria discutir mais sobre a sua teoria – Liam falou – Sobre aquela equipe de caçadores...

– JusticeBlade? – o outro perguntou sem desviar os olhos da estrada.

– Tenho pesquisado bastante sobre o feitiço que os cinco heróis usaram para lacrar o Pesadelo. Eles tiveram que se sacrificar para criar as chaves, mas o ritual os dividiu em três partes.

– Exato. Uma parte foi para criar as Chaves Principado. Pelo que li do feitiço acredito que o corpo deles transformou-se nas Chaves.

Liam balançou a cabeça.

– A magia foi a segunda parte. É essa que você acredita que foi para os caçadores? Por isso cinco elementais?

– Hn. Pesquisei vários grupos, não só de caçadores. Manipuladores de elementos não são raros. Mas nenhuma equipe tinha exatamente um de cada. Enquanto vigiava esses caras notei algo que parece... uma oscilação de magia. Terra. Provavelmente Água também.

– O que acontece quando usarmos todas as chaves? Eles perdem os poderes?

Loke deu de ombros.

– O feitiço não é tão detalhado.

– Corpo e magia. Tecnicamente manipuladores se dividem em corpo, mente e magia. Pela sua teoria tem um grupo de cinco pessoas andando por aí com a mente dos cinco heróis?

O homem pensou um pouco naquela pergunta.

– Mente é um conceito abstrato. Duas mentes, ou melhor, duas essências não podem existir juntas em um mesmo corpo humano.

– Nem em um objeto – Liam respondeu rápido – A essência de um ser vivo só é passada para outro ser vivo. Por isso a gente carrega traços de nossos pais e avós. Um pouco da essência deles é transmitida e não se perde enquanto desenvolvemos a nossa própria.

– Por isso duas essências não existem em um corpo humano. Mas...

– Hum... entendi o que quer dizer. A mente dos cinco heróis pode ter sido herdada por outra espécie de seres vivos. Animais.

– Shifters são bons exemplos. A mente dos cinco heróis talvez tenha entrado em um animal e, assim, foi transmitida de geração a geração por todos esses séculos. Nesse caso é basicamente impossível descobrir qual grupo leva essa parte.

– Mas feitiços são fortes. Pela lógica dá pra deduzir que as chaves que usamos irão descontrolar ainda mais a magia dos elementais. E atraí-los para nós. Por conseqüência vão atrair os shifters. É inevitável que ao desfazer o feitiço da prisão do Pesadelo as três partes dos heróis se unam novamente.

– Mas aí será tarde – Loke sorriu maldoso.

Liam ia copiar-lhe o sorriso, quando eles ouviram uma discussão. Lyla e Kenai estavam de volta! Então ouviram um barulho alto e alguém bateu contra as costas de Liam, mesmo com o toldo branco, desequilibrando o rapaz que quase caiu.

– Droga! – ele resmungou – Precisamos mesmo da ajuda deles?

Loke olhou torto para o companheiro.

– Hum... você teria conseguido pegar a chave sem Kenai?

Liam sentiu o rosto esquentar com a insinuação.

– Eu daria um jeito – desviou os olhos para a estrada deserta.

– Oh... – Loke debochou – Parece que até demônios precisam de ajuda algumas vezes. Que surpresa...

oOo

A viagem até os arredores de Níger foi longa e cansativa, pra dizer o mínimo. O clima estava absolutamente quente, de maneira que andar de carruagem pelas ruas era como pedir para serem cozidos vivos. Quanto mais rápido chegassem, melhor, mas o calor estava cobrando o seu preço. Até Lyla e Kenai, que a cada cinco minutos arranjavam uma briga, agora estavam calados, esperando o tempo passar. Entediados.

Loke sugerira ir na frente com o Dorehan, mas Liam fez-se de rogado. Afinal, se por algum milagre natural o tempo esfriasse, não queria ter que lidar com aqueles dois causadores de problema sozinho.

No fim das contas os quatro chegaram ao porto de Níger, uma semana depois, quase sofrendo de insolação. E a perspectiva de um barco balançando para lá e para cá, ao sabor das ondas, não era lá muito animadora.

– Ahn, sei lá, não dá para arranjarmos algo que balance menos? - Lyla ergueu os olhos negros para a embarcação escolhida, e Loke podia jurar que seu rosto estava meio esverdeado.

– Melhor que isso, só teletransporte... - ele replicou, abrindo metodicamente as mãos. - O que é um poder raro, e além do mais, que nenhum de nós quatro tem.

– E quem se importa se temos ou não, era sua obrigação procurar, Senhor-sabe-tudo.

–Ahn, claro, vou sair por ai procurando alguém com uma habilidade rara, quando estamos visivelmente com pressa. Genial, cara, genial mesmo.

Liam tossiu, chamando a atenção deles e limpando os óculos na camisa. - Vocês querem parar por um instante? Façam-me o favor, que problemáticos... bom, Mokolé... é com você. Faça as honras.

Kenai abriu um sorriso sarcástico, quase pedante, e jogou os cabelos para trás. - Sempre quis pilotar um navio.

– Não... espera... ele vai pilotar? - Loke automaticamente apontou para o rapaz de cabelos negros e pontas azuis. Lyla começou a rir descontroladamente.

– Nós vamos morrer... vamos nos espatifar em um recife e vamos morrer... de quem foi essa ideia afinal?

– Pra começo de conversa nem tem recifes mortais naquela direção. - argumentou Liam, meio a contra-gosto por ter de defender seu ponto de vista... e, indiretamente, Kenai. - O fato é que ele tem boas noções de náutica, mais do que qualquer um aqui.

– Não me surpreendo com mais nada nesse mundo... - Loke jogou os cabelos aloirados para trás, sentindo o corpo suar mais, meio por causa do calor, meio por causa do receio. A ideia de ter o mokolé no comando de um barco como aquele fez correr arrepios por sua espinha, instintivamente.

Bom... é desnecessário lembrar que ele dava muito valor a própria vida, não é?

– De qualquer forma, tem certeza que o barco é confiável, Loke? - o jovem de cabelos castanhos questionou, voltando sua atenção para o outro.

– Sem dúvida. Roubei de um dos mais respeitáveis ex-capitão-pirata.

– Imagino que ele tenha virando comida de peixe a essas horas.

– Não... ele não. No momento está mofando em uma cela. Agora quanto ao resto da tripulação, já não posso dizer nada.

Lyla abriu os lábios carnudos – que apesar de sua opção sexual, fariam inveja a qualquer mulher – pronta para perguntar algo, mas logo foi cortada por Kenai, o que lhe rendeu um belo tapa nos ombros.

– E a tripulação, não temos uma? Ai! Porra, sossegue esse rabo de saia, garota!

– Nós somos a tripulação, cérebro de peixinho dourado. - ela recrutou de volta, cruzando os braços. - É mais do que óbvio. Envolver mais pessoas vai atrapalhar os nossos planos.

Loke ergueu minimamente os braços para o céu, alegando baixo o suficiente para nenhum dos outros ouvir. - Obrigado, deuses, ela aprendeu a pensar...

– O que está resmungando ai, praga?

– Nada em especial. - ele deixou as mãos penderem e coçou uma das bochechas. - Bem, então é só isso, a dispensa está cheia, velas e mastros estão devidamente arrumados. Podemos partir?

– Não tenho nada contra. - Liam simplesmente deu de ombros, subindo no barco pela prancha de embarque. Não era uma embarcação grande, na realidade, era uma escuna, o que definitivamente não entraria para a lista de naves comuns usadas por piratas. Tinha no máximo 10 metros da popa à proa, portando três grandes velas e com exatamente seis canhões. A bandeira pirata a muito fora retirada, e nenhuma outra fora colocada em seu lugar.

Escuna

Thommas Riggins Stark, o antigo capitão que a comandava, tinha poder o suficiente para destruir navios. Era um mago, especialista em invocações. Sua tripulação podia ser normal, composta basicamente de humanos, no entanto a magia supria essa desvantagem.

Bem, isso fora antes de Loke pisar em seu convés. Ganhando sua confiança, traindo-o da maneira mais descarada que pode, Thommas R. Stark foi deixado em uma costa para ser preso, e o resto... bom, como o próprio Traidor afirma, foi jogado ao mar.

Houve uma certa apreensão que apenas quatro pessoas podiam de fato fazer aquela barcaça navegar, mas com a alegação de Kenai, que informou ser realmente possível, caso cada um fizesse a sua parte, lógico, os outros relaxaram.

Pareceu pela primeira vez que os quatro estavam em harmonia, e todos sabiam que isso não ia durar... no entanto, Liam soube aproveitar muito bem desse tempo de “paz” para fazer a embarcação deixar o porto e ganhar as águas do Mar Negro. Que eles tentassem se matar depois. Agora teriam de fazer com que o navio não naufragasse, e chegasse na Ilhas Rochosas em segurança.

Ou pelo menos, que eles atingissem o local vivos...


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Notas finais do capítulo

E mais um capítulo dos SdP (ou Pessy, ou Pesadeletes, ou qualquer que seja o nome que você prefiram...). Lyla e Kenai se matando como sempre, Liam e Loke tentando chegar a uma conclusão... acho que a partir de agora vocês já devem ter sacado o que está acontecendo, não é?
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Sobre a escuna, bom, eu poderia ter usado um encouraçado, ou outra embarcação tipica dos piratas. Mas escolhi uma escuna, afinal é rápida, pequena e não necessita de uma tripulação extensa demais (vamos lembrar, eles são apenas quatro). Até porque a trajetória por mar não é tão longa para necessitar de um barco maior.
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Mais um chibi, dessa vez da Lyla. Lembrando que o Chibi Maker não oferece muitas opções e nem sempre as coisas saem como imaginamos.
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Outra coisa, lembramos que tinhamos esquecido de oferecer a imagem da Chave Principado da Água... vamos deixar o link da imagem aqui, nas notas finais, para não colocar uma imagem completamente fora de propósito no meio do cap.
http://imagem.juliapetit.com.br/wp-content/uploads/2009/11/tiffanykeysnew-580x804.jpg
Ps.: É a chave da ESQUERDA.
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Esperando que o link funcione, porque né...
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Enfim, acho que é só isso por hoje. Kisses para vocês, e até o próximo capítulo! :3