Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 22
Três não é coincidência...


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores lindos! Aqui está o capítulo da BH que eu envio das longinquas colinas! Já posso voltar pra casa ou ainda corro risco de vida?!

Agora sim eles começaram a se entrosar na trama principal. Demorou, mas é o ritmo da história. Nem tudo o que é bom tem que durar pouco. Zueira.

Abraços pra galera do face. Só zueira! Menos para o LD, que fica me chutando. Hohoho. Boa leitura. Erros por favor é só avisar! A gente corrige tudo.

Milk, seja um bom menino, sim...? Não me dê um toco dessa vez, poxa xD A mente de um autor tem que ser livre para voar *aponta o horizonte* Só não vá muito longe, Mente. Preciso de você '-'

Enfim... boa leitura! Vejo vocês nas notas finais.



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Principado de Path

Chegar ao vilarejo em que nascera foi um grande alívio para Trix. E o sentimento lhe deu mais forças para acelerar o passo a medida em avançava pelas ruas e notava os rostos familiares de sua infância.

O sentimento que emanava dos moradores era de pesar e isso a deixou assustada. Dessa vez não se preocupou em largar os companheiros para trás. Os machos a compreenderiam. E conheciam o caminho, pois não era a primeira vez que vinham ali.

Por isso deu tudo de si para chegar à grande mansão em que a família do Grão-Duque vivia. Sua família.

A notícia de seu regresso correra de boca em boca. Ao alcançar os portões da residência duas servas já a aguardavam para auxiliar com a mochila e com roupas que pudesse vestir ao voltar à forma humana. Fez isso ainda no gramado da frente, protegida pelos altos muros.

Mal cumprimentou as empregadas e já as questionou:

– Meus pais...?

As mulheres se entreolharam. Quem respondeu foi a mais velha, de rosto marcado pelo tempo e sofrimento.

– Bem vinda, senhorita. No quarto de dormir... sentimos que seu regresso...

Trixia não esperou que a frase fosse completada. Deu as costas e correu para dentro de casa, subiu as escadas rumo ao segundo andar, onde ficava o quarto de dormir de seus pais. Bateu na porta e entrou. O coração acelerado de medo e angústia.

Seu pai estava sentado em uma cadeira de alto espaldar colocada ao lado da cama. Seu semblante sempre altivo e nobre nem parecia mais o mesmo. O homem estava abatido, quebrado. Envelhecera vários anos pela situação que enfrentava.

– Papai...

– Minha filha. Abençoado pelos deuses seja o seu retorno.

Então a garota engoliu em seco e virou os olhos para a cama. Seu coração falhou uma batida. O mundo saiu de foco. Nada mais existia.

Sua mãe, aquela linda mulher de outrora, jazia descansando sobre macias cobertas, protegida por uma fina roupa de dormir. Seu rosto, ou melhor, o que restara dele estava pálido e sem vida, a metade direita. Já a parte esquerda de sua face era nada menos que uma massa sanguinolenta deformada por terríveis queimaduras que ainda sangravam e soltavam pus. Mal curadas.

– Mamãe...

Deu um passo a frente, chocada.

– Ela está bem. Vai ficar bem – o Grão-Duque sussurrou – Essa queimadura foi feita por fogo élfico. A magia entrou em conflito com a energia shifter e dificulta a cura.

Sua amada esposa teria cicatrizes para o resto de sua vida. Seu lindo rosto jamais seria o mesmo. Passara a maior parte dos últimos dias dormindo sob o efeito de fortes calmantes, já que a dor das queimaduras era forte demais para agüentar.

Trix notou que as cicatrizes continuavam pela tez do pescoço e por baixo do fino tecido de sua camisola. Provavelmente besuntadas com ungüentos e pomadas para aliviar a dor e evitar o pano de aderir à pele maculada. Tão doloroso.

– Sinto muito... – ela murmurou – Seu eu estivesse lá...

– Nada seria mudado – seu pai a cortou com amargura – Eu estava lá, minha filha. Mas conversava com amigos à distancia e não fui tocado pelas chamas. Não pude fazer nada. Se você estivesse lá nada garante que o destino de sua mãe fosse mudado. O fardo é nosso, não seu.

A menina balançou a cabeça diante de tão sábias palavras. Culpar-se não faria diferença e não ajudaria sua mãe. Ao invés de entregar-se aos pensamentos deprimidos sentou-se na cama com cuidado, estendendo a mão para que o Grão-Duque a segurasse. A dor que pai e filha sentiam não podia ser medida.

oOo

Um grupo com dois lobos, um tigre branco e um tigre de bengala correndo pelas ruas da cidade não chamava a atenção realmente. Eles eram conhecidos amigos da senhorita Trixia Oliver, filha do respeitado Grão-Duque. Seriam sempre bem vindos.

Conhecendo o caminho para a casa da jovem fêmea foram direto para lá. Onde o chefe dos mordomos e três servos aguardavam para ajudá-los com as mochilas e as roupas.

– Sejam bem vindos – o mordomo disse para Skylar. Era um homem alto e forte, de expressão tristonha, mas distinta. Seu uniforme preto assentava de forma impecável. Começava a ficar calvo.

– Obrigado – o ruivo respondeu ajeitando o tapa-olho no lado direito do rosto – Trixia...?

– A senhorita está com os pais. Preparamos algo para que possam esperar por ela. Queiram me seguir, por favor.

Skylar coçou a cabeça. Não havia meio de se acostumar com toda aquela atenção refinada. Apesar disso fez um gesto para os companheiros e foram atrás do homem que os levou até um dos salões de jantar. A mesa para vinte pessoas estava posta com frutas, pães e sucos.

– Por favor, fiquem a vontade – o pedido veio com uma leve reverência – Vossas coisas serão levadas para os quartos de hóspedes. Com vossa licença.

Saiu deixando os quatro Beast Hunters sozinhos com uma dupla de servos para atender algum pedido eventual.

– E agora? – Grav perguntou sentando-se em uma cadeira. Alcançou um grande e suculento pêssego e mordeu com vontade. Estava faminto.

– Não tem muito que possamos fazer – Sean encostou-se na parede, cruzando os braços fortes. As tatuagens em seu rosto dando-lhe um aspecto sombrio ao rosto sério. O cheiro de comida o fez torcer o nariz, desgostoso.

– Sei que isso é algo que eu não devia pedir – Sky ergueu o olho. Ondas de dor e desespero alcançavam seu lobo, comovendo-o. O sofrimento de Trix, trazido pelo forte vínculo que os unia. Os outros três também sentiam aquele pesar – Mas...

– Não precisa pedir – Gravor adivinhou o que o líder ia dizer.

– Dessa vez não vamos atrás de justiça – o ruivo falou sério – Vamos atrás de vingança.

– Vou ver o que eu descubro por aí – Sean desencostou-se da parede. Não sentia fome, mas pressa de começar a nova caçada – Desde o ataque ao baile vários dias se passaram. Boatos já devem estar circulando nos Pubs.

– Vou com você – o segundo no comando decidiu.

– Descubram se alguma equipe já mostrou interesse – Skylar falou para Grav – Essa recompensa é alta, sempre atrai encrenca. Mas a gente vai passar por eles sem piedade. A cabeça desses JusticeBlade será nossa. E de mais ninguém.

Gravor e Sean concordaram com acenos de cabeça e saíram da sala. O ruivo observou os dois saindo, demorou um segundo a mais observando as costas largas de Sean, algo no homem o incomodou, mas não soube bem o quê. Então virou para o outro shifter lobo, Ryan, sentando em uma cadeira, silencioso. Nada dissera o garoto durante aquela breve conversa. Tão pouco pegara algo da farta refeição para si.

O rosto infantil estava pálido e abatido, aumentando a impressão geral de juventude. Parecia tão frágil.

– Ei, Ryan... – chamou puxando uma cadeira para sentar-se em frente a ele – Fale comigo.

O ruivinho piscou devagar, cansado.

– Eu não sei... bem – Ryan olhou cobiçoso para um pão coberto com açúcar e confeitos. Sentia fome, mas nem um pouco de força de vontade de pegar o alimento.

Vendo aquilo Skylar alcançou o pão e uma faca e começou a cortar rodelas.

– Tente me explicar – estendeu uma fatia para o lobinho que a pegou com um sorriso.

– O meu corpo anda estranho. Não é o tempo todo, acho que depois das transformações fica pior. É... como se eu estivesse mais pesado, sabe? Mais... lento. Não consigo explicar, Sky – deu uma grande mordida no pão.

– Mais pesado e lento? Tipo mais gordo? – o líder colocou leite em um copo e deu para o caçula que bebeu um gole. Seriam hormônios da adolescência agindo? Não se lembrava de ter passado por isso.

– Não, Sky. É tipo... parece besteira, mas – o ruivinho ficou sem jeito – As vezes tenho a impressão de que vou virar uma estatua. Virar pedra.

O garoto soou tão assustado que surpreendeu Skylar. Não parecia ser algo recente, mas talvez os últimos esforços tivessem agravado a condição de Ryan. Estaria o menino doente? Shifters não costumavam adoecer facilmente...

– Okay, Ryan. Não fique com medo. Nós vamos descobrir o que está acontecendo, eu prometo.

– Okay.

– E se sentir que está piorando ou se sentir algo diferente me diz na hora. Não esconda nada – terminou de fatiar o pão e começou a descascar uma maçã.

– Eu não estava escondendo – o ruivinho desviou os olhos – Só não quero ser um fardo pra vocês...

Ouvindo aquilo Skylar acertou um peteleco de leve na testa do garoto.

– Você não é fardo, Ryan do Reino de Palas. Família nunca é um fardo.

Nesse momento a porta se abriu um bocadinho e uma cabeça de cabelos ruivos espiou.

– Olá – o recém chegado disse com timidez. Seu rosto adoravelmente corado.

– Ya Ya! – Skylar quase gritou com um sorrisão.

Isso foi incentivo para que o rapaz entrasse na sala. Era o melhor amigo de Trixia, quase um irmão. Ou melhor, ele era um irmão, apenas não tinham laços de sangue.

– Sky! Olá Ryan.

– Yan – o lobinho cumprimentou com a boca cheia.

O líder da Beast Hunters estendeu a mão e quando Yan a segurou foi puxado para um abraço desajeitado.

– Senti sua falta.

– Eu também – o outro confessou a meia voz, sentindo o rosto corar apesar de gostar do calor daqueles braços – Pena que as circunstâncias são tão tristes.

– Hn – Skylar respondeu abafado, aproveitando a posição para deslizar o nariz pelo pescoço de pele pálida e sensível. Seu lobo agitando-se diante do contato.

– Hum, hum – Ryan resmungou – Que pouca vergonha vocês dois.

O líder da Beast Hunters riu, fechando o olho verde, enquanto Yan corava ainda mais. Libertou o rapaz do abraço. Seria melhor que conversassem durante a noite, a sós.

oOo

A noite chegou sem que Trix saísse do lado da mãe um minuto. Grav e Sean não tinham regressado das investigações ainda. Ryan se recolhera ao quarto para recuperar um pouco das energias.

Skylar e Yan estavam sentados no alpendre da varanda da frente, admirando o gramado bem cuidado e os jardins que circulavam a casa. O céu estava particularmente bonito, cheio de estrelas e com uma insinuante lua crescente. A noite parecia sorrir para o casal.

O mais alto abraçava o namorado pelos ombros, mantendo-o próximo a si. Yan apenas descansava a cabeça sobre o ombro de Skylar.

Tinham colocado a conversa em dia. Finalmente o lobo cinzento sabia de tudo o que ocorrera, do estado da Grã-Duquesa Oliver, sua recuperação lenta, mas certa. A dor que emanava de Trix mudou ao decorrer das horas para uma raiva fria e profunda. Nunca captara algo tão sombrio vindo da garota antes.

Agora o casal estava naquele silêncio confortável. Um casal bem incomum, mas não raro quando o assunto eram shifters. Se conheceram e caíram de amores. Sky sabia que Yan não nascera para a vida de aventuras: o ruivinho tinha raízes profundas naquele reino. Mas por amá-lo tanto Skylar sempre voltava.

Porém a paz não durou muito mais tempo. Uma presença conhecida foi se aproximando e a porta da frente abriu, dando passagem a Trixia Oliver. A garota tinha uma expressão sombria e carregava a mochila. Encarou os dois rapazes antes de dizer muito séria:

– Pode aproveitar a hospitalidade de casa o quanto quiser, Skylar. Eu estou partindo.

A informação pegou os dois de surpresa.

– O quê? – Skylar ficou de pé.

– Vou atrás da JusticeBlade. Vou fazê-los pagar muito caro pela dor que causaram a minha mãe.

– Não seja boba, Trix – Sky resmungou – Nós vamos com você.

– Podem me alcançar no caminho, mas não vou perder tempo esperando pra partir pela manhã.

O líder da Beast Hunters aproximou-se um passo, surpreso pela atitude tão inflexível.

– O Sean e o Grav estão investigando pistas. E o Ryan está se recuperando. Somos amigos, somos família. Esperar por nós não é perder tempo, Trixia Oliver. – terminou a frase colocando uma mão de forma amigável sobre o ombro da garota.

O gesto não foi bem recebido pela jovem. Ela afastou a mão de Skylar com um tapa e olhou para ele com rancor.

– Não vou desperdiçar nem um segundo. Eu quero vingança!

O lobo franziu as sobrancelhas e olhou para ela, surpreendido.

– O que está acontecendo? Isso não é você...

A jovem fez menção de responder aquela acusação quando uma voz chegou aos seus ouvidos, meio sussurrada.

– Trix...? – Yan, ainda sentado no alpendre, ergueu os olhos para a garota que conhecia desde que eram filhotinhos.

A morena baixou o rosto, notando o melhor amigo. Só então se deu conta de sua presença! E ele a olhava com preocupação, choque e... receio!

– Yan... – ela piscou com força. A expressão sombria abandonou seu rosto. Ela pareceu mais leve. Olhou de um ruivo para o outro. Demonstrava confusão, mas caíra em si – Sinto muito. Estou abalada...

– Não – Sky balançou a cabeça – Você está agindo diferente... pensei que fosse efeito do cio. O que está acontecendo?

Trix olhou para as próprias mãos. Buscou serenidade no animal dentro de si como fazia as vezes, mas não conseguiu.

– É a pantera – ela disse com vergonha de seu comportamento – Ela está inquieta. Ela... ‘tá tentando assumir o controle. Oh, céus. Como se ela quisesse me dominar mesmo na forma humana.

– Quando começou? – Yan perguntou suave.

– Não sei. Faz pouco tempo... também pensei que fosse o cio, agora não tenho tanta certeza. Eu... estou envergonhada. Sinto muito, Sky. Me desculpa, YaYa. Vem aqui – abriu os braços pedindo que o amigo a saudasse da forma apropriada – Vocês não me atrapalham. Nem hoje, nem nunca.

Enquanto os dois se abraçavam forte, Skylar apenas observou. Tinha dois companheiros sofrendo de efeitos misteriosos. Talvez três...

Aquilo não podia ser uma simples coincidência.

O que estava acontecendo...?

continua...


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Notas finais do capítulo

PRONTO! Eu não ia revelar a forma shifter do Ya Ya, ia colocar uma Skyan no lugar. Mas pensei melhor e aí está!

Espero que gostem! Ah, que tal uma sessão de 'extras'? Eu tenho umas imagens que fiz de teste para os walls e se tiverem curiosidade a gente postaos links aqui pra vocês verem.

Acho que é isso. Eu tinha algo mais para dizer, mas... esqueci! Até mais!



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