Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 19
Voltando para casa e vínculos que as vezes magoam


Notas iniciais do capítulo

GENTEEEEE surto épico no facebook. Não to acreditando: Lianai pode ser canon! Canoooooon!! Azamiga tudo vibra na festa do pijama. Fiquei tão feliz :3 é muito amor e... enfim. Não é hora de surtar u.u

Boa leitura. Por favor... façam de conta que não viram as tremas... meu coração sangra de pensar em tirá-las! Mas sobre os outros erros podem avisar por favor que a gente arruma :D

Obrigada.

Pra finalizar: um obrigado cheio de amor para o Denis Filho por sua recomendação e suas palavras tão gentis. Ficamos muito gratas pelo carinho.

É isso. Vejo vocês nas notas finais! Hoje é dia de dizer adeus a um Beast Hunter. Faça suas apostas e NÃO SEJA ESPERTINHO: não leia as notas finais antes, danado!



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No fim das contas o ciclo da fêmea acabou durando cinco dias e meio, que se arrastaram com lentidão incalculável. Quando Skylar notou a pantera estremecer e rosnar em dor entendeu que a transformação estava se desfazendo, o que não era bonito de se ver. Deixar de ser humano era difícil e o reverso também podia ser bem complicado.

Quando os primeiros traços humanoides se mostraram o ruivo caçou um casaco dentro de sua mochila e deixou cair sobre a companheira, para que ela tivesse algo com que se cobrir.

– Bem vinda de volta! – exclamou quando Trix sentou-se contra a árvore, respirando fundo e aparentando cansaço.

– Sky... – a garota sussurrou segundos antes que o ruivo saltasse da árvore e caísse em pé ao lado dela – Você está fedendo...

– Ei! Não tenho culpa! – ele reclamou, mas havia diversão em sua voz – Vamos passar essa noite por aqui pra você se recuperar. Grav, Sean e Ryan estão esperando duas cidades a frente. A gente alcança logo.

– Tudo bem. Eu sinto...

– Não diga – ele cortou a frase enquanto começava a desabotoar a blusa – Eu aproveitei para terminar de ler um livro. Não foi tão ruim: nem choveu ou caiu um raio nessa árvore. Mas hoje o jantar é por minha conta.

– Obrigada.

O rapaz sorriu uma última vez.

– E você não ‘tá cheirando muito melhor, garota! – provocou antes de gemer de dor enquanto evocava o lobo cinzento que levava em seu interior.

Pensava se exercitar um pouco e caçar algo para assar, porque não já agüentava mais comer carne crua. Trixia não insistiu em pedir desculpas. No fundo sabia que não era sua culpa. Nascera shifter e tinha que arcar com as responsabilidades. Se mesmo humanos se descontrolavam às vezes, o que dizer de criaturas sob tanta influência animal?

– Bobo... – murmurou antes de fechar os olhos exausta.

No dia seguinte partiram muito cedo, antes mesmo de o sol nascer. A garota fez questão de levar a mochila de Skylar, enquanto avançavam na forma shifter. Ambos cheios de energia para esbanjar a ponto de correr percorrendo grandes distâncias antes de precisarem parar para descansar. Como preferiam atravessar florestas e bosques evitavam companhias indesejadas.

Pelo meio do segundo dia Trixia, como a excelente rastreadora que era, pegou o cheiro dos companheiros, ladeando uma pequena mata, próximo a uma larga estrada de terra batida. Foi em momento bem oportuno, pois já estavam sem água há algumas horas e não havia sinal de rio por perto.

Fumaça fraca, quase transparente se erguia no céu denunciando uma fogueira, o lugar exato onde os outros três membros da Beast Hunters estavam acampados.

– Olhem! – Ryan, que treinava golpes de machado com Gravor, apontou para o lobo e a pantera que chegavam no lugar.

– Sobreviveu! – o braço-direito brincou – Sejam bem vindos. Pensei que chegariam ontem a noite.

Sean parou de vigiar dois coelhos que assavam na fogueira (o almoço do grupo) e foi pegar a mochila de Trixia.

– Aqui – o rapaz das tatuagens levou a mochila para trás de uma das árvores. Para onde a pantera seguiu, compreendendo que Sean lhe arrumava privacidade.

O lobo cinzento soltou um uivo de alegria, antes de retornar a forma humana, o que não era exatamente fácil.

– Caras – ele falou soando feliz, caído de costas no chão de terra – Estamos de volta! Deviam tentar essa aventura de vez em quando.

– E você devia tomar banho – Gravor reclamou – Tem um rio por ali.

– Não é longe – Ryan apontou a direção por entre as árvores.

– Que gente chata. Eu fico um mês longe e vocês só sabem reclamar do cheiro... – o lider fez um bico mau-humorado – Não tenho culpa se uma linda pantera acha que sou melhor partido que vocês.

– Claro, claro. Vá logo porque tem uma novidade que você precisa saber.

– Sobre o quê?

– Sobre a JusticeBlade... – Gravor soou misterioso e não disse mais nada.

Trix saiu de trás da árvore, já vestida, seus longos cabelos negros estavam visivelmente sujos e um tanto embaraçados, muito mais do que ao fim de seu ciclo.

– Vou tomar banho também.

– Aqui – Sean aproximou-se dela com uma garrafinha, visão que a fez sorrir e sentir-se aliviada. Era o seu remédio.

– Obrigada.

O moreno apenas balançou a cabeça antes de voltar a cuidar do almoço.

Menos de uma hora depois tanto Skylar quanto Trixia estavam de volta, muito bem limpos para alegria dos outros membros da equipe. Os cinco sentaram-se ao redor da fogueira e usando utensílios que sempre traziam na mochila começaram a comer.

– O que você queria dizer sobre a JusticeBlade? – o ruivo líder da equipe perguntou depois de engolir um generoso pedaço de coelho com dificuldade.

– Sean e eu estivemos na cidade ontem a tarde. Não fica longe daqui. Então nós compramos algumas provisões, o remédio da Trix e passamos pelo Centro de Justiça e achamos uma coisa bem interessante.

Enquanto dizia isso Grav parou de comer e esticou o braço para alcançar a mochila. Pegou um cartaz de procurados e entregou para o líder do grupo. Skylar lambeu os dedos cheios de gordura antes de pegar o rolo de papel e abri-lo, deixando o prato de comida no chão.

O olho verde se arregalou de surpresa e o queixo caiu.

– A JusticeBlade? Procurados vivos ou mortos por quinhentas moedas de ouro?! – ele olhou para o segundo no comando – Taí algo que eu não esperava.

Devolveu o cartaz para Gravor antes de voltar a pegar sua comida e devorar o resto que ainda tinha.

– Vamos caçá-los? – Ryan soou animado – Valem muitas moedas de ouro.

– Uma fortuna, na verdade – Sean concordou.

Skylar balançou a cabeça antes de usar a unha parar tirar um fiapo de carne preso entre os dentes.

– Se eles cruzarem nosso caminho... já temos um alvo em vista. Não pretendo mudar os planos tão já.

Afirmou como se não fosse uma grande coisa. Eram rivais daquela equipe? Com toda certeza. Gostaria de vê-los desaparecer das Terras de Meroé? Ah, seria ótimo! Mas Skylar não era tolo e muito menos subestimaria a força do inimigo. Um confronto direto com cinco pessoas tão fortes não seria fácil. Rivalidade ou dinheiro algum no mundo o faria colocar seu grupo em risco. Não agiria sem uma boa estratégia e a certeza de que não entrariam em uma luta que não pudessem vencer.

Gravor observou o ruivo em silêncio, conhecendo-o bem o bastante para adivinhar o que Skylar pensava. Para ele era indiferente, caçar a equipe rival ou não.

– Também conseguimos uma pista do alquimista – Ryan informou – Sean e eu no primeiro dia que fomos a cidade.

– Tudo indica que ele não está muito longe – o tatuado confirmou.

– Ei – A voz de Trix revelava curiosidade – O que foi que eles fizeram afinal de contas?

– Atacaram um baile tradicional em Hathea – Gravor informou – Mataram e feriram um bocado de gente.

– Um baile em Hathea? – Trix repetiu um tanto pálida – O Baile de Máscaras?

– É! Foi um massacre pelo que diz o cartaz. As pessoas estavam comentando na cidade também. Coisa de poucos sobreviventes – Ryan acenou com a cabeça – Como sabe disso?

Os quatro machos observaram surpresos enquanto Trixia ficava em pé visivelmente abalada pela notícia.

– O Baile de Máscaras de Hathea tem várias finalidades... uma delas é firmar o acordo de boa fé entre reinos aliados... meus... meus pais participam todos os anos! Preciso voltar para casa!

E nem esperou resposta ou se preocupou em juntar suas coisas. Deu as costas para os companheiros já se preparando para transformar-se em pantera e tomar o caminho de seu lar.

Os três rapazes olharam para o líder da equipe. Obviamente não deixariam a garota sozinha após uma notícia dessas. Sequer imaginavam que os país dela pudessem estar no lugar atacado pela JusticeBlade. Não era certeza que acabaram machucados, mas o cenário era terrível e havia grande possibilidade de que...

– Vamos com você, Trixia. Não está sozinha nessa.

A garota engoliu a urgência e ajudou a recolher o rústico acampamento. Em pouco tempo, no esquema de sempre, cinco shifters estavam cortando a mata rumo ao Principado de Path.

Trix seguia na frente, veloz e guiada pela urgência de voltar para o lar. O baile acontecera vários dias atrás e se o pior tivesse acontecido jamais se perdoaria! Por tamanho desespero dominando seu coração acabou impondo um rimo frenético à jornada. Cada segundo desperdiçado podia ser terrível, meia hora de folga era o máximo que a fêmea agüentava sem ficar impaciente. Então voltavam ao caminho por horas e horas, parando apenas quando estritamente necessário para beber alguma coisa ou comer rapidamente. Nenhum dos rapazes reclamou. Muitos quilômetros os separavam de seu destino. Como shifters podiam captar a dor e a angústia que Trixia sentia.

A garota sofria profundamente.

Apesar disso Skylar começou a se inquietar com Ryan. O ruivinho tentava não mostrar, mas a cada minuto avançado ficava mais cansado. Manter a forma animal exigia controle sobre a energia sobrenatural que exauria as forças humanas. Talvez precisassem fazer uma parada mais longa em pouco tempo.

Gravor e Sean se agüentavam bem. Experientes em longas jornadas e tocados pela tristeza da fêmea, mais que uma companheira, um membro daquela família chamada Beast Hunters.

Atravessaram extensas florestas, campinhas floridas e estradas perdidas no meio do nada. Passaram ao longo de vilarejos e cidadelas, chamando a atenção pela exótica composição do grupo: não era todo dia que se viam dois lobos, um tigre branco e um tigre rajado sendo guiados por uma pantera negra.

Viajaram sob céus noturnos belíssimos, observados com atenção pelas brilhantes estrelas que eram como olhos argutos. Enfrentaram tempo ruim no extremo sudoeste de Sidnary, após atravessar praticamente o reino inteiro, quando a paisagem tornava-se familiar para Trixia, com elementos dos dois reinos se misturando ao se aproximar das fronteiras. Mas nem a forte chuva foi capaz de diminuir a perseverança da jovem fêmea. Ainda mais estando tão perto de chegar em sua terra natal.

E foi em uma bela noite, justamente a poucos quilômetros da fronteira entre Sidnary e Principado de Path que Ryan desabou. O lobo negro, menor criatura entre os cinco, corria a plena velocidade no fim da fila, já vacilando de cansaço quando um ganido dolorido escapou de sua boca, rasgado pelas presas afiadas e ele desabou no chão, enroscando-se nas amarras que prendiam a mochila em suas costas. Ao tocar o solo já voltara a ser humano, incapaz de manter-se shifter.

O lobo cinzento parou de correr ao ouvir o gemido que era quase um pedido de ajuda. Então uivou alto impedindo os demais de continuarem a correr. Até mesmo a pantera, muitos metros a frente, estacou o avanço e voltou-se para ver o que ocorria.

Skylar retomou a forma humana, preocupado ao ver o companheiro inerte no chão. Acabou enroscando o braço na alça da mochila e quase caindo também, mas equilibrou-se a tempo. Transformações assim eram problemáticas. Livrou-se da mochila e ajoelhou-se ao lado do ruivinho.

– Ryan? – chamou.

– Desculpa... – o caçula sussurrou, sem forças sequer para falar.

Skylar ergueu a cabeça sentindo-se péssimo. Ryan conseguira ocultar bem o seu cansaço. Que tipo de líder não percebia algo assim? Agora estavam em uma situação complicada.

– Precisamos parar – decretou e olhou para a pantera – Por mais do que meia hora.

Trix rosnou baixo.

– Mas não pode ser aqui. Se me lembro bem do mapa tem um rio por perto, só vamos desviar do caminho um pouco. Depois retornamos a viagem. Vamos com você, Trixia Oliver, aonde for preciso, mas você tem que ser justa.

A pantera rosnou mais alto dessa vez, então deu meia volta e afastou-se correndo. Foi a vez de Skylar respirar muito fundo. Antes que dissesse algo, percebeu que o tigre rajado fez menção de voltar a forma humana e com um gesto de mão o impediu. Ali não era o local mais apropriado para ficarem aquela noite.

Em silêncio libertou Ryan das alças da mochila, tirou uma troca de roupas para em seguida prendê-la nas costas do tigre de bengala, deixando-o com carga dupla.

– Gravor Trelow Crous arrume um bom lugar para ficarmos.

O tigre bufou e saiu andando apressado. Skylar pegou a própria mochila e a ajeitou nas costas do tigre branco, fazendo-o também carregar duas mochilas.

– Sean Kuzuri não perca o rastro de Gravor, está bem?

O animal rosnou sem ser ameaçador e aguardou. Finalmente Sky abaixou-se junto a Ryan e o ajudou a se vestir, lamentando como o menino gemia cada vez que precisava se mover, tão judiados estavam seus músculos.

– Agüente firme, Ryan do Reino de Palas. Essa noite vai poder descansar e repor suas energias – prometeu e o ajeitou sobre as costas, para carregá-lo no resto do caminho até um lugar onde pudessem acampar.

Depois disso o tigre branco retomou a marcha, guiando-se pelo faro para se localizar e traçar o mesmo percurso tomado por Gravor e mostrando por onde Skylar deveria ir. Num passo lento e ritmado o trio acabou demorando mais do que o esperado, mas ao chegar ao local foram recompensados por uma bela visão e um cheiro que abriu o apetite: uma fogueira ardia a certa distância de um rio que corria moroso e em silêncio. Grav virava um porco selvagem sobre o fogo. Mas o segundo no comando não estava sozinho. Trixia vinha da direção do rio com os braços cheios de frutas grandes e suculentas, com a casca amarelada. Ela e Skylar trocaram um olhar. Palavras não foram necessárias.

A garota colocou as frutas sobre o chão, perto da fogueira e foi ajudar Sean a tirar as mochilas. Skylar levou Ryan até o amontoado de árvores e ajeitou o garoto encostado contra o tronco de uma delas.

– Descanse um pouco. Vou buscar algo pra você beber e comer.

Sean também voltou a forma humana. Estava um clima um tanto estranho no ar. Cansaço era evidente na face dos cinco, mas a exaustão de Ryan era gritante. Em silêncio Skylar começou a preparar um prato com carne para o ruivinho. Quando terminou e se dispôs a voltar até o companheiro Trixia entrou na sua frente e pegou o prato em suas mãos.

– Eu faço isso – a garota disse baixinho.

O ruivo concordou com um gesto de cabeça e foi ver como Sean e Gravor estavam, ambos sentados perto da fogueira, porém sem forças ou ânimo para fazer algo.

Trix ajeitou-se ao lado de Ryan, que a encarou com os grandes olhos cheios de dor e culpa.

– Desculpa... – começou a dizer. Foi cortado quando a jovem colocou o dedo sobre seus lábios de leve.

– Eu estava desesperada para reencontrar minha família que pode estar machucada – ela disse – E acabei machucando minha outra família. Perdão.

Ryan aceitou o pedido de desculpas e a ajuda para alimentar-se, já que não tinha forças para mais nada. Só então o clima se desanuviou e tudo pareceu se encaixar outra vez. Pelo menos por enquanto.

Continua...


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Notas finais do capítulo

#EuMenti

Ninguém morre! Enganei os bobos na casca do ovo! *foge pras colinas*

Eis o Ryan! Espero que gostem dele. Com esse fecha as cinco imagens da Beast Hunters. No próximo vou tentar uma imagem do Ya Ya :D

Sábado tem nossos procurados mais queridos, capítulo da JusticeBlade! Espero ver todos vocês de volta! Abraços :3



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