POV Hermione Malfoy

Eu ainda estava atordoada com todos os acontecimentos. Primeiro descubro que minha mãe vem mentindo há anos para mim, escondendo de mim a minha verdadeira origem. Como se isso não fosse o suficiente, finalmente entendi que meus pais nunca vão me aceitar pelas escolhas que estou fazendo, então é melhor romper de uma vez.

Apesar do baque eu estava com as minhas esperanças renovadas, seria uma nova Hermione. Seria dona do meu próprio nariz, ou nem tanto já que agora seria uma mulher quase casada, mas a minha vida iria começar de verdade. Apesar do rompimento bruto, todo filho tem que deixar o ninho. E o melhor de tudo teríamos uma carta na manga quando formos falar com a impressa.

Pensando nisso tudo, eu resolvi escrever uma carta para a minha bisavó. Mandamos a melhor coruja dos Malfoys, para esta missão. Mas mesmo assim poderia demorar dias, já que eu não tinha um endereço exato.

– Hermione você está tensa – Disse Draco ao acordar – Tão tensa que até me acordou. - E sorriu de lado

– Me desculpe. É que são muitas mudanças para mim e não sei se a coruja vai encontrar a minha avó, ou se...

– Shiii! Calma petit, vai dar tudo certo. Você já fez a sua parte, agora é só esperar.

– Eu sei, mon amour, é só que isso não sai da minha cabeça. - Ele deu um sorriso largo.

– Gosto quando me chama assim – Eu corei – Talvez devesse ocupar a sua cabeça com o noivado que é depois de amanha. Luna não vai deixar você esquecer por nenhum segundo.

Gemi de frustração. Luna ia ser o diabo de saia durante esses dois dias, e invés de ficar dizendo os meus pecados ia ficar gritando 'Salmão ou bege? Prata ou dourado'.

– Você tem razão – Eu respondi – Vamos logo nos arrumar para descer.

Tomamos banho sem muitas delongas e descemos de mãos dadas. Eu adorava ter a mão dele na minha, além de grande e quente me passava segurança.

Chegamos à sala de jantar e apenas Bella estava à mesa:

– Que bom que já desceram, não queria tomar café sozinha – Ela disse quando nos sentamos.

– E a mamãe e o papai? - Draco perguntou.

– Eu não sei. - Ela respondeu dando de ombros.

Então nos servimos e tomamos café tranquilos e entre conversas amenas.

– Ah Hermione – Disse Bella – Qual o tema que você quer pra festa de noivado?

– Tema? - Eu a olhei confusa, onde no mundo festa de noivado tem tema?

– È, alguma coisa legal para os convidados se divertirem...

– Hum... que tal correntes? - Opinou Draco. - Poderíamos enfeitiçar os casais com uma corrente que só quebrava quando um dos dois tiver coragem de subir ao 'Palco do Amor' e fazer uma declaração apaixonada. - Eu não aguentei e comecei a rir.

– “Palco do Amor”? De onde você tira essas ideias – Eu falei debochando.

– Na verdade é uma boa ideia – Disse Bella com a testa franzida de concentração – È diferente e inusitado. Já pensou se alguém se declarar e a corrente não quebrar? Vai ser um escândalo.

– Mas não é escândalos que estamos tentando evitar? - Eu falei como uma última esperança.

– Mas vai ser um escândalo dos outros e não o de vocês – Ela retrucou – Além do mais é bem irônico não acha? Vocês dois estão aqui por causa dessa corrente, não faz mal fazer os outros passarem por isso umas horinhas – Ela deu de ombros.

– Ainda acho uma péssima ideia – Tentei argumentar, mas sabia que seria perda de tempo.

– Na verdade eu acho uma excelente ideia – Falou uma voz conhecida e de quem sentia falta – A quem eu agradeço por essa ideia brilhante? - Disse Blás super empolgado se sentando a mesa.

– Ao Draco é claro... - Disse Luna vindo atras dele – Ele que sempre tem as ideias legais – E ela piscou para ele.

Com essas palavras eu me levantei, quase fazendo Draco se derramar chá, e corri para abraçar os dois. Até aquele momento, não tinha percebido o quanto eu sentia a falta deles. Eles retribuíram os abraços e beijos e logo Draco se juntou a nós. Não sei em que momento Bella se retirou, mas logo estávamos os quatro, botando o papo em dia.

Luna e Blás passaram as férias juntos, e a família de Blás adorou Luna e o senhor X. não teve argumentos o suficiente para impedir o namoro. Mas mesmo assim foi gentil com o moreno. Fora isso, eles estavam os mesmo... felizes e apaixonados. Então foi a nossa vez de contar as novidades.

Ao fim do nosso relato a expressão deles se dividia em raiva e alegria.

– Nossa Mione... a sua mãe é uma vaca – Disse Blás.

– Blás!!! - Ralhou Luna.

– Só disse a verdade – Ele retrucou – Ela não tinha o direito de esconder isso de você.

– Eu sei gente. Mas estou tentando não pensar nisso no momento.

– Então vamos ao que interessa – Interrompeu Luna – O motivo de estarmos aqui, obviamente. Vamos começar logo a planejar o noivado do ano!

– Ano não – Interrompeu Blás – Do século!!!

E ambos deram sorrisos diabólicos.

Ai.

Meu.

Merlin.

Ficamos horas discutindo quais cores seriam as principais e desenvolvendo a ideia sobre o tema “Correntes”.

– Vocês não acham esse tema muito '50 Tons de Cinza', não? - Eu disse meio cansada. Os três viraram seus olhos para mim como se eu fosse louca – Ah esquece! - Suspirei.

– Ei esperem um segundo – Disse Luna – Era para Hermione estar gostando disso, afinal ela é a noiva. - Draco e Blás nos fitaram.

– Obrigada Luna – Agradeci – È que eu não acho uma ideia tão boa assim. Eu sei que a corrente é o motivo de tudo... mas... eu.

A minha voz foi morrendo, sabia que Draco tinha escolhido o tema por causa da nossa corrente, mas corrente não significa só 'prisão'. Significa elo, unir as coisas, significa confiança. E era apenas isso que eu queria desse casamento. Então comecei a sorri.

– Não, Luna... é uma ótima ideia. - Agora todos realmente me olhavam como se eu fosse mesmo louca. Suspirei e expliquei – Correntes podem significar elos... e isso significa confiança. É um bom tema para um noivado.

– Que bom que decidimos isso, então – Disse Ciça chegando a sala – Estava começando a achar que ia ficar com toda essa responsabilidade.

– Que nada tia, é por isso que eu e Luna estamos aqui – Então, Blás se levantou e foi abraçar a minha sogra.

– Olá Blás, que saudades – Ela disse – Luna por algum acaso seria essa bela moça, que não é minha nora? - Eu e Luna erubescemos.

– Sim, tia – O moreno respondeu – Ela é a minha namorada.

– Oh, entendo! - Narcisa exclamou – Luna, venha cá deixe eu lhe abraçar e perguntar qual o seu problema para estar namorando o Blás.

Luna riu nervosa mas foi falar com Ciça, logo os três estavam em uma conversa calorosa. Draco virou-se para mim e disse:

– Mamãe gostou de Luna.

– Estou vendo. - Disse sorridente – Draco – Eu o chamei e ele me olhou – Eu só quero que saiba que eu, realmente sou apaixonada por você.

À menção dessas palavras, os olhos dele brilharam e ficaram ternos. Senti um borboletas em meu estômago e meu coração acelerou.

– Eu também sou apaixonado por você.

Ele disse e então me beijou. Sua língua, sempre invasiva, referenciou a minha e a sugou por completo. A proximidade dele, seu perfumo me inebriando, seu gosto me entontecendo... Tudo isso vazia meu coração pular do meu peito.

Alguém pigarreou e nós paramos o beijo:

– Fico feliz que decidimos o tema... – Começou Blás.

– Mas já que os dois estão de pegação... – Disse Luna

– Eu realmente espero que já tenham escolhido as cores – Completou Narcisa.

Eu fitei Draco e vi que ele ainda estava ofegante e corado por causa do beijos. Então eu decidi:

– Vermelho. Mas vermelho sangue, bem quente – Então me dirigi ao Draco – O que você acha?

– Se tiver detalhes em prata, não tenho nenhuma objeção a fazer, milady. - E sorriu galante

– Então está decidido. - Sorri de volta.

– PARTIU COMPRAS!!!!!

POV Draco Malfoy

Quando a tia Bella chegou a sala querendo fazer as compras, não deu outra, todo mundo aparatou para o beco diagonal.

A minha cabeça estava a mil. Fiz Hermione aceitar a minha ideia de Correntes e ela ainda se declarou para mim. Isso me deixava mais feliz. Ela estava apaixonada, isso significava meio caminho para a confiança total. Sei que casamento é coisa séria e que desgasta e tudo mais... Mas no nosso caso não tinha volta, era realmente para a vida inteira. Então saber que a paixão era reciproca, para mim era um grande passo.

Chegamos ao Beco Diagonal e Tia Bella e mamãe foram atrás de todos os arranjos da decoração. Enquanto isso Luna e Blás ficaram incumbidos de arrumar as nossas roupas e acessórios.

– Eu não sei porque não posso escolher sozinho – Eu reclamei.

– Cara... não faça isso – Sussurrou Blás ao meu ouvido. Mas já era tarde demais.

Luna e Hermione começaram um sermão de como os garotos são sem noção e não sabem se vestir adequadamente e blá blá blá.

Ao chegarmos a Madame Malkins, ela correu para nos atender:

– Bem vindos jovens! – Ela saudou - Em quem posso ajudá-los?

– Precisamos de roupas de festa – Disse Luna

– Qual ocasião?

– Esses dois vão noivar – Disse Blás sem rodeios. Quase bato na cara dele.

A senhora deu um gritinho de surpresa, mas depois sorriu:

– Então é verdade? - Ela perguntou.

– Sim, senhora. - Eu assenti – Podemos logo ver as roupas?

– Draco! Seja educado – Hermione ralhou.

– Tudo bem querida – A madame disse – Então, qual seria a cor principal?

Essa frase bastou para Luna e Hermione soltarem a matraca. Acho que Herms experimentou 50000 vestidos antes de escolher o que seria. Vestido esse que ela não me deixou ver. Elas me vendaram! Isso mesmo, me vendaram!

Com o vestido escolhido ficava mais fácil escolher meu traje. Pelo menos foi o que elas disseram, e eu acreditei! Me fizeram experimentar tanto terno, tanto smoking, que eu quase surtei. Luna e Blás foram mais rápidos. Mas só depois de horas, saímos da loja.

Depois disso tivemos que ir atras de sapatos e acessórios para as garotas. Foram mais horas perdidas. Acabamos comendo por ali mesmo e só voltamos para casa no fim da tarde.

Ao aparatarmos de volta, direto em nosso quarto, eu caí na cama.

– Herms... eu não aguento essas compras – Eu disse quase em derrota. Ela gargalhou.

– Vai ter que se acostumar. Estamos presos, e eu adoro, tenho, que fazer compras.

– Eu sei... mas cansa – Ambos rimos.

Eu estava jogado na cama tentando recuperar um pouco de fôlego e de dignidade, pois eu estava morto e ela guardando as compras.

– Vamos tomar banho, baby, eu estou morto – Disse, finalmente.

– Caramba Draco, que molenga. - Ela debochou – Você não aguentaria um dia sendo uma garota.

– Também acho isso – Respondi – Mas como eu sou um garoto, estou cansado e quero tomar banho com a minha mulher.

Com essa simples declaração, Hermione ficou em êxtase... pude senti pela ligação e pela expressão dela.

– Hum... eu gosto disso – Ela falou – Vem, vamos banhar.

Tomamos banho, daqueles em que eu a comia na banheira, e depois caímos na cama, abraçados de conchinha.

– Pra quem tava cansado, você até que deu conta do recado – Ela disse em tom de riso.

– O que posso dizer? Você me dá forças. - Gargalhamos juntos.

Então, finalmente nos acomodamos e dormimos.

~~~~*~~~~~~*~~~~

No dia seguinte, ao descermos para o café, a casa estava um caos. Era elfo domésticos para um lado, empregadas para o outro, Luna e Blás correndo e minha tia e mão gritando ordens:

– Ué – Eu disse – A festa não é só amanha?

– O que queria? Que tudo se arrumasse em um passe de mágica? - Hermione me respondeu e eu a olhei ainda mais em dúvida. Sim, era assim que eu queria que fosse - Mesmo com magia, tem muita coisa para organizar.

– Entendo – Disse por fim – Vamos tomar café no quarto então.

Pegamos o que queríamos e subimos. Tomar café com a Hermione sempre era bom e curioso. Bom porque ela sabia exatamente que assuntos tocar, para a refeição ficar agradável e curioso porque ela nunca comia o mesmo que eu. Eu tomava café preto ou chá, ela preferia chocolate ou suco. Eu comia croissant e ela bolo... E assim por diante.

– Você é tão diferente de mim, Herms. - Eu disse.

– Sou? Porque diz isso?

– Nossos gostos são completamente diferentes.

– Mas nossa personalidade é parecida. Não se esqueça.

Eu ri.

Ela tinha razão. Gostos e interesses divergentes, porém com personalidades parecidas. Mas ela bem mais doce e gentil que eu.

– Mas Herms... você é tão meiga. Não somos tão parecidos assim.

– Sou meiga, sim. Mas nunca pise no meu calo – Ambos rimos – É da natureza feminina Draco, somos mais passivas que vocês. Nós somos doces e meigas e vocês são rudes e bravos. Nós os adoçamos e vocês nos protegem.

– Uma boa analogia senhorita Meiguice. - Eu disse em deboche – Mas eu sei muito bem o quanto você pode ser agressiva... Soco no terceiro ano, lembra?

– Lembro! - Então ela arregalou os olhos – Draco, a nossa história!

– O que tem ela?

– Temos que planejar o que contar aos jornalistas, não é? Não precisamos menti assim... É só contar a verdade.

– Como assim?

Então ela pegou um papel e começou a escrever inúmeras coisas. Ela foi escrevendo e me explicando o que seria. Começamos a conversar e contar detalhes de nós e das nossas vidas que foi moldando a lista de Herms. No fim estava tudo lá, tudo que conversamos desde que ficamos Acorrentados, cada momento desde o primeiro ano de escola, cada história e boato sobre nós dois... Tudo isso deu uma história real, sem erros, sem margens, para contar aos jornalistas. Pois não era uma mentira... era a mais pura e simples verdade, era o motivo de estarmos ali acorrentados. Algumas coisas são feitas para acontecer e, eu e ela, éramos uma dessas.