BURN - Giving love to the world

— Toc, toc — Clarke disse levantando a lona que cobria a entrada da cabana de Bellamy.

O moreno moveu a atenção de sua bancada para a visitante que acabara de entrar.

— Griffin.

— Blake. — ela respondeu — Se importa...? — a loira fez menção de entrar na cabana e ele assentiu, permitindo.

Os sobreviventes tinham feito uma grande fogueira lá fora comemorando o Dia da União, todos aproveitando uma pequena noite de trégua para se divertir, mas Clarke notara que Bellamy não estava lá. Contrariando todos os pensamentos racionais que vieram em sua mente, ela decidiu caminhar até a cabana do mesmo. Seja para saber se ele estava bem por preocupação, seja para retribuir o fato dele ter salvado a vida dela no dia anterior.

— Você não está lá fora comemorando com os outros. — ela apontou.

— Bem observado... Alguém precisa fazer algum trabalho, não acha, princesa? — Bellamy a chamou pelo apelido com um tom sarcástico que a fez revirar os olhos. Ela notou que ele estava separando a pólvora nos cartuchos em cima de uma mesa improvisada.

— Quer saber, eu nem devia ter vindo. Só queria saber se estava tudo OK e... esquece. Tchau, Bellamy, bom trabalho. — a loira declarou se virando de volta para a saída. Estava a ponto de deixar o local quando ouviu a voz dele mais uma vez.

— Eu sou um monstro, não sou, Clarke? É isso que a Arca acha. Não é?

Ela parou de repente, sem saber dar uma resposta imediata. Sabia que ele se referia ao fato de ter disparado o tiro contra Jaha. Respirou fundo enquanto pensava em uma resposta.

— Não. Claro que não. — a Griffin começou dando um passo em direção a ele — Você salvou a minha vida ontem, Bellamy, não acho que nenhum um monstro seria capaz disso.

O moreno deu um profundo olhar antes de enterrar a cabeça nas mãos, passado as mãos pelos cabelos.

— Eu devia... eu devia ter escapado mais cedo, quando tive a chance... Seria melhor para vocês todos, caso a Arca quisesse fazer alguma punição em relação à isso. Eu só devia ter fugido, mas... — ele confessou, sentando-se na beira de sua cama.

Clarke ficou surpresa ao vê-lo naquele estado, em desespero e culpa. Não imaginava que o forte Bellamy Blake quebraria. Caminhou até sua frente e ajoelhou-se, ficando cara-a-cara com ele.

— Ei, não diga isso. A Arca não faria isso. Você não pode nos abandonar, Bellamy... Você não pode. — ela começou olhando-o nos olhos — Os sobreviventes, eles precisam de você. Eles veem em você um líder Bellamy, lhe respeitam, precisam de você. Você não é um monstro. Você salvou minha vida. E eu preciso de você.

— Ah, Clarke... — ele começou, mas sua voz falhou e ela balançou a cabeça, levando as mãos para tocar o rosto dele.

— Eu preciso de você... — a loira confessou num sussurro quase inaudível.

Bellamy a encarou por alguns segundos, enquanto ainda assimilava o que acabara de ouvir, como se ainda não acreditasse naquilo, naquele momento todo. Um instante depois suas mãos alcançaram o rosto de Clarke, a trazendo para mais perto, deixando os dois a apenas alguns centímetros de distância. Juntando toda a coragem que havia guardada para aquele momento, Blake disse:

— Eu também, princesa, eu também.

E dessa vez, Clarke não rolara os olhos ao ouvir seu apelido. Então, a distância curta entre os dois foi finalmente selada.