All I've Ever Wanted - James & Lily escrita por IsaMultiboooks


Capítulo 13
Bagunça.


Notas iniciais do capítulo

Sem comentários. Leiam as notas finais, não quero dar spoilers aqui.



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POV Marlenne:

Acordei com minha fantasia completamente amassada, e algumas mechas do meu cabelo estavam cheias de baba. Nojento.

Lembrava de pouca coisa da festa, e acho que fui a única do quarto que tinha bebido um pouco demais, já que as meninas haviam saído e deixado um bilhete dizendo que foram tomar café. Levantei, um pouco zonza, e vi que havia um frasco em meu criado-mudo.

“Ajuda com enjoo, dor de cabeça e tontura. – Lily”

Graças a Merlin por amigas como ela.

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– Ok, o que vocês estão planejando? – Perguntei, levando mais uma colherada de cereal à boca. Já tinha tomado banho, e cheguei bem a tempo para conseguir tomar café com o resto do grupo. A habilidade com poções de Lily Evans era realmente milagrosa. Observei os olhares exageradamente inocentes e bonitinhos dos quatro meninos e ri.

– Nada. – Disseram em uníssono. Observei os olhares exageradamente inocentes e bonitinhos dos quatro meninos e ri. Peter mal conseguia falar com sua boca entupida de panquecas, e Lily quase engasgou com as frutas ao ver os “anjinhos” em sua frente, rindo.

Estava prestes a dizer algo, quando ouvi meu nome ser chamado pela professora McGonagall. Ela estava na frente do Salão, com uma carta em mãos e uma expressão pesarosa. Várias cabeças viraram em minha direção enquanto eu caminhava até Minerva. Eu me sentia estranha com todos aqueles olhares, parecia até que eu estava caminhando para a morte.

Quando cheguei até a mulher em minha frente, ela passou um braço em meu ombro e me conduziu até sua sala, murmurando algo que eu simplesmente não consegui entender.

Entramos, e ela praticamente me sentou na poltrona, com as mãos tremendo. Aquilo tudo estava muito estranho, e não fazia a menor ideia do que estava acontecendo.

– Senhorita McKinnon, como você já deve saber, há algumas.... – Ela parou, procurando as palavras certas. – Forças das trevas em ascensão no presente. E essas pessoas estão em constante movimento, realizando atrocidades como se não fossem nada. Fui informada sobre um.... – Ela foi jorrando as palavras, e pareceu parar novamente, com olhos vazios. – Acontecimento terrível em uma residência em Godric’s Hollow.

Eu sabia do que ela estava falando. Aquele-que-não-deve-ser-nomeado e seus seguidores. Revi em minha mente todas as pessoas que eu sabia que moravam em Godric’s Hollow: Os pais de James, a irmã de Dorcas, a mãe de Peter.... E toda a minha família.

– Marlenne, eu realmente sinto muito em ser a pessoa que irá te informar sobre isso. Seus pais foram mortos na noite de ontem por um Comensal da Morte. Partiram como heróis, tenha certeza disso, e com certeza olharão você de longe. Eu sinto muito.

Eu preferiria sofrer 1001 maldições e azarações do que ouvir aquelas palavras. Tudo veio em uma torrente em minha cabeça. As brincadeiras de meu pai, os olhos azuis e intensos de minha mãe, as risadas dos dois e como eles sempre estavam lá para mim. A cada imagem, eu sentia minhas entranhas afundando mais e mais. Não era possível, aquilo simplesmente não estava acontecendo. Fechei os olhos e belisquei meu pulso, contando até 3.

Murmurei algo e saí dali. Mas para onde eu fugiria? Alguma Sala? A Sala Precisa?

Algo subiu em minha garganta, e vomitei no corredor, com pontos escuros em minha visão. Tudo se embaçou, e caí no chão, vendo apenas a escuridão.

.................................

– Ah, Merlin... – Ouvi uma voz distante. Tentei abrir os olhos, com as pálpebras incrivelmente pesadas. Vi um teto claro, e me perguntei o que estava acontecendo ali.

– Lenne, tá tudo bem? – Era Lily, rodeada por todo o resto. O que tinha acontecido, e por que eu estava na enfermaria? Lembro de ter caído no chão e....

– Eu sinto muito, Lenne.

– Você precisa de ajuda?

– Quer ficar na minha casa por algum tempo?

– Quer um pouco de água, algo assim?

Todos falavam ao mesmo tempo, e lembrei de tudo. Era engraçado que por um momento, eu havia esquecido de tudo, e de repente, tudo me atingiu como uma bigorna em minha cabeça. Meu corpo doía e o nó em minha garganta me impedia de falar.

Pela primeira vez desde que recebi a notícia, deixei as lágrimas saírem de meus olhos como duas cachoeiras, sentindo os braços de Sirius em volta de mim. Empurrei-o. Ele não entendia. Eu não queria um abraço, eu queria meus pais de volta. E isso era algo que ninguém me daria de volta.

POV Lily:

Os dias seguintes foram difíceis. Lenne quis ficar em Hogwarts, mas nós víamos como tudo fazia mal à ela. Quando uma criança qualquer recebia um berrador de seus pais, a expressão dela escurecia. A cada olhar de pena que era direcionado à ela, a cada sussurro em sua volta.... Era demais. Ela dizia que não precisava de ajuda e tentava negar a situação, dizendo que tudo estava bem.

Algumas semanas passaram até que a negação parasse. Tentávamos ajudar, Sirius principalmente. Mas cada abraço que dávamos parecia piorar tudo, e ela se distanciou, deixando-nos completamente sem chão.

Até que um dia, ouvi berros abafados vindo do nosso dormitório quando entrei na sala comunal, e disparei escada acima. Lenne estava ajoelhada no chão, e não parava de gritar coisas como “POR QUE ISSO ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?” e ISSO NÃO É JUSTO!” entre soluços e lágrimas desesperadas. Ela havia perdido muito peso, quase não comia e estava com olheiras enormes sob seus olhos, que estavam constantemente vermelhos e inchados, encarando o vazio. Os lábios, antes sempre sorridentes e vivos, estavam rachados e com várias feridas. Ela perdera a cor, e parecia morta por dentro.

– Lenne... – Disse, envolvendo-a com os braços. Ela não reagiu. Me ajoelhei a sua frente, e forcei-a a me olhar nos olhos. – Lenne, você tem que ir para casa, sair daqui. Para a casa da sua tia ou da sua irmã....

Ela me encarou por um tempo, o queixo tremendo. Murmurou um “Me deixe em paz” e deitou em sua cama, soluçando até dormir. No fundo, acho que ela considerou a ideia, afinal, ela foi até o escritório do diretor e não voltou mais. Dumbledore a mandara para a casa de sua tia, e ela foi sem se despedir.

................................

A primeira semana sem Marlenne foi horrível. Todos estávamos sem jeito, pensando em como ela estava. Qualquer piada soava forçada, e as risadas duravam apenas alguns segundos. Pensava em Lenne, e em como era péssimo o fato de estarmos fazendo alguma piada e ela na situação em que estava.

Algum tempo depois, recebemos uma coruja da tia de nossa amiga no café da manhã, quebrando o silêncio. O envelope estava com o nome de todos do nosso grupo, abri-o com cuidado e li em um tom que permitia que apenas nós ouvíssemos.

“ Marlenne mencionou vocês em uma coruja que me enviou, e soube a quem direcionar essa carta. Pensei que talvez vocês quisessem algum tipo de notícia sobre ela, ou algo assim.

Lenne está tentando seguir em frente. Já ouvi atrás da porta de seu quarto murmúrios como ‘Me leve no lugar deles’, ‘Eu só quero mais alguns minutos com eles’. Às vezes, força um sorriso ou tenta conversar, mas sei que é difícil para ela, e espero que entendam isso. Não levem nada disso à mal, ela realmente está sofrendo bastante.

– Georgia.”

– Caramba... Eu não consigo me imaginar no lugar da Lenne. – Suspirou James.

– Ninguém conseguiria, são tipo... Os pais dela. Não tem nem palavras... – DisseDorcas, com uma expressão triste.

– Gente, calma. O que nós estamos fazendo? Lenne está numa situação muito difícil, e acho que nesse humor, nós só estamos piorando tudo. Temos que mostrar pra ela que tem esperança, e que ela tem algo que valha a pena, sabe? Amigos, amor... – Disse Peter, abrindo os braços e levantando. Ele estava tomando uma atitude, e eu concordava com ele. Vi rosto por rosto ir mudando ali na mesa, de confusão, para reflexão e depois aceitação. Cada expressão se iluminava, e chegava a ser engraçado.

– Acho que é isso que a Lenne ia querer, sabe? E talvez era isso que faltava, esperança. – Concluiu Peter, sorrindo.

Depois daquele dia, parecia que tudo voltara ao normal, na medida do possível.

POV Georgia:

Lenne tentara barganhar, dizendo que queria ir no lugar dos pais. Já era difícil vê-la naquele estado, tão derrubada e acabada. Mal conseguia engolir, tinha crises de vômito e estava instável.

Mas nada se comparava ao estado na qual se encontrava.

Ela não tinha um motivo, chorava do nada, e não tinha vontade de viver. Ela se desligou de tudo, ignorava qualquer parente que viesse fazer uma visita e não falava quase nada. Eu me sentia tão impotente, não havia como ajudar a menina despedaçada que estava no lugar de minha sobrinha.

Quem sabe eu não era jovem e minhas palavras não a convencessem. Mas quem sabe os amigos dela poderiam ajudar.

POV Lily:

James acariciava meu cabelo, enquanto eu observava o fogo da lareira crepitar, em seu colo. A última carta da tia de Lenne desmoronou o discurso de Peter. “Eu acho que Lenne está entrando em depressão”. As palavras de Georgia martelavam nas cabeças de todos, e o pedido da tia de Marlenne foi mais estranho ainda. Ela pedira para que escrevêssemos uma carta que motivasse Lenne.

Decidimos que cada um escrevesse um parágrafo, dizendo o que sentia e assinando embaixo. Cada um escrevera algo, e Dorcas inclusive fez um desenho muito lindo de todos nós juntos. Levantei do sofá e amarrei a carta pronta na pata de minha coruja, que esperava na janela.

Era questão de tempo agora.

...........................

– Será que vai dar certo?

– Ah, eu não aguento mais de saudade.... Ela faz tanta falta!

– Gente, dá um tempo pra ela.

Eu ia acrescentar algo, quando as portas do Salão se abriram, e uma morena com um leve sorriso apareceu, segurando um pergaminho com várias caligrafias diferentes. Marlenne.

Dorcas se levantou correndo, e abraçou a amiga. Sirius também se levantou, meio sem jeito. Afinal, foram incontáveis as vezes que Lenne o evitara ou o empurrara, como fizera com basicamente todo mundo. Acho que todos entendíamos como era uma bagunça para ela. Todos envolvemos nossa amiga, entre sorrisos e lágrimas.

Havia esperança para ela. Algo para lutar.

Lenne, sabemos como tudo está uma bagunça para você. Nós não entendemos o que você está sentindo, e sabemos. Mas sabemos que você não vai suportar isso sozinha. Sabe quando você sente como se nada vai dar certo, mas alguém aparece e de repente tudo se resolve? Vai ser assim. Porque todos nós somos seus amigos, e estamos aqui para você. Seus pais estão aí, é só você procurar em seu coração. Lembre deles como o casal feliz que eles sempre foram, e não como passado. Honre eles, e seja feliz por eles. – Lily e Dorcas.

Eu não sei realmente o que te dizer. Eu não tenho pais, ou pelo menos não os considero meus pais, então não sei o que você está sentindo. Eu poderia dizer que tá tudo bem, mas eu sei que pra você, seria mentira. Mas eu posso dizer uma coisa: Vai ficar tudo bem. Não agora, quem sabe leve um tempo. E eu entendo se você quiser se afastar um pouco de mim como namorado. Mas como amigo, eu estou aqui. Todos nós estamos. – Sirius.

Tá tudo uma bagunça pra você. Deve ser horrível ver todo mundo supondo o que você sente sem entender, e não queremos fazer isso. Mas se tem uma coisa que podemos te dizer com certeza, é que você é nossa amiga. Não somos seu namorado ou sua melhor amiga, e nunca conversamos muito sobre sentimentos , mas você é importante demais para todos nós. E ninguém quer te ver assim, Lenne. Volte, porque mesmo sem ter conhecido eles, sabemos que é o que seus pais iriam querer. – James e Remus.

Eu não sou muito bom com palavras, mas vou tentar. Lenne, eu sinto muito. Mas tem uma coisa que sempre me ajudou a seguir em frente. Tipo uma luz no fim do túnel, aquela que todo mundo fala. Essa luz, para mim, são meus amigos. Esperança. E acredite se quiser, nada derruba essa luz, porque ela está dentro de você. Cada pessoa que você conhece mantém essa luz acesa, e por mais que seus pais não estejam aí para ajudar a manter essa luz, você ainda tem todos nós. – Peter.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu fiquei com dor no coração pela Lenne escrevendo isso, meu Deus. Não sei se vocês notaram, mas eu tentei colocar os estágios do luto ali, sabe? Não sei se o resultado ficou bom, mas enfim... Acho que gostei do cap. Ficou meio sem romance e tal, mas eu queria me concentrar mais na situação da Lenne mesmo, fora que agora vou incluir mais as ações do Voldynho e sua trupe.

Comentem o que acharam, favoritem e deixem sua recomendação! Beijos, e até o próximo cap!