Quero que você conheça meu mundo escrita por River Herondale


Capítulo 11
Pra dizer que não avisei


Notas iniciais do capítulo

Olá! Obrigada meninas pelos reviews



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“Boliche!!! Ebaaaa”

Foi essa mensagem que Frederico recebeu quando estava saindo da agência as 18:00 na sexta de Clarice. É claro, eles haviam combinado de irem ao boliche juntos e depois de um pouco de insistência Frederico convenceu Bento e Natália também.

“Cara, a Natália anda meio para baixo mesmo esses dias, e quando não está completamente para baixo está chata. Devem ser os hormônios ou algo do tipo. O nosso principal assunto nos últimos dias é ela reclamando dos enjoos e vômitos, e fala sério, eu sou obrigado a isso?” Bento falava no telefone com Frederico na hora do almoço.

“Na verdade sim, você é obrigado. Estranhamente há um pequeno ser com seus genes dentro dela que provocam esses vômitos.”

“Eca, não fale assim! Parece muito com aquelas coisas nojentas da aula de biologia na escola.”

“Sabe, eu posso ser bem azarado às vezes. Você lembra de quando trinquei a clavícula na aula de Educação Física? Cara, eu nem sabia o que era clavícula antes! Mas a única sorte minha é ter nascido homem. Não bebês na minha barriga, não enjoos, não vômitos.”

“Você é um babacão mesmo, Bento, meu Deus!” Frederico riu.

“Ué, falei algo errado? Ah, e vamos sim no boliche hoje, e não, não vou pegar escondido nenhum carro da oficina do pai porque agora preciso ser um pai responsável. Papai vai emprestar seu carro pra mim.”

“Desde quando você chama seu pai de papai?”

“Desde quando ele concordou em emprestar o carro pra mim! Vish, cara, preciso desligar agora. Até mais tarde!”

“Até.” E desligou.

¨¨¨

– Então você vai sair com o gatinho da foto hoje, hã? – Tati estava histérica enquanto Clarice colocava seus mocassim nos pés.

– Tati, pare de querer me casar com ele, nossa!

– Não dá para especular da sua vida amorosa mesmo, né? Como é chata!

– Vamos ao boliche com dois amigos dele. Eu te contei deles, que fomos buscar a garota abalada na clínica clandestina de aborto. Eles são bem legais e preciso sair um pouco da toca. Se quiser ir também não tem problema.

– Clarice, querida, hoje é sexta. Eu tenho compromissos com meu namorado, tá? Quem sabe um cineminha, depois um jantarzinho. Bem clichê mesmo, mas eu adoro. Se depender do roteiro eu não volto hoje, já fique avisada. – Tati falava com animação, seu rosto demonstrava que estava muito apaixonada. Clarice sorriu com a amiga.

Ela se levantou e alisou o a saia longa. Seu cabelo estava preso em um coque mal preso já que seu cabelo era curto, pelos ombros. Tati encarou-a.

– Mas que gata! Esse batonzão vermelho, um arraso. Você quase nunca usa maquiagem, então estou surpresa.

– Não gosto de criar uma máscara de produtos no rosto apenas para ficar no padrão. É meio que contra meus conceitos. – Clarice pegou a bolsa da câmera. – Mas eu adoro batom vermelho.

Clarice lembrava de quando era pequena, uns treze anos, e decidiu sair de casa com um batom vermelho. Ela havia passado escondido da mãe, já que sua mãe considerava vulgar ou chamativo demais. Parecia que estava cometendo um crime enquanto passava devagar em seus lábios o batom de cor de sangue na frente do espelho e quanto terminou... Uau.

Pela primeira vez em sua vida Clarice não se reconheceu. Era outra menina. Menina não, mulher. Ela não parecia a menina alta demais para a idade, ou a menina que ficava rabiscando a mesa da escola em silêncio nas aulas de matemática. Ela parecia uma mulher, alguém segura de si, preparada para tomar suas próprias decisões. Era como se vestisse uma arma na boca, como se precisasse se preparar psicologicamente antes de sair com os lábios de tal cor, como se houvesse alguma explicação por trás daquela maquiagem que apenas poesia e filosofia pudesse explicar.

Sua mãe então a pegou na frente do espelho com o batom na mão e arrancou na força a maquiagem da menina. É só um batom!, Clarice queria gritar. Mas ela não escutava, não queria escutar. Sua mãe era teimosa e a fez lavar os lábios no banheiro antes de saírem. Clarice de contragosto fez.

A mensagem de Frederico chegou, avisando que estava na frente do prédio. Clarice deu tchau para Tati e desceu, encontrando-o vestido como sempre, calça escura e uma camiseta de estampa divertida. Eles se abraçaram e ele acelerou o carro para ir.

¨¨¨

– Você está linda. – Frederico disse um pouco sem confiança. Ela não estava; ela era. Ele não sabia dizer se ela tinha consciência de sua própria beleza, as curvas brasileiras dela escondidas pela saia longa. A regata mostrava e acentuava seus seios, e ele não queria encarar, mas era impossível. Ele tinha dezenove anos, afinal, não vamos esperar tanta maturidade.

– Você também, aliás. Eu gosto das estampas das suas camisetas.

– Ah, sério? Obrigado. – ele encarou a estampa de sua camiseta, era a letra de uma música estilizada.

Eles chegaram no boliche, Bento e Natália já esperavam eles sentados no bar do local. Bento acenou com a mão para eles enxergarem.

– Ali estão eles! – Frederico também acenou e eles todos se cumprimentaram. Clarice sorria enquanto abraçava Natália e perguntava se ela estava bem. Todos se sentaram.

– Eu vou pedir algo para a gente beber. Clarice, aceita me acompanhar na cerveja? O Frederico é um frouxo e não bebe. – Bento e Natália riram.

– Na verdade eu também não bebo. – Clarice disse enquanto abria a bolsinha da sua câmera.

– Que bando de gente sem graça! Bem, eu não vou beber sozinho, então o que vamos tomar no lugar?

– Eu beberia com você se pudesse. – Natália falou entredentes e Bento fez uma careta irônica.

– Ok, vamos jogar logo esse boliche porque eu quero deixar claro que vocês irão perder. – Bento falou por fim e se levantou para alugar uma pista.

– Gosta de boliche? – Natália perguntou para Clarice.

– Não sou expert, mas gosto. Vocês costumam vir ao boliche?

– Não. Na verdade não sei, Bento nunca havia me levado para o boliche antes. Vocês costumavam vir bastante aos boliches, Frederico?

– Sim, às vezes.

– Vocês costumavam trazer garotas juntos para encontros duplos? – Clarice perguntou ousada.

– Na verdade, sim. Hoje mesmo é a primeira vez.

Clarice deu um tapinha no ombro de Frederico, rindo.

– Então isso é um encontro?

– Pode se chamar assim, né?

– Talvez. – Clarice piscou e Bento trazia a ficha para irem a pista.

Eles se dividiram em dois times, Clarice e Frederico versus Bento e Natália. Bento começou e derrubou cinco pinos. Depois foi Clarice que derrubou quatro, e então Natália que derrubou nenhum e reclamou de sua pontaria e Frederico que também derrubou cinco pinos.

O jogo rodava e cada vez mais Clarice se sentia amiga de Bento e Natália. Eles eram engraçados e implicavam um com o outro toda hora, o que era engraçado de observar.

– Então... quanto tempo vocês estão saindo? – Natália perguntou depois de voltar da pista e acertar três pinos.

– Na verdade eles não estão se comendo não. – Bento comentou depois de beber um gole de seu refrigerante.

– Nós somos amigos. – Frederico falou rapidamente antes que Bento falasse mais alguma coisa.

– Sério? Não parece. – Natália enfiou umas batatas fritas na boca para disfarçar o vexame. – Hum, que delícia! Adoro batatinha, como tudo.

– E a quanto tempo exatamente são amigos? – Bento intrometeu. – Vai que o Frederico tenha escondido algo de ser melhor amigo, não é.

– Acho que umas três semanas, não é? – Clarice pensou distraída.

– Mais ou menos isso, acho que já vai fazer um mês.

– É, por aí.

– Entendi... Frederico agora é sua vez de jogar.

Frederico se levantou e foi para a pista. Clarice foi pegar uma batatinha e Bento ficou na frente dele.

– Olha, não quero parecer babaca ou coisa do tipo, mas saiba que estou de olho.

– Oi? Não entendi. – Clarice tentou se desvencilhar de Bento.

– Frederico e eu somos muito amigos, e eu já vi ele se decepcionar por garotas antes. Não sei o que você quer com ele, mas não brinque com os sentimentos do meu amigo. É sério.

– Você está enganado, eu não quero brincar com os sentimentos de ninguém. Somos apenas amigos.

– Isso pode ser um problema... – Antes que Bento terminasse de falar, Frederico se aproximou e falou:

– Bento, sua vez. Se você não percebeu, acabei de fazer um strike!

– Uau, parabéns! Mas eu vou fazer dois strikes seguidos, pode apostar.

– Apostado, irmão. – Frederico estava sorrindo e então notou a tempestade que se formava nos olhos de Clarice.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não, nada. Só pensando.

– Não é nada sério, né? Seus pais ou algo?

– Não, eles desistiram de me procurar de novo. Não é a primeira vez, relaxa. Mas não é isso que estou pensando.

– Então o que é?

– Bobagem. – Clarice deu um sorriso forçado. – Relaxa.

– Strike! Chupa essa, Frederico! – Bento gritou da pista.

No final Bento e Natália ganharam de virada.

– Mas eu vou querer revanche, já aviso. – Frederico disse enquanto pagava sua conta no caixa.

– Então que seja rápido porque se demorar eu vou estar gigante e inchada e não vou conseguir jogar porra nenhuma. – Natália comentou enquanto esperava na fila para o caixa.

– Você vai ser minha bolinha de boliche e vou te usar para fazer todos os Strikes, Natizinha.

– Cala a boca! – Natália deu um empurrãozinho em Bento e ficou com a cara emburrada.

Eles se despediram após pagarem suas contas no caixa e Frederico levou Clarice de carro para casa. Ele parou o carro na frente do prédio e ela tirou o cinto de segurança.

– Clarice, eu...

– Eu envio as fotos do boliche por e-mail pra você amanhã, ok? Preciso ir.

– Clarice, espera.

– O quê?

Parecia que ele queria falar algo importante. Na verdade, Clarice desconfiava saber o que, mas ela não queria. Não naquele dia, não depois do que Bento havia dito.

Ele não merecia aquilo.

– Como vai o roteiro? – Ufa, ele não havia dito o que ela achava que ele diria. Ela não queria dar mais nenhum passo na relação deles naquele dia.

– Vai indo. Eu mudei algumas coisas que depois eu mando para você por e-mail também para você avaliar.

– O que por exemplo?

– A história vai se passar na década de 60 a partir de agora. Sabe, começo do Golpe Militar, surgimento do feminismo, movimentos civis em prol dos negros e homossexuais, Guerra Fria, o homem vai à lua, Beatles. Um bom cenário para a história.

– Acho bem interessante.

– Que bom. A personagem principal vai ser jornalista agora. Estou pensando em algo subversivo ainda para ela.

– Eu sei que você vai encontrar.

– Obrigada, Frederico. Me desculpe se as vezes te excluo desses detalhes.

– Não, tudo bem. As provas da faculdade estão chegando mesmo.

– Boa sorte. – Clarice abriu a porta do carro e então deu um beijo na bochecha de Frederico.

Ela fechou a porta e caminhou até a frente do portão do prédio. Mas então lembrou que estaria sozinha em casa.

Frederico ligou o carro para ir embora. Ela gritou:

– Ei, espere! Não quer entrar?

Ele parou o carro e abaixou a janela. Ele gaguejou quando disse:

– S-sim, claro.


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Notas finais do capítulo

Nem preciso dizer que estou ansiosa para o próximo capítulo, né? Acho que vai ser emocionante! Reviews?