A Chuva Antes de Cair escrita por Ster


Capítulo 1
Evaporação


Notas iniciais do capítulo

Meu Remus (que vem de outra história minha, About Sirius Black), é depressivo, melancolico, preocupado e como diria Sirius "mais pensa do que fala". Eu não entendo muito bem o Remus original, que aliás, me irrita e muito.

Não gosto das atitudes dele e nem do que ele fala, vide todos os livros em que ele aparece. Acho que o que mais chama atenção no Remus é a personalidade dele que se choca com a do Sirius, sua relação com a Tonks e as lembranças que nunca tivemos sobre ele na juventude, com aquele jeito todo travado, andando com os garotos mais bagunceiros de Hogwarts.

Mas ainda assim, as atitudes dele conseguem me irritar, muita paciência.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547739/chapter/1

Remus gosta de pensar que é um soldado aposentado.

Por ferimentos de guerra – literalmente – ele fora totalmente dispensado da categoria vida amorosa, da qual ele já excluiu qualquer possibilidade de substituir o enorme buraco que fora deixado anos atrás em sua vida. Há dores psicológicas, ele sabe disso, mas a dor que sente em relação à ela, é mais do que psicológica. Ele realmente a sente como se tivesse se rasgado ao meio. E ele acostumou-se com essa forte dor por todos os longos treze anos que submeteu-se a fazer absolutamente nada.

Após a tragédia da morte dos Potter, Peter e prisão de Sirius, Remus ficou completamente perdido. Ele não sabia o que dizer, pensar, como respirar... Ele sempre se lembra da poção letal que balançou em suas mãos durante noites de desespero. Se todos os Marotos se foram... Por que ele não finalmente se rende também? Talvez seja a melhor saída.

Já não tem nenhuma função na Terra.

Mas algo – e ele gosta de acreditar que fora ela – o impediu de cometer tal ato. Remus guardou no fundo de sua bolsa a poção letal e ficou fora de Londres por longos treze anos. Pisou por cada pedaço de chão já fabricado pela Terra. Fotografou os lugares mais bonitos, os momentos mais sinceros, sempre sozinho. Aquela era a profissão perfeita para alguém como ele: Não existir.

Quando você está por trás de uma câmera, ninguém quer saber o rosto que está por trás do flash. A árdua e solitária caminhada não serviam para esquecer, e sim para afirmar mais e mais o sangramento em seu peito. Ele tenta, mas não consegue esquecê-la. Já está infiltrada em sua pele, seus ossos, roubou completamente sua alma e ele não tem como se defender. Fora completamente aprisionado em uma terrível memória passada, um fantasma vagando pela Terra sem o menor objetivo.

Ele se pergunta o que poderia ter feito na fração de segundos em que ela jogou-se na frente de Marlene, disposta a morrer em seu lugar. Ele poderia ter a empurrado e sido morto em seu lugar... Empurrado-a e quem sabe o feitiço sequer tivesse o atingido. Ele gosta de pensar como seria se ela estivesse viva e eles realmente tivessem se casado. Poderiam ter criado o filho de James e Lily caso sua tragédia tivesse sido inevitável. Por muitas vezes ele pensa em procurar por um Vira-Tempo, em momentos de loucura, não quer nem saber o que aconteceria de verdade caso a salvasse.

Egoísta o suficiente para imaginar sua eterna utopia.

Mas então o futuro se mostrou diferente quando descobrira que o passado estava completamente errado. Sirius era inocente e Peter... Seu melhor amigo Peter era o verdadeiro assassino. E Remus não consegue parar de pensar em todas as invasões dos Comensais, que causaram tanta desgraça, na verdade foram chamados de uma das pessoas que mais confiara em sua vida.

– Você gosta de pensar, né? – Remus virou-se assustado com a voz. Por um momento pensou que estava sozinho no corredor, à espera de Dumbledore. Ele virou-se para a garota e surpreendeu-se mais ainda. Ela tinha o cabelo colorido, piercings e tatuagens, sem contar as sardas e os belíssimos olhos azuis. – Estou aqui há quase dez minutos que você está viajando completamente. Sabe, eu perguntaria se você queimou uma pontinha, mas você não tem cara de que fuma.

Remus segurou o riso, lembrando-se das noites que se reunia com os Marotos ao redor do malão de Peter para fumarem maconha.

– Não, eu não fumo. – retrucou ele educadamente.

– Ah... Eu também não, claro. – riu ela, nervosa. Mentirosa, pensou Remus, quase rindo. – Que demora, né? Dumbledore precisa de uma bengala, Merlin! Aliás, meu nome é Nymphadora Tonks, mas por favor não me chame assim se não quiser me ver tendo um AVC. Odeio meu nome. Pode me chamar de Tonks.

– Ok... Tonks. – eles apertaram suas mãos rapidamente, deixando as bochechas de Nymphadora vermelhas. Ela continuou o fitando, quase fascinada, mas ele voltara para seu mundo particular de torturas e memórias. Nymphadora achou o velho muito bonito, e mal educado por não dizer seu nome, quase que cortando o assunto. Aquelas cicatrizes gritavam que ele passou pela Guerra Bruxa, e isso era um troféu nas concepções inocentes de Tonks.

Ela e seus amigos gostavam de falar sobre coisas mórbidas na época de Hogwarts, e Guerra Bruxa deixou muitos casos para ela divagar e criar teorias da conspiração como a total certeza de que os Potter ainda estão vivos e escondidos. Ela nunca teve uma mente muito correta. Tudo é desculpa por ser Aquariana, claro. Sua mente é um hospício. Pensa mil coisas em um minutinho apenas. Faz e depois se arrepende, e segundos depois se auto convence de que fez o certo, mas ainda assim se arrepende milhares de vezes depois. Tonks é bizarra e sabe disso.

Então antes de pudesse se controlar, ela abriu a boca.

– Você...

– Com licença, eu volto outra hora. Foi um prazer conhece-la. – Remus Lupin retirou-se rapidamente do local, sem olhar para trás. Parecia mecânico, como se ele já soubesse que ela iria perguntar mais sobre ele e no final perguntar se não podiam ir ao Três Vassouras.

Claro que ele sabia.

Remus já havia memorizado todo o tipo de reações e peripécias que as pessoas faziam. Ele passou tantos anos observando que antes mesmo de alguém abrir a boca, ele já sabia o que iria dizer. Então ele não foi nada sensível ao sair e deixar o pensamento claro na mente de Nymphadora que ele não queria conversar e muito menos sair com ela. Ele já não consegue sequer sentir atração por outras pessoas (N/A: NOTEM QUE EU DISSE PESSOAS PORQUE CONVENHAMOS SE O SIRIUS DECIDISSE DAR UM PEGA FORTE NO REMUS ELE JAMAIS HESITARIA, MTO OBRIGADA, FLW). São apenas pessoas.

Mas infelizmente, Remus voltou a ver a garota de cabelo cor de rosa, e mais uma vez... E outra vez... E várias outras vezes.

– E aí, estranho! – sorria ela todas as vezes. Ele tinha certeza que ela descobrira seu nome, mas estava decidida a não falar enquanto ele não se apresentasse adequadamente. Ela tinha a terrível e quase torturante mania – para Remus – de tocá-lo de todas as formas que conseguia. Seja nos braços, ombros, mãos, peito, cabelo. Onde ela conseguisse colocar a mão, Remus só faltava arrancar o braço dela. Estava desacostumado com contato humano, e preferia continuar assim. – Torneio Tribruxo, hein? Demais!

– Sim... – ele rolava os olhos discretamente, sentindo vontade de cometer suicídio. Ele não queria fazer rondas com ela, ensiná-la as coisas e muito menos ficar perto dela. Mas Moody se aposentara e foi lecionar em Hogwarts, deixando sua protegida sem nenhum Auror responsável. E por mais que não tenha de fato de consolidado como Auror, ele era considerado um no Ministério. E também para Nymphadora Tonks, infelizmente.

– Eu gostaria tanto de ter participado! Dumbledore poderia ter colocado isso na minha época, eu iria adorar competir! E finalmente a Lufa-Lufa vai ser representada dignamente, digo, eu torço por Harry, afinal ele é Harry Potter... Aliás, você era amigo dos Potter, não? Eu adoro o caso dos Potter, é um clássico quase que da literatura. A maior chacina já feita no mundo bruxo.... Todo mundo amava os Potter, não é? Você lutou na Guerra? Como era?

– Horrível.

– Jura? Meu pai teve que se esconder um pouco por conta das perseguições a nascidos trouxas, sabe? Terrível. Mas é passado, certo? Não precisamos mais nos preocupar com isso. Você tem algum trauma de Guerra ou algo do tipo?

– Não lembro.

– Nossa que bom, né? Porque ficar se torturando com memórias, imagine só... Enfim, eu estava falando de que mesmo? Ah, claro, eu comprei um casaco... – Remus se sentia a beira de um colapso. Se lembrava dela, que também era falante, mas ele gostava dela, e essa era principal diferença entre ela e Nymphadora. – Estranho... Por que você usa essa aliança? É casado?

– Não.

– Tem namorada?

– Não.

– É viúvo?

– Sim.

– Oh.

– É...

– Ela morreu há muito tempo?

– Muito tempo.

– Ela era bonita?

– Muito.

– Qual era o nome dela? – então Remus hesita. Dizer aquele nome era como convocar demônios diretamente de suas covas. Era afundar em pensamentos e memórias insuportáveis sobre alguém que jamais voltará a ver. Nymphadora o continua fitando até que fale e ele sente que vai explodir a qualquer momento.

– Dorcas.

A dor de Remus é constante e profunda, e ele não acredita no bem da humanidade ou esse tipo de coisa. A dor dele é tão grande que ele quer que todos sintam e sofram com ele. As pessoas ao seu redor recolhem essa dor, pois também a sentem, são prisioneiros de guerra. Mas Nymphadora não. Ela força e empurra a grande muralha de Remus como se fosse apenas mais um obstáculo. Não entende nada sobre a Guerra, não entende que não foi apenas mais um evento na História. Não entende que pessoas morreram. Pessoas que foram amadas e amavam outras pessoas.

– Eu quero sair com você. – na véspera do Natal de 94, Nymphadora ainda irritava Remus profundamente. – Não é possível que você não tenha percebido que estou te paquerando há o que? Um ano? E eu ainda nem sei seu nome, estranho!

– Não posso sair com você. – replicou delicadamente.

– Por que? – Porque você é irritante, uma criança completamente fora de órbita, porque sou um lobisomem preso no passado, pobre e completamente desiludido.

– Porque não, Tonks. Pelo amor de deus, sou quase vinte anos mais velho que você.

– Não é não, é só tipo... Treze anos? – Remus continuou caminhando pela rua. – Vamos, me dá uma chance, eu consigo te mostrar que posso ser bem legal.

Duvido, pensou Remus com seus botões. Mas após dez minutos de insistência, aceitou tomar um café com a garota. Ele disse seu nome e ela sorriu. Os dois pediram o mesmo café. Nymphadora falou sobre Portugal, Copa de Quadribol e sapatos da moda. Remus falou um pouco sobre grandes filósofos bruxos, economia e primeiros ministros. Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos até Nymphadora voltar a falar sobre sapatos.

– Foi... Bom. – sorriu Remus, morrendo de vontade de ir embora.

– Foi incrível! – sorriu ela enormemente, dando pequenos saltinhos. – Precisamos repetir.

Dora inclinou-se para abraçar Remus, mas ele continuou com os braços junto de seu corpo, com medo de tocar a garota. Mas ela não parecia se importar, e talvez ele tenha gostado daquele perfume extremamente doce. Ela finalmente o soltou e Remus forçou um sorriso, virando-se para ir embora. Ele caminhou durante horas, impressionado.

Remus gostou do encontro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Escrevi e tal, mas assim, pra não sair nada desleixado, preciso de tempo pra cada passo, frase, atitude deles, então paciência.

Vocês gostaram?

Espero que sim...

Até.