Um dia com você... Será? escrita por Mavelle


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu só tenho um pedido a fazer:
FANTASMINHAS, APAREÇAM.
Sério, galera.
Às vezes eu tenho quase certeza de que estou escrevendo para ninguém.
Por esse motivo, e também por outros, não tem capítulo novo semana que vem.
Sabidinha



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CAPÍTULO 10 - ELIZABETH

– Ainda não consegui processar tudo. - digo para Will, que estava escorado ao meu lado no parapeito.

– Sei que é complicado, mas temos que deixá-lo crescer.

William nos disse que estava namorando com Becky há algumas horas, mas ainda não consegui pegar toda a informação. Pelo que me parece, eles namoram há uns 2 anos. Não que eu não suspeitasse de nada. Claro que eu suspeitava, tinha quase certeza. Mas a confirmação de tudo tornou evidente uma coisa: William não é mais meu menininho dependente de mim para tudo. Isso significa, também, que estou ficando mais velha. Essa é a parte ruim de ser imortal: se sentir cada vez mais velha e ver o tempo passar por você, ver todos que ama morrer... Bom, dessa parte eu tenho que discordar, já que a pessoa que mais amo também é imortal. Se algum dia alguém o assassinar, acho que desisto de ser Calipso. Na verdade eu não acho que desistiria. Tenho certeza.

Eu odeio ser a deusa do mar. Tudo o que acontece lá embaixo passa por mim. Se uma criatura nasce, eu sei. Se outra morre, eu sei. A pior parte é quando acontece muita coisa ao mesmo tempo. Passo um dia inteiro tonta e com enxaqueca. Agora entendo porque Tia Dalma resolveu ficar longe do mar. Em terra, isso não acontece; só no mar. O único motivo para que eu continue com isso é que posso acompanhar Will por muito mais tempo. Se eu morresse, com certeza minha alma seria muito ciumenta. Um maremoto na costa da Inglaterra. Muitos animais e plantas marinhos mortos. Pare, pelo amor dos sete mares! Acho que minha cabeça vai explodir!

– Está tudo bem? - Will levantou suavemente meu rosto na direção do seu.

– Sim. Só as enxaquecas de sempre.

– Acho melhor você ir para a cabine, Lizzie. Não parece nada bem.

Realmente eu não estou bem, mas não queria passar o resto do dia dentro da cabine. É muito chato ficar SOZINHA lá. Dependendo da companhia, é legal passar o dia inteiro lá dentro.

– Eu aguento. Vou melhorar.

– Olhe, eu sei que você não está bem. - ele segurou minhas mãos e eu apertei as suas. - Você quer que eu vá com você?

– Querer, eu até queria. Mas você tem que cuidar das coisas aqui fora. Não pode ficar comigo literalmente o tempo todo.

– Você tem razão. Quer que eu te ajude a ir até lá?

– Não precisa. Pode ir.

– Tem certeza?

– Tenho.

Solto suas mãos e saio de perto da amurada. Outro maremoto, agora no Japão. Mais milhares de peixes mortos e mais morrendo. A enxaqueca só aumenta. Por um momento, as coisas se escurecem e o mundo parece girar um pouco.

●●●

Tia Dalma apareceu em minha mente. Estávamos na minha cabine: ela de pé ao meu lado e eu deitada na cama.

– Tia Dalma? O que está fazendo aqui?

Tentei me levantar, mas ela me impediu.

– Você tem que descansar. Acho que agora pode entender porque eu nunca vim com Davy.

– Sim. - hesitei um pouco, mas, por fim, falei. - Por acaso isso só acontece no mar ou em terra também?

Ela deu uma risada curta.

– Já está pensando em desistir do seu homem?

– Não. Não, de jeito nenhum.

– Já que não pretende deixá-lo, porque me perguntou se acontecia em terra também?

– Só queria me certificar que você não estava apenas fugindo de Davy e sim dessas enxaquecas horríveis.

– Claro que foi pelos dois motivos. Mesmo como humano, Davy era detestável. Nunca foi real para mim. Sempre fingi que o amava. Ficar com ele também significava ser infeliz para sempre, além de ter que lidar com as enxaquecas frequentes por causa do que acontecia no mar. Quando você está em terra também sabe o que acontece, mas eles não invocam sua presença. Tem menos enxaquecas.

– Hum... Algum conselho para parar com as enxaquecas?

– Er... talvez. Sempre beba bastante água. Junto a isso, tenho algumas ideias para amenizar as enxaquecas. Uma das ideias é sair do mar.

– Ah, claro! Eu sairei em 10 anos!

– A outra ideia é colocar seus poderes para a área com problemas. Então os animais pararão de pedir sua ajuda e você terá paz.

– Obrigada. Vai me ajudar muito.

Tentei me levantar para abraçá-la, mas ela me impediu novamente.

– Eu disse que tem que descansar! - ela deu um de seus sorrisos. - Agora, descanse enquanto seu corpo se recupera.

●●●

Acordei em minha cama com meu filho colocando um pano molhado em minha testa.

– Ah, mãe! - ele exclamou, me abraçando. - Graças a Deus! Pensava que tinha morrido.

– Calma, filho. Eu nem passei tanto tempo desacordada assim.

– Três dias desacordada é pouco tempo?

– Três dias?

– Sim. Você desmaiou no convés três dias atrás enquanto estava vindo para cá.

– Tenho que me cuidar melhor. É melhor que eu faça o que Tia Dalma me sugeriu.

Fui me levantando, mas William me fez deitar novamente.

– Porque todo mundo quer que eu fique parada sem fazer nada o tempo inteiro?

– Mãe, você passou três dias desacordada. Tem que repousar.

– Não acha que três dias desacordada não foram o suficiente?

– Você me entendeu. Agora fique na cama até eu voltar.

Assenti com a cabeça. Não gostava de receber ordens do meu filho, mas, nesse caso, fui quase que obrigada a ficar na cama. Se ele percebesse que eu tinha me levantado, era capaz de voltar para me deitar novamente. Resolvi esperar pela sua volta. Talvez ele trouxesse Will, afinal.

Enquanto esperava que ele voltasse, fui me re-habituando. Mas não consegui totalmente. Há algo diferente aqui.

Então percebi que a cama estava presa com correntes à janela. Do mesmo jeito estavam a mesinha e o guarda roupa. Estranho. Passo três dias fora e parece que o mundo virou de cabeça para baixo.

William chegou ensopado, segurando uma bandeja com um bule e uma xícara. E sozinho.

– Er, eu trouxe chá. Era pra estar quente, mas, com essa chuva, não tenho certeza.

– Hum... tudo bem. Creio que seu pai esteja tentando controlar o navio?

– Sim. Fomos levar uma alma, logo depois que desmaiou. Quando estávamos entre os mundos, o céu se escureceu e formou uma grande nuvem de tempestade. Então a chuva começou. Com ela, as ondas violentas. Desde aquela hora, tem chovido forte o tempo inteiro. - ele deu uma pausa para tomar fôlego. - Papai me mandou tomar conta de você, já que ele tem estado um pouco ocupado tentando fazer o Holandês não afundar.

– Isso explica muita coisa. Mas vocês não pensaram em ir para o mundo dos humanos?

– Claro que sim. Mas a tempestade bloqueou nossa passagem.

Não queria mais dessa tempestade. Eles já haviam sofrido muito com ela e mereciam um descanso. Tomei minha decisão. Talvez a mais certa que já havia tomado.

– Eu vou lá fora. - falei me levantando.

– Mas, mãe, você deveria... - William tentou me deitar de novo, mas eu o impedi.

– Filho, eu sei o que estou fazendo. - disse quase que com raiva.

Me dirigi para a porta. Ao abri-la, senti o vento soprando forte e a chuva me molhando. Andei decidida pelo convés e me deparei com Will lutando para controlar o timão. Ele ficou olhando para mim como se eu fosse uma aparição do passado e quase soltou o timão.

– Segure! - eu gritei por cima da tempestade. - Vou resolver isso!

Ele apenas segurou firme o timão e eu passei correndo para a proa. Fiquei de pé, enfrentando o vento e a tempestade. Então levantei meus braços para cima e os desci, abrindo-os na altura do peito. Isso deve ter parecido alguma espécie de ritual estranho, mas foi instintivo. Rapidamente, o mar se acalmou, apesar de a chuva ter continuado, porém muito mais fraca e cessando após alguns segundos.

Quando me dei conta, Will estava correndo para mim com um sorriso no rosto. Sorri de volta para ele. E o teria beijado, se o mundo não tivesse começado a rodar e escurecer novamente.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu acho que sem querer deixei a Elizabeth meio Jason, não acham?
Entendedores entenderão.
Xau.
Volto daqui a duas semanas.



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