The Slytherin escrita por Ravena


Capítulo 56
Uma nova tarefa




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Pov Hermione

De todos os anos que eu passei nessa espelunca, esse com certeza foi o melhor. Consegui mimos, me tornei a pessoa mais popular da escola, tivemos uma ótima professora e me dei muitíssimo bem nos NOM´s. Apenas a maior nota da sala, obrigada por perguntarem. 

Infelizmente, o que é bom dura pouco - por isso Dumbledore tem 150 anos. Em pouco tempo, Dolores tinha sido afastada da escola e aquele velhote gagá voltou como diretor. Essas pessoas ainda não perceberam que ele está quase senil? Com Umbridge, meu bom humor foi embora também. Além de meus amigos terem sido derrotados pela "Armada de Dumbledore", Harry Potter conseguiu recuperar toda a fama que tinha perdido com as difamações do Profeta Diário. 

Finalmente perceberam que o Lorde das Trevas havia voltado.

Com Harry Potter no centro das atenções, eu fui rebaixada para a segunda pessoa mais importante da escola. 

—Mione, anda logo. Temos que arrumar nossas coisas, o Expresso não vai te esperar. - disse Leia. 

Nosso dormitório, normalmente perfeito, estava uma zona de guerra. As aulas tinham finalmente acabado e todas as meninas estavam gritando histericamente pelo quarto, desesperadas para achar suas bolsas importadas. 

—Não se preocupe comigo, garotinha, eu tenho uma ajudinha. JENNIFER!!!

Uma menininha mirradinha entrou no nosso quarto. Era uma primeirista bem feinha, com o cabelo loiro se graça e com roupas grandes demais... ah, eram minhas. Essas menininhas fazem tudo que eu quero em troca de roupas velhas. 

—É Jasmine...

—Não me interessa. Ande, arrume minhas coisas. Pra amanhã.

—Mas não sei quais são suas coisas, senhorita...- disse ela com uma voz baixa e até assustada. 

—É fácil, só ver a roupa mais cara e bonita do quarto.

Todas as outras meninas gritaram em protesto. 

—Ah, gente. Por favor, vocês sabem que é a verdade.- eu disse com um olhar superior. 

—São as mais fedidas também. - disse Miranda.

—E as mais bregas. - completou Leia.

—Vão se lascar - eu disse brincando. - Olha, enquanto Jeanine arruma minhas roupas, eu vou tomar um banho para refrescar. 

As meninas me olharam com uma cara feia enquanto eu saia pela porta. O que eu posso dizer? É difícil ser tão popular. Fui em direção ao banheiro particular que ficava no final do corredor. Estava já imaginando quais sais de banho iria usar quando uma voz me chamou. 

—Com licença, senhorita Granger. 

Era mais uma menininha mirradinha do primeiro ano. O que essas meninas tem comigo? Eu não tenho nenhuma polly pocket sobrando.

—Quem é você e por que está falando comigo?

—Só queria te avisar... esse banheiro está interditado...

—COMO ASSIM? Eu não pago um absurdo de mensalidade para esse tipo de tratamento. O que aconteceu?

—Não sei. Já estava quebrado quando eu cheguei. Todos os banheiros da Sonserina estão assim. Acho que estão trocando o encanamento...

Olhei para a menina e sai batendo o pé pelo corredor. Não acredito que eu vou ter que usar o banheiro comunitário. Eu prefiro ficar 3 dias sem tomar banho. 

Passei pelos corredores do castelo e fiquei impressionada em relação a quantidade de escadas que tinha naquela escola. Ou aumentaram ou eu estou perdendo minha resistência física impecável. Provavelmente é o primeiro. O único banheiro que estava aberto era um no terceiro andar. Trouxe todo meu kit de higiene para não pegar nenhum tipo de micose nesse banheiro nojento. É por isso que nós da Sonserina temos banheiros separados e limpos. 

Como o banheiro dos monitores estava permanentemente ocupado por Weasley, eu preferi ir no banheiro feminino convencional. Assim que entrei no lugar, ouvi um lamento baixo vindo de um dos boxes. Era uma menina chorando. Eu não sei porque essas meninas tanto choram, provavelmente por causa de autoestima baixa. Obviamente, esse problema não me atinge, mas as outras ficam particularmente tristes com isso. 

Como eu não perco nenhuma fofoca nem nada, fiquei esperando a porta do banheiro se abrir pra ver quem era a chorona. O problema é que essa menina era uma mangueira, porque não parava de chorar nunca. Desisti da ideia de esperar a fofoca e fui me cuidar. Depois de um banho bem nojento, passei meus cremes e penteei meu cabelo castanho. Acho muito bom que estejamos voltando para casa, já que o alisamento que eu fiz nele está quase saindo. 

A menina destrancou a porta e saiu do box. Quase não a reconheci, de tão vermelha que estava. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar e seu cabelo estava para frente do rosto. Ela me olhou e me ignorou, como se eu fosse invisível. Caminhou até a pia e limpou o rosto amassado e triste. Até eu tive pena dela, mesmo considerando tudo que passamos. 

—Sinto muito pela sua perda- eu me senti na obrigação de falar. Meu pai me contou que Sirius Black tinha morrido há 2 semanas. 

Como resposta, ela apenas assentiu suavemente com a cabeça. Acho que não tinha forças para falar depois de tanto chorar. Realmente sinto pena dela e minhas condolências eram verdadeiras. 

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—Estava com saudades, princesa- disse mamãe. 

Já tínhamos chegado na Estação e mamãe e papai me apertaram como se eu fosse de pelúcia. 

—É claro que sentiu. Quem não sentiria? - eu disse, brincando. 

Mas, esse foi o único contato realmente caloroso que tive com meus pais no dia. 

Normalmente, íamos para casa por um portal. Mas dessa vez alguma coisa estava diferente. Papai estava tenso, perceptível por seus ombros curvados e cansados. Ele tinha voltado ao ofício de Comensal da Morte a todo o vapor e eu percebi que vivia com medo. Já relatei sobre essa situação aqui antes, mas dessa vez era diferente. Estava me olhando com uma expressão culpada. 

Entramos na limusine e papai mandou o motorista ir para um endereço que eu não conhecia. A viagem de carro foi estranha: não conversamos, o que normalmente fazemos muito quando eu volto da escola; mamãe apertava a mão com força, apreensiva; papai olhava para os lados todas as horas, mas as janelas do carro estavam fechadas. 

—Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? Por que estão agindo assim?

—Hermione, quieta. Não faça nenhum barulho. 

Fiquei um pouco emburrada com isso. Me encostei no assento do carro e pensei em cochilar, mas o sono não vinha. Meus pais nunca agiram estranho e isso me preocupa muito. Eu sei que eles não iriam me levar para uma armadilha, mas estava começando a ficar muito nervosa. 

O carro parou depois de uma hora. O motorista abriu a porta para nós e eu vi que estava em frente a uma mansão gigantesca. Nunca vi nada parecido antes: era feita em uma pedra preta, provavelmente mármore; tinha paredes tão altas que eu tive que chegar para trás para conseguir olhar; a porta era grande, feita de mogno; e seu hall de entrada era enfeitado com um lustre de cristal do tamanho de uma casa. 

—Vamos querida- minha mãe sussurrou em meu ouvido. Percebi que ela também estava com medo. A pior coisa de tudo era que não existem muitas coisas que deixem minha mãe com medo. 

Meu pai de adiantou, indo em direção a porta. Ela se abriu antes que ele pudesse tocar a campainha, revelando um espaço suntuoso enorme, recoberto por tapeçarias impecáveis e ricamente decoradas. Havia outro lustres aqui, cuja luz era tão forte que fui forçada a olhar para baixo. Minha mãe segurou em minha mão e nós entramos atrás de papai. 

Quando me acostumei com a luz, percebi que as paredes também eram recobertas por tapeçarias, cada uma esboçando uma cobra. A grandiosidade do lugar o deixava frio e eu lutei contra o impulso de sair correndo ou chorar. Segui por corredores sem fim, impressionada com a riqueza do lugar. A presença de cobras era constante, o que me fez pensar instintivamente em...

Uma porta se abriu e nós entramos em um grande salão, ocupado unicamente por uma mesa grande. A iluminação aqui era mais fraca e focada em apenas uma cadeira, a da ponta. 

Poucas pessoas ocupavam a mesa, mesmo ela sendo quase do tamanho das mesas do Salão Principal de Hogwarts. Apenas o ciclo mais próximo do Senhor das Trevas.

O Lorde das Trevas trajava uma túnica preta simples e folgada, que não fazia jus ao seu grandioso nome. Ele era extremamente pálido, seus olhos eram vermelhos e seu nariz... pensei na imagem das cobras que enfeitavam a casa e percebi que ele era uma mistura entre humano e animal. 

—Ah, Dean. Que bom que finalmente se juntou a nós. E vejo que muito bem acompanhado. - disse ele. Sua voz era parecida com o som de mil facas, sendo extremamente seca e áspera. Cheguei mais perto de mamãe para me proteger. 

Sempre pensei que ele seria grandioso, talvez até bonito, mas eu estava muito enganada. Nunca senti tanto medo na minha vida, como se eu fosse sair correndo pela mansão. Mas me mantive firme, principalmente porque estava rodeada por pessoas que se importavam comigo e que não deixariam Voldemort fazer me nenhum mal. Eu espero.

—Milorde, é sempre uma honra. - disse meu pai. 

Ele foi se sentar ao lado de seu senhor. Eu queria gritar com papai, fazer com que ele percebesse que o homem ao seu lado era um genocida e que poderia machucá-lo. Mas fiquei apenas assistindo. 

—Hermione... que nome bonito. Onde você o tirou, Jane?

—Era um nome nobre, milorde. Achei que faria jus a grandiosidade do sobrenome que carrega. 

—Concordo, concordo. Inclusive, iremos falar sobre isso mesmo. Sangue. Família... diga-me, Hermione, você sabe sobre o sangue que corre nas suas veias?

—Sei que faço parte das Sagradas 28...

—Claro que sim. Mas estou perguntando sobre outra coisa. Veja bem, como todos sabem, eu sou descendente de um dos maiores bruxos de todos os tempos, Salazar Slytherin. Porém, olha só que coincidência, não sou o único. Minha cara, vou lhe contar um segredo. Você também faz parte de minha família. 

Eu já sabia disso, mas ouvir que eu era parente daquele homem me assustou muito. Não imaginava que ficaria tão impotente assim. Respirei fundo e tentei controlar meu medo. 

—Sim, eu sabia disso. 

—Esplêndido. A senhorita também sabia que não somos os únicos herdeiros dos fundadores?

—Sim, eu tenho uma prima. Leia Montegard...

—Não, não, não. Estou ciente da presença dessa pentelha, mas sei que não possui o sangue totalmente puro. Nem faz parte das Sagradas! Estou falando de outra pessoa. Uma menina, que possui a sua idade, é descendente de Godric Gryffindor. Seu nome é Maiara Gray.

Percebi que várias pessoas se remexeram quanto Milorde falou o nome dela. 

—Agora vejam só que trágico. Todos sabem que a briga entre fundadores de Hogwarts é uma coisa antiga, que envolveu muitos fatores. Mas o mais interessante disso tudo: existe uma maldição. Você sabia disso?

—Não, Milorde- eu menti. Sabia que Salazar tinha lançado uma maldição nos descendentes de Godric. Por isso Maiara foi congelada no segundo ano, mesmo tendo sangue puro. 

—Bem, Salazar lançou uma maldição nos herdeiros de Gryffindor, mas ela também é recíproca. Quando nosso antepassado amaldiçoou a família, também fez com que ela fosse capaz de se tornar um empencilho para nós. Veja bem, seus descendentes se fortaleceram contra nós. Os Gryffindor possuem o sangue capaz de nos derrotar. Consequentemente, não conseguirei atingir meus objetivos se ela ainda existir. Isso é ruim, não concorda?

Só consegui acenar com a cabeça em resposta. 

—Pois bem. Depois de muita pesquisa, descobri que a única forma de acabar com a maldição é matando todos os descendentes, já que ela se mantém através de seu sangue. Consegui fazer isso com muito sucesso, até que passei a missão para outras pessoas. 

Todos olharam para meu pai e Lúcio. Eu nunca senti tanta pena de meu pai. Agora eu entendo porque ele reagiu tão mal quando descobriu que Maiara estava viva, durante meu primeiro ano. Também sei porque está tão cansado: Voldemort está cobrando o preço pelo trabalho mal feito. 

—Veja só, querida Hermione. Você me deve um favor. Já que seu pai não foi capaz de cumprir uma tarefa tão simples, vou passá-la a você. Espero que não me decepcione como ele fez. 

Engoli em seco. Isso não pode estar acontecendo. Não, não, não, não. 

—Terá um ano para conseguir, minha querida, ou sérias coisas irão acontecer com você. Agora, pode ir. E peça para o senhor Malfoy entrar, ele está atrás da porta. 

Sai da sala com as pernas trêmulas. Não acredito no que está acontecendo. Nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas. Abri a porta, quase alheia ao movimento. Vi que Draco andava de um lado para outro, como se estivesse nervoso. Nem me importei, apenas sai correndo, o que queria fazer desde a primeira vez que eu vi esse lugar, chorar. 

 


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