The Slytherin escrita por Ravena


Capítulo 55
Departamento de Mistérios




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547140/chapter/55

Pov Maiara

As coisas começaram a dar errado no instante que saímos da escola. 

Adentramos na Floresta Proibida em busca dos trestálios. Quando descobrimos que eram a única forma de transporte que tínhamos, Neville soltou um gritinho. Eu entendo que eles são dóceis e muito prestativos, mas são feios que dói. Nada contra os feios que dói, mas ainda é uma visão assustadora. Pelo menos eu consigo vê-los, imagina Rony que nem vai saber em o que está montando. 

Quando finalmente encontramos os bichinhos, já estava mais tarde. Tínhamos perdido muito tempo com aquela sapa velha sebosa e eu não que queria nem imaginar o que teria acontecido com meu pai. Montamos com certa dificuldade, já que  metade das pessoas daquele grupo nem conseguia vê-los.

—Esse é literalmente o pior dia da minha vida. - gritou Rony quando já estávamos a alguns quilômetros da escola. 

—Não fala isso, vai jogar uma maldição em nossa missão. - eu retruquei. 

—Você está ignorando meu desespero, Maia. É praticamente como se eu estivesse voando em vidro a 200 metros de altitude! Vou ter uma vertigem agora mesmo. 

—Ah, vertigens não são causadas por altura! São os zonzóbolos que causa. - disse Luna com uma vozinha distante. Ela era, de longe, a pessoa que mais estava aproveitando aquele momento. Tinha deitado completamente na crina do testrálio e estava quase dormindo. A alma desse grupo, com certeza. 

 

Depois de alguns minutos, chegamos em uma rua mal iluminada que tinha uma cabide telefônica. Não entendi o motivo daquilo, mas Harry era a única pessoa que já tinha estado no Ministério, então não discuti quanto a parada. Nos esprememos dentro da cabine telefônica e ficamos olhando um para a cara do outro, esperando alguém dizer alguma coisa. 

A situação era uma vergonha: sete adolescentes espremidos dentro de uma caixa, vestidos com roupas de bruxos longas (Neville estava até de chapéu, pelo amor de Deus); a cabine em si era extremamente normal, tinha até adesivos de liquidação ( blusas estampadas, leve 3 e pague duas) e um telefone escrito ("duduzin cria, chama dd é nois 4002-8922). 

—O que exatamente nós estamos fazendo aqui? Isso aqui tá parecendo transporte público na hora do pico. 

—Se acalma, Maia. Essa é a entrada do Ministério. Eu já vim aqui com o senhor Weasley antes, só não me lembro do que tenho que fazer... Ah, já sei. 

 Depois que Harry digitou um número no telefone da cabine, sentimos um chacoalhar. Nós estávamos descendo, como se estivéssemos em um elevador. A cabine nos tirou do nível da rua e afundamos gradativamente no solo até que saímos em um amplo salão embaixo da terra. 

Nunca tinha ido no Ministério e isso não me incomodava nem um pouco. Odeio burocracia, mas com certeza amaria ficar naquele lugar. Tudo irradiava magia, desde as paredes até a imensa fonte de água do meio do salão. Tinha um aspecto mais escuro, sendo que toda sua extensão era decorada com quase a mesma pedraria. Várias lareiras preenchiam o corredor de entrada, provavelmente os bruxos saiam dali. 

Como não tinha tempo de ficar admirando, corri pelo lugar. Harry vinha sonhando com aquela sala em que Sirius estava sendo torturado há meses, então sabia onde deveria ficar. Corremos muito e, quando me dei por gente, estava em um amplo corredor pouquíssimo iluminado e cercado por labirintos de prateleiras sem fim. Cada prateleira estava cheia de bolas de cristal de aspecto estranho.

—Isso é estranho, por que meu pai estaria aqui? 

—Não sei, mas tenho certeza que essa era a sala. Temos que achar uma dessas bolas aqui, não sei porque ainda. Vamos, acho que ela está na prateleira 60.

Fomos andando pelo labirinto de prateleiras super escuro. Enquanto andava por aquelas estantes, ouvi alguns sussurros. Me assustei tanto que até esbarrei em Gina. 

—Tá tudo bem, Maia? Você deu um pulão agora.

—Nada não, é que eu estou ouvindo alguma coisa. 

—Eu não estou ouvindo nada.

Mas eu tinha certeza que tinha ouvido. Me aproximei do barulho, proveniente de uma das bolas de cristal. 

" o leão e a cobra se encontram novamente

nos desafios maiores do que a mente"

—Achei- gritou Neville, a uns 7 corredores a frente. 

Eu estava tão entorpecida por aquele murmúrio que tinha me esquecido completamente de meus amigos. Por que só eu ouvi aquilo? Já sei, estudei sobre isso há algum tempo. Aqueles globos são profecias, e só podem ser tiradas do local ou escutadas por aqueles as quais se referem. Mas então existia alguma profecia sobre mim? Depois pensaria mais sobre isso.

Comecei a andar na direção dos meus amigos quando um vulto surgiu no meio do caminho. Era uma figura alta, de cabelos prateados claros e usava uma capa preta. Mesmo não conseguindo ver seu rosto, percebi quem era: Lúcio Malfoy.

—Cadê o Sirius? - perguntou Harry para ele. Meus amigos olhavam para a figura do outro lado do salão e aparentavam uma coragem falsa.

—Sabe você precisa aprender a diferença de sonho e realidade. Você viu só o que o lorde das trevas queria que você visse. Agora me dê a profecia. - respondeu Malfoy. 

Então era tudo mentira! Realmente não sei dizer se isso é bom o ruim. Meu pai estava a salvo mas nós estávamos prestes a morrer e eu tinha perdido meu dia de descanso para nada. 

—Se você der um passo, eu quebro. - disse Harry.

Uma risada finíssima foi ouvida de longe. Bellatrix Lestrange surgiu ao lado de Lúcio. Seria uma mulher até bonita se não estivesse impregnada de maldade. Os anos que passou em Azkaban foram péssimos para ela, deixando sua aparência horrível e maltratada. 

—Ele sabe brincar. Tolo, tolo. Ah, Neville Longbotton. Como vão seus pais?

—Muito bem, mas estarão melhor agora depois de serem vingados.

—Vamos nos acalmar, por favor. Nós só queremos a profecia.

—Por que Voldemort precisa tanto dela?

—Você ousa falar o nome dele? Seu rato imundo. - gritou Lestrange.

—Acalme-se, Bella. É só um rapaz curioso. Profecias só podem ser retiradas por aqueles de quem elas falam. É um rapaz muito sortudo, senhor Potter. Nunca se preocupou o motivo da sua ligação com o maior bruxo de todos os tempos? Por que ele não pode matá-lo, quando era apenas um bebê. As respostas estão aí. Só me entregar, que eu mostro. - disse Lúcio com uma voz muito calma. 

Aos poucos, percebi que muitos Comensais começaram a chegar, cercando meus amigos. Comecei a andar em sua direção, por um caminho alternativo que evitava Lúcio e Bellatrix. 

—Vamos, senhor Potter. Me entregue a profecia. 

Lúcio estava muito perto de Harry agora e qualquer movimento já seria capaz de tomar a profecia de suas mãos. Pulei na frente dele e gritei:

—Estupefaça.

Meus amigos gritaram a mesma coisa, para espantar os outros Comensais. Lúcio foi lançado muito longe e Bellatrix foi atrás para acudir. Começamos a correr pelos corredores, tentando achar uma saída o mais rápido possível. Os Comensais ainda nos seguiam, mas alguns feitiços bastavam para detê-los. 

Estava tudo indo bem, até Gina lançou um Reducto tão forte que provocou uma reação em massa de derrubada de profecias, sendo que a sala toda começou a desmoronar. Corremos até uma única porta, a única saída do lugar. 

Com um bombarda poderoso, Olívia arrebentou a porta e todos nós caímos para o outro lado. Teria sido uma queda catastrófica se não tivesse feito um feitiço para nos proteger. estávamos em uma sala grande de pedra com apenas um arco no meio. A saída ficava bem distante, do outro lado da sala. Não sei qual é o motivo de eles terem aquela sala no Ministério da Magia. Parecia tão comum.

—Departamento de Mistérios, deveria se chamar Departamento dos Horrores. - disse Rony.

—Estão escutando vozes? Eu escuto, atrás do Portal. 

—Mas ele está vazio gente.- disse Olívia. - Acho melhor irmos embora. 

Antes que pudéssemos começar a andar, algumas sombras irromperam da porta. Um barulho absurdamente alto surgiu e todos fomos agarrados por mãos cobertas de luvas, nos separando dos demais. Eu mordi tão forte a mão que me segurou que até fiquei com sangue na boca. A pessoa, seja ela quem for, me soltou no chão. 

Não sabia o que tinha acontecido, porque foi tão rápido e escuro que nem me toquei que poderíamos ser atacados de novo. Quando levantei do chão, tive noção do estrago que tinha acontecido: meus amigos eram reféns que Comensais da Morte, um em cada canto da sala. Harry e eu ainda estávamos no mesmo lugar de antes, mas muito distantes dos demais. Eles estavam assustados, e Luna estava até com o nariz sangrando. 

Nunca deveria tê-los deixado vir. E também estava com muita pena deles, por estarem tão machucados.

—Vocês não desistem mesmo, não é? - perguntou um homem a poucos metros de nós. - Chegaram mesmo a acreditar que vocês, crianças, poderiam nos enfrentar?

Ele era alto e musculoso, com cabelos castanhos cacheados e olhos bonitos. Estava claramente em um nível superior ao de outros Comensais, principalmente por causa de suas vestes mais longas. 

—E vejo também que Lúcio não está entre nós. Estou certo, Bella?

—Dean, não vai acreditar! A ratinha nocauteou Lúcio. Tive que tirá-lo daquele salão horrendo o mais rápido que pude. Até estragou as minhas unhas! - disse Bellatrix. Ela segurava Neville com tanta força que percebi uma gota de sangue caindo pelo seu uniforme. 

—Ah, então vocês andaram treinando. Mas garanto que não será o bastante. Me entreguem a profecia e talvez seus amigos possam ir.

—Não dê a ele, Harry. - gritou Neville. 

Por mais que isso tenha sido incrivelmente corajoso, tínhamos perdido. Nossos amigos estavam feridos e tinham sido capturados. Estávamos sem esperanças. 

—Não dê isso a ele, Harry! - eu falei. 

O homem elegante sacou a varinha e correu em minha direção. Ele talvez poderia ter me matado ali mesmo, mas de repente, uma figura de cabelos longos se materializou em nossa frente. Á princípio, pensei que era até um anjo nos defendendo. Mas era muito melhor que isso. 

—Fique longe da minha filha, Granger.

Meu pai lançou um feitiço tão forte que Dean Granger foi parar do outro lado do salão. Percebi que a Ordem da Fênix tinha chegado para nos ajudar, salvando meus amigos dos Comensais. Harry, pelo que percebi de canto de olho, havia deixado a profecia cair no chão no meio da batalha. 

—Como chegou aqui? - eu perguntei feliz da vida. 

—Fiquei sabendo que vieram até aqui só pra me salvar. O que estavam pensando? - disse meu pai lançando mais alguns feitiços. 

—Queríamos te ajudar e é isso que recebemos em troca? -disse Harry. 

Uma luta realmente épica estava acontecendo naquele lugar. Meus amigos entraram em sintonia com a Ordem e estavam todos lutando como um time. 

—Achei bem inconsequente, ou seja, é o tipo de coisa que eu faria. Mas agora quero que saiam daqui. 

—Mas nós queremos ficar com você!- eu gritei, indignada. 

—E eu quero que vocês se sintam seguros. Eu amo vocês dois, e por isso precisam ir embora. 

—Ah, que linda declaração de amor paterno.- disse uma voz arrastada ao longe. 

Bellatrix começou a lutar contra meu pai e eu e Harry fomos obrigados a sair do lugar. Olhando ao redor, estávamos ganhando. Os Comensais foram presos em um canto da sala e nossos amigos estavam a caminho da saída. Não tinha mais conversa, tínhamos ganhado. 

—Avada Kedavra. - gritou uma voz feminina. 

Meu mundo caiu de repente. Foi como se eu não estivesse realmente naquele lugar, assistindo a morte de uma das única pessoa que ainda importava na minha vida. Meu pai estava sorrindo, mesmo depois de receber a maldição imperdoável. Não sei se ele se virou para mim ou foi só um produto da minha cabeça. Ele sorriu e falou "eu te amo" antes de desaparecer para além do arco de pedra. 

Eu caí no chão, sem forças para acreditar no que realmente estava vendo. Esperei que meu pai saísse de trás daquele arco de pedra e viesse até mim. Mas eu sabia que isso não aconteceria. Assisti Harry ir atrás de Bellatrix, tentando vingar a morte da única pessoa que eu ainda tinha. 

Mas eu não conseguia nem me mexer. Senti que alguém me abraçava, Rony. Não entendia o porquê daquilo. A única coisa que eu entendia é que tinha que afundar minha cabeça na sua camisa e chorar. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Slytherin" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.