The Slytherin escrita por Ravena


Capítulo 31
Patrono




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547140/chapter/31

Olhei para Harry sem ter o que falar. Era mentira, não podia estar acontecendo. Meu pai era Wes Medici, que morreu quando eu ainda era uma menininha. Era um engado, claro. Olhei para Harry com a intenção de me explicar mas ele não olhava para mim. Estava olhando para frente, mas seu olhar era vazio e extremamente dolorido. Olhei ao nosso redor e percebi que as pessoas estavam extremamente espantadas com a revelação.

Sirius Black, o responsável pela morte dos Potter era nada mais nada menos que o padrinho de seu filho. E, aparentemente, pai de sua melhor amiga. Que, no caso, era eu mesma.

—Maiara Gray não pode ser filha de Sirius Black- disse Minerva espantada.

—Infelizmente temo que isso seja verdade, minha cara. Liara era uma mulher extremamente encantadora, mas também muito leviana. Se não me falhe a memória, ela pertenceu a Grifinória, assim como seu futuro amante. Se conheceram em seu período de escola e se apaixonaram. Infelizmente, ela engravidou ainda solteira, o que seus pais não aprovariam. Ainda grávida, casou-se com Wes Medici já que Black não era o par adequado na época. Nem mesmo ele sabe de sua filha. - disse Hagrid- Liara até tentou criar uma atmosfera familiar. Adotou duas crianças no orfanato, Willian e Katherina. Eram uma família feliz até que Wes morreu em um acidente e, alguns anos depois, toda a família foi morta por Comensais. Tem uma história muito sofrida, aquela Maiara. Se não bastasse isso, morou com aquela tia nojenta por parte de mãe todos aqueles anos.

A professora olhou espantada para ele

—Então como você sabe disso?

—Liara confessou seus atos para apenas uma pessoa: Alvo Dumbledore. Pediu conselhos para tratar sua situação deplorável. Infelizmente, no dia de sua confissão, Lúcio Malfoy requisitava uma audiência com o diretor, e ouviu toda a história. Dumbledore descobriu e comprou seu silêncio, para o desespero de Liara ser evitado. Infelizmente aquele cafajeste não vale nada. Saiu berrando mundo afora sobre uma suposta filha de Black, naquela época não era nada demais, ele não era um fugitivo. Eu estava por perto e o confrontei. Hoje vejo o erro que cometi ao enfrentar aquele homem.

A professora fez um olhar espantado e olhou para os demais companheiros.

—A menina sabe?

—Apenas eu, Lúcio e Dumbledore. O diretor apagou a memória das pessoas que ouviram a respeito. Eu era de confiança, não precisei disso. Já Lúcio... bem, Dumbledore achou que seria uma prova de confiança não apagar a memória dele. Jamais falaria que Dumbledore cometeu alguma atitude equivocada na vida, mas hei de concordar que não foi um de seus movimentos mais sábios.

Ah que ótimo. Meu pai é um assassino em série foragido e Comensal da Morte. Acho que isso explica algumas coisas. A única coisa que tenho realmente certeza é que se Hermione Granger e sua trupe maldita ficar sabendo disso... bem, eu me ferrei gostoso.

A pior coisa disso tudo era: meu pai era um demônio. Acabou com a vida de meu melhor amigo. Era uma ironia também que seus amigos mataram minha mãe depois. O que ele acharia disso? Que a mulher que ele amava foi morta por seus amigos? 

Acho que as pessoas lembraram que tinha alguma coisa para fazer depois da história e começaram a ir embora. Eu e meus amigos também saímos do bar, eu e Harry ainda debaixo da capa, e fomos em direção da saída do vilarejo. Não estávamos mais no clima para nada.

Harry não olhou na minha cara nem uma vez. Não sei o que sairia dali. Se fosse eu, até bateria na pessoa que estivesse na minha atual situação. Ele, entretanto, ficou impassível ao meu lado, não falando nem uma palavra até que chegássemos na clareira ao lado do vilarejo.

Tiramos a capa e sentamos em uma pedra, com Rony e Olívia na nossa frente. Harry olhou para mim com um olhar acusatório, transbordado de raiva. Achei extremamente estranho, já que ele estava completamente calmo desde que saímos do Três Vassouras.

—Olhem só. Harry Potter mais uma vez é a vítima da situação. Agora sim é o fim da picada: meu padrinho, a pessoa que deveria supostamente me proteger, foi a causa da morte de meus pais. E pior, é pai da minha melhor amiga. Que beleza! – ele gritou – Mais uma vez que eu sou o coitadinho que merece atenção, droga. Vocês viram o peso que as palavras tinham? O pesar com o qual eles contavam a minha história, o menino ferrado? Pois bem, se Sirius Black quiser vir atrás de mim, que venha. Vou estar pronto e não vou deixar que ninguém me impeça ou me proteja.

Uau, essa não era a resposta que eu estava esperando, mas estou orgulhosa de meu amigo. Sinceramente, acho Harry extremamente forte. O menino já passou pelo inferno, perdeu os pais, foi maltratado pelos tios e ainda tem que conviver constantemente com os olhares de pena que só pioram sua situação. Forte até demais.

—Maiara, Rony e Olívia, vocês são meus amigos e não quero que se metam com esse psicopata...

—E deixar que você leve toda a glória de enfrentar o cara? Nem vem que não tem, Potter. Vamos entrar nessa juntos. Eu sei que ele é meu pai, mas ele não é meu pai, entendeu? Meu pai foi Wes Medice e não importa o que os outros digam. Vou lutar contra esse homem junto com você e ele vai ter que matar a própria filha para chegar até você. – eu disse.

Harry me lançou um olhar admirado e agradecido.

—Já estou vendo que eu vou ter que enfrentar o cara também, né? – disse Rony com aquele seu jeito bobão de sempre- Tá legal, mas se nós sobrevivermos, eu quero a Morgana dos Sapos de Chocolate, Maia. Edição de colecionador.

—Você é um cretino, Ronald- eu disse fingindo raiva- Já que você insiste, eu te entrego a edição normal.

—Normal? Tenha misericórdia. Quero então três varinhas de alcaçuz e cartão.

—Fechado.

—Parem de barganhar, vocês. Vou também, já que alguém precisa bolar os planos dessa coisa suicida- disse Olívia se encostando em uma pedra.

—Não sei o que seria de mim sem vocês. – disse Harry

—Aí, sai pra lá com essa frescura, Potter. Vamos logo voltar para o castelo.

 —------------------

Eu estava esperando Harry terminar seu vigésimo feitiço do Patrono. Com a ameaça de Sirius Black e os dementadores cada vez mais próximos, eu e ele pedimos ajuda ao professor Lupin para realizar o feitiço. O problema é que isso é extremamente exaustivo e eu não tenho muita paciência depois da quinta tentativa.

Resultado, Harry ficou dentro da sala do professor tentando fazer o feitiço, e eu estava esperando em um dos bancos do corredor. De acordo com a lei das novelas/ dramas, todas as vezes que você está sozinho em algum lugar, normalmente acaba esbarrando com a pessoa que você menos gosta da face da terra.

Infelizmente, isso sempre acontece comigo. 

Hermione Granger vinha em minha direção, andando sozinha, pela primeira vez em 14 anos. A idade dela, claro. Com aquele narizinho arrebitado de sempre, aquele olhar de superioridade e aquela boca já projetada na expressão de desprezo, Granger era permanentemente nojenta. 

Quando ela me viu, sua expressão de deboche característica se transformou em um sorriso sarcástico. Ela parou a pouquíssimos passos do banco que eu estava sentada, e ficou estática.

—Eu quero falar com o Lupin- ela disse firmemente para mim, como se eu fosse a secretária dele.

—E eu com isso, garota.

—Mas você não é uma empregada? Achei que também fazia reserva de atendimento e essas coisas, sabe?

—Ai meu Merlim, mas que piadinha velha, hein? É a mesma coisa que dizer que Katy Perry não tem Grammy. Já passou do ponto Dá próxima vez, cria uma piadinha melhor.

—É um fato, querida, e não uma piadinha. Deixo essas coisas fúteis com você. Vem cá, quem é Katy Perry?

—Vou ignorar a sua pergunta como eu normalmente faço com a sua presença. Agora chispa daqui. Eu também estou esperando e parece que o professor ainda vai demorar.

—Que infame. Sujeitinho sujo, ele é. Não sabe nem se vestir, quem dirá trabalhar. Tem alguma coisa muito errada com esse homem e eu ainda vou descobrir tudinho.

—Se você acha, Sherlock. Sai daqui.

Ela saiu requebrando a bunda para o lugar que tinha vindo. Sebosa. Dez minutos depois, a porta se abriu e um exausto Harry Potter saiu da sala. O professor vinha atrás dele, com um olhar otimista.

—Harry já está pegando o jeito, Maia. Você também deveria tentar na próxima vez.

—Próxima vez? Você não conseguiu nada?- eu perguntei olhando espantada para Harry. Parecia que ele havia lutado umas cinco guerras, de tão exausta que sua aparência estava.

—Esse feitiço é absurdamente difícil. Duvido que conseguiria no primeiro dia.

—Tá, que seja. Agora eu preciso é comer. Estou morrendo de fome. 

—Harry está certo. Esse feitiço é extremamente difícil. Você precisa se concentrar em sua memória mais feliz e é muito difícil encontrá-la. - disse o professor

—E o que você pensou, Harry? 

—Tentei pensar nos meus pais. Não deu muito certo. Da próxima vez, acho que consigo.

—Pelo menos você tem uma lembrança boa de seus pais. Minha mamãe era absolutamente fabulosa, mas meu pai... bem, ser um assassino procurado e fugitivo é bom complicado.

Os dois olharam para mim com olhares assustados e repreendedores.

—Não deveria falar isso, Maiara. Alguém pode escutar! Isso é ouro nas mãos de quem não gosta de você. Além disso, é um perigo muito constante. 

—Ah, por favor. Todos me amam nesse colégio. 

Infelizmente isso não era verdade. Havia uma pessoa que não gostava mesmo de mim nesse colégio. E ela se encontrava atrás da pilastra do corredor, escutando toda a nossa conversa. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Slytherin" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.