Avada Kedavra escrita por potterstinks


Capítulo 4
[1x3] Agouros.




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Capítulo III

Agouros.

"Existe um lugar onde ninguém pode tirar você de mim. Esse lugar se chama pensamento, e nele, você me pertence."

Eu esperei os três terminarem o café, e assim que eles acabaram nós nos despedimos de Fred e Jorge, e fomos saindo para o saguão. Assim que passamos pela mesa da Sonserina, Draco tornou a fazer a imitação do desmaio. As gargalhadas acompanharam-nos até a entrada do saguão. Mas as gargalhadas de Draco pararam quando eu lancei um olhar fulminante a ele.

A viagem pelo castelo até a Torre Norte era longa. Provavelmente eles também nunca haviam ido à Torre Norte antes, porque estavam tão perdidos quanto eu.

– Tem... Que... Ter... Um... Atalho... - ofegava Rony assim que subimos a sétima longa escada e chegamos a um patamar desconhecido, onde não havia nada exceto um grande quadro de um campo relvado pendurado na parede de pedra.

– Acho que é por aqui. - disse Hermione, espiando um corredor vazio à direita.

– Não pode ser. - discordou o ruivo. - Aí é sul, olha, dá para, ver um pedacinho do lago pela janela...

Então eu e Harry paramos para examinar o quadro. Um gordo pônei cinza malhado pisou lentamente na relva e começou a pastar sem muito entusiasmo. No instante seguinte, um cavaleiro baixo e atarracado, vestindo armadura, entrou retinindo pelo quadro à procura do seu pônei.

Pelas manchas de grama nas joelheiras metálicas, ele acabara de cair do cavalo.

– Ah-ah! - berrou, assim que nos viu lá. - Quem são esses vilões que invadem as minhas terras! Porventura vieram zombar da minha queda? Desembainhem as espadas, seus velhacos, seus cães!

Eu senti uma imensa vontade de rir naquela hora, e os meninos observaram espantados, o cavaleiro nanico puxar a espada da bainha e começar a brandi-la com violência, saltando para aqui e para ali enraivecido. Mas a espada era demasiado comprida para ele; um golpe particularmente exagerado desequilibrou-o e ele caiu de cara na grama. Era uma cena hilária!

– O senhor está bem? - perguntou Harry, se aproximando do quadro com cautela.

– Afaste-se, fanfarrão desprezível! Para trás, patife! – eita, o cavaleiro tá doidinho ou é impressão minha?

O cavaleiro retomou a espada e usou-a para se reerguer, mas a lâmina penetrou fundo na terra e, embora ele a puxasse com toda a força, não conseguiu retirá-la. Finalmente, teve que se largar outra vez no chão e levantar a viseira para enxugar o rosto coberto de suor.

– Escuta aqui – comecei, me aproveitando da exaustão do cavaleiro –, estamos procurando a Torre Norte. O senhor conhece o caminho, não?

– Uma expedição! – A raiva do cavaleiro pareceu sumir instantaneamente. Levantou-se retinindo a armadura e gritou: – Sigam-me, caros amigos, alcançaremos o nosso objetivo ou pereceremos corajosamente na peleja! – ok, eu admito, ele endoidou.

Ele deu mais um puxão inútil na espada, tentou, mas não conseguiu montar o gordo pônei e gritou:

– A pé, então, dignos senhores e gentis senhoras! Avante! Avante!

E saiu correndo, a armadura fazendo grande estrépito, passou pelo lado esquerdo da moldura e desapareceu de vista.

Precipitamo-nos atrás dele pelo corredor, seguindo o barulho da armadura. De vez em quando nós o avistávamos passando para o quadro seguinte.

– Sejam fortes, o pior ainda está por vir! - berrou o cavaleiro e o vimos reaparecer diante de um grupo assustado de mulheres vestindo anáguas de crinolina, cujo quadro fora pendurado na parede de uma estreita escada circular.

Ofegando ruidosamente, nós quatro subimos os estreitos degraus em caracol, até que finalmente ouvimos o murmúrio de vozes no alto e vimos que tinhamos chegado à sala de aula.

– Adeus! - gritou o cavaleiro, enfiando de repente a cabeça no quadro de uns monges de aspecto sinistro. - Adeus, meus camaradas de armas! Se um dia precisarem de um coração nobre e fibra de aço, chamem Sir Cadogan!

– Ah, sim, chamaremos. - murmurou Rony quando o cavaleiro doidinho foi sumindo de vista -, mas se um dia precisarmos de um maluco.

Dei um tapa na nuca de Rony, - Ele é mais legal que você. – digo rindo, e ele me olha com uma expressão ofendida.

Eu admito, eu adorei o cavaleiro das drogas.

Subimos os últimos degraus e chegamos a um minúsculo patamar, onde já estava a maioria dos outros alunos. Não havia portas no patamar, mas Rony nos cutucou indicando-nos o teto, onde havia um alçapão circular com uma placa de latão.

– Sibila Trelawney, Professora de Adivinhação. – li, fazendo uma expressão confusa logo em seguida. - E como é que esperam que a gente chegue lá em cima?

Como se respondesse à minha pergunta, o alçapão se abriu inesperadamente e uma escada prateada desceu aos meus pés. Todos se calaram.

– Primeiro você. – Harry sorriu, eu subi a escada ele foi em seguida, e o resto dos alunos foram subindo. Cheguei à sala de aula mais esquisita que já havia visto - não que eu já tenha visto muitas, mas é que essa era realmente esquisita. Na realidade, sequer parecia uma sala de aula, e, sim, uma junção de sótão com salão de chá antigo. Havia, no mínimo, vinte mesinhas circulares juntas ali, rodeadas por cadeiras forradas de chintz e pequenos pufes estufados. O ambiente era iluminado por uma fraca luz avermelhada; as cortinas das janelas estavam fechadas e os vários abajures, cobertos com xales vermelho-escuros. O calor sufocava e a lareira acesa sob um console cheio de objetos desprendia um perfume denso, enjoativo e doce ao aquecer uma grande chaleira de cobre. As prateleiras em torno das paredes circulares estavam cheias de penas empoeiradas, tocos de velas, baralhos de cartas em tiras, incontáveis bolas de cristal e uma imensa coleção de xícaras de chá. Eita porra, a gente vai fazer macumba?

Rony espiou por cima dos nossos ombros enquanto os colegas se reuniam à nossa volta, todos falando aos cochichos.

– E onde está a professora? - questionou Rony.

Uma voz saiu subitamente das sombras, uma voz suave, meio etérea.

– Sejam bem-vindos. Que bom ver vocês no mundo físico, finalmente.

Vamos ter aulas dadas por um inseto? Esse foi meu primeiro pensamento ao ver a professora. Assim que ela saiu das sombras e, à luz da lareira, pude ver que ela era realmente muito magra; uns óculos imensos aumentavam seus olhos diversas vezes, e ela vestia um xale diáfano, salpicado de lantejoulas. Em volta do pescoço fino, usava inúmeras correntes e colares de contas, e seus braços e mãos estavam cobertos de pulseiras e anéis.

– Sentem-se, crianças, sentem-se. - disse, e todos subiram desajeitados nas cadeiras ou se afundaram nos pufes. Harry, Rony e Hermione se sentaram a uma mesa redonda, e eu me sentei em um pufe mais afastado deles.

– Bem-vindos à aula de Adivinhação. – começou a professora, que se acomodara em uma bergêre diante da lareira. - Sou a Profª Sibila Trelawney. Talvez vocês nunca tenham me visto antes, acho que me misturar com frequência à roda-viva da escola principal anuvia minha visão interior. - que diabos ela disse?

Ninguém fez nenhum comentário a ‘tão extraordinária’ declaração. A professora rearrumou delicadamente seu xale e continuou:

– Então vocês optaram por estudar Adivinhação, a mais difícil das artes mágicas. Devo alertá-los logo de início que se não possuírem clarividência, terei muito pouco a ensinar a vocês. Os livros só podem levá-los até certo ponto neste campo...

Ao ouvirem isso, vi que Harry e Rony se entreolharam e em seguida olharam sorrindo para Hermione, que pareceu assustada com a notícia de que os livros não ajudariam nessa matéria.

– Muitos bruxos e bruxas, embora talentosos para ruídos, cheiros e desaparecimentos instantâneos, permanecem, ainda assim, incapazes de penetrar nos mistérios do futuro.

A Profª continuou a falar, seus enormes – enormes mesmo - olhos brilhantes iam de um rosto nervoso a outro.

– É um dom concedido a poucos. Você, menino - disse ela de repente a Neville, que quase caiu do pufe. - Sua avó vai bem?

– Acho que vai. - respondeu Neville trêmulo. Sério mesmo que ele tá acreditando nesse papo?

– Eu não teria tanta certeza se fosse você, querido. - disse a professora calmamente, enquanto a luz das chamas fazia faiscarem seus longos brincos de esmeraldas.

O garoto engoliu em seco. A profª continuou tranquilamente.

– Vamos cobrir os métodos básicos de adivinhação este ano. O primeiro trimestre letivo será dedicado à leitura das folhas de chá. No próximo, abordaremos a quiromancia. A propósito, minha querida - disparou ela de repente para Parvati -, tenha cuidado com um homem de cabelos ruivos.

A garota lançou um olhar assustado a Rony, que se sentara logo atrás dela, e puxou a cadeira devagarinho para longe dele. Eu me segurei para não rir, foi uma cena engraçada, principalmente a careta que Rony fez.

– No segundo trimestre, - continuou a professora/inseto gigante - vamos estudar a bola de cristal, isto é, se conseguirmos terminar os presságios do fogo. Infelizmente, as aulas serão perturbadas em fevereiro por uma forte epidemia de gripe. Eu própria vou perder a voz. E, na altura da Páscoa, alguém aqui vai deixar o nosso convívio para sempre. – tomara que seja ela, porque né.

Seguiu-se um silêncio bem tenso a essa predição, mas a Profª inseta pareceu não tomar conhecimento.

– Será, querida - dirigiu-se ela a loirinha antipática do dormitório, vulgo Lilá Brown, que estava mais próxima e se encolheu na cadeira -, que você poderia me passar o bule de prata maior?

A garota, com um ar de alívio, se levantou, apanhou um enorme bule na prateleira e pousou-o na mesa diante da mestra.

– Obrigada, querida. A propósito, essa coisa que você receia vai acontecer na sexta-feira, dezesseis de outubro.

A loiripática - loirinha antipática - estremeceu.

– Agora quero que vocês formem pares. Apanhem uma xícara de chá na prateleira e tragam-na aqui para eu encher. Depois se sentem e bebam, bebam até restar somente a borra. Sacudam a xícara três vezes com a mão esquerda, depois virem-na, de borda para baixo, no pires, esperem até cair a última gota de chá e entreguem-na ao seu par para ele a ler. Vocês vão interpretar os desenhos formados, comparando-os com os das páginas cinco e seis de Esclarecendo o futuro. Vou andar pela sala para ajudar e ensinar a cada par. Ah, e querido - ela segurou o braço de Neville quando ele foi se levantar -, depois que você quebrar a primeira xícara, por favor, escolha uma com desenhos azuis, gosto muito das de desenhos rosa. - por acaso ela está rogando praga para o coitado? Porque é isso que parece.

Eu acho que foi praga mesmo, porque Neville mal chegara à prateleira de xícaras quando se ouviu um tilintar de porcelana que se quebrava. A professora deslizou até ele levando uma pá e uma escova e disse:

– Uma das azuis, então, querido, se não se importa... Obrigada...

Porque diabos ela não consertou a xícara com magia? Por acaso ela é burra?

Eu levantei-me e levei minha xícara para encher, voltei ao local onde estava e tentei beber rapidamente o chá pelando. Sacudi a borra conforme a insetona mandara, mas como eu estava sozinha, fiquei apenas observando os pares.

Assim que a professora percebeu que eu estava sozinha, ela se aproximou de mim:

– Posso querida? – apontou para minha xícara, que eu ainda segurava. Assenti timidamente, e ela começou a olhar as borras, e todos os olhares se voltaram para nós quando ela começou a falar:

– Uma xícara bem interessante a sua, minha querida. – começou com um sorriso misterioso, - Você tem o Valentim, que quer dizer que você vai amar uma pessoa e será amada com a mesma intensidade, e esse amor vai ser a salvação dos dois. – soltei um muxoxo, e vi que Hermione me lançou um sorriso malicioso da mesinha onde estava. - Você também tem a Espectral, significa que uma pessoa que já morreu vai afetar e mudar completamente sua vida... – então ela abriu um sorriso ainda maior, - Hm, muito interessante... Você tem a fênix, que quer dizer que você é tão poderosa e majestosa como uma, e mesmo que aconteça qualquer coisa de ruim, e vai acontecer, você irá renascer das cinzas, assim como ela. – ela sorriu para mim, - Uma xícara interessante. – disse, por fim, e entregou-me a minha xícara, começando a caminhar pela sala. Percebi que todos os olhares ainda estavam em mim, mas foram desviados para Harry assim que Sibila foi até o garoto.

Não prestei atenção no resto da aula, só ouvi algo sobre algo relacionado a um sinistro, mas eu não conseguia tirar as palavras da Profª de minha mente.

“Esse amor vai ser a salvação dos dois...”.

”Uma pessoa que já morreu vai afetar e mudar completamente sua vida...”.

“E mesmo que aconteça qualquer coisa de ruim, e vai acontecer, você irá renascer das cinzas...”.

Saí de meus pensamentos quando ouvi a voz de Harry:

– Quando vão terminar de resolver se eu vou morrer ou não? - perguntou o garoto, e me virei para olhá-lo. Todos os alunos estavam em volta dele, e parecia que ninguém queria olhar pra ele.

– Acho que vamos encerrar a aula por hoje. - disse a professora no tom mais etéreo possível. - E... Por favor, guardem suas coisas...

Em silêncio a classe devolveu as xícaras à professora, guardou os livros e fechou as mochilas. Até mesmo Rony evitava o olhar de Harry, coisa que eu não entendi.

– Até que tornemos a nos encontrar - disse a Profª com uma voz fraca - que a sorte lhes seja favorável. Ah, e querido - disse apontando para Neville -, você vai se atrasar da próxima vez, portanto trate de trabalhar muito para recuperar o tempo perdido.

Vi que Harry, Rony e Hermione desceram a escada da Profª Sibila sem nem me esperar, coisa que me irritou profundamente. Eu tinha ganhado um mapa da escola de presente do Profº Dumbledore – quando mencionei que era muito propensa a me perder em locais grandes – então já sabia onde era a sala da aula de Transfiguração. Fui uma das primeiras alunas a chegar lá, e escolhi um local bem afastado para ficar, bem no fundo da sala.

Assim que a aula começou, eu já estava adorando. A Profª falava sobre Animagos - bruxos que podiam se transformar à vontade em animais -, mas o que estava me deixando irritada - muito mais do que eu já estava – era que o resto da classe não parou de lançar olhares furtivos ao Harry, como se ele estivesse prestes a cair morto a qualquer momento. Fiquei maravilhada quando vi a professora se transformar em um belo gato malhado com marcas de óculos em torno dos olhos.

– Francamente, o que foi que aconteceu com os senhores hoje? - perguntou a Profª Minerva, voltando a ser ela mesma, com um estalinho, e encarando a classe toda. - Não que faça diferença, mas é a primeira vez que a minha transformação não arranca aplausos de uma turma.

Todas as cabeças tornaram a se virar para Harry, mas ninguém falou. Então Hermione ergueu a mão.

– Com licença, professora, acabamos de ter a nossa primeira aula de Adivinhação, estivemos lendo folhas de chá e...

– Ah, naturalmente. - comentou a professora, fechando a cara de repente. - Não precisa me dizer mais nada, Srta. Granger. Me diga, qual dos senhores vai morrer este ano?

Todos olharam para ela.

– Eu. – disse Harry, por fim.

– Entendo. - disse ela, fixando em Harry seus olhos de contas. - Então, Potter, é melhor saber que Sibila Trelawney tem predito a morte de um aluno por ano desde que chegou a esta escola. Nenhum deles morreu ainda. Ver agouros de morte é a maneira com que ela gosta de dar boas-vindas a uma nova classe. Não fosse o fato de que nunca falo mal dos meus colegas...

A professora se calou, mas todos perceberam que suas narinas tinham embranquecido de cólera. Ela continuou mais calma:

– A Adivinhação é um dos ramos mais imprecisos da magia. Não vou ocultar dos senhores que tenho muito pouca paciência com esse assunto. Os verdadeiros videntes são muito raros e a Profª Trelawney...

Ela parou uma segunda vez, como se medisse o que fosse dizer, e em seguida disse, num tom despido de emoção:

– Para mim o senhor parece estar gozando de excelente saúde, Potter, por isso me desculpe, mas não vou dispensá-lo do dever de casa, hoje. Mas fique descansado, se o senhor morrer, não precisa entregá-lo. – dei uma gargalhada alta com isso. É, eu estou adorando essa escola.


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