New life - History of teenagers escrita por GabiElsa


Capítulo 65
Always together


Notas iniciais do capítulo

HI GUYS! Como vocês estão? Feliz 2018! Que saudade de vocês. Vocês pensaram que ia abandonar a fic né? Também, depois de 1 ano sem postar... Sorry. Mas aqui estamos com o último capítulo de New Lifeeee. Demorou mais finalmente terminei essa história ^-^. Espero que gostem desse capítulo enorme kkkk.
Boa leitura



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Pov Elsa

Os rangidos singelos da grossa corda que me sustentava soavam pelo ar. A brisa de verão batia levemente e aleatoriamente nas partes do meu corpo. O balançar da rede não me trazia enjoos, diferentemente como acontecia com minha irmã. Invés disso trazia-me sonolência a cada minuto que eu permanecia ali, sozinha com meus próprios sonhos.

Na verdade, estava mais com minhas lembranças.

Uma semana se passou desde o grande jogo e todos ainda permaneciam extasiados, pois além do jogo ocorreu a tão esperada formatura no dia seguinte. Não conseguia me lembrar de todos os detalhes, só alguns flashs. Lembro-me de como todos estavam arrumados e bem vestidos, por mais que fossem roupas simples e casuais, as quais foram cobertas por becas azuis em perfeito estado. Lembro que houve um rio de lágrimas tanto na parte dos pais quanto na parte dos alunos por conta dos discursos que foram proferidos - um deles Jack falou.

Embora a colação de grau tenha durado apenas algumas horas, a formatura pareceu não ter fim com tantas festas em nossa homenagem, e não estou referindo-me aos alunos.

Meus pais ficaram tão alegres que organizaram jantares, churrascos e até mesmo festas no estilo de aniversário. Anna e eu gostamos das surpresas, mas chegou num ponto tão cansativo que a família agradeceu por ter acabado.

E depois de passar uma semana sem pisar direito em casa, resolvendo assuntos sobre o baile, finalmente pude passar um tempo sozinha, na minha confortável rede.

Havia acabado de almoçar e não vi alternativa melhor que não seja deitar e sentir a brisa refrescante no rosto.

Não soube por quantas horas eu cochilei, só tive conhecimento quando as vi na tela do celular. Eram 4:00 horas da tarde.

Sentei-me com as pernas cruzadas, ainda acordando do longo cochilo. Ajustei minha roupa ao perceber que ela estava toda bagunçada.

— Oi Elsa! – Levei a mão no peito, sentindo meu coração alarmar do pequeno susto que Anna me dera.

— Anna, da onde você surgiu? – Perguntei com um sorriso nos lábios ao mesmo tempo em que me espreguiçava e coçava os olhos com ambas as mãos.

Por incrível que pareça, o susto não me causara nenhuma fúria ou raiva. Por mais que tentasse, não consegui ficar brava com Anna.

Desde a carta de Juilliard, Anna sempre permaneceu do meu lado, como não ficava há muito tempo, e se ficara, pareceu grudar-se ainda mais em mim.

E lá estava ela, sentada em um banquinho que trouxera, mordendo o lábio inferior enquanto seus olhos azuis esverdeados fitavam o chão. As bochechas levemente rosadas denunciaram estar nervosa com alguma coisa. Prontifiquei-me a perguntar.

— O que quer Anna? – Seus olhos alargaram-se, mas não em surpresa, apenas se atentou a me encarar, procurando maneiras de me responder.

— É que... Ao que parece, Kristoff vai ter uns problemas para resolver e não poderá me buscar para o baile. – Escutar seu suspiro tristonho fez meu coração apertar e meu estômago gelar, pensando na possibilidade de Anna ir ao baile sem que Kristoff estivesse lá. Quase não consegui arranjar palavras de ânimo. Quase não consegui ser positiva o suficiente.

Dei um breve pigarro, analisando uma Anna triste, inexistente de seu brilho natural.

— Hey, não fique assim! É óbvio que ele irá ao baile. – Busquei expressar meu melhor sorriso, atraindo meu humor. – Kristoff sabe o que o espera caso ele não for. – Desatamos a rir com a lembrança de uma mera ameaça que fiz ao meu cunhado caso magoasse Anna.

— Acha mesmo que ele conseguirá ir? – Perguntou ansiosa por minha resposta. Eu não tinha certeza de mais nada em minha vida, mas sabia da paixão que Kristoff nutria por Anna, e sabia também que Kristoff tinha conhecimento dos sonhos de Anna com o tão esperado baile de formatura, ele não seria capaz de deixá-la sozinha... Ou seria? – Elsa? – Seus olhos fitaram os meus quase que suplicando por uma verdadeira resposta.

O que eu responderia? Então Anna... Talvez ele vá, talvez não. Deixe nas mãos de Deus. Isso a deixaria ainda mais nervosa. Talvez falar o que ela queira ouvir seja o certo a fazer.

— É claro que eu acho! Não se preocupe Anna. Tenho certeza de que ele virá. – Seus olhos encheram-se de brilho e em seus lábios um largo sorriso fortificou tal brilho.

De repente, sinto pares de mãos me envolvendo num abraço. Uma mistura de perfumes invadiu minhas narinas e logo soube de quem se tratavam.

Assim que fui liberta de braços magros e surpreendentes fortes, pude ter a visão perfeita de Merida sentada por cima de minhas pernas, gargalhando escandalosamente ao ver Rapunzel e Anna caídas no chão.

A ruiva estava com seus cachos indomáveis soltos, sendo carregados pela brisa fraca, trazendo-me o cheiro delicioso de seu ruivo. Que saudades que eu estava dessa louca. Corrigindo, dessas loucas!

Astrid estava ao meu lado, limpando as lágrimas que desceram do tanto que riu. Havia me jogado um bombom assim que eu a vi, sempre alegre, emanando autoridade mesmo quando não queria. Tal autoridade que nunca me atingiu, pois sabia que por trás dessa casca, havia uma garota doce e confiável.

Rapunzel, que antes me encheu de beijos, agora estava no colo de Anna, que mordia seu bombom recém-dado.

— O que estão fazendo aqui? Não deveriam estar se arrumando para o baile? – Pergunto, sorrindo para as garotas.

— Demos uma passadinha em alguns lugares antes... – Astrid disse com um olhar cúmplice, causando certa curiosidade tanto em Anna quanto em mim.

— Tá legal... O que vocês fizeram? – Anna questionou, fitando uma a uma.

— Tivemos que passar no shopping antes de irmos para a casa da Meri, porque eu acabei esquecendo de colocar umas coisas na bolsa e, infelizmente, só lembrei no meio do caminho. – Respondeu Punzie, que se levantou e ficou escorada na parede ao lado de Anna. 

— E aproveitando que estávamos no shopping... – Astrid ergueu a manga de sua blusa, deixando a mostra seu pulso enrolado por papel filme. Estranhamente, Merida também mostrou o pulso enrolado, deixando-me extasiada. 

— Vocês fizeram uma tatuagem. – Não indaguei, apenas afirmei.

— Não brinca! – Ouço Anna exclamar.

As duas sorriram e se entreolharam. 

— Foi uma surpresa que Astrid fez. Quando me dei conta, já estava sentada sendo espetada. – Merida fez uma expressão de dor, seguida de um sorriso. – Querem ver? – Assentimos animadas.

Ambas tiraram cuidadosamente o papel, exibindo a ilustração que ainda cicatrizava. Era uma flecha, onde na parte da haste havia o símbolo do infinito. Simples, porém significativa. 

— Arrasaram. – Murmurou Anna, admirada. – Nós podíamos fazer uma. – Todas me encararam. Abri um sorriso, sentindo-me desconfortável com a ideia de Anna. 

— Não sei se é uma boa ideia... – Falei demonstrando meu receio com agulhas. – Vai que nos arrependemos depois? 

Uma pequena discussão se iniciou entre nós, fazendo daquele silêncio que outrora estava naquele lugar se dissipar em questão de segundos. Até que a voz de homem surge, fazendo nos calar de imediato, fitando o dono da voz grossa.

Era papai. 

— Não me disseram que tinham visitas. – Anna abriu um sorriso e deu de ombros. Fiz o mesmo. – Olá meninas. 

— Oi doutor Snow. – As três disseram em uníssono, fazendo-me soltar um pequeno riso. 

— Anna. Elsa. Podem me acompanhar? – Franzi as sobrancelhas. Acompanhar para onde mesmo?

— Claro! Pai. Mas, para quê mesmo? – Anna pareceu ouvir meus pensamentos.

— É uma surpresa. 

Deixando todas nós nadando em curiosidade, papai desceu os poucos degraus rapidamente, ansioso para que nós fizéssemos o mesmo. Anna e Punzie foram na frente, enquanto Meri e Astrid me acompanharam até os fundos da casa, especificamente, a garagem. 

Assim que avistei um grande pano cobrindo algo, com um laço enorme em cima, meu estômago congelou. 

A surpresa seria meu carro. 

Adentrei a garagem sentindo-me mal, ao mesmo tempo receosa por já ter em mente qual seria o carro coberto.

— Elsa. Anna. – Papai nos fitou continuamente, esboçando seu maior sorriso. – Esse presente que darei a vocês é algo que eu queria dar a muito tempo, mas como só agora tive condições, não pensei duas vezes antes de comprar. – Ah não pai... Não faça isso. – E isso, é tudo por mérito seus. Vocês merecem. – Não, não, não. – Parabéns minhas princesas! – Papai puxou o pano, deixando totalmente a mostra o carro que tanto desejei. 

— Papai... – Anna ficou boquiaberta, admirada com o presente. – Ele é lindo! – Não demorou para Anna o agasse num abraço, proferindo inúmeros agradecimentos.

Eu estava pasma. Sentia-me culpada. Sentia tristeza e desgosto de mim mesma. Eu definitivamente não merecia aquele carro.

— Elsa? – Notando meu súbito silêncio, Rapunzel aproximou-se, apertando minha mão. 

— Elsa. Você não gostou do carro? – Perguntou Anna, preocupada ao ver minha expressão. 

— Eu... Adorei. – Ri sem humor. Pude sentir um nó formar-se em minha garganta. Queria chorar. – Mas, não poderei aceitar. – Soltei minha mão da de Punzie e afastei-me deles. 

— Como assim? Por que não, filha? – Papai indagou, demonstrando estar confuso. 

Tentando juntar forças para prosseguir e para encarar meu pai, fechei os olhos por alguns segundos, seguido de um suspiro pesado e sonoro. 

— E-Eu não consegui. – Disse baixinho, mas soube que todos escutaram. – Eu não consegui. Pai. – Lágrimas teimosas escorreram pela minha bochecha. De repente, estava num abraço apertado, sentindo o calor que seu corpo transmitia, servindo-me de apoio. – Desculpa, papai. – Disse com meu rosto enterrado em seu ombro. 

— Shh... Fique calma, Elsa. – Papai separou-se do abraço, acariciando levemente meu rosto. 

— E-Eu não co-consegui. – Comecei a soluçar. Não estava conseguindo manter a calma. – Não fui aceita. Juilliard não me aceitou. – Após respirar fundo, finalmente soltei o que minha garganta tanto prendia. – Desculpa te decepcionar.

— Filha... – Percebi que meu pai estava muito preocupado, tão preocupado que não sabia o que dizer, portanto, só me abraçou fortemente, como se fosse capaz de sugar minha tristeza e colocar em si. 

— Desculpa. – Continuei a chorar, fungando e soluçando feito uma criança. Estava péssima. 

Quando recebi aquela carta, fiquei triste, chateada... Mas não quis chorar. Fiquei indiferente. Aceitei minha rejeição como se fosse uma coisa que estava esperando. Ao contrário de mamãe e de Anna, agi normalmente, e tenho certeza que isso foi motivo de agirem mais amigavelmente para comigo. 

Pela primeira vez na eternidade... Eu agi fria. Sentindo meu coração congelado bater contra meu peito, dolorosamente. Não permiti que nenhuma gota caísse. 

Até agora!

— Elsa. Olhe para mim. – Papai pediu calmamente, erguendo meu queixo. – Acredite em mim quando eu lhe digo... Que não importa quantos prêmios, diplomas, faculdades renomadas que te aceitem você sempre será meu orgulho. Por mais que eu queira sempre o melhor para vocês duas, eu sempre as aceitarei. Nunca as deixarei, nem que me matem... Sempre estarei ao seu lado, Elsa. – Uma lágrima escorregou de sua bochecha. Logo a limpei com meu polegar. – Prometa pra mim que vai aceitar o presente. – Não contive uma risada, contagiando-o.

— Vou tentar. – Disse rindo. – Obrigada, papai. – Voltei a abraçá-lo. – Te amo, sabia? 

— Eu sei. Eu sei. – Apertou minha mão e me guiou até o carro. 

Assim que me aproximei, todas vieram me abraçar, dizendo palavras de conforto, tornando o clima mais que agradável. No entanto, um alto espirro de Anna nos deu um micro ataque cardíaco. Trazendo a tona gargalhadas altas, inclusive de papai que observava a tudo, abraçado a mamãe, a qual sorria.

— Que tal darmos uma voltinha? – Perguntou Anna, levantando a chave ao mesmo tempo em que a balançava rapidamente. Após isso, entregou-a a mim. – Vamos, Elsa! 

Encarei a chaves na minha mão. Anna falara em tanto crescer, como as coisas seriam daqui em diante, como seria nossas vidas após formarmos. Acho que estava na hora de dar um prólogo a sua história. Fitei meus pais com um sorriso sem mostrar os dentes. Voltei a encarar brevemente as chaves e levantei meu olhar para Anna, que me aguardava destrancar as portas.

— Anna! – A chamo e ela me atende, confusa e curiosa. – Você dirige. – Joguei as chaves em sua direção. Dei graças a Deus que ela não as deixou cair. 

— Sério? – Assenti, deixando-a duplamente animada. – AHHHHHHHHH... VALEU, MANA! – Anna me prendeu num abraço, o qual não pude retribuir por estar com os braços presos, mas ainda sim dei uns tapinhas em suas costas. – Entra aí gente. Vamos comer alguma coisa antes de vocês irem. – Não durou nenhum minuto, e estávamos dentro do carro, rindo de besteiras e cantando alto a música que emanava do som. 

Foi naquele momento que percebi estar abobalhada com a situação que me encontrava. Estava dentro do meu próprio carro, o qual estava sendo dirigido pela irmã caçula, que já virara uma moça, pronta para ir para Harvard. 

Talvez fosse melhor esperar quando chegasse minha hora... A única coisa que eu deveria fazer agora era decidir-me. Irei com Anna para Boston? Ou ficarei em New York com meus pais? 

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Pov Anna

O cheiro refrescante de sabonete adentrou meu quarto e não quis ir embora. Meu cabelo que antes estava encharcado agora permanecia seco e escovado, só lhe restava prendê-lo em um penteado. Já tinha um em mente. O som de música soava baixinho, trazendo boas sensações no ambiente. 

Estava de frente ao espelho, olhando para meu reflexo. 

Em meu rosto estava com uma maquiagem leve, mas não chegava a ser clara e tão pouco simples. – acreditem. De simplicidade essa make não tinha nada. – Minha pele estava toda coberta por produtos em meus tons. Meus olhos carregavam um sombreado cintilante, misturado com espumado preto. Rente aos cílios postiços, a tinta do delineador dava mais vida a pintura, em seu formato de gatinho, do qual tive que orar para que ambos ficassem do mesmo tamanho, da mesma forma e de todos esses detalhes difíceis.

Confesso que assim que pisquei, me senti no céu ao ver o tamanho daqueles cílios. Meu. Santo. Deus! Eles eram enooormes. 

— Ual! Do jeito que está é capaz de fazerem vento. – Ri.

Continuei a terminar minha arrumação, finalizando com a máscara de cílios e um batom rosado, quase que imperceptível. 

Suspirei profundamente ao reparar no meu cabelo. Estava solto e pronto para ser preso. Comecei a trançar mechas específicas e logo depois as prendi com grampos, deixando minha franja sobre minha testa. Estava tentando levantar o resto, mas estava com dificuldades. 

— Anna? – Ouço a voz de Elsa ecoar pelo quarto. Acabei vendo seu reflexo pelo espelho, só seu rosto. 

— Oi Elsa! – Abro um sorriso ao vê-la. – Estou quase terminando, só me deixa... – Me esforcei para prender o cabelo, mas falhei terrivelmente. – Só me deixa tentar prender isso aqui... – Não havia notado no momento, mas tive uma surpresa ao ver Elsa atrás de mim, segurando uns grampos e algumas mechas. Não vi outra alternativa a não ser deixá-la me ajudar. – Valeu.

— Você está linda. – Comentou, tirando risos de mim. – Prontinho.

— Obrigada. – Agradeço, me virando para encará-la, consequentemente tendo a visão de seu vestido bem na minha cara. – Woah! Elsa. Você está... Incrível? Maravilhosa? Eu não sei como te elogiar. Só que... Nossa! 

— Valeu. – Elsa lançou um sorriso, passando a mão no vestido e mostrando-me seus detalhes. Ele era azul, tão longo que só deixava a mostra o salto. As mangas caíam em seus ombros, deixando boa parte de seu pescoço a mostra. – Estou ficando ansiosa. – Elsa ficou tagarelando enquanto eu fiquei abismada com seu cabelo. Ele estava trançado, mas a maioria estava solto, e pontinhos cintilantes estavam grudados nos fios como se fossem...

— Como você conseguiu fazer flocos de neve que grudassem no cabelo tão perfeitamente?! – Interrompi seu bla bla bla de maneira assustadora.

— Ahn... – Quando estava prestes a falar, um homem adentrou meu quarto, emanando seu perfume e gritando eufórico ao ver Elsa e eu. – BRUNO! – Esses dois só faltaram se beijar de tanta animação. 

— Vocês estão maravilhosas! Já tem ideia disso? – Breu mostrava-se muito animado e seu olhar nos trazia um amor fraternal. Estava parecendo meu irmão mais velho que sempre foi e que sempre morri de ciúme.

— É claro. – Passei a mão na orelha e percebi que tinha colocado brincos. – Já volto. – Caminhei até o banheiro com o intuito de pegar os brincos. Mas isso pareceu fugir da minha mente assim que vi meu celular sobre a pia. Talvez Kristoff tenha dado notícias.

Apanhei o telefone e procurei notificações de Kristoff. Senti um grande aperto ao ver não tinha nada. 

— Calma, Anna. Tudo vai ficar bem. – Respirei profundamente e me fitei no espelho. – Apenas sorria e tudo vai ficar bem. É! Tudo vai ficar bem. 

— Então você pretende ficar em New York? – A voz de Breu me tirou dos devaneios. – Ou voltará a Boston? 

— Pra falar a verdade, eu não sei... Eu amo Boston, é minha terra natal. Mas... New York... Me trouxe sensações que eu não esperava sentir. É aqui que eu tive a chance de ter minha própria casa. Foi aqui que eu conheci meus amigos do colegial. É onde você está vivendo agora. Foi aqui que eu encontrei meu amor... Me sinto em casa aqui. – Ouvir Elsa dizendo aquelas palavras foi como um soco no estômago. 

— Então você vai ficar? – Perguntou.

Me via curiosa com a resposta. Minha consciência dizia uma coisa, mas no fundo me dizia outra. 

Mas aí, só restou o silêncio. Um interminável e longo silêncio. 

— Anna. Elsa. Nesse ritmo vocês vão se atrasar. – A voz de mamãe quebrou o silêncio e interrompeu a conversa. – Cadê minha outra filha? Anna! – Coloquei rapidamente meus brincos e logo saí do banheiro. 

— Tô aqui. Já vamos? – Perguntei me fazendo à sonsa. 

— Já está pronta? – Perguntou Elsa, parada na minha frente. Assenti lançando-lhe meu melhor sorriso. – Ótimo. Dessa vez eu dirijo. 

— Mas os garotos que não deveriam vir? – Mamãe nos fitou confusa. 

Eu iria lhe contar sobre os atrasos de Kristoff, mas Elsa foi mais rápida. 

— Kristoff e Jack irão nos encontrar lá. Jack se ofereceu para organizar umas coisas com os garotos. – Elsa me ofereceu um olhar acolhedor, como se dissesse "não há de quê". – O baile começa só as oito, mas temos que estar lá dentro das sete. – Mamãe assentiu compreensiva.

— Então vão logo. Quero que tirem fotos. Mandem vídeos... – Mamãe começou a caminhar para fora do quarto, enquanto Breu a seguia, rindo das ideias que ela falava. Elsa abriu um sorriso e me abraçou fortemente. 

— Sempre juntas. – Separou-se e acariciou minha bochecha. – Vamos, que seu príncipe a espera. – Aquele abraço me deixou perplexa e ao mesmo tempo... Aliviada? Eu não deveria estar me sentindo mal? Que confusão. – ANNA! – Vociferou a loira e rapidamente peguei minha bolsa e saí em disparada, encontrando-me numa sessão de fotos tradicional.

Nunca me senti tão confusa.

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Chegar ao baile de formatura foi surpreendentemente fácil. Já conhecíamos o trajeto até a mansão de Hans extremamente maravilhosa... Érr... Continuando. Não me referindo apenas ao trajeto, chegar ao baile no estado em que me encontrava foi de fato uma tarefa facílima. 

Eu estava muito feliz! Me sentia realmente bonita e dei GRAÇAS a Deus que havia poucas pessoas no recinto, não estava afim de conversar sorridentemente com meus colegas e muito menos chamar atenção.

Elsa havia estacionado seu carro novo próximo ao portão principal, assim não ficaria longe da festa e não ficaria tão perto. Ela não queria correr o risco de arranharem-no.

— E aí? Vamos? – Indagou assim que me mirou.

Até então, tentei conter um semblante entristecido, mas assim que Elsa pousou seu olhar penetrante sobre os meus não consegui fingir meus sentimentos. Não podia fingir diante dela.

— Anna... Não se preocupa com o Kristoff. Ele virá! – Sinto que sua mão já tocava meu ombro, apertando-o levemente numa tentativa de massageá-lo. – Imprevistos acontecem o tempo todo, você mais do que ninguém sabe disso, não é mesmo? 

— Acho que sei... – Respirei profundamente e busquei meu melhor sorriso que consegui formar em meus lábios. – Quer saber? Vai na frente. Jack deve estar esperando por você. – Mesmo sabendo que eu não estava 100% bem, Elsa anuiu em resposta e partiu sua caminhada até o local onde estavam finalizando os preparativos da festa. 

Estava me sentindo angustiada, preocupada e totalmente inquieta. Uma palavra que com toda certeza não me definia naquele momento era calma. Kristoff só podia estar brincando com a minha cara. Agr! Uma raiva me atingiu no momento exato em que desbloqueei meu celular e percebi que havia ganhado um excelentíssimo vácuo. COMO ELE TEVE A CORAGEM DE VISUALIZAR E NÃO ME RESPONDER? ARG!

Minha vontade era de arremessar meu celular para longe, mas não o fiz, pois sabia que iria me arrepender amargamente. 

Depois que a raiva passou, uma tristeza inconsolável me atingiu sorrateiramente. E junto a ela, milhões de questionamentos sem respostas.

Por que Kristoff está fazendo isso comigo? Será que ele se arrependeu de vir comigo? Será mesmo que ele vem? Ele não me ama mais?

— QUE ÓDIO! – Esbravejo, descontando minha raiva chutando uma pedrinha que ousou estar no meu caminho. 

— Hey! Está tudo bem? – Uma voz grave, ligeiramente rouca, soou naquele lugar. Confesso que aquilo não me assustou nem um pouco, mas me causou um constrangimento sem igual. Ora, não é todo dia que você presencia uma louca gritando pro nada enquanto é agressora de pedrinhas inocentes. – Eu posso te ajudar senhorita Snow? – Perguntou o indivíduo, do qual só me recordei assim que fitei seu rosto delicado e seu cabelo ruivo.

— Hans? Érr... Eu estou bem. N-Não preciso de sua ajuda. – Eu estava gaguejando? Por que eu estava nervosa? Alôôô Anna, você está aí? 

— Não é o que parece. – Não se conteve em sorrir a me ver envergonhada e aproximou-se, dando alguns passos até mim. – Não deveria estar lá dentro, com suas amigas? Ou com o namorado? – Perguntou de um jeito doce, enquanto guardava suas mãos nos bolsos da bermuda que estava trajando. Me perguntei o porquê dele não estar vestido socialmente.

Tal pergunta alarmou-se. Onde que Hans queria chegar com aquilo? Seria errado julgá-lo de prontidão? 

— Te interessa? – Não quis soar grossa, mas acho que foi impossível não ser grossa naquele momento. Ainda estava com raiva do mundo. 

Hans fitou o chão brevemente, sorrindo com a "cortada" sem querer que eu lhe dera. Passou a mão no queixo, posteriormente, lançou-me um olhar penetrante e... Acolhedor? Hans não aparentava querer discutir comigo. Ele carregava um semblante descontraído e tranquilo. 

— Bom... Já percebi que não quer falar sobre isso. – Falou aproximando-se um pouco mais. Outra característica que seu olhar trazia era a inocência. Ele não estava com seu lado malicioso e tampouco com seu jeito galanteador. – Mas é uma pena te ver assim tão solitária, tentando reprimir o que está sentindo. Talvez você acabe contando o motivo de sua raiva para alguém futuramente. Mas aí, será tarde demais! Você já teria feito a merda e com certeza iria se arrepender. Tudo porque não contou o que estava acontecendo a ninguém. Seria lamentável uma situação como esta. Não acha? – Já se sentiram dominadas em uma situação confusa e sem sentido? Da qual você não faz a menor ideia de como sair dela? Então. Hans me deixou bestificada.

— O que quer? – Perguntei ao mesmo tempo em que o assistia escorar-se num carro próximo a nós. 

— Só quero te ajudar. – Deu de ombros. Apenas o encarei descrente, tirando um suspiro de sua boca. – Escuta. Eu estava cuidando da minha vida quando te vi aqui chutando pedrinhas e urrando pro nada. Me preocupei e resolvi intervir antes que você estrague sua tão sonhada noite. E conhecendo um pouco de você, como eu conheço, diria que está num conflito interno e que precisa desabafar com alguém antes que exploda. – Lambeu os lábios e cruzou os braços frente ao peito. – Vai me contar seu problema ou não? 

Não! Não é da sua conta o que acontece na minha vida. Então vai encher o saco de outro!!!

— Eu... K-Kristoff... – Respirei profundamente. Lá ia eu de novo gaguejando. – Kristoff está atrasado! Já faz horas que nos comunicamos e ele não me atende. Eu não sei o que está acontecendo. Eu não sei o que fazer...

— Hey. Calma. Calma... – Segurou meus ombros delicadamente. – Ele deve ter se enrolado com a roupa, ou até mesmo no trânsito. Ele virá, Anna. – Encarei seus olhos verdes cheios de esperança. Senti meu coração mais quente. – Não se preocupa. Kristoff pode ser um cara um tanto irresponsável, grosseiro e bruto... – O fitei enraivecida, fazendo-o calar. – Enfim, só quero dizer que mesmo não sendo o príncipe de seus sonhos, Kristoff nunca te deixaria na mão. Qual é! Você é a Anna, e ele o Kristoff. Juntos vocês formam Kristanna. E quem não ama Kristanna? – Uma risada curta escapa por entre meus lábios, contagiando Hans. 

— Tem razão. Ele nunca me deixaria na mão. Nunca deixou. – Suspirei sonoramente e volto aos poucos a realidade.

Estava lá fora, desabafando intimamente com meu ex-crush, com a maquiagem um pouco borrada e o vestido levemente amarrotado, enquanto minhas amigas trabalhavam na ornamentação ou, se já acabaram, estavam conversando alegremente entre si. E onde a princesa dramática estava??? Se preocupando com coisa que sua mente lhe fez acreditar. 

— Anda. Te acompanho até a porta. – Hans estendeu seu antebraço e se pôs ao meu lado, esperando que eu o segurasse. Hesitei a princípio, mas o fiz. 

Hans me guiou até a porta de entrada e me deixou por lá, pois precisava sair antes que a festa começasse. 

Conversa estranha? Talvez. Se estou me sentindo estranha? Com certeza! Acabo de conversar com o cara que mexeu com meu coração há anos sobre o cara que está com meu coração em mãos. Isso definitivamente não se ver todo o dia. 

 Ao adentrar aquela casa maravilhosa, sinto um peso de olhares em cima de mim. Não havia reparado, mas enquanto eu estava lá fora fazendo drama, centenas de pessoas chegavam aos montes, rindo e celebrando uns com os outros. 

Não era a primeira vez que eu estava sendo o centro das atenções, mas me senti como se fosse. Minhas mãos suavam frio, minha respiração saía descompassada e tinha certeza que minhas bochechas estavam vermelhas. Tudo o que eu queria era achar um rosto em meio as aglomerações de jovens que formavam ali. Mas não encontrei. 

— Anna. – Me encontraram. – O que está fazendo aí parada? – A voz de Rapunzel ecoou os quatro cantos da casa, e antes que eu pudesse respondê-la, a mesma já segurava firmemente minha mão e me arrastava entre as pessoas, sem se importar em não se esbarrar em algumas. – Olha quem eu encontrei! – Rapunzel Corona era de fato a garota mais escandalosa e, ao mesmo tempo meiga, que eu conheci na vida. 

Ri comigo mesma ao ver que ela tinha ensurdecido algumas pessoas com seu grito repentino. 

Passei meu olhar em cada rosto familiar que eu encontrava naquela área acarretada de enfeites. Minha alegria em encontrá-los era surreal. Vê-los conversando e brincando foi motivo de aumento emocional da minha parte.

Mas nenhum desses sentimentos foi maior daquele que eu senti ao presenciá-lo. 

— Quem é aquele gato que está vindo aí? – Rapunzel sussurrou em meu ouvido, o que me fez estremecer. Fitei Elsa.

— Eu não disse que ele viria? – Anui sorridente. 

Descrever o que eu senti no momento em que meus olhos encontraram os seus passou de uma tarefa fácil para uma missão impossível. Vê-lo daquela forma causou-me uma pequena vergonha e junto a ela uma enorme timidez. Minhas bochechas ruborizaram assim que ele beijou minha mão, como um cavaleiro que ele não era. O toque de seus lábios na minha pele foi o bastante para meus pelos eriçarem.

— Bonita noite princesa Anna. – Sua voz soou sensualmente grave, me deixando abobalhada. 

— K-Kristoff... Está-á... Uma-a... – Pare de gaguejar Anna! – Concordo. – Concorda com exatamente o que? Por que eu estou nervosa??? – Digo... A noite está bonita mesmo... Como você. – QUE VERGONHAAAAA.

Kristoff gargalhou de um jeito fofo e logo se aproximou, depositando um beijo em minha testa.

— Eu lhe digo o mesmo. – Falou de modo galanteador, mas assim que eu o fitei por cima dos cílios, sua fachada de príncipe galã se desfez, deixando apenas meu Kristoff, grosseiro, tímido e audacioso. Desviou o olhar para fitar o chão ao mesmo tempo em que coçava a nuca, rindo nervosamente. – Anna, você pode me acompanhar? Preciso conversar com você. – Franzi as sobrancelhas. 

— Conversar? Agora? – Pergunto receosa. 

— É assunto importante. – Disse em meio suspiro. – Por favor. 

Com sua mão segurando a minha, Kristoff me levou até o andar superior, especificamente uma das varandas da casa, onde podíamos ver o quintal da casa, de cima, e também o imenso lago. 

Saí do parapeito assim que reparei num Kristoff sentado, ansioso para que eu fizesse o mesmo. Sentei ao seu lado e o encarei curiosa. 

— O que quer conversar? – Me atrevi a perguntar. Queria saber o que estava acontecendo. 

— Bom... Ahn... – Kristoff aparentava estar nervoso. Gotículas de suor brilhavam em sua testa e podia jurar que seu coração iria sair pela boca a qualquer momento. Não conseguia vê-lo assim. Aquilo estava me deixando cada vez mais preocupada.

— Kristoff! – Segurei sua mão e com a minha outra, acariciei seu rosto, fazendo-o fitar meus olhos. – Respira. – Dito isso, ele me acompanhou na minha respiração, soltando o ar que jazia em seus pulmões. – Agora, conte-me o que quer conversar. 

— É que... – Parecia que encarar meus olhos estava sendo torturante para ele, por isso, ele levantou-se e passou a andar para um lado e para o outro, repetidamente. – Você irá para Boston, estou certo? E, irá estudar numa das melhores faculdades que existe. Certo?

— Kristoff...

— E eu não posso te atrapalhar, de maneira alguma. 

— O que está querendo di...

— Você está indo para Boston e eu não posso ser um peso para você. – Um Flashback passou em minha mente, trazendo uma nevasca de angústia, medo e desespero. O que ele queria com aquilo? – Sei que você irá sentir minha falta e eu não posso deixar você ir embora, sabendo que deixou alguém para trás. 

— Kristoff. – Minha visão começou a ficar embaçada pelas lágrimas que estavam prestes a caírem. Não aguentei ficar sentada e me pus de pé, a sua frente. 

— É por isso que é melhor... – Kristoff suspirou profundamente e me encarou, carregando um sorriso emotivo nos lábios. – ...Nós comprarmos um apartamento bem espaçoso, porque eu não vou suportar ter uma biblioteca de biologia na minha sala enquanto eu estiver estudando. 

— O que?

— Eu vou pra Boston com você, Anna. – Não consegui agir normalmente, só assimilei o que eu tinha feito quando já me encontrava agarrada em Kristoff, num apertado abraço. – Te amo!

— Eu também te amo!

Kristoff me segurava pela cintura e minhas cochas rodeavam a sua. Me afastei miseravelmente para fitá-lo. Sua expressão era semelhante a minha. Seu olhar que outrora carregava um misto de preocupação e mistério, agora brilhava mais do que nunca. Suas bochechas estavam ruborizadas. Seus lábios formavam um largo sorriso gracioso, e... Nossa! Como eles estavam convidativos. 

Percebendo que eu o analisava minuciosamente, o loiro não se conteve em soltar um riso pelo nariz, um tanto envergonhado. Até tentou se aproximar para roubar um beijo, mas eu estava além de seu alcance. E como estava com as mãos ocupadas, era incapaz de puxar meu rosto para próximo do seu. Resmungou baixinho, causando-me um ataque de risos.

— Está se divertindo, né? – Perguntou com a sobrancelha arqueada. 

— Você não sabe o quanto. – Mal sabia ele, que o próprio era meu motivo favorito para sorrir nos dias mais tristes. O motivo dos meus risos nas horas indevidas. 

Kristoff sorriu malicioso e sem me avisar, me prensou numa parede próxima, como se a utilizasse de apoio para que uma de suas mãos tornasse livre. Segurou minha nuca e distribuiu beijos em minhas bochechas, até que chegou a meus lábios. 

Minha boca colou-se na sua num beijo intenso e alarmante. Minhas mãos passeavam por suas costas e de vez em quando puxava seu pescoço para que se aproximasse ainda mais.

Uma trilha sonora passou a tocar no andar inferior. Não consegui descobrir que música era, só sei que ela era calma e tinha uma voz gostosa de se ouvir.

— Acha melhor voltarmos? – Murmurou entre o beijo, causando-me cócegas. – Se preferir, podemos continuar depois do baile. 

— É uma proposta tentadora. – Disse enquanto distribuía beijos em seu pescoço. 

— É sério, Anna! – Senti suas mãos deslizarem por minhas cochas e logo depois estavam coladas na minha cintura, obrigando-me a ficar de pé. No entanto, permanecemos grudados, sentindo nossas respirações mesclando-se. E juntando esforços para falar, Kristoff tentou pronunciar alguma coisa, mas não suportei senti-lo tão perto sem tomar seus lábios novamente, calando-o. 

Eu estava tão feliz. Kristoff vai morar comigo. Vamos morar juntos! Seria um sonho acordar todas as manhãs e vê sua linda carinha.

— Anna... É melhor irmos. – Disse assim que conseguiu se afastar, e com um sorriso nos lábios, fitou-me. – Continuamos depois do baile. – Pousou suas mãos em meu rosto e roçou a ponta de seu nariz no meu. – Irei te acompanhar princesa Anna. – Posicionou-se ao meu lado e estendeu seu antebraço, ansioso para que eu o segurasse. 

— Muito gentil da sua parte, senhor Kristoff. – Soltei uma gargalhada curta e calmamente segurei seu braço, entrelaçando-o no meu. 

No meio do trajeto fiquei analisando-o. Sou eu ou Kristoff está mais gato do que antes? Meu coração estava tão acelerado quanto um carro de corrida, não parava de palpitar um segundo sequer...

Talvez porque você esteja viva Anna? Escuta aqui senhora consciência, eu me encontro num transe de paixão no momento, será que dá pra parar de encher meu saco?! Brigada! 

Olhar para Kristoff me trazia um grande nervosismo e ao mesmo tempo me incentivava a ser audaciosa, ousada. Tal ousadia acabou me cegando a ponto de agarrá-lo ali mesmo, bem na porta que dava acesso a um corredor, aparentemente vazio... Até então. 

Assim que Kristoff separou-se para me encarar, escuto um pigarro singelo, soando no meio de nossas respirações ofegantes. Os olhos castanhos do loiro miraram a porta, trazendo-o uma mistura de desconfiança com uma pitada de vergonha. 

Com as sobrancelhas franzidas, busquei conhecer a origem do som discreto que despedaçou nosso clima caloroso. Confesso que aquilo me deixou com raiva, creio que era capaz de socar a cara do sujeito, mas me subiu uma vergonha ao lembrar que fui pega em flagrante aos beijos numa casa que só conhecia uma pessoa. Não sei da onde que veio a coragem de fitar aqueles olhos arregalados, carregados de surpresa.

— Ahn... É, parece que eu tava certo, né Anna? – Sua gargalhada ecoou naquele silêncio constrangedor, deixando a situação um pouco pesada e ao mesmo tempo leve... 

— Érr... Hans, você estava aí há quanto tempo? – Perguntou Kristoff, totalmente descontraído. 

— Não se preocupe! Acabei de chegar. – Abriu um sorriso e cumprimentou Kristoff com um aperto de mão. – Que bom que você veio. Daqui a pouco vai rolar uma foto dos rapazes, então fique por perto. – Sorriu novamente.

— Okay. Estarei lá. – De repente, senti um peso absurdo de seus olhares sobre mim. – Vamos Anna. – Kristoff pegou minha mão e me levou para longe de Hans, o qual me lançava palavras como "Isso aí" e "arrebentou princesa". 

E eu estava como??? Com a mesma cara de quem estava tendo um derrame. Kristoff e Hans conversando normalmente? Meu Deeeus! O problema só pode ser eu. Afinal, qual é o problema deles serem colegas? Kristoff não vai com a cara de Hans e Hans não vai com a cara de Kristoff. Seria uma amizade falsa? Provavelmente. 

Mas... Pensando bem, isso tardou a acontecer.

Após descermos a escadaria, uma aglomeração de pessoas se formou ao redor de um sofá, onde Rapunzel estava em cima, pedindo atenção enquanto segurava um microfone em uma das mãos e seu celular na outra.

O DJ cessou a música e uma nuvem de silêncio pairou sobre nós, sendo cortada apenas pela doce voz da garota em cima do sofá. 

— Turma, eu sei que muitos querem curtir o máximo do baile, mas o que é um baile de formatura sem um discurssinho, né? – Alguns risos saíram da plateia, voltando a prestar toda a atenção que Punzie merecia logo depois. – Vamos lá... Depois de hoje, será difícil reunir nossos amigos e... Inimigos no mesmo espaço. Brigas, ódio e tristeza devem ficar no passado, não são dignos de alterar no presente ou no futuro. Agora, alegria, recordações das nossas loucuras e, principalmente, a amizade devem permanecer sempre juntas de nós. Passar nosso último ano juntos foi incrível e inesquecível, digno de replay... – Rapunzel varreu a sala com seu olhar emotivo e deixou de lado o celular. – Por mais que nos separemos daqui em diante, saiba que sempre os guardarei em meu coração e desejo todo o sucesso do mundo a cada um de vocês... – Jack subiu no sofá junto de Hiccup, enquanto segurava uma taça para Rapunzel, entregando logo em seguida. – Obrigada turma, por fazerem um dos melhores anos da minha vida! 

— Um brinde a nós! Os melhores formandos do Frozen School! – Disse Hic, erguendo seu copo, sendo seguido por muitos outros.

O tilintar de copos e taças soou por toda sala, se misturando ao som de gritos e algumas palmas. 

Rapunzel tinha razão. Uma nova fase de nossas vidas estava tendo início. Brigas e rancor devem ficar no passado, guardadinhos onde ninguém deve sequer possa mexer.

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Pov Elsa

O gosto doce e ardente da bebida desceu pela minha garganta rapidamente, deixando seu rastro quente. Estava buscando coragem para contar a Jack sobre o que estava acontecendo comigo. Não havia dito sobre a carta, sobre minha rejeição. Não queria preocupá-lo com meus problemas, pois sabia que ele estaria ocupado com as inúmeras propostas de bolsa que andava recebendo desde o grande jogo. Não queria ser um possível peso em suas costas.

— Aceita outro drink, gata? – Perguntou alguém que estava servindo. Apenas peguei um dos copos e virei a bebida garganta abaixo. – Woah! Boa festa. – Abri um sorriso falso e saí a procura de uma das meninas. Precisava de ajuda para procurar Jack.

Logo encontrei Astrid sentada no sofá com Hiccup. E Merida dançando com um cara? Pisquei continuamente... Então tá. 

— Hiccup, você viu o Jack? Não consigo encontrá-lo. – Disse no pé de seu ouvido, pois a música estava muito alta onde eles estavam. 

— Ele deve estar lá fora! Perto do lago. – Gritou. Eu consegui escutá-lo e agradeci com um maneio de cabeça. 

Caminhei entre as pessoas, esbarrando em algumas e abraçando outras. Ainda estava cedo e as luzes do sol ainda marcavam presença. Estava atravessando a sala que acessava a área externa quando sinto uma pressão em um dos meus pulsos. 

— Elsa! – Viro-me numa rapidez sem igual, encontrando dois olhos azuis esverdeados mirando os meus – Precisamos conversar.

— Anna! Jura? Agora? – A questiono, sentindo meu coração bater fortemente. – Espera. Não deveria estar com o Kristoff? – Não durou nem dois segundos e o loiro já se encontrava do meu lado, me dando outro susto. – Credo... Ahh, quer dizer. Oi cunhado. – Kristoff me lançou um sorriso. – Anna. Não posso conversar agora. – Tentei sair para não perder mais tempo, mas Anna segurou minha mão, impedindo-me. – Anna!

— Por favor, me escuta! – Suspirou. – Eu sei que você vai para Boston comigo... 

— Ah, droga! Mais uma coisa para contar. – A interrompi, passando as mãos no rosto. – Anna. Depois nós conversamos, eu juro. Mas agora tenho que encontrar Jack. 

— Espera. Elsa. – Ouço sua voz ficar cada vez mais baixa a cada passo que eu dava em direção ao lago. 

Eu só queria encontrá-lo. Contar a ele o que estou sentindo. Apenas isso.

E lá estava ele, ajudando a empurrar um barco em direção à água, onde muitos outros estavam. Estava visivelmente cansado, mas carregava seu sorriso nos lábios. Estava descalço e usava apenas a blusa social, contrastando com a calça preta. Ele sentou-se no banco e descansou-se por lá. 

Me aproximei ligeiramente e tampei seus olhos.

— Se você acertar, ganha um prêmio. – Disse em seu ouvido, causando-lhe risos. 

— Seria minha rainha? – Perguntou com um sorriso. Tirei minhas mãos de seus olhos e depositei um selinho em sua boca. 

Sentei-me na madeira e passei a observar a paisagem do lago. Havia meia dúzia de barcos boiando sobre a água, e dentro de um deles havia um casal. Um casal familiar. 

— Aqueles são Flynn Rider e Rapunzel? – Pergunto, comprimindo os olhos para enxergá-los melhor. Estava escurecendo. – Não brinca! – O encaro e alargo meu sorriso. – Jackson Frost bancando uma de cúpido? 

— Ajudando uma amiga a ter uma noite inesquecível. – Gargalhou. – Na verdade, ajudando a todos... – Falou perigosamente baixo, enquanto se aproximava. – ...a terem uma noite inesquecível. – Fiquei surpresa e não consegui expressar minha falsa tranquilidade como queria. Seu semblante tornou-se confuso. – Você bebeu? 

— O q-que? – Indaguei confusa. – Ah! Um pouquinho. – Senti um grande alívio ao vê-lo relaxar ao meu lado.

— Sabe? Esse é o último presente que darei a eles. 

— Último? Você vai embora? – Disparei, arrependendo-me logo depois.

— Hey, calma. – Sua mão acariciou meu rosto, não entendo o que estava acontecendo. – Eu não vou a lugar algum. – Sorriu. – Digo isso porque não terei oportunidades de zoar com o último ano. Entende? Agora é só na faculdade. Com pessoas da faculdade. – Beijou meu rosto. – Assim como você. Juilliard com certeza tem pessoas legais. Você irá se enturmar rápido. – De repente, sinto um peso sobre minhas costas. – Esta tudo bem? Você ficou pálida. 

— E-Eu... Jack, eu preciso te contar. – Uma maldita lágrima caiu e só percebi quando Jack limpou meu rosto cuidadosamente, para que não borrasse a maquiagem. – Eu não fui aceita. Juilliard não me aceitou. – Dizer aquilo foi até muito fácil. Não estava sentindo dor na garganta e não quis chorar depois que as palavras saíram. Só, simplesmente saiu da minha boca. – Desculpa por ter escondido. – Jack ficou em silêncio, olhando pro céu sem expressar nada. – Jack, desculpa. Por favor, olhe pra mim. 

— Será que dá pra parar de se desculpar. 

Instintivamente, cobri minha boca com minhas mãos, arquejando em surpresa. Meus olhos marejados percorreram a figura do garoto a minha frente a fim de procurar um sinal de emoções, tanto positivas quanto negativas. Quais quer que fossem, com certeza seria melhor do que vê-lo inexpressivo. 

— Jack...

— Escuta. Se você achou que seria melhor não me contar... Tudo bem. Só pare de se desculpar. – Seus olhos ainda permaneciam fixos no chão. Não estava gostando nada disso. 

— Você não está furioso comigo? Não está sentindo tristeza, mágoa ou raiva? – Perguntei aflita, e essa aflição aumentou ainda mais quando seus olhos fitaram os meus.

— Não. Como eu disse, se você achou certo não me contar, tudo bem. Eu acredito em você. – Respondeu calmamente. – Além disso, você tá me contando agora. Não é? – Um sorriso brotou no canto dos seus lábios, me contagiando. – Sinto muito. – Outras duas lágrimas escorreram e não tardou para que Jack me envolvesse num abraço apertado. – Não se preocupe... Você vai dar um jeito. – Sinto um beijo no topo da minha cabeça. – Tem outras faculdades em New York. Tenho certeza que as notas da sua prova vão te garantir bolsas. Fique tranquila. – Como se fosse ficar em New York... Segura mais essa Jack.

— É, eu sei. – Separo-me e levanto-me. Como contaria isso a ele? Ele foi tão compreensivo com meu segredinho. Estava com medo de Jack explodir a qualquer momento. 

— Mas... Tem mais alguma coisa, né? – Perguntou receoso e aparentemente exausto.

— Jack... Eu não queria te contar isso agora, mas se não for agora, não terei coragem novamente. – Suspirei pesadamente, me concentrando para não desabar. – Eu vou voltar para Boston. 

Sinto um som de tiro. 

Aquelas palavras devem ter doído em Jack como um tiro. E o barulho insistia em soar. Olhei em volta e vi que o som havia sido emanado das bombinhas que algumas pessoas soltavam para trolar outras.

— Você... Vai embora?

— Sim. Eu vou! – Disse da maneira mais fria. – Eu tenho que ir com a Anna. Não posso deixá-la ir. 

— Engraçado, porque se você tivesse estudando em Juilliard, você iria deixar Anna partir numa boa. – Jack se levantou do banquinho lentamente, rindo sem humor. 

— São outras circunstâncias. – Jack gargalhou pro alto, ferindo-me.

— Então me explica essas suas circunstâncias porque eu não estou entendendo. 

— Jack, eu não posso deixar Anna ir embora sabendo que eu tenho condições de ficar junto dela. Não irei suportar isso! – Falo com pesar. Jack estava ficando nervoso. Tão nervoso que passou as mãos no cabelo. – Não vou abandonar minha irmã! 

— E pretende me chutar do seu caminho para que eu não te atrapalhe?! 

— Jack. Para. Não foi isso que eu disse. – Queria abraçá-lo, mas fiquei com medo da sua reação. – Nós podemos continuar. Namoro à distância não é deve ser tão ruim assim. – Disse hesitante. No fundo sabia que isso terminaria em Elsa solteira novamente. 

— Tá brincando comigo?! – Jack se aproximou de modo assustador. Tentei recuar para o lado do banco, mas acabei ficando encurralada numa árvore. – Você acha mesmo que isso daria certo? – Perguntou quase que num murmúrio. Tentei responder, mas o medo que estava sentindo pareceu travar minhas palavras no meu do caminho. – Por favor, seja sincera. Acha mesmo que isso daria certo? – Engoli em seco. Tentei mentir. Pensei em palavras que o machucariam. Porém, nada veio. 

— Por favor, Jack, não dificul...

— RESPONDE! – Jack esmurrou a árvore atrás de mim. Não foi tão forte que machucasse sua mão, mas foi o bastante para vibrar o tronco e balançar os galhos. – Por favor, responda. 

Sentir que meus olhos estavam cheios de lágrimas serviu como aviso prévio do choro que iria soltar. Mas me segurei, engolindo-o o máximo que pude. Tentei afastar Jack com minhas mãos trêmulas, falhando. Minha garganta começou a doer tanto que tive que respirar profundamente mais de uma vez. Se continuasse presa naquela pergunta, eu iria passar muito mal.

Tentei respondê-lo com palavras dolorosas. Tentei mentir, dizendo que tudo ficaria perfeitamente bem. Mas nós dois sabemos que o mundo está longe de ser perfeito. Nossas vidas estavam longe de ser boas sem ter um ao outro.

Aparentemente, Jack se acalmou enquanto eu tentava buscar a resposta, pois sua respiração ofegante agora estava em perfeito compasse. Suas mãos que estavam na árvore, agora acariciavam meus braços delicadamente. 

Simplesmente aconteceu. Jack tomou minha boca tão rápido que não tive tempo para protestar tampouco para pensar nos meus próximos atos. Já estava rendida a ele.

Sentir seus lábios contra os meus trazia-me satisfação e uma paz que deixava minhas pernas bambas. Seu corpo colado no meu, transmitindo seu calor e seu cheiro. Minhas mãos ficam até sem direção quando ele está tão perto. 

— Por favor, não vá! – Resmungou baixinho contra meu cabelo. 

— Eu não... – Quando consigo falar alguma coisa, Jack volta a me beijar.

— Só vou te soltar quando você disser que fica. – Solto um riso espontâneo. Eu não estava segurando um choro agora a pouco? – Diz que fica. – Seu nariz estava colado no meu. Não estava conseguindo conter um sorriso envergonhado. Jack me encarava com o olhar de súplica, mas agora contente.

— Jack... – Tento buscar minha seriedade. Felizmente eu consigo. – Não me faça escolher. – A expressão de Jack mudou drasticamente. Ele carregava um semblante pensativo quando se afastou aos poucos. – Eu não sou capaz de escolher entre você e Anna. – Ele assentiu. Me aproximei e acariciei seu rosto – Ela precisa de mim, Jack. 

— Não preciso não! – Uma terceira voz estabeleceu entre nós. Logo a dona apareceu, com os braços cruzados e uma expressão irritada no rosto. – Será que dá para você parar de colocar a minha felicidade a cima da sua. – Olhei Jack, preocupada e ele sinalizou para que eu prestasse atenção em Anna. – Eu sei que você quer me proteger. E sei que está indo para Boston para satisfazer meus desejos. 

— E que mal tem nisso?

— Shh! Deixa eu terminar. – Colocou a mão na minha boca. – Mas eu não vou me perdoar se você se arrepender depois ou ter uma vida que você não escolheu ter. – Anna tirou a mão da minha boca e segurou as minhas. – Eu não posso deixar que estrague sua felicidade por minha causa. Entendeu? – Ela abriu um sorriso que me contagiou em questão de segundos. – Só me responda uma coisa. Você quer, por livre e espontânea vontade, ir para Boston comigo?

Novamente me vejo dentro do dilema: ir a Boston com Anna ou ficar em New York, que é minha casa? Bastou observar o lago atrás de mim. Além da água escura, prédios atrás brilhavam no horizonte. Barulho de sirenes ecoava, misturando a música baixa que soava dentro da casa. Aquela era a minha casa. A selva de concreto seria meu lar.

— Desculpa. – Voltei meu olhar para Anna. – Não. – Anna riu e correu em minha direção, me abraçando. 

— Não precisa se desculpar. – Anna segurou novamente minhas mãos. – Está fazendo a escolha certa. – Gargalhei.

— Eu espero. – Passei minhas mãos em suas bochechas. – Você vai ficar bem mesmo? 

— Claro que vou. – Disse sorrindo. – Além disso, eu não ficarei totalmente sozinha. – Arqueei a sobrancelha. – Depois te conto. – Revirei os olhos e a abracei. – Te amo, mana. 

— Também te amo. – Nos separamos, ainda sorrindo uma para a outra. 

— Então a senhorita pode ficar? – Jack sussurrou no meu ouvido, fazendo Anna rir e me abandonar para fazer companhia a Kristoff, que observava a tudo enquanto comia alguma coisa amarelada. Deduzir ser batata frita. 

— Depende. Ainda quer que eu fique? – Perguntei, arqueando a sobrancelha e lançando um olhar malicioso. 

— Humm. Deixa-me pensar. – Gargalhei de nervosismo. Mas parei quando Jack me puxou para si e me ergueu, levando em direção ao lago. Temi o pior, mas senti-me aliviada em ver apenas meus pés descalços, submersos na água fria. 

— Não entendi. – Ri novamente. Jack apenas olhou pra cima. Fiz o mesmo, presenciando um show de fogos de artifício. 

De repente, uma multidão já se encontrava na beira do lago, apreciando as explosões coloridas. 

— Ainda não entendi. – Virei para encarar Jack, que apenas riu e roubou meus lábios em seguida.

— Ainda preciso responder? – Neguei e voltei a beijá-lo.

O tempo foi passando, mas a festa estava longe de terminar. A música alegrava a pista de dança. Comidas e bebidas eram abastecidas sempre que estavam próximas a acabar. Peças de roupas estavam por todos os lugares, pois a maioria se encontrava na piscina ou no lago. Casais e amigos brincavam de jogar água uns nos outros.

A festa estava tão animada que viramos a noite toda. Mas meu momento preferido foi ver o sol nascer abraçada com meus amigos. Estávamos todos acabados.

Merida estava deitada em Astrid, com seus cachos tampando seu rosto enquanto roncava baixo. Astrid estava deitada em Hiccup, que se escorava no encosto do banco. Rapunzel e Flynn dançavam no gramado, agarradinhos e lentamente. Anna e Kristoff estavam dentro do lago, se encarando apaixonados. Jack comia enquanto eu penteava seu cabelo com meus dedos.

Aquele lugar virou meu lar, não só por ser New York, mas por conta das pessoas que conheci. Cada um com sua história, com seus conflitos e com sua maneira de viver. Elas fizeram parte da minha história. E se depender de mim, continuarão fazendo. 

Hoje me vejo em uma nova vida. Uma vida sem rótulos de adolescentes, sem regras, sem confinamentos. 

Enfim, livre estou!

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Pov Anna

Há três anos uma garota sonhadora pensava que o ensino médio era... Bom... Um sonho, onde ela se encontraria num colégio fantástico, cheia de pessoas simpáticas, aulas nada entediantes e, claro, garotos incrivelmente lindos. Obviamente, ela não deu essa sorte! Pra falar a verdade, ela percorreu um caminho inimaginável, onde se flagrou diversas e diversas vezes se perguntando: como foi que consegui enfrentar tudo isso? Da onde eu tirei coragem para seguir em frente mesmo sabendo que não poderia possuir as mesmas coisas do meu passado? Essas perguntas vagavam por sua mente a todo momento de reflexão e, sempre que podia, buscava respostas para tais questionamentos. No entanto, nunca as encontrou e, por fim, acabou tendo que conviver com elas.

A cada ano que se passava essa garota sonhadora foi deixando de lado sua ingenuidade e acabou aprendendo tudo o que sua vida lhe proporcionava. Tudo o que a realidade lhe servia de bom grado.

E lá estava ela, sentada no banco passageiro enquanto olhava pela janela sua antiga casa. 

Era inverno em New York e já me encontrava completamente agasalhada. Embaixo do casaco de neve, estava vestindo dois moletons e uma blusa. Estava com luvas em minhas mãos e uma toca na cabeça.

Mas não me importava quanto frio estava fazendo, só queria entrar e rever meus familiares. 

Kristoff estava ao meu lado, terminando de colocar suas luvas. Ele havia mudado um pouco. Seu corpo permanecia o mesmo, grande e musculoso. Seu cabelo loiro continuava com o mesmo corte, longo com alguns fios caídos sobre a testa. A única coisa que realmente o deixou diferente de um garoto de 18 para um rapaz de 21 foi a barba que crescia, contornando a parte inferior de sua boca e juntando ao seu bigode na parte superior. 

Confesso que estava me sentindo orgulhosa por ter conseguido um homão desses. 

Puxei todo ar que consegui e logo cobri meu rosto com minha máscara, saindo do carro sentindo o vento gelado bater contra mim e a neve enterrando minhas pernas. Kristoff estava rindo enquanto rodeava o carro.

— Tá tudo bem aí? Precisa de ajuda? – Perguntou se prontificando a me puxar para cima para me colocar ao seu lado, onde a neve estava mais firme.

— Claro que não preciso. Eu nasci brincando na neve, eu consigo sair dessa. – Tentei puxar minhas pernas para a superfície, mas estava sendo quase impossível. Foi quando Kristoff resolveu parar de rir da minha cara e me ergueu. – Valeu. – Rimos e subimos na varanda. Da pequena vidraça podia ver a movimentação que circulava lá dentro. Bati três vezes na porta, não toquei a campainha porque queria fazer uma surpresa.

Hoje é 27 de novembro, aniversário da minha querida irmã. 

— Anna? – Abracei minha mãe tão forte que pude escutá-la gemer de dor. – O que está fazendo aqui?

— Vim fazer uma surpresa. – Respondi simplesmente. – Oi pessoas! – Minha família e meus amigos estavam todos ali, conversando entre si.

— Anna! – Meus priminhos correram para me abraçar, mas logo voltaram a correr pela casa, deixando minhas tias de cabelo em pé. Alguns parentes me cumprimentaram de longe. Merida correu para me abraçar, disputando com Punzie, que entrou na sua frente. Terminou com os garotos me cumprimentando primeiro. 

— Quanto tempo... – Flynn lançou um sorriso gentil, enquanto beijava minha bochecha, carinhosamente. Ele não mudara tanto, como Kristoff, a barba que o deixou diferente. 

Hiccup me abraçou e beijou minha testa. 

— Será que dá para vocês largarem nossa amiga? – Indagou Merida, impaciente. 

— Desculpa senhorita. – Hiccup zombou dela, fazendo um gesto de cavalheirismo desengonçado. – Vocês não se viram no Halloween? – Perguntou falsamente incrédulo. 

— Sim. Mas parece que foi há séculos. – Falou Rapunzel, sorrindo enquanto me abraçava junto de Astrid.

As garotas não haviam mudado tanto. Estavam mais bonitas e com os cabelos mais longos. 

— Me conta como está a nevasca lá em Boston? – Astrid perguntou, enquanto me oferecia uma caneca. Só soube o que tinha dentro quando senti o cheiro de café penetrar minhas narinas. 

— Obrigada, mas eu não quero ver café nem com chocolate. – Dei uma risada curta e Kristoff tomou o copo da minha mão. 

— Eu quero. – Não sei como, mas Kristoff praticamente virou o líquido quente como se fosse água. – Que delícia. Tem mais?

Ouço passos da escada e localizo papai. Quando ele me viu, quase que pulou os degraus para me abraçar, mas se conteve.

— Pode ter certeza disso. – A voz de meu pai soou em alto e bom som, seguida de uma risada curta e contida. – Que surpresa agradável filha. – Corri em direção à ele e o envolvi pela cintura. – Por que não me avisou antes? Teria ido buscar vocês no aeroporto. – O encarei e ri de suas palavras. 

— Viemos de carro, pai. Os voos foram cancelados por conta da neve. – Papai ficou surpreendido e, de alguma forma, bravo. Sorri de nervoso. – Enfim... Cadê minha irmã? Estou com saudades. – Disse varrendo a sala com meus olhos, procurando por uma trança loira. 

— Agora a pouco ela estava aqui, comendo chocolate com o Bruno e com o Jack. – Fala minha mãe, oferecendo-me outra caneca, desta vez com chocolate quente. Afastei-a gentilmente e larguei minha mochila num canto, subindo os degraus com esperanças de ela estar em seu quarto. 

Caminhei pelo corredor e em poucos segundos encontro Jack e Bruno, sentados no carpete em frente a porta do quarto de Elsa, aparentemente conversando sobre como fazer Elsa abrir a porta.

— Anna? – Jack foi o primeiro a reparar minha presença, sussurrando meu nome. – Caramba. Que bom que você veio. – Jack colocou as mãos na cabeça, abrindo aquele sorriso lindo que deixava Elsa abobalhada. – Senti saudades.

Me surpreendi a ver Jack. Ele não estava tão magro. Sua pele deu uma boa bronzeada. E seu cabelo estava castanho.

— Também senti. – Disse sorrindo. Mas logo me preocupei ao ver a expressão de Bruno. – O que aconteceu? A Elsa está trancada no quarto? – Perguntei sentindo minha alegria ser abalada por míseros segundos. 

— Não sabemos. Estava tudo bem até que ela disse que precisava ficar um tempo, sozinha. – Falou Bruno. 

— Mas ficamos preocupados e resolvemos vir saber se ela precisava de alguma coisa. – Continuou Jack, mostrando um prato com um bolo, que aparentava estar frio. 

— Podem ir. Eu cuido disso. – Disse, me ponto frente a frente àquele espécime de madeira. Mas noto que ambos me olhavam confusos. – Vão logo. – Ordeno e eles rapidamente começam a andar em direção a escada.

Acho que a faculdade estava me deixando autoritária. 

Balancei a cabeça e dei de ombros, tentando me tirar dos pensamentos. Precisava ver minha irmã. 

Bati ritmicamente na porta, sendo acompanhada por uma espera longa. Girei a maçaneta e tente abrir, mas vi que ela estava realmente trancada. O que eu vou fazer? Não encarei uma tempestade para ficar parada em frente a porta. 

Pensa Anna. Pensa.

Sabe quando magicamente uma lâmpada surge em cima das cabeças dos personagens de desenho animado? Esse seria o momento da minha lâmpada surgir. 

Caminhei em direção ao meu quarto e o adentrei. Havia me esquecido de como ele era espaçoso sem as minhas coisas. Foco, Anna. Abri a porta do meu banheiro e entrei, observando as coisas de Elsa sobre a pia. Finalmente, abri a terceira porta. Como não haviam pensado nisso antes? 

O quarto de Elsa continuava o mesmo. Organizado e limpo. Poucos detalhes que haviam mudado, como o teclado encostado no lugar da escrivaninha, as cores das cortinas e... Dezenas de fotos coladas na parede. Grande maioria eram fotos nossas, de eram éramos mais novas.

Toquei lentamente uma fotografia em especial. A primeira foto que tiramos quando chegamos aqui. Estávamos todas ensopadas por ter lavado o carro de papai numa tarde. O cabelo de Elsa estava baixo e colado ao seu rosto e as minhas tranças estavam brancas de espuma. 

— Anna? – Só havia notado Elsa quando a mesma me notou. 

— Feliz aniversário mana! – Abri meus braços e pulei em sua cama, onde a mesma correu e pulou também, causando nosso impacto menos doloroso. – Ai, que saudades desse abraço quentinho. – Disse sem cessar o abraço. Ela riu das minhas palavras e se separou, segurando minhas mãos. 

— O que você está fazendo aqui? Disse que só iria conseguir vir no começo da primavera. 

— Você achou mesmo que eu iria perder um aniversário seu? – Perguntei incrédula. Elsa riu. Dava pra ver em seus olhos que ainda não acreditava em me ter ali. – E, além disso, com essa nevasca atravessando o país, as universidades decidiram suspender algumas aulas durante uns três dias. Então... Terei alguns dias com a minha irmãzinha. – Elsa não se conteve de alegria e voltou a me abraçar. 

— Não podemos perder nenhum segundo sequer. – Disse, levantando-se da cama, indo em direção ao seu armário. Ela pegou alguns casacos, cachecol e um gorro. Logo depois calçou suas botas de neve.

— Você quer brincar na neve? – Perguntou tranquilamente. Como se aquela ideia não fosse absurda o suficiente para fazê-la desistir.

— Peraí. O QUÊ?! – Elsa praticamente me carregou até as escadas, mas parou. – Você só pode estar maluca. Você já viu o frio que está fazendo lá fora? 

— Vem logo sua covarde! – Elsa desceu os degraus correndo, se divertindo com a minha cara.

— Covarde? Eu vou te mostrar quem é a covarde. – Me sentei no corrimão e escorrei até pousar. – Que saudade que eu tava de fazer isso. – Comemorei ali mesmo, enquanto Elsa me jogava mais casacos. 

Notamos que todos os presentes estavam nos fitando com olhares de interrogação. 

— Estão esperando o que? – Indaguei abotoando o terceiro casaco que estava vestindo. 

Não se passou nem dez segundos e todos já estavam lá fora, no quintal de casa, caindo naquela neve fofa. Alguns arremessavam bolas nos outros. Os mais velhos ficaram sentados enquanto observavam os mais novos se divertindo. 

Tinha como ficar melhor? Com certeza tinha! 

— Parabéns pra você. Nessa data queria. – Mamãe veio cantando enquanto segurava um bolo de chocolate cheio de velas. Elsa teve que correr para assoprá-las, pois o vento estava quase as apagando. – Minha filha agora é adulta. – Mamãe beijou a testa de Elsa, que retribuiu com um sorriso. 

— Parabéns querida. – Papai fez o mesmo e me fitou. – Amo vocês. 

— Também amamos vocês. – Disse abraçando ambos. Elsa também nos abraçou. 

— Quem vai querer um pedaço de bolo? – Perguntou mamãe fazendo todos entrarem, exceto Elsa e eu, que ainda observávamos a neve cair.

— O que pediu? – Perguntei curiosa. Pode parecer errado, mas Elsa sempre me contava seus pedidos de aniversário, assim como eu contava os meus. Tínhamos sorte que alguns deles se realizavam. 

— Que dias assim possam sempre acontecer. 

— É um ótimo pedido. – Elsa ri e me puxa para fora, fazendo-nos cair na neve fofinha e muito, muito gelada. – Você poderia ter pedido para que nunca nos separemos. – Comento, jogando neve para cima.

— Anna. Mesmo que meu pedido não funcionasse, nenhuma magia seria o suficiente para me impedir de ficar com você. – Rebateu, me encarando.

— Sempre juntas, né? – Ergui meu mindinho. 

— Para todo o sempre. – Juntamos nossos dedinhos e logo seguramos nossas mãos. 

A neve a nossa volta estava nos congelando, mas não importava. Nosso amor pela neve e uma pela outra era muito mais forte do que o gelo.

Muito mais forte do que qualquer magia.

— Aí estão vocês. - Mamãe surgiu do nada. Ela caminhou em nossa direção com uma câmera em mãos. - Digam... Neve!

— Neve!

 


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Notas finais do capítulo

The End!
Espero que tenham gostado. Obrigada pela paciência que vocês tiveram comigo rsrs. Muito obrigada por esses 3 anos de New Life. É com uma alegria que eu me despeço de vocês. Obrigada por darem uma chance a fic. Amei cada favorito, cada recomendação e cada comentário.
Amei cada momento escrevendo essa história, assim como eu amei "conhecer" vocês.
Beijos e abraços quentinhos
Ps: Esse capítulo possui uma imagem :3. Caso ela não apareça, tá aqui o link: http://ap.imagensbrasil.org/image/dofIPy



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