New life - History of teenagers escrita por GabiElsa


Capítulo 63
Frozen School


Notas iniciais do capítulo

HI GUUUUUY!!!! E aí meus lindos, tudo bem? Espero que sim :).
Primeiramente, quero pedir perdão pela extensa demora. Estava com dificuldades para escrever esse capitulo, por ele ser especial. Querem saber por que? Porque ele é o antepenúltimo... AHHHHHHH... Sim, restam dois caps para a fic acabar e sinceramente tá sendo uma tortura finalizar essa história. Acabei apegando aos personagens e saber que nunca escreverei sobre eles, me deixa bem triste. Mas, uma hora isso tinha que ter um fim, né?
Esse capitulo demorou basicamente um mês, ou dois, para ser escrito, então TRATEM DE COMENTAR kkkk. Na real, sinto falta de muita gente daqui, e compreendo que ficar comentando o tempo todo chega a ser chato, mas por favor, apareçam para dar um simples oi.
Quero agradecer a Karine por sua linda recomendação. MUITO OBRIGADA LINDA ^---^
Anyway, espero que gostem e que aproveitem a leitura.
Beijos



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Pov Anna

Sabe o que é pior do que acordar cedo? É ter que levantar na maior indisposição possível para ir ao banheiro. É como se ressuscitássemos já fazendo uma maratona. Tudo bem que rola uma tonturinha aqui outra ali. Quase batendo a fuça nos móveis... Mas okay. Embora isso seja a pior coisa, ter ido ao banheiro me incentivou a tomar um banho quente para despertar, já que hoje não posso nem PENSAR em não ir ao colégio, afinal teria a prova mais importante da minha doce e conturbada vida.

Em minha mente estava tudo checado: Pegar canetas no pote sobre a escrivaninha, não se esquecer de encher as garrafas de água e pôr na geladeira, comprar meus chocolates preferidos, e por fim, conferir se meus documentos estavam tudo na carteira, TUDO para ontem. E eu fiz alguma dessas coisas? Exatamente, não!

Tomei banho tão rápido que nem verifiquei se estava com sabão ou não. Também, dane-se. Na hora do desespero a gente chuta a própria mãe pra conseguir chegar a tempo... Que isso, não. Mãe, amo você.

Como havia penteado meu cabelo de baixo d’água, só restou lavar o rosto para tirar as remelas. Após isso, enrolei-me na toalha e sequei meu cabelo com o secador, resolvendo no meio do caminho ligar meu notebook e pôr The Script para ecoar os cômodos superiores da casa. – Estava todo mundo acordado mesmo. Que mal faria despertá-los ainda mais com músicas? Pois é, nenhum.

Vesti meu uniforme pensando como será que meus colegas estão. Nervosos? Ansiosos? Talvez inseguros de sua capacidade. Eu sei que é errado desejar o mal para os outros, mas, apesar de serem meus colegas, eles também eram meus concorrentes. A cada eliminado, aumenta minhas chances de me dar bem, já que minha classificação seria boa o bastante para Harvard e nada poderia me impedir de me ingressar sem dificuldades. Caso ao contrario, teria de enfrentar outros testes e talvez surja uma pequena possibilidade de não entrar.

Engolir em seco ao pensar na tal possibilidade.

Não, Anna! Essa vaga já é sua. Você não morreu de estudar à toa.

Saí igual uma desembestada para pegar minhas coisas. Era pegando bolsa de um lado, procurando caneta de baixo da cama, achando dinheiro largado no meio dos livros... Enfim, fiz o que deu, e o que não deu segui em frente. Pelo menos o mais importante eu peguei.

Desci as escadas pelo corrimão, quase desequilibrando no final e rachando a cara no chão. Dei sorte por não ter minha mãe por perto. Fitei a porta por alguns segundos e percebo que ela não estava trancada.

Quem abriria a porta seis horas da manhã??? AI MEU DEUS! FOMOS ASSALTADOS! Entrei em pânico. E se os bandidos estivessem na casa? Procurei logo algo para proteger-me, como um violão que estava largado em cima do piano. Segurei-o firme e andei lentamente até a cozinha, encontrando ninguém. Voltei para a sala e fiz uma posição de alerta, tentando escutar qualquer barulho que fosse. Entrei num suspense tão tenso, que tomei um puta susto com buzinas insistentes.

— Vamos, Anna! – Ouço a voz de Elsa e tento procurá-la, mas pelo baixo volume de seu "grito" abro a porta por inteira e vejo que a loira se encontrava dentro de um carro familiar.

— Elsa? – Murmuro enquanto apertava os olhos para enxergá-la melhor.

— Vem logo esquentadinha! – Abro um sorriso ao ver Breu, que não parava de buzinar.

— TÔ INDO! – Berro, fingindo estar estressada. Fecho a porta, indo em seguida até o carro. – Não sabia que estávamos atrasadas. – Falo sentado no banco traseiro, enquanto Elsa estava no banco carona já pondo o cinto. Assim que terminei de me sentar confortavelmente, resolvi pegar o cinto.

— Na verdade não estamos. – Paro de imediato para fitar Elsa.

— É o que?! – Indago quase gritando. – Eu nem tomei café e você me fez vir correndo pra cá à toa. Tá brincando comigo?! – Ambos se entreolham e me lançam um olhar divertido.

— A gente vai tomar café fora. – Explicou Breu com todo carinho, buscando me fazer ficar calma. – Não precisa desse barulho todo. – Riu e tornou a virar para frente, dando a partida.

— Ah querido, se tratando de Anna com fome é uma história bem violenta. – Brincou Elsa, também se virando para frente.

— Verdade. – Concordou Breu, rindo. – Lembram daquela vez que tivemos que passar uma noite, sozinhos por que o pneu do seu pai furou? E a Anna tava quase se enforcando porque a gente teve que se virar pra arrumar comida? – Ambos gargalharam dessa história. E eu fiquei lá com minha cara de paisagem, apenas escutando o possível Stand Up sobre meus escândalos de fome.

— Aquele dia foi engraçado. – Disse Elsa entre risos. – Lembra quando o nosso pedido demorou quase uma hora e a Anna arrumou treta com a atendente?

— Que ela por pouco não pegou a cadeira pra tacar nela?

— Foi... Aí chamaram a policia e tudo. – Riram ainda mais.

— EEEEEEEI eu tô aqui seus nojentos. – Proferi irritada. – Eu sei que eu com fome é igual a um monstro descontrolado. Não precisam jogar na minha cara. – Se aquelas pestes já estavam rindo, comigo esbravejando então... Foi o ponto mais alto que conseguiram rir. Pelo menos não era eu que estava com dores no abdômen.

Breu e Elsa pararam de rir depois de um booooom tempo, me deixando aliviada. Eu sempre soube que eu irritada era igual a um cachorrinho fofo tentando assustar o próprio reflexo. NINGUÉM me leva a sério.

Depois de uns minutos, logo chegamos numa cafeteria ainda fechada, o que achei estranho porque não tínhamos tanto tempo para ficar esperando. Breu percebeu e mesmo assim estacionou. Elsa franziu as sobrancelhas e virou-se para mim com uma expressão confusa. Já Breu simplesmente saiu do carro e nos olhou desentendido.

— Tão esperando o que? Venham. – Elsa e eu nos entreolhamos novamente e demos de ombro, seguindo Breu, ainda confusas. Chegando na porta de entrada, percebemos outras pessoas esperando as portas se abrirem, deduzi serem universitários pelas roupas e mochilas. – Seguinte: nós vamos nos dividir. Elsa, você fica na lateral e Anna, você fica na outra ponta, porque eu vou pelo meio em direção ao caixa e vocês já ficam preparadas para pegarem e pedirem o que desejarem. Okay? – Ficamos iguais as estátuas do Centro Parque, não entendo absolutamente nada do que estava acontecendo ali. Breu bufou e revirou os olhos. – Meu Deus, vocês nem parecem nova-iorquinas. – Demos de ombro e ele suspirou. – Escuta, o lance é só correr. Cada uma de vocês vai para um canto que eu cuido do mais importante, que é pedir e pagar. Okay?

— Tudo bem, você manda. – Falou Elsa e Breu se distanciou para ir cumprimentar uns colegas da faculdade. – Você tá conseguindo entender o objetivo disso? – Cochicha enquanto fitava Breu a distancia.

— Se você não tá entendendo imagina eu. – Rimos cúmplices e Breu nos posiciona.

— É só correr. – Balancei a cabeça demoradamente, arrancando risos de Elsa que já se encontrava na outra ponta. – Anna, é como se sua corrida fosse garantir nossa comida.

— Opa! Então vou correr o máximo que conseguir. – Falei ainda rindo e quando virei para fitar as portas, as mesmas já estavam se abrindo e uma multidão estava indo para cima. – MEU DEUS! EU NÃO TAVA PRONTA. CALMA AÍ! – Era tanta gente junta que ninguém conseguia entrar, então aproveitei um espaçozinho e saí correndo até a ponta dos pedidos, pois Breu já havia entrado e só esperava passar o cartão. Feito isso, Breu passou a fichinha dos pedidos para eu entregar para a atendente, que sorria mais que tudo nessa vida. Querida, tem gente perdendo um braço pra não pegar fila e você aí sorrindo. Por favor, né.

— Agora é só aguardar naquela fila. – Apontou para a fila em que Elsa estava. Ahhh entendi. Oh moleque esperto. Não vou aguardar em fila não queridinha hahaha.

— E aí entregou? – Perguntou Elsa assim que fiquei próxima a ela. Breu chegou por trás.

— Sim, ela disse para esperar nessa fila. – Assim que disse aquilo, nossa comida é colocada na nossa frente, sendo entregue com a nota fiscal e um bom dia nos copos com cafeína.

Saímos daquela cafeteria na maior emoção de termos conseguido.

— Ai que legal. – Ria Elsa sentando no carro e pondo o cinto. Fiz a mesma coisa e Breu igualmente. – Vamos tirar uma self? Faz tempo que não registramos nossos momentos. – Concordei sorrindo. – Anna, pega meu celular aí dentro da minha bolsa. – Pediu, aproveitando que Bruno não havia ligado o carro.

— Claro. – Respondi já procurando o aparelho. Eu o encontrei só que encontrei também mais uma coisa. – Ahn... Elsa. – A chamei e ambos viraram para me fitar. – Por que isso tá na sua bolsa? – Perguntei ainda chocada, deixando-os apreensivos.

— Isso o que? – Indaga Breu com a boca cheia de recheio de donnut. Elsa não disse nada, estava confusa em relação à pergunta.

— Esse... – Ergui para que ambos vissem. –...preservativo. – Bruno arregalou os olhos só que não impressionado, como se aquilo fosse familiar pra ele. Já Elsa, simplesmente deu de ombros e suspirou.

— Eu... Ganhei numa aula de saúde. Nada de mais. – Ela se virou e se afundou no banco, sem dizer mais nada. Senti que ela estava mentindo.

Criou um clima bastante tenso entre a gente. Elsa não tinha comentado comigo sobre esse tipo de coisa, na verdade, nunca conversamos sobre esse assunto. Era bem difícil termos conversas que influenciasse nossas intimidades com Kristoff e Jack, era só o básico, como conversas ou atitudes diferentes vinda por partes deles. Mesmo sabendo que Elsa escondia algo, não quis perguntar e nem fiz nenhuma menção que me incentivasse a isso.

— Então... Vamos que vocês devem chegar duas horas adiantadas. – Bruno quebrou aquele silencio como se fosse a coisa mais simples de ser quebrada, mas conhecendo-nos ele me pareceu sentir uma tenção emocional ali.

Dito e feito. Passamos o resto do trajeto, calados. Só com o som da música quebrando o silencio e amenizando a situação. Elsa fitava a paisagem da janela e eu fitava cada parte daquele carro, aleatoriamente. Assim que o carro de Breu parou, Elsa se despediu dele rapidamente e saiu do mesmo modo para me evitar.

— Escuta. Nós dois sabemos que Elsa quer cuidar mais da gente do que dela mesma, então tenta ser mais compreensiva quando forem conversar. – Pediu Bruno enquanto fitava o retrovisor.

— Tudo bem. – Disse em meio suspiro.

— Tenta ajudá-la da melhor forma possível. Qualquer coisa eu falo com ela, se precisar. – Afirmei e despedi-me com vários acenos.

Depois que o automóvel sumiu de minhas vistas, virando a próxima esquina, passei a correr para poder alcançar Elsa, que já se encontrava próxima ao elevador no final do extenso corredor principal. Pensei em gritá-la na esperança dela parar de caminhar e me esperar. Mas, pensando bem, ela não iria me ouvir ou fingiria não me escutar, pois, conhecendo Elsa como conheço, ela se fecharia e não me contaria nada.

Vendo que as portas do elevador iriam se fechar e que Elsa já permanecia dentro do mesmo, busquei gritar as pessoas que estavam junto dela, afinal eles não sabem do porque eu não estar acompanhando Elsa.

— Ah. Obrigada. – Disse bastante ofegante assim que atravessei as portas e fiquei ao lado de Elsa, que estava na frente.

Minha irmã parecia estar calma por fora, mas pelo seu olhar distante, presumir estar pensando. Um sorriso no canto de seus lábios me trouxe a ideia de serem pensamentos felizes. Ela não estava brava comigo. Agradeci mentalmente, porque se tem uma coisa que faz me sentir impotente, é saber que deixei Elsa enraivecida.

— Quer conversar? – Sussurrei ao pé de seu ouvido, fazendo-a ergue uma sobrancelha.

— Não é a hora. – Respondeu um pouco ríspida, mas não me fez desistir de buscar esclarecimentos.

— Sabe... Se quiser contar o que aconteceu, eu tô aqui. – Minha voz se destacou naquele silêncio constrangedor de elevador, mas não me preocupei em continuar. – Porque, você pode ter uma coisa que quer desabafar com alguém, e saiba que eu posso ser esse alguém, claro... Se quiser. – Ouço uma risada curta vinda dela. Estranhei sua atitude e não a tornei algo irrelevante.

As portas se abriram para o pessoal do segundo ano, que eram a maioria dentro do elevador. Eles saíram, deixando os alunos do último ano mais espaçosos para transitar dentro daquele cubículo. Elsa me puxou para um canto no fundo e me encarou com o semblante mais feliz que conseguia.

— Olha, Anna. Eu sei que estar curiosa sobre algo que escondo é uma tortura pra você, mas, confia em mim, eu sei como você irá reagir e acredito que agora não seria o momento certo. – Sussurrou, mantendo a calma e um sorrisinho meigo. – Tudo bem? – Perguntou um tanto receosa.

— Érr... – Abaixei o olhar, fitando minhas mãos. Eu sei que não sou eu quem decide o que Elsa quer ou não, mas queria ao menos poder saber o que ela sentia. Se estava nervosa ou com dúvidas. Queria poder ajudá-la como ela sempre vem me ajudando. – Desculpa, mas quero saber agora. Depois você acaba não me contando e posso até me desconcentrar durante a prova preocupada com você. – Touchet! Foi só eu dizer isso que Elsa arregalou os olhos ligeiramente, ficando boquiaberta por uns segundos. – Então... Vai me dizer ou não? – Falo, com os braços cruzados frente a meus seios, expondo uma expressão vitoriosa.

Elsa deu um suspiro bastante audível, demonstrando sua derrota. HÁ!!! Consegui.

— Tá bem. – Abri um sorriso e dei uns pulinhos de comemoração, mas parei quando Elsa segurou minhas mãos e me encarou com o rosto próximo. – Mas fica calma e tenta disfarçar. – Ditou as regras como a rainha má, bem séria.

— Fique tranquila em relação a isso, mana. Serei um poço de sutileza. – Proferi animada, falando um pouco mais alto no final, recebendo um Shh de Elsa, que aparentava estar nervosa. – Shh... – A imitei e gesticulei como se trancasse meus lábios um no outro.

— Jack me convidou para ir num acampamento de Snowboard. – Assenti, anunciando que estava prestando atenção. – E pelo que ele me disse... – Mordeu o lábio inferior em meio de um sorriso tímido. – Parece estar planejando nossa primeira vez. – Sussurrou o máximo que conseguiu, dando uma risada nervosa quase inaudível.

Sabe quando você chega ao limite de euforia e tenta prender toda aquela festa de fogos de artifício? Só que no final acaba fazendo algo engraçado como chorar, rir, não parar de sorrir ou ficar omitindo seus gritos? Então, minha reação foi o completo oposto.

— AI MEU DEEEEEUUS!!!!!!

— Anna. – Murmurou Elsa, morta de vergonha. – Cala a merda da boca. - Prosseguiu com seus modos de me aquietar.

— Como você quer que eu cale com uma notícia dessas? – Proferi dando umas gargalhadas bastante altas e uns rodopios de passar vergonha. Enquanto isso, nossos colegas nos observavam com sorrisos divertidos, aparentemente rindo da minha pagação de mico. Tava pouco ligando para o que falavam. – AI ELSAAAAAA!!! - Berrava apertando suas mãos.

— Fica quieta! – Falou Elsa com um semblante um pouco mais sério e irritadiço. – Não foi esse o trato. – Brigou me dando uns tapinhas no braço, mas nem fiz menção de parar, apenas diminuir minha animação.

— Desculpa, não deu para aguentar. – Desabafei um pouco ofegante, buscando controlar meu batimento cardíaco, que aumentou por conta da emoção. – Ai, que legal. Você vai perder com o Jack. – Sussurrei a última parte, para que não começasse uma tremenda fofoca, já que não éramos as únicas ali dentro. – Tá nervosa? – Pergunto com um largo sorriso.

— Eu não estava, até agora. – Falou semicerrando os olhos, me acusando maldosamente. – Valeu, Anna. – De nada! Dei uma risada breve e o som de que havíamos parado em nosso andar soou. – Pelo menos agora farei a prova mais tranquila. – Rimos.

— Acho que todos devem estar tranquilos em relação à prova. – Falo e as portas se abrem. – Ahn... O que eu disse mesmo? – Indago-me ao presenciar uma cena de desespero.

A cada passo que dávamos naquele corredor largo, era uma situação diferente. Havia alunos estudando enlouquecidamente, desesperados por respostas que não haviam estudado. Outros eram por falta de material para fazer a prova. Se olhássemos para os lados, encontrávamos alunos vendendo canetas ou lanches um tanto suspeitos. Nos cantos víamos amigos chorando e se acolhendo um nos outros. Uma verdadeira cena bastante tensa.

Chegamos à porta de nossos armários e arrumamos nossas coisas, nos preparando para quando formos até as salas.

— Não é por nada não, mas estou ficando com medo. – Falo me escorando na pequena porta atrás de mim.

— Por quê? Estudamos o bastante para não ficarmos iguais a eles. Não vejo motivo para ter medo, Anna. – Tentou me confortar Elsa. Mas do que ela estava falando? Eu estava me referindo a quando acabasse meus chocolates antes mesmo de começar a prova, isso sim é de dar medo. Optei por ficar calada.

— Verdade. – Abri um sorriso. – Tô me sentindo bem melhor. – Comecei a observar o que Elsa fazia e lembrei-me do antigo assunto que conversávamos. – Então... Papai já te deixou ir? – Pergunto e ela sem me fitar, assente. – Mentira. – Disse, desacreditada.

— É sério. – Falou rindo. – Ele e eu tivemos uma conversa e... Bem... Acho que consegui convencê-lo a deixar. – Fiquei um pouco boquiaberta, mas acabei engolindo essa história. Meu pai deixar Elsa viajar com Jack? Humm (?) Okay. – Como será que é lá? Muito frio?

— Deve ser, já que tem neve. – Disse ironicamente.

— Perfeito. – Ouço a murmurar, pensando consigo mesma.

— Oie! – Sinto um abraço e logo vejo uma cabeleira ruiva inconfundível a minha frente, abraçando Elsa. – E aí? Tão falando de que? – Merida se intromete sem querer na conversa, e como ela é nossa amiga, não vi problema em contar.

— Sobre a primeira vez dela com o Jack. – Falo num tiro, sem deixar que Elsa falasse.

— Aé? – Pergunta Merida surpresa, fitando Elsa com malícia, tanto no olhar como no sorriso. – Quem diria Elsa fazendo essas coisas. – Brincou, fazendo Elsa corar violentamente.

— Ai que saco! – Disse ela, nervosa. – Por que não aproveitam e falam para Deus e o mundo? – Profere visivelmente irritada, mas nem Merida nem eu a levamos a sério.

— Falar o que? – Uma morena de cabelos curtos adentra a rodinha do assunto e envolve Merida e eu num abraço.

— Que a Elsa vai perder com o Jack. – Fala Merida, deixando Punzie surpresa e extremamente feliz.

— Mentira! – Ouço Elsa suspirar impacientemente, e vejo Punzie a abraçar com pulinhos de alegria. – Parabéns miga! Te desejo toda felicidade do mundo. – Elsa ri pelo nariz e murmura um obrigada. – Que filho da mãe, nem me contou.

— Contou o que? – É a vez de Flynn entrar no assunto, enquanto abraçava Rapunzel por trás e depositava uns beijos em seu ombro.

— Sobre a primeira vez da Elsa. – Responde sem hesitação, como todo mundo, surpreendendo Rider.

— Sério? Com quem? – Pergunta olhando fixamente Elsa, que expressava um semblante indignado.

— Com o tiozinho do sorvete lá do Centro Parque, Flynn. – Respondeu esbanjando sarcasmo.

— Que legal, Elsa. Agora você pode descolar umas casquinhas grátis pros teus amigos aqui, né? – Não consegui aguentar, rachei de rir junto de Merida.

— Vai à merda, Flynn. – Fala Elsa rindo um pouco. – Por favor, não espalham pra ninguém. – Assentimos e Hiccup chega junto de Astrid.

— Espalhar o que? – Indaga Astrid. Percebo que ninguém se atreveu a falar algo.

— Que eu vou ter minha primeira vez. – Espantando TODO mundo, Elsa disse na maior tranquilidade.

— Isso eu já sabia. – Fala Hiccup, ganhando olhares de tédio. – Que foi? Jack me conta tudo.

O som estridente do sinal ecoa pelos corredores, indicando que estava na hora.

— Estraga prazeres. – Fala Flynn guiando Punzie para a sala, sendo seguido por Merida e Astrid, deixando somente Elsa, Hic e eu, próximos ao armário.

— Não esquenta, Jack sabe o que está fazendo. – Elsa abriu um sorriso amarelo e Hiccup sai andando em direção a sala.

— Sabe o que eu amo nisso tudo. – Quebro um possível silêncio a se formar. – É poder saber que podemos contar com eles, na situação que for. – Elsa suspira, aparentemente concordando.

— Nem parece que já estamos no último ano. Me lembro de tê-los conhecido como se fosse ontem. – Fala com um olhar nostálgico. – Não pretendo me separar deles. – Suspiro pesadamente.

— Nem eu. – Prosseguimos com outro suspiro em igual tempo. – Vamos lá. – A envolvi num meio abraço e passamos a caminhar juntas, atravessando aquela porta como guerreiras, ansiando por mais uma batalha que teremos de enfrentar.

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Pov Jack

Nessa manhã acordei disposto, o que é uma raridade acontecer, mas por um acaso aconteceu hoje. Talvez seja porque simplesmente resolvi dormir cedo no dia anterior - vou começar a aderir essa técnica.

Levantei-me e fui direto para o banheiro, tomando a frente de Lara que, ao perceber que foi ultrapassada, ficou me xingando e batendo na porta como "Isso não é justo Jack, eu tava indo primeiro" e, como sou um ótimo irmão, simplesmente respondi um "falou certo, tava" e começava a rir enquanto me despia.

Após um banho rápido, vesti minha blusa do uniforme e pus por cima meu moletom azul, em seguida pus minha calça e meus All Star preto clássico. Fiquei de frente ao espelho do armário e "arrumei" meu cabelo com os dedos de minhas mãos, passando-os pelos fios platinados e lisos.

Assim que terminei de me arrumar, verifiquei as horas e estava no horário certo. Desci até o andar inferior e peguei minha mochila em cima de uma poltrona, próxima as pequenas vidraças do lado da porta. Dei um beijo no rosto da minha mãe e cumprimentei meu pai, que estava mexendo em seu notebook em cima da mesa.

— Tenha uma boa prova, filho. – Disse minha mãe enquanto abria um pacote de biscoito e levava um à boca.

— É. Nada de marcar C de Cristo e D de Deus, marque as respostas certas. – Reforçou meu velho, tirando risadas tanto de mim quanto de minha mãe.

— Pode deixar. – Disse rindo e acenando, já lá da sala.

Peguei minhas chaves em cima de uma cômoda e destranquei a porta, olhando para trás e presenciando uma cena de meus pais. Ambos brincavam com os biscoitos - ou bolachas - e se beijavam de vez ou outra. Lara, que se aproximou no maior silêncio, fitou os dois e abriu um sorrisinho.

— Esperarei o casamento. – Falou abafando o riso.

A olhei, com a sobrancelha arqueada e abri um sorriso travesso.

— E se eles tiverem outro filho, ele fica no seu quarto. – Gargalhei e atravessei a porta, ainda rindo, deixando a baixinha para trás com a maior cara de lerda. – Fecha aí a porta e entra logo no carro se não vai ficar sem carona para a escola. – Nem pensou duas vezes e logo entrou no meu carro, que já estava fora da garagem, pronto para dar a partida.

— A Elsa e a Anna não vão com a gente? – Perguntou assim que reparou na ausência de ambas irmãs.

— Não. Elas saíram com um amigo. – Disse um pouco seco e sem emoção. Realmente, eu não curtia a ideia de Elsa sair com Breu, tanto é que ela já havia dito que evitaria essas saídas. Mas, também não posso impedi-la de sair com os amigos, principalmente Breu que é como um irmão mais velho para ela.

Passaram-se alguns minutos e logo deixo Lara na escola, sendo assediado por algumas garotas, ligeiramente. Minha irmã já disse que as meninas de sua sala me admiravam e que eu era o "Crush" de várias delas. Acabo por me divertir nas fofocas entre essas pré-adolescentes.

Ligo o rádio e começo a cantar Runaway do Galantis. A cada afinação de voz na música era uma voz tosca minha. Estava sozinho mesmo, poderia ficar me divertindo dentro do MEU carro, porque sou EU quem manda no MEU carro e no MEU rádio. Fiz até uma dancinha enquanto o carro estava parado no semáforo, chamando atenção de um carro vizinho.

Nunca fiquei tão focado num carro quanto aquele. A mulher que dirigia parecia muito minha Diretora. Ih, olha lá. Parecia bastante o carro dela.

— Jack! – Ouço uma buzinada e logo vejo o vidro se abaixando. Não é que era minha diretora.

— Hey! Senhora Jeniffer. – Acenei e lancei um coração com as mãos, sendo retribuído do mesmo gesto. – Está indo para o colégio? – Gritei abaixando o som.

— Sim, estou. – Ela olhou para cima e notei que o sinal iria abrir. – Nos encontramos lá. – E partiu, sendo seguida por mim.

Eu não a via desde sua licença e, pelo o que parecia, ela estava muito bem.

A Diretora sempre foi uma pessoa muito importante para mim, acho que desde sempre. Quando eu era pirralho, sempre me metia em confusões que influenciava na diversão dos outros. Tudo o que eu fazia era para arrancar risos de onde não havia felicidade, sorrisos de rostos amargurados e, toda vez que a aula estava chata, eu procurava algo que a tornasse a aula mais legal do dia. E quem sempre esteve lá para aconselhar foi a Diretora. Eu a considero como uma segunda mãe, pois ela ao invés de brigar comigo, ela só fazia ocorrência e de vez em outra uma advertência.

Quando me candidatei para entrar no time de basquete, todos os professores disseram que não seria uma boa ideia, pois iria fazer-me desfocar dos estudos, o que na época era exatamente o que eu queria. No entanto, a Diretora não concordou com os professores e muito menos comigo. Ela só fez um acordo que mudou minha vida. O acordo se tratava de, enquanto minhas notas estiverem boas, eu poderia jogar todos os campeonatos. Isso dura até hoje, mas acho que acabei acostumando e soube organizar minha vida diversão e estudos.

Estacionei o carro e apanhei minhas coisas do banco traseiro. Ativei o sistema de segurança e esperei para avistar a senhora Jennifer, que logo caminhou até mim com a mais pura elegância, como sempre.

— Oh meu Deus! Olha só para você. Está tão lindo. – Abri um sorriso e a abracei.

— Vamos combinar que isso já não é novidade. – Brinquei e ela ri.

— Concordo. – Ri novamente e a acompanho para dentro da escola. – Você irá fazer a prova hoje, né? – Assenti e cocei a nuca. – Nervoso? – A fitei e assenti, prendendo meu lábio superior à gengiva, levemente.

— Tipo: eu estudei, mas sempre rola aquela insegurança. – Ela assentiu compreensiva. Viramos a próxima esquina e em seguida chegamos à parede de conquistas do Frozen School.

— Que saudade dessa parede. – Sorri e ri para si mesma. Só observo com um sorriso divertido e a chamo para tirar seu desfoco. – Continuando...

— Aé! Bom... Continuando, essa prova irá ajudar muito no meu futuro. Mas, de qualquer forma, as bolsas que me ofereceram com o basquete também ajudarão. – Prossegui, explicando o que estava acontecendo.

— Verdade. Vocês irão jogar na semana que vem? – Assenti sorrindo. – Quero vitórias, hein? – Avisou de forma irônica, mas para disfarçar a verdade óbvia.

— Pode deixar.

Assim que atravessamos um longo corredor, chegamos à sala da diretoria, onde Buck estaria. No entanto, Jeniffer explicou que a sala agora pertencia a ela e que Buck voltaria ao seu cargo anterior.

Adentramos aquela sala escura com olhares nostálgicos. Fazia um bom tempo que eu não visitava aquele lugar. Tudo estava do jeitinho que sempre foi. As paredes continham uma arquitetura rústica, combinando com os móveis de madeira. A janela atrás da majestosa cadeira da diretoria iluminava o espaço mais próximo, deixando o mais afastado com pouca luz. Havia centenas de livros nas prateleiras e fotografias de eventos importantes. A única coisa que havia mudado era a mesa. Estava um tanto vazia, sem a personalidade de quem a usasse, mas isso iria mudar afinal a verdadeira diretora voltou e espero ver suas coisas e seus mimos sobre aquela mesa.

Sentei-me numa das cadeiras à frente e presenciei um semblante aliviado por parte da Diretora, não porque se sentou e sim porque pôs seu corpo naquela cadeira que tanto sentara durante anos.

— Que saudade desse couro. – Se acomodou e riu de si mesma. – Mas, então. Conte-me as novidades. – Me desencostei da cadeira e me aproximei um pouco.

Passamos longos minutos conversando, já que restava meia hora para o início da prova. Contei a ela tudo que havia ocorrido durante sua ausência. Contei histórias hilárias e histórias nem tão engraçadas, como a de Rapunzel, que havia voltado um dia depois de ter acontecido à tragédia daquela bruxa.

Casos a parte, contei também a ela sobre minha relação com minha família e como estava indo meu namoro com Elsa. Disse a maior parte do assunto e de como eu estava feliz com minha loirinha. Finalizei a conversa com meus planos para o final de semana, recebendo dicas em troca por parte da mulher a minha frente. A diretora me deu conselhos mesmo sabendo que não era minha primeira vez. Aceitei-os por educação e amizade para com ela.

— É isso. Agora é sua vez. Conte-me como foram seus dias de licença. Seu bebê já nasceu? É menino ou menina? – Pergunto bastante alegre, pois fazia um tempo que reparei na diminuição de sua barriga. Ela por sua vez, deu um longo suspiro e mudou de semblante rapidamente, fazendo uma expressão divertida tornar-se séria e desolada. – O que foi?

— Eu... Bom... Durante minha gestação tive complicações graves e... – Fungou disfarçadamente, mas não me passou despercebido. – Desculpe. – Enxugou uma lágrima e eu me aproximo bastante preocupado.

— Hey, por favor, não chora. – Agachei ao seu lado e limpei suas lágrimas. – Conte-me o que aconteceu.

— É que eu... Perdi meu filho, Jack. – Respondeu engolindo o choro. – Faz uns dois meses que eu fico dentro de casa e essa é a primeira vez que eu saio depois de tudo isso. – A chamo para um abraço e ela se levanta, me concedendo-o. – Obrigada. Mas saiba que não me arrependo de ter levantado da cama. – Assenti abrindo um sorriso.

— Eu sei disso. Até porque, mesmo você ter perdido essa criança, a senhora sempre terá um guardião para te proteger. – Ela abre um sorriso e me abraça novamente.

— Te agradeço Jack. – A retribuo e me afasto. – Tá na hora de ir, não acha?

— Já ia dizer isso. – Dou uma risada breve e caminho até a porta, pegando minhas coisas. – Me deseje sorte. – Grito já saindo.

— Boa sorte. – A ouçoela rir e me esbarro com o senhor Buck.

— Bom dia, senhor Frost. – Aceno e lhe lanço um sorriso. – Ande logo se não perderá a prova. – Ouço sua voz grave atingir meus ouvidos e de repente sinto um frio na barriga.

Estava ficando nervoso.

Saí correndo quando verifiquei as horas, restavam uns cinco minutos para o inicio da prova e precisava ser mais rápido para chegar a tempo. Subi as escadas em questão de segundos – fazia isso quase em todos os treinos, então não me cansei tão rápido quanto achei que cansaria. Quando cheguei ao meu andar, fui à procura de qual sala eu teria de estar, foi quando avistei Hiccup numa das primeiras cadeiras, mordiscando o lápis enquanto prestava atenção no quadro.

Ele me notou ao se virar para a cadeira de trás, fez um sinal para eu entrar com um olhar quase desesperado. Assenti rindo e dei leves batidas na porta, sendo atendido pelo meu professor favorito que mais amo na vida.

— Heeeey, senhor Jackman. Vejo que irá aplicar a prova. – Falo com um carisma zoeiro.

Ouvindo risadas atrás de si, Bunny se virou com um olhar assassino e tornou seu olhar para mim. Semicerrou os olhos, desconfiado de algo. Cruzou os braços de frente ao peito, fazendo uma pose de intimidador, o que não funcionou comigo.

— Espero que não tenha aprontado de novo, Frost. – Arqueei a sobrancelha e dei um risinho, balançando a cabeça enquanto olhava para baixo. Voltei a fitá-lo com meu sorriso de lado e coloquei minha mão sobre seus ombros.

— Olha, eu não te garanto nada, mas se sua insinuação for saber onde eu estava, saiba que eu me encontrava com a diretora. – Sua expressão foi de surpresa, aparentemente feliz com a noticia. – Ah, ela lhe mandou um abraço. – Disse enquanto ia me sentar numa carteira vazia, de frente a Elsa e ao lado de Punzie e Merida.

— Bom, alunos. Continuando o que seu colega interrompeu... – Mandei um coração com as mãos, recebendo em troca uma revirada de olho. - ...As informações que precisarão estão escritas no quadro. Mochilas ou bolsas devem se encontrar em seus armários ou fora dessa sala. – Olhei para baixo e percebi que ainda estava com a mochila. Merda. – Caso o contrário, o aluno será desclassificado. – Como restavam dois minutos para a prova, voei até a porta, pegando meu material e arremessando a mochila num canto do corredor. Noto que Flynn faz o mesmo e voltamos ao mesmo tempo, sentando rapidamente como se nada tivesse acontecido. – Enfim... Daqui alguns segundos, entregarei a prova com o gabarito e... Espero que me deixem orgulhoso. Não só eu como todos os professores que prepararam vocês para esse momento tão importante. – Sinto um arrepio e abaixo o olhar.

Todos esses anos o pessoal do Frozen School sempre me acolheu. E quando eu discutia com o Bunny ou o zoava nas aulas, nós sempre compartilhávamos um momento só nosso. Eu não aceitava outra pessoa fazer as mesmas brincadeiras que eu faço com ele. Teve um dia que já briguei com um garoto que o chamou de coelhinho na frente dos alunos e, não me arrependi em nenhum momento de ter metido um murro em cheio no rosto daquele idiota. A partir daí ninguém se meteu comigo ou com o senhor Jackman. Apesar de ainda terem medo dele, muitos o respeitavam. Principalmente eu, que além de ter pegado intimidade, conquistei sua amizade que dura até hoje.

Aí comecei a refletir em silencio. Depois que eu me formar, não o verei todos os dias, não o irritarei em suas aulas, e muito menos o defenderei de alunos como aquele. Esfrego meus olhos, afim de não chorar. Bunny foi praticamente um irmão mais velho que eu considerei há anos, e agora tudo mudará só porque o tempo não parou. É nessas horas que sinto falta da minha infância.

Deveria ter me divertido mais? Ou foi o suficiente para ter virado para o passado e dizer "minha infância foi linda de se ver"? Não, gostei da minha antiga vida e agora é só curtir minha atual vida.

Funguei e enxuguei uma lágrima que iria cair.

Não havia percebido, mas metade da turma me assistia e lançava-me olhares curiosos, compreensivos e amigáveis, como se soubessem do que eu estava pensando. Ri comigo mesmo e sinto um calorzinho em uma das minhas mãos geladas de nervosismo. Viro para trás e vejo que Elsa segurava minha mão, acariciando-a com seus dedos. Lanço-lhe um sorriso e viro para frente, pois Bunny entregava a prova nas primeiras fileiras.

Um silêncio começa a se formar, mas aí, DO NADA, Flynn, que estava atrás de Rapunzel, começou a rir.

— Que foi doido? – Sussurra Meri, prendendo o riso.

Quem estava próximo, ficou fitando-o com olhares confusos.

— Nada é que... – Riu mais uma vez. – Lembrei do tiozinho do sorvete da Elsa. – Riu ainda mais. Daí quem entendeu começou a rir e eu fico lá, boiando. Ah quer saber? Nem fiz menção de perguntar. É aquele ditado "Entendedores entenderão".

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Pov Astrid

Passei minhas mãos em meu cabelo, penteando a franja e a jogando para trás, ao mesmo tempo em que inspirava profundamente e expirava controladamente, buscando me acalmar. Lambi meus lábios e fitei o vazio. Havia acabado de sair daquela sala sentindo-me com esperança a flor da pele. Eu achei aquela prova até fácil e tranquila. Fiz a melhor redação da minha vida! Na minha opinião, creio que minha nota tenha valido muito meus estudos e as noites viradas, lendo textos enormes e tão significativos. Escorei-me em uma parede, deixando meu peso equilibrado com a quantidade que eu aguentava. Sentia-me cansada e louca para chegar em casa e ir dormir, mas, como essa era a última prova que teríamos de nos preocupar, hoje o último ano fará a maior farra no colégio, como manda uma tradição de todos os anos.

Abri o mínimo de um sorriso ao avistar alguém em especial no meio de uma dezena de pessoas. Coloquei uma mecha teimosa, que insistia em cair nos meus olhos, atrás da orelha, voltando a sorrir para esse alguém. Abaixei o olhar e tornei a encarar seu rosto, deixando-o levemente corado. Passei a andar sem parar até chegar num corredor completamente vazio, parei de vez na entrada do Ginásio, onde acontecem os treinos de basquete. Fiquei esperando-o ansiosa. Já tinha em mente o que aconteceria ali, pois eu o provoquei e sei exatamente como ele fica quando o provoco.

— Palavras são insuficientes quando se trata de você, né Astrid? – Encosto-me na parede atrás de mim, ainda sem encará-lo. Sua voz me trouxe em mente o seu semblante de malicioso e poderia apostar que ele estava de braços cruzados, apoiando seu ombro na parede e com um de seus pés cruzados, sendo que um se equilibrava com a ponta do tênis.

— Não vi nenhuma necessidade de falar algo. – Respondi, sorrindo com meu olhar de superior. – E pelo visto você acabou entendendo, já que está aqui. – Ele riu, passando a mão em seu cabelo e pondo-se diante de mim, enquanto sorria de lado. – Pela sua cara de tranquilidade, deve ter acertado todas. Obviamente se não tivesse acertado seu pai iria te matar, né? Porque vamos combinar, Stóico daria uma surra se você tivesse chutado as questões. – Disse aquilo por dizer, e me arrependi. Não queria ser tão sincera, mas não consegui evitar.

— Sua sinceridade é comovente. – Ele proferiu com certa mágoa, mas acabou abrindo um sorriso iluminado. – Nem te contei. – Esbocei uma feição de curiosidade e felizmente surpresa, pois, pelo tom animado de sua voz, só podia ser coisa boa. – Meu pai finalmente me escutou e fizemos um trato. – Segurou minhas bochechas e as levantou com delicadeza, forçando-me a fazer peixinho com meus lábios.

— O quê? – Pergunto naquele estado, que seria constrangedor em público, mas como estávamos sozinhos, não me importei.

— Se eu conseguir passar para uma faculdade que eu desejo, ele esperaria eu me formar e depois repensaria a ideia de me pôr no comando da empresa. E se minhas ideias forem boas o suficiente para ele, eu serei seu sucessor tranquilamente, sem restrições de ambas as partes. – Assenti e ele larga minhas bochechas, andando um pouco para trás, pensativo. – E se eu não consegui, vou ter que trabalhar na presidência seguindo as regras dele. – Arqueei as sobrancelhas e ligeiramente o olhar.

— Ah, mas isso você consegue. – Tentei confortá-lo, empurrando seu ombro. – Qual é? Você é um dos melhores alunos da sala inteira. – Ele riu e negou com a cabeça. – Você ainda consegue provar pro seu pai o seu valor. Não esquenta com isso, Hiccup. E eu tô sendo mais sincera que o meu normal, mereço um prêmio por isso. – Lhe dou o aviso de um jeito dramático, fazendo-o rir.

— Já tenho uma ideia do que poderá ser. – Fala enquanto se aproxima.

— Que bom, porque va... – Nem consegui terminar de falar que fui surpreendida por um beijo.

Como já me encontrava encostada na parede, Hiccup apenas me pressionou um pouco mais, colando seu corpo no meu. Suas mãos passearam pela minha cintura e pelas minhas costas, puxando de vez ou outra minha blusa. Sua boca distribuía beijos pela minha e seus dentes os interrompiam, com leves mordidas em meus lábios. Já eu, apenas o beijava com intensidade, e quando oportunidades me apareciam, beijava seu pescoço e lá dava mordidinhas carinhosas.

Fazia tempo que Hiccup e eu não nos pegávamos assim. Antes era frequente, mas com os estudos na mente, não dava para pensar em namoro. Também tinha o fato do colégio estar mais rigoroso, mas isso era o de menos, afinal, os veteranos conhecem esse lugar mais que os novos inspetores, e sempre que conseguiam arrumar escapadinhas rápidas, se divertiam como dava. Um exemplo disso sou eu e Hiccup.

Senti algo vibrando em meu bolso, e rompo o beijo para ver a mensagem, enquanto Hic beijava minha bochecha e toda extensão do meu pescoço. Tento me concentrar na leitura, o que estava sendo uma tarefa quase impossível, mas ao menos tento. Alguém havia me mandado um vídeo, aparentemente compartilhado por todo último ano.

No vídeo mostrava a última pessoa saindo da sala que ocorrera as provas. Depois começaram a gritar e comemorar a última prova, saindo em seguida para as escadas gritando "ACABOOOU".

Foi inevitável não rir.

Estavam oficializadas as últimas semanas de aula... As últimas de nossas vidas.

De forma bateu até uma Bad, mas também sorri por ter conseguido chegar ao último ano sem reprovar. Obrigada Odin!

— Já terminamos? – Indaga Hic olhando para a tela do celular. Assenti sorrindo abertamente. – Graças a Thor. – Gritou e suspirou. Me abraçou e me rodou no ar, completamente feliz. – Contagem regressiva para a formatura.

— Exatamente. – Demos as mãos e saímos daquele canto para irmos até a área externa do colégio, onde com certeza estaria acontecendo uma tremenda festa. No meio do caminho, pulei nas costas do moreno a minha frente e ele me levou de cavalinho, brincando com outros amigos em seguida.

Como havia previsto, a parte externa estava cheia de jovens loucos fazendo sua especialidade: loucuras.

No gramado, onde se encontrava a maior parte da turma, havia caixas de som num volume perfeito e até rodinhas de dança, entrando nelas aqueles que se arriscavam a dar uns passos. Um pouco perto dali, havia alunos que apenas curtiam a música, deitados em toalhas e panos grandes.

Próximos de torneiras, Hans e Flynn carregavam uma bacia cheia de balões coloridos, com olhares travessos. O alvo de ambos era ninguém mais e ninguém menos que Rapunzel, que bebericava seu refrigerante tranquilamente. Cheguei a pensar que alguém interferiria, pois Frost entrou no meio e Hiccup também correu até lá. Só que ao invés de tentar parar-los, ambos pegaram os balões e estouraram na morena, que gritou ao sentir a água fria.

— SEUS RETARDADOS! – Berrou, chamando atenção de vários olhares. – Mas isso não vai ficar assim. – Punzie tira sua blusa do uniforme, deixando a mostra seu cropped preto, e fica descalça para correr atrás daqueles que já se encontravam longe.

A partir daí, começou uma guerra de balões de água. Só se via Anna e Rapunzel correndo atrás de Flynn e Kristoff, que fugiam com facilidade, rindo. Hiccup ajudava-as como podia. Os gêmeos Durão e Quente jogavam um balão para o outro de forma brusca, até um acertar a cara do outro e rolar no chão de rir. Jack tentava acertar Elsa com um dos balões, mas acabou desistindo e apelou para um balde cheio, acertando-a num piso liso, resultando na queda dela e na queda dele, enquanto ria. Hans acertava qualquer um que não estava molhado e que se atrevia a passar pelo campo da guerra, claro, com seus amigos. Patrícia foi acertada em cheio por um alguém que não vi, mas que merecia aplausos merecia. E Heather se divertia com Perna-de-peixe num banco próximo a quadra.

Me perguntava, onde estaria Merida no meio daquilo tudo? A resposta veio batendo em minhas costas como uma água fria em um tremendo susto... Literalmente.

— Sua... – Arquejei enquanto tremia. – Filha da mãe!

— Do pai também. – Riu e saiu me abraçando. – Falta pouco Astrid! – Gritou, apertando o abraço. – Daqui a pouco estamos livres! – Me liberou do abraço e abriu seus membros superiores, enquanto girava.

— Você é louca. – Disse e ela me encara.

— Devo aceitar isso como elogio? – Pergunta, sorrindo maliciosa.

— Como quiser. – Dou uma risada e abraço. – Não vamos nos separar, né? Depois da formatura? – Ela negou e nos separou para me encarar.

— Depois de tudo que a gente passou, nem quero pensar em me separar de você. Somos irmãs, lembra? Aonde você quer que vá, serei sua sombra. – Abri um sorriso e concordei.

— Você me deu uma ideia. – Ela me olhou com uma feição confusa. – Depois te conto. – Deu de ombros, prendendo o cabelo num coque desajeitado.

— Tá a fim de cantar? – Indaga, indicando com o olhar os instrumentos que estavam na traseira de uma caminhonete, estacionada próxima a uma árvore.

— Partiu! – Caminhamos até o veículo e conversamos com os donos, conseguindo a permissão.

— AÊ POVO! – Merida berra no microfone recém instalado, atraindo olhares de muitas pessoas, praticamente de todo mundo. – Tão afim de uma música boa? – Vários respondem que sim, animadamente. – Então, o que acham dessa? – Merida começa a tocar Here's to never growing up e solta sua voz.

Singing Radio head at the top of our lungs

With tho boom box blaring

As we're falling in love

Got a bottle of whatever

But it's getting us drunk

Singing...

— Here's to never growing up! – Um coro, em perfeita sincronia vinda da platéia, faz-me arrepiar. Essa era a música do momento.

Estava quase na hora do almoço, mas ninguém se intrometeu na nossa festa de despedida. Os professores até curtiram um pouco da música que ecoava os quatros cantos daquele colégio. Frozen School pertencia ao último ano. Nós estávamos dominando a parte externa inteira, aproveitando e desfrutando de tudo que tinha direito. Parecia o último dia do colégio, mas ainda restavam duas semanas. Mesmo assim, a única coisa que nos preocupava era o tempo.

Passando ele rápido ou não, o tempo era preciso naquele momento. Senti que mais pra frente as coisas iram mudar e sabia que não seria a mesma Astrid de dezessete anos. Não via esse fato como algo angustiante, na verdade, o via como uma travessia para o universo adulto. E além do mas, poderia me tornar uma adulta responsável e madura, mas sei que em momentos como este, não deixarei minha juventude morrer.

Mas, pois é! Um brinde para nunca crescermos.

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Pov Elsa

Que frio... Estava nevando do lado de fora do carro, porém me sentia como se estivesse brincando naquela neve incrivelmente branca. As pequenas montanhas de neve passavam pela minha janela. Os bonecos de neve espalhados por todos os cantos pareciam sorrir para mim. O cheirinho de chocolate quente penetrava minhas narinas de um jeito tentador. Os floquinhos pareciam voar quando caíam, estavam dançando com os ventos gélidos. Ah... Como amo o frio.

Reencostei-me no banco com um sorriso bobo em meus lábios. Devia estar perdida em devaneios há horas ou longos minutos, não sei responder. Suspirei maravilhada com a paisagem. Foi um suspiro audível, tanto é que Jack mirou-me ao mesmo tempo em que eu fitei-o, fazendo-me corar levemente.

Estava um silêncio gostoso entre nós. Uma paz reinava já fazia tempo e nenhum dos dois quis quebrá-la. Até que começou a tocar uma música que de alguma forma controla minhas ações.

— Adoro essa música. – Comentei com um sorriso e ao olhar para o rádio decidi aumentar o volume.

— Eu sei. – Fala Jack. – Na maioria das vezes eu a escuto para me lembrar de você. – De canto de olho, fito-o e alargo meu sorriso. Após isso, lhe dou um beijo na bochecha e volto a me sentar.

— Que melação. – Dou uma risada. Jack concorda e ri junto a mim, pegando minha mão e depositando um beijo estalado. – Então... Conte-me como é lá. – Puxo assunto, perguntando de um jeito bem carinhoso.

— Ah! Você vai adorar o lugar. Lá tem umas halfpipes compridas e rampas que fazem você voar. É incrível! Lá também alugam pranchas e equipamentos, que teremos de pegar pra você, porque só tenho um, infelizmente. – Durante um segundo, Jack parou e buscou lembrar mais coisas para detalhar a mim, e pela sua animação, conseguiu lembrar de algo. – Ah! Lá vendem um chocolate quente, que, meu Deus, que delícia. – Lambeu os lábios, fazendo-me ri. Interessante saber disso.

— Pelo visto, lá é bastante divertido. – Disse, ainda mantendo o mesmo sorriso. – E onde vamos ficar? – Pergunto, queria ter uma ideia de como era a casa.

— O pessoal que irá ficar com a gente vai ficar numa casa grande, ao lado da nossa, que é um pouco menor, mas é bastante confortável e bem mais quente do que a deles. – Respondeu não tirando os olhos da pista cinzenta pouco movimentava. – Daqui à duas horas nós chegamos lá. – Assenti conformada que teria de ficar sentada naquele banco por duas boas horas. Estava curtindo a ideia de ficar longe daquela urbanização toda, dos problemas do dia a dia, dos questionamentos da minha mãe sobre a carta de Julliard, a qual não havia chegado até hoje. Estava curtindo a ideia de ficar longe de tudo! Mas nem de todos.

Há algumas horas, estávamos reunidos com nossa galera no Sven's, aproveitando os sorvetes que lá tinha. Merida dançava com Rapunzel, basicamente, todas as músicas que tocava no carro de Flynn. Astrid jogava futebol na quadra, com Heather dando apoio. Hiccup brincava com Banguela de bola. Jack andava de skate com o resto do povo da praça. Kristoff e Anna trocavam uns beijos perto de onde eu estava. Sim, fiquei minutos segurando vela para os pombinhos, porém, não fiquei tanto tempo, pois logo fui arrastada para dançar junto com uma morena e uma ruiva, completamente loucas. Após ficarmos conversando e brincando naquela praça, Jack anunciou que teríamos de ir para não pegarmos trânsito. Todos se despediram com um jeitinho especial, e claro, não faltaram os sorrisos maliciosos direcionados a mim.

Suspirei angustiada ao me lembrar daqueles merdinhas.

— Por que não dorme? – Questionou Jack, talvez reparando na minha falha tentativa de deitar naquele banco relativamente pequeno.

— Eu não vou dormir. – Retruco, tentando nos convencer que não dormiria durante a viagem.

— Tá bom. Você quem sabe. – Nem argumentou, como se já soubesse que iria ter alguém roncando ao seu lado daqui á poucos minutos.

Espera aí! Eu não ronco. Aff... Whatever. Só sei que estava sentindo uma moleza e uma tranquilidade atingir-me aos poucos, e logo minhas pálpebras começaram a ficar pesadas.

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Acordei um pouco desorientada. Meu Deus! Onde é que eu tô?! Será que paramos em algum restaurante ou lanchonete? Porque tô com uma fome...

— Jack?... – Cocei meus olhos e olhei para o lado, encontrando somente o vento... Nem vento, né? Porque vento é transparente. Mas enfim. – Jack?! – O chamo novamente, com a voz elevada. Daí, de repente, o filho da mãe me assustou, batendo no meu vidro rapidamente no meio de um silêncio. – Ai, Jack!... – O reeprendi, enquanto levava a mão ao peito a fim de controlar minhas palpitações. – Tá querendo morrer? – Ele parece ter ouvido, pois abre um largo sorriso e abre a porta de súbito, me envolvendo num cobertor super quente e me tirando do carro em questão de segundos.

Em seu colo, pude ver que já havíamos chegado ao acampamento e que o povo que viria conosco, já estava se hospedando na casa ao lado.

— Hey Jack. – Ouço uma voz grave, que transmitia alegria. Jack caminhou até um rapaz, que possivelmente o chamou. – E aí, cara? Tudo tranquilo? – Jack abriu um sorriso e me pôs no chão, indo cumprimentar o colega.

— William... – Jack o fitou, abismado. – Quanto tempo, cara. – Apertou as mãos e se abraçaram brevemente. – Tudo ótimo. – Riram um do outro e o tal William notou-me.

— Você deve ser a garota do Frost, né? – Pergunta e eu confirmo, lançando à ele um sorriso gentil. Ele me parecia ser tão legal e tão zoeiro. – Prazer, sou William, um amigo que ensinou tudo que Jack sabe sobre jogadas rápidas próximo ao garrafão. – Se gaba, aparentemente tentando atingir Jack.

— Nem tudo, Will. – Se intromete Jack, cruzando os braços.

— Está bem. Nem tudo. Porém a maioria. – Dou uma risada baixa e Will gargalha rapidamente, sendo interrompido por uma bola de neve, que o acertou em cheio. – Mas que merda é essa?!

— Ah! Cala a boca e para de ficar atentando seus amigos. Ao invés disso, vê se consegue pegar aqueles edredons que mamãe enfiou dentro do porta-malas. – Uma garota linda chega equilibrando três mochilas nas costas e travesseiros nas mãos, aparentemente cansada por ter que subir uma elevação do carro até aqui.

— Então gente, essa é minha irmã, Liza. – Will direciona o olhar para a garota ao lado e suspira. – Ela é menos meiga quando vocês se tornam íntimos. – Jack e eu nos entreolhamos e rimos do comentário provocador de Will. Já Liza apenas revirou os olhos e riu rapidamente, dando chutes no irmão. – Tá, já tô indo. – Reclama, saindo para ir até carro.

— Ás vezes ele é tão criança, mas é um cara gente boa. – Jack assente, concordando, enquanto ria. – Enfim. Eu vou ter que sair agora para me instalar. – Se despede e mais uma vez Jack assente, oferecendo ajuda, que é recusada. – Obrigada, mas não precisa.

— Tá bom, então. – Jack dá de ombros e Liza sai andando em direção à casa enorme. Já nós, demos meia volta e caminhamos em direção à nossa cabana. – Quem chegar primeiro não lava a louça. – Jack sai correndo e eu o sigo. Acabo passando por ele, pois Jack havia ido pelo caminho mais curto, porém o mais difícil. Já eu fui pelo mais longo e o mais fácil.

— Ganhei! – Comemoro ao pisar numa espécie de varanda. – Quem mandou ir pela neve. – Jogo a derrota em sua cara, rindo em seguida.

— É, fazer o que? – Responde cabisbaixo, mas ao mesmo tempo animado. – Agora, vamos entrar. – Sua mão entra em seu bolso e de lá tira uma chave, enquanto cantarolava algo sobre a abertura da maçaneta. Meio que bulguei na hora, mas irrelevei.

— Abre logo, tô louca pra fazer xixi. – Falo dando pulinhos. Realmente estava apertada e Jack fez questão de torna aquilo algo engraçado.

— Ei, relaxa. Eu estou tentando causar um suspense e você está estragando o suspense. Pode parar. – Fingi entar indignado e frustrado com minha atitude, deixando-me irritada, mas numa irritação de birra mesmo.

— Anda logo, Jack. – Peço quase que implorando. Já ele, ao invés de fazer minha vontade, destrancou a porta e abriu-a demoradamente, fazendo soar aquele ruído de madeira.

— Shh... – Colocou os dedos nos lábios e abriu um sorriso malicioso. – Vai que tem um monstro aqui dentro, pronto para devorar-nos, uhhh... – ABRE LOGO ESSA PORTA!!!

— Jack... Se eu urinar aqui fora, vai ser em você. – O ameaço e ele logo empurra a porta, rapidamente. – Valeu. – Adentro o local e vou logo à procura do banheiro, o qual encontro, felizmente.

— A casa tá limpinha, Elsa. Nem vamos precisar passar pano. – Estava lavando as mãos quando ele disse isso.

— Que bom, né? – Dou uma risada e logo me mostro, agora prestando atenção em cada detalhe.

A sala apresentava ser simples e confortável, interligada a uma cozinha americana, que também apresentava ser simples, mas bastante espaçosa para quem gostasse de cozinhar. Entre as duas, mais ao canto, havia uma mesa redonda que, originalmente, comportava quatro cadeiras, mas creio que podíamos pôr mais algumas. A cozinha era basicamente armários abastecidos de louças e até mesmo comidas - a qual Jack disse que era um presente de boas vindas ao acampamento - mas era só uma refeição simples.

Voltando à sala, em uma parte mais afastada dos sofás e das poltronas, havia uma cama, ao lado de uma janela. A área do quarto, com inexistência de paredes para separá-lo da sala, possuía um piso elevado feito de madeira. A janela era enorme, e dava vista para uma paisagem incrível.

— Gostei. – Falo me jogando no colchão, super confortável. – Não pensei que poderia ser tão aconchegante. – Comento, recebendo em troca um sorriso de contentamento.

— Fico feliz que tenha gostado. – Jack se joga na cama como se quisesse voar, quase caindo em cima de mim. — Agora, vamos pegar nossas coisas antes que anoitece. – Deposita um beijo em minha testa e se levanta, caminhando até a porta. – Anda logo! – Ouço-o gritar e logo levando, correndo para pegar as coisas mais leves e fáceis de carregar.

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Depois de um dia inteiro, zoando e praticando Snowboard, Jack trouxe todo mundo para fazer uma pequena festa em nossa cabana. Havia combinado com os amigos que seria uma espécie de "última festa antes do Grande Jogo". Combinaram também que cada um teria de levar o que iria beber e ingredientes para fazermos o que comer, então não saiu no prejuízo.

— Então Elsa, pode tirar! – Pergunta Tyler, integrante do time. Ele estava se referindo a um marshmallow com chocolate, que havia posto no forno há minutos.

— O branco estava com uma coloração mais escura?! – Pergunto, enquanto prestava atenção num jogo que participava.

— Tá meio marrom por cima! – Grita de volta.

— Então pode tirar! Mas se não estiver derretido, volta pro forno, ta?! – Autorizo e preparo-me para tirar um tijolinho da torre de equilíbrio, a qual não pode cair se não perco.

— Tá! – Consigo tirar no maior suspense, fazendo-me voltar a respirar. – Vem galera, tá pronto! – Anuncia Tyler e a maioria corre para pegar o meu famoso biscoito com chocolate regado a marshmallow derretido. – Humm... Tá ótimo, Elsa! – Tyler fala com a boca cheia, agradando-me.

— Obrigada. – Agradeço e Jack aproxima-se, comendo o doce com todo prazer. – Gostou amor? – Pergunto com expectativa, pois já tinha em mente sua resposta.

— Incrível. – Responde me dando um selinho melado de chocolate. – Com seu gosto fica melhor.

— Ownt! – Will brinca, fazendo alguns rirem. – Depois dessa bate até uma carência. – Alguns casais que estavam presentes ficam rindo, já os solteiros vão para cima de Will, zoando-o.

Estava todo mundo se divertindo, deixando o clima agradável e prazeroso. A comida estava boa, a música estava boa, tudo estava bom para uma noite de sábado. A não ser seu término.

— Valeu por terem vindo. – Jack se despedia de seus amigos e de seus novos colegas, pois se enturmou rapidamente com as pessoas que vieram. – Amanhã nós partiremos de tarde, né? – Pergunta, sendo respondido que seria antes do almoço. – Okay. Boa madrugada pra vocês. – Acenou e fechou a porta, suspirando. – Até que foi mais legal do que eu pensei. – Falou, fazendo-me rir.

— Um pouco cansativo, mas bem animado. – Falo, abrindo um sorriso.

Percebendo que não teria nada mais a fazer, suspirei e caminhei até a área do quarto, subindo dois degraus e indo em direção à minha mala. O barulho do zíper parecia ter ecoado a cabana, deixando-me constrangida.

— Já vai dormir? – Indaga. Ergo meu olhar para seu reflexo na janela e abro um sorrisinho discreto ao reparar na sua cara de confuso e decepcionado.

— Se não tiver mais nada a fazer, sim. – Respondo ao mesmo tempo em que me levanto para encará-lo. – Tem mais alguma coisa para nós fazermos? – Jack engole em seco e fito o vazio por um tempo, talvez pensando.

— Até que tem. – Arqueio a sobrancelha e o assisto me guiar até a janela, mandando-me fechar os olhos. Um pouco relutante, acabei fechando, entrando na brincadeira. – Não abre. – Ouço sua voz de longe, e fico rindo. O que ele estava tramando?

— Posso abrir? – Pergunto curiosa.

— Ainda não. – Responde. Tomo um susto quando ele chega por trás, me abraçando e tampando meus olhos. – Pronta? – Murmuro um sim e ele permite que eu enxergue novamente.

— Wow! – Foi a primeira coisa que veio a minha mente ao me deparar com incontáveis estrelas a minha frente.

— Legal, né? – Comenta ao pé de meu ouvido. – Esse tipo de coisa que não se vê em New York.

— Com certeza. – Confirmo, rindo bestificada. – Parece que o céu está acordado, sabe? – Jack ri e beija meu ombro, entrelaçando seus dedos nos meus. – Tá explicado porque gosta tanto daqui. – Viro-me para fitar seus olhos.

— Como assim? – Indaga confuso e curioso.

— Esse lugar é maravilhoso. – Complemento minha frase anterior. – Ele até parece se assemelhar a você.

— É, talvez um pouco. – Ri consigo mesmo e me encara profundamente. – Você não tem noção de como me deixa feliz ver você se divertindo assim. Dá-me uma satisfação tão grande. – Desabafa, abrindo o sorriso mais fofo que ele é capaz de fazer.

— E só de saber que minha presença faz diferença pra você, me deixa muito mais apaixonada. – Declaro-me, sentindo uma tremenda timidez me atingir. Pronto, só falta dizer que minhas bochechas estavam coradas.

— Minha linda... – Murmura, tirando uma mecha de meus olhos. Aproximo nossos rostos e o encosto nos lábios, roçando meu nariz no dele, enquanto sentia sua respiração bater contra minha boca. Suas mãos acariciam minhas costas e as minhas seu rosto, passando meus dedos em suas sobrancelhas e seu maxilar, de vez em quando, dando beijos.

Podia sentir que Jack queria algo mais intenso, mas continuei beijando seu rosto, empurrando-o para trás. Só que havia esquecido que tinha a cama por trás, fazendo-nos cair.

Nossa queda passou a ser irrelevante quando engatinhamos até a cabeceira, ficando frente a frente. Jack levou sua mão até minha nuca e puxou-a delicadamente, fazendo com que eu o beijasse. Assim que retribui, suas mãos desceram para meu quadril e permaneceram por lá. Já as minhas foram de encontro com seu pescoço, arranhando-o levemente.

Eu sabia que essa era a hora adequada. Podia sentir em meu cume, que estava pronta.

— Espera. – Encerro o beijo e o fito, ofegante.

Minha respiração estava descompassada e meu coração batia muito rápido. De repente, o mundo parou. Podia ouvir apenas o vento bater contra a vidraça. Minhas mãos desceram para minha blusa e, simplesmente, a tirei.

Jack me fitou surpreso e ao mesmo tempo maravilhado.

— Tem certeza? – Buscou conferir antes de fazer qualquer movimento.

— Tenho. – Confirmo e abro um sorriso. – Eu tenho, Jack. – Nunca tive tanta certeza na minha vida.

Jack tornou a me beijar, agora intensamente, deitando-me.

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Pov Jack

Extremamente feliz. Esse era meu humor naquele inicio manhã. Havia acordado de um sono de poucas horas e não me sentia cansado, o que chega a ser engraçado, pois que eu me lembre, dormira lá para as três da manhã.

Cocei meus olhos e virei para apanhar meu celular. Assim que o peguei, liguei-o e verifiquei as horas. Eram exatamente seis e meia. Tornei a virar-me para o lado em que estava e me deparo com um rosto relaxado e alegre.

Elsa dormia serenamente, ou apenas cochilava, pois demorou a dormir. Seus olhos permaneciam fechados e seus lábios pareciam estar sorrindo. Sua respiração estava tranqüila e podia senti-la bater contra meu rosto.

— Tá acordado? – Elsa murmurou, assustando-me de leve. Não sabia que havia despertado.

— Uhum. – A respondo, depositando um beijo em sua testa, envolvendo sua cintura com meus braços, trazendo-a para mais perto. – Dormiu bem? – Pergunto, sentindo minha voz sair num fio.

— Mais ou menos. – Riu pelo nariz e abriu as pálpebras lentamente, mostrando seus olhos azuis e hipnotizantes. – E você?

— Não muito. – Riu. – Fiquei esperando você dormir primeiro. – Uma de suas mãos acaricia meu rosto, mexendo em meu cabelo no final. – Tô com fome. – Comento, ouvindo meu estômago roncar.   

— Também. – Fala, enquanto despertava ainda mais. – Tô com um desejo de hambúrguer. – Dá uma risada breve e fita o teto.

— Com batata frita. – Concluo e a puxo para um beijo.

Não demoro a perceber que ela trajava meu moletom azul, e que sua trança estava toda bagunçada. Começo a rir e ela fica confusa, chegando a ser fofa.

— Que foi? – Indaga, sorrindo desentendida.

— Seu cabelo tá lindo. – Respondo e ela revira os olhos, rindo.

— Você não tem o direito de falar nada sobre meu cabelo. – Finge estar brava e começa a me bater. Bagunçar meu cabelo a satisfez, e, após brincarmos de lutinha, levantou-se para preparar o café.

Fico observando-a da cama e percebo o quanto sou sortudo por ter ela na minha vida. Não digo por conta de sua beleza e sim por conta de suas virtudes. Elsa era uma pessoa boa e enquanto eu estiver sendo seu guardião, ninguém a ferirá. Não permitirei que ninguém machucasse minha rainha.


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Notas finais do capítulo

AI MEU DEEEEEEUS. Gente, na boa, estou quase tendo um ataque de emoções aqui. Eu quero chorar. Eu não quero acabar a fic ~ leia em meio choro. Mas fazer o que, não há mais nada para ser escrito e se eu inventar de escrever mais, vai com certeza perder a graça, então... Melhor finalizar para o bem de todos... ahhhhh.
Mas enfiiim... Essa é a hora que finalizo a nota.
E aí gostaram? Comentem, recomendem e favoritem.
BEIJOS.
PS: O link do quarto tá em azul, caso você não tenha visto.



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