New life - History of teenagers escrita por GabiElsa


Capítulo 59
Friendship


Notas iniciais do capítulo

HI GUYS!!!!!! Quero começar esse capitulo com um pedido de desculpas. Eu sei que eu demorei muuuito, e peço o perdão de vocês.
Gente, eu finalmente consegui montar os capítulos finais e confesso que este era para ser bem maior, mas queria postar antes do ano novo. Bom, de certa forma acabei conseguindo, né? Rsrs.
Bom, mas eu quero avisá-los que desta vez não demorarei a postar o próximo - eu espero - e que agradeceria muito se me ajudassem com seus comentários para tentar me incentivar, porque vocês não fazem ideia de quantas vezes eu escrevi e reescrevi esse capitulo.
Bom, mas é isso.
BEIJOS E NOS VEMOS LÁ EMBAIXO.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/546360/chapter/59

Pov Astrid

Uma semana. Já se passaram uma semana e nada daquela ruiva vir me pedir desculpas. Arg! E para me deixar mais furiosa e indignada, ela ainda tem a coragem de faltar às aulas para ficar me evitando. Bufei e larguei meu caderno em cima da cama.

– Cansou de estudar? – Indaga Heather, rindo do meu ato.

Heather e eu combinamos de ir até minha casa estudar para a prova que irá garanti minha entrada para a faculdade. Mas com minha mente prestes a explodir, fica difícil entrar alguma coisa, ou até mesmo decorar as fórmulas de física.

– Se quiser, podemos dar um tempo... – Ergui minha cabeça e neguei.

– Não, é que... – Suspirei pesadamente – Acho que estou preocupada com a minha amiga – Admiti e ela me olhou surpresa.

– Aquela ruiva? Merida. Não é? – Assenti, por um momento prendendo o fôlego – Pensei que você não gostasse mais dela – Franzi o cenho e fitei um ponto qualquer, pensando – Mas, não me leve a mal, você teve seus motivos para se afastar. Digo, ela é entediante, leva sempre os problemas dela para você – Falou cuspindo as palavras com ironia.

– Mas, não é isso que amigas fazem? Resolvem os problemas juntas? – Indaguei hesitante. Heather não ficou surpresa, mas riu debochada.

– Astrid, você é legal. Ela não é uma de nós, sabe? Durona, fria e divertida. Na verdade, ela é um pouco dramática – A encarei pela primeira vez naquela conversa e arqueei uma sobrancelha.

– Você tem razão – Senti um nó se formar na minha garganta depois de proferir aquelas palavras.

"Você tem razão", ela não tem razão nenhuma! Por que eu disse isso? Merida têm lá seus defeitos como também tenho os meus, mas nem por isso eu deixei de gostar dela e muito menos tornar-me a melhor amiga em todos esses três anos de colegial. Mas a raiva e a necessidade da amizade de Heather me obrigaram a aceitar o fato de que a amizade entre Merida e eu... Acabou.

– Quer saber? Já chega daquela garota me deixar desanimada – Levantei-me determinada.

– O que vai fazer? – Indagou enquanto me via entrando debaixo da cama.

– Uma coisa que já devia ter feito – A respondi apanhando uma caixa de papelão e a colocando em cima da cama – Já que ela quis assim, pois bem, vamos terminar isso de vez – Abri meu roupeiro e tirei de lá tudo que pertencia à Merida: Roupas, calcinhas e sutiã, maquiagem, produtos de beleza, livros, revistas e até mesmo minha pulseira da amizade, da qual ela tem o par – Se importa se estudarmos amanhã? Tenho que fazer uma coisa importante – Disse e Heather assentiu um pouco acanhada.

– Okay! Já vou indo – A acompanhei até a porta e subi para trocar de roupa.

Enquanto me vestia fiquei alimentando minha raiva, lembrando das coisas que ela me fez fazer. Mas o que me deixou furiosa foi o ciúme dela e do Hiccup.

Eles podem até amigos ser, mas no primeiro ano percebi a forma como ela o olhava; como ela se comportava com a presença dele; como ela falava quando ele a elogiava por alguma coisa. Agr! Hoje ela irá ouvir umas verdades.

^-* ^-* ^-* ^-* ^-* ^-*

Pov Merida

Eu me lembro daquela tarde chuvosa e abafada. Lembro do cheiro de álcool que emanava nos corredores do andar do hospital, onde o quarto que minha mãe dormia era esterilizado a cada dia da semana. Lembro de sua feição ao acordar. Lembro de suas primeiras palavras, todas demonstrando confusão por estar ali, naquele lugar.

E agora, estava eu lá, observando-a dormir serenamente, como se não estivesse adoentada. Isso me causou sérios ataques de alegria, dos quais tive que conter para não ser expulsa do hospital, já que suas regras eram bastante rígidas, como: Não gritar ou emanar qualquer tipo de barulho para não atrapalhar o repouso dos pacientes. Certamente, mamãe escolheu o melhor hospital da cidade.

Ri muda de meus pensamentos.

Eu estava sentada em uma poltrona de couro, próxima a uma das janelas, que estava fechada, já que ventava muito e o ar-condicionado estava ligado em uma temperatura ambiente. Folheava páginas de revistas, as quais não me interessaram, por isso passei a ler histórias em quadrinhos, e confesso que uma história prendeu minha atenção. Tanto é que nem vi meus irmãozinhos chegar, junto de meu pai, que me chamou umas duas vezes. Eu acho.

– Oi meus amores – Falei enquanto os abraçava, dando beijos em seus rostos sorridentes – Como foram na escola? Divertiram-se? – Os três se entreolharam e negaram instantaneamente. O que me deixou desconfiada, mas não tão surpresa. Aprontando ou não, isso já não é novidade se tratando de meus irmãos – Hum... Ok. Vão lá dar beijos em mamãe – Os pestinhas saíram correndo e subiram na cama da mamãe, a abraçando e deitando-se ao lado dela.

– E aí filhinha? – Pigarreou papai, sentando-se na poltrona ao lado – Como ela passou a noite? Dormiu bem? – Assenti suspirando.

– Quem dera se eu pudesse dormir tão bem quanto ela – Nós rimos e voltamos a fitar os trigêmeos e mamãe.

– Se quiser ir pra casa, eu peço para o senhor Macintosh te levar. Ou o senhor Dingwall. Quem sabe até o senhor MacGuffin... – Revirei os olhos e o interrompi.

– Sabe pai? Eu posso ir de metro ou de táxi. Não precisa incomodar os senhores “namora meu filho” para me levar – Ironizei – Já sou uma moça, eu sei me virar – Sua expressão ficou destorcida, mas logo sorriu e assentiu – Além do mais, só vou embora junto com a mamãe. Não vou deixá-la.

– Concordo mocinha – Sorri enquanto o encarava olhando para o vazio.

– Olá, como estão às coisas por aqui? – Uma voz grave e alegre ecoou no quarto, fazendo-nos fitar o homem que atravessava a porta com uma prancheta em mãos. Ele seguido por duas enfermeiras ou técnicas de enfermagem.

– Olá senhor Berson – O cumprimentei com um sorriso fraco. O médico que atendeu minha mãe era um senhor muito gentil, aparência de durão, por conta da careca, da barba grande e de estatura intimidadora, mas sempre carregava consigo um sorriso alegre.

– Boa tarde Merida – Retribuiu o sorriso e fitou meu pai – Senhor Dunbroch – Meu pai assentiu como forma de reverência – Bom, a senhora Gavassi irá fazer uns exames para checar se está realmente tudo bem. Sua pressão foi normalizada e provavelmente receberá alta amanhã – Meu pai e eu vibramos – Já receitei os remédios e vocês podem comprá-los na farmácia bem próximo ao hospital – Assentimos – Bom eu tenho uma cirurgia marcada daqui a 5 minutos. Então eu...

– Ah, okay – Falei – Até mais – Ele assentiu e saiu do quarto, deixando-nos com as técnicas ou enfermeiras. O que são mesmo?

– Bom, nós só vamos dar um dos remédios para ela despertar, para se alimentar – Falou uma delas. Essa era loira, de olhos castanhos e pele bronzeada.

– Meninos – Chamou meus irmãos – Têm uma máquina de doces no final do corredor, porque não vão lá pegar? – Meus garotos me olharam de uma maneira fofa, me implorando por grana, que tirei de meu bolso e dei a eles.

– Pelamor de Deus, não aprontem nada – Os alertei e me joguei na poltrona, cansada – Acho que vou comprar um café para me manter acordada – Me levantei, mas meu pai me impediu de sair.

– Querida, você tem certeza de que quer ficar aqui? – Perguntou mais uma vez com um semblante lamentável – O diretor ligou e disse que a prova final é nessa sexta e que você precisa comparecer as aulas de revisão. E amanhã já é segunda – Mordi o lábio e o fitei.

– Já disse que só saio daqui junto com a minha mãe – Apanhei suas mãos grandes e ásperas, e depositei um beijo carinhoso – Não se preocupe, se der tempo de ir á aula amanhã eu chego atrasada. Acho que o diretor pode abrir uma exceção – Meu pai riu sem humor e me puxou para um abraço.

– Essa é minha menina – Me separo a poucos centímetros e sinto um beijo em minha testa – Vai lá comprar seu café. Aproveita e trás uma rosquinha e outro café pra mim – Ele caminhou até a poltrona, que estava sentado, e me lançou uma piscadela.

Revirei os olhos com um sorriso e saí do quarto indo em direção ao elevador, que peguei a tempo para descer até a cafeteria do hospital, onde ficava a um andar abaixo.

Dentro do elevador, estava uma senhora de cadeira de rodas, bem fofa; um garotinho com seu pai e outro homem que carregava consigo um violão.

Uai, não sabia que podia entrar com instrumentos musicais. Onde está a regra do barulho nessas horas? Talvez ele esteja visitando um parente ou um amigo e as enfermeiras o expulsou por conta disso. Que estranho!

– Oi, ham... – Tentei puxar assunto, conseguindo sua atenção, e de todos que estavam ali -...Você toca? – Ele se virou por completo e assentiu sorridente.

– Sim, por quê? Você também toca? – Assenti e abri um sorriso de lado.

– É que não sabia que podia entrar no hospital com isso – Ele alargou os olhos e riu sem graça, fitando o chão.

– Eu sou estagiário. Estou alegrando as crianças do nono andar com música, para me interagir melhor com elas – Arquejei discretamente.

– Que legal – A senhora que estava quieta no momento até então, pronunciou-se com uma tosse.

– O que faz aqui minha jovem? – A fitei.

– Minha mãe estava doente nessa semana, e fiquei com ela para acompanhar os procedimentos e essas coisas – Respondi – Mas a amanhã ela receberá alta.

– Mas ela já acordou? – Indaga o homem com seu filhinho no colo.

– Bom, ainda não. Ela deve está despertando agora para comer. Mas ainda sim, ela está muito fraca – O homem com o violão ergueu o instrumento na minha direção.

– Toca uma música pra ela. Às vezes ela pode se animar um pouco – Confesso que fiquei surpresa, mas não rejeitei o pedido.

– Obrigada – Agradeci e abriram-se as portas no meu andar, saí e dei um tchau àquelas pessoas.

Tá aí uma coisa que não acontecesse comigo todos os dias.

Ri um pouco e coloquei a alça no meu ombro, indo à cafeteria ainda não acreditando no que, estranhamente, aconteceu.

^-* ^-* ^-* ^-* ^-* ^-*

Pov Jack

– Vocês estão prontas crianças? Estamos capitão! Eu não ouvi direito... Estamos capitão! – Naquela tarde de domingo tediosa estava eu jogado no sofá assistindo Bob Esponja enquanto me esbaldava nas minhocas de gelatina com açúcar cítrico.

Jamie estava do meu lado junto de Lara, hipnotizados naquela criatura amarela e viciados em Cheetos, que dividiam um pacote e bebericavam seus refrigerantes.

– Vamos ver outra coisa? Tô enjoado desse desenho – Reclamei e fui ignorado com total sucesso – Vocês querem brincar lá fora? – Não ouvi nenhuma resposta.

– Vamos lá gente – Insistiu Hiccup, que estava deitado num outro sofá junto com Banguela, que também estava entediado.

Hiccup topou ir para minha casa me ajudar com o conteúdo da prova final, acabou passando o fim de semana todo comigo.

– Fazer o quê lá fora? – Perguntou Jamie – Tá nevando muito – Me levantei e observei o tempo pela janela. Jamie tinha razão, estava nevando muito, mas percebi que dava para brincar numa boa.

– Larguem de ser preguiçosos! – Proferi, irritado – A gente já brincou quando tava nevando e ninguém morreu por causa disso – Hiccup riu e Jamie sorriu timidamente. Lara, por sua vez, suspirou fundo e levantou-se me apoiando

– Vou lá trocar de roupa – Dei um pulo de comemoração e subi as escadas para pegar os casacos e as botas de neve. Não tardei a voltar e distribuir para eles.

– Bora lá amigão – Diz Hiccup e Banguela saiu saltitante para a porta, latindo e abanando o rabo.

Saímos na varanda e estremecemos com o bater do vento frio. Mas foi questão de alguns minutos para acostumar e ir em direção a rua, que estava deserta de carros. Exceto os que estavam protegidos nas garagens.

– UHUUU!!! – Gritei mergulhando num monte de neve seguido por banguela.

– Lá vai bomba – Grita Hiccup pulando em outro. Jamie até então estava parado na varanda, rindo.

– Pensa rápido – Fiz uma bola e joguei nele, que me encarou perplexo e lancei um olhar desafiador.

– Ah é? – Ele correu até mim e foi tentando me acertar, mas com rapidez, me escondo numa parede de neve, que aos poucos fui transformando num forte.

Aos poucos, crianças foram surgindo para participarem da brincadeira, enquanto seus pais bebiam bebidas quentes. Por conta delas, acabei indo me esconder no jardim dos Snow, vendo que a janela de vidro próximo ao piano estava sem a cortina, mostrando ali Elsa tocando.

Seu cabelo estava num coque prático e pela pouca visão de sua roupa, deduzir um moletom bem pesado. Seus olhos estavam focados num livro, acho que de partituras, e revezavam entre as teclas e as folhas. Sua feição era de concentração e mudava conforme seus movimentos. Ela estava linda.

Logo uma figura aparece e se senta ao lado dela. Eu não sabia quem era, mas fui observando até que vejo suas vertesses escuras e o cabelo preto.

– Breu... – Rangi os dentes e um ciúme me atingiu.

^-* ^-* ^-* ^-* ^-* ^-*

Pov Astrid

Depois de ter pegado um trânsito infernal, segui a pé para o condomínio luxuoso, onde Merida mora.

Chegando lá, falei com o porteiro que estava na guarita e, como ele já me conhecia me deixou entrar e me ofereceu um IO Halk para subir a rua, pois a casa de Merida era na beira do lago, fazendo a casa ser um pouco mais longe; Obviamente, aceitei e fui até a mansão, torcendo para ela me atender.

Demorei uns cinco minutos para encontrar a casa e, quando encontrei, suspirei mais de uma vez, tentando criar coragem de entrar e tocar a campainha.

– Vamos Astrid, você não chegou aqui para ficar do lado de fora – Murmurei a mim mesma e entrei no jardim, observando a beleza da neve cobrindo o gramado.

Ao chegar à varanda de frente aquela imensa porta, fiquei retardando em aperta a campainha.

Eu não estou compreendendo o porquê dessa hesitação. Estar ali pronta para acabar com nossa amizade estava de fato me espancando. Aquela dor na garganta, o suor de minhas mãos trêmulas e aquele sentimento de culpa... Não sei mais o que fazer.

Fitei brevemente a porta e equilibrei a caixa no meu antebraço esquerdo, enquanto o direito se esticava para o dedo indicador empurrar aquele botãozinho. Quando tirei o dedo do botão e voltei a segurar a caixa, fiquei escutando a melodia dentro daquela casa. Mas logo a porta se abre, me deparando com Moldy.

– Ah! Olá, Astrid – Ela disse gentilmente, me convidando a entrar.

– Oi Moldy. Que prazer em vê-la – Retribui com um sorriso – Merida está? Preciso muito falar com ela – Disse enquanto a ultrapassava, adentrando a sala.

– Eu imaginava – Falou docemente e juntou as mãos, me parecendo estar sem jeito – Mas eu sinto muito, pois a Merida não está em casa – Lambi os lábios, chocada e decepcionada. Não iria mais brigar com ela ou fazer as pazes... Fiquei confusa.

– E o tio Fergus ou a tia Elinor? Eles estão? – A doce mulher negou com a cabeça, lamentando – Eles estão viajando? Sem querer me intrometer, mas a Merida faltou uma semana e ninguém tem notícia dela – Comentei e a governanta riu sem humor.

– Quem dera fosse isso, minha querida – Suspirou – Eles estão no hospital, bom, Merida está acompanhando a mãe e o senhor Fergus foi visitá-las esta tarde, junto com os trigêmeos – Abri a boca e ergui as sobrancelhas discretamente, surpresa.

– Mas o que aconteceu? A mãe dela? O que houve? – A questionei, completamente apavorada e preocupada, temendo o pior.

– Oh, oh! Se acalme – Ergueu as mãos e me pediu para sentar num divã próximo a porta – Vou te contar o que aconteceu – Respirei sonoramente e assenti – A senhora Elinor teve um sério desmaio por conta da sua pressão que aumentou ao saber de um estúdio que Merida andou escondendo de todos... - Nem todos - ...aí ela foi lavada ao hospital e teve diagnósticos diferentes e acabou ficando coma uma semana, fazendo exames e essas coisas. Merida não quis sair nenhum momento perto dela e acabou ficando por lá. Mas ao que parece pelo telefonema do senhor Fergus, a dona Elinor irá ter alta amanhã e sairá do hospital – Arqueei as sobrancelhas e levantei-me desnorteada.

A mãe da Merida estava internada todo esse tempo? Aliás, em coma? Por Thor, o que eu fiz? Merida estava precisando de mim e eu pensando em como fazer para matar a raiva que ela provocou, ou o que eu achava.

– Meu Deus... – Murmurei a mim mesma e voltei a fitar Moldy – Tadinha da Meri – Disse abalada – Bom, eu vim até aqui para devolver essas coisas – Ergui a caixa e ela assentiu.

– Fique a vontade para ir até o quarto dela, creio que ela não se importa – Assenti forçando um sorriso, mas ainda chocada com a história.

Subi a escadaria e procurei pelo corredor dos quartos, que encontrei com facilidade. Procurei por uma porta com um M grudado na madeira e quando a encontrei, girei a maçaneta e adentrei o cômodo.

O cheiro de Merida penetrou em minhas narinas, me obrigando a aspirar seu perfume, na hora que pus meus pés no carpete.

Varri aquele quarto com meus olhos e uma batida de saudade agrediu meu coração. Mas o que eu poderia fazer? Era aqui que brincávamos como duas crianças. Fofocávamos sobre as piranhas do colégio. Tocávamos violão e cantávamos junto de nossas bandas favoritas.

Balancei a cabeça a fim de tirar aquelas lembranças da mente e coloquei a caixa em cima da cama.

E como achei que não poderia piorar, uma lágrima escorregou em minha bochecha.

– Merda... – A enxuguei e me agredi mentalmente.

Suspirei e contra minha vontade de sair daqui, fui mexer nas coisas dela, até que tombei com alguma coisa debaixo da cama. – Só falta ter quebrado – Me abaixei e percebo que é uma caixa de sapatos. A ergui para ver melhor e pelo pouco peso. Notei que não continha sapato e sim coisas leves.

Me sentei na cama e abri aquela caixa. Quando fitei aquelas coisas, uma saudade atingiu-me em cheio e arquejei extremamente surpresa.

Naquela caixa havia fotos de nós duas e objetos de lembranças que comprávamos em nossos passeios por essa cidade enorme. Foi aí que vi a pulseira da amizade.

A pulseira era de pingentes, cada um representa um momento importante que aconteceu a nós duas, e num coração que abria, havia uma foto onde estávamos em meu quarto festejando a primeira noite do pijama só de nós duas. Merida estava com óculos divertidos e eu de bigode, fazendo gestos de paz e amor. – ri enxugando as lágrimas – Como eu pude deixar nossa amizade acabar assim? Não. Ainda dá tempo de concertar isso.

Peguei a pulseira e peguei a minha, correndo até encontrar Moldy. Me despedi e fui ao hospital onde Merida estava.

^-* ^-* ^-* ^-* ^-* ^-*

Pov Anna

O barulho dos talheres batendo na louça era um tanto angustiante. Mas não tão angustiante quanto ficar olhando de soslaio meus pais.

Mas lá estávamos lanchando em silêncio.

Elsa boca grande! Ela tinha que dizer sobre Harvard. Agora meus pais me fitavam como uma estranha, como se tudo o que estivesse presenciado fosse algo completamente diferente do que viram. Mas eu não os culpo. Deve ser difícil aceitar uma séria decisão vinda de uma filha, a mesma que há poucos dias aparentava ser uma adolescente confusa que só se preocupava com as provas finais e o namoro que segue tão bem.

– Hum – Tirando-me dos devaneios, papai fez o favor de quebrar aquele silêncio constrangedor com um pigarro discreto – Bom, Elsa, como está seu quarto? Conseguiu fazer o espelho de camarim, que me disse mais cedo? – Elsa estava mais perdida do que eu. Há algumas semanas que me dissera que o quarto estava quase pronto, e de fato estava, mas também me dissera que lhe faltava algo de especial, algo que ela pudesse olhar e lembra-se de como era seu quarto quando ficasse mais velha. Obviamente, eu lhe disse que há bilhões de quartos no mundo, e que talvez essa coisa especial já existisse num quarto de outra pessoa.

– Sim, ficou maravilhoso – Ela disse num tom alegre, esbanjando sua empolgação e ansiedade – Estou só esperando apenas meu quadro que Rapunzel insistiu em fazer para eu me lembrar dela quando formos para a universidade – Abaixei o olhar para a pizza, que estava muito boa, por sinal, mas mesmo o cheiro sendo tentador, eu não sentia fome, nem mesmo água na boca. Mas mesmo sem vontade, eu comia só para agradar mamãe, que carregava em seu rosto um semblante pensativo, parecia que ela não estava à mesa conosco. Parecia que ela estava em outro mundo. Preferi não comentar. Ser mãe deve ser difícil. Ter que lidar com o fato que sua caçula irá morar em outro estado, longe de você, deve ser muito triste – O resto eu vou repondo no especo vago que eu encontrar – Finalizou sorrindo.

– Que bom, filha – Papai voltou a comer sua pizza e bebericar seu café, mas logo percebe que precisava ter uma conversa comigo só de ter olhado para meu rosto. Fala sério! Estava tão quieta assim? – Anna, como você planejou sua ida para Harvard? Pode nos dizer? – Merda! O olhei amedrontada e engoli um pedaço de calabresa, temendo de começar a falar.

– Eu...érr... É bem provável que assim que eu terminar o colegial eu possa ir até lá – Falei receosa. Mas para minha surpresa, papai apenas balançou a cabeça positivamente e fitou mamãe, que fitava a mesa, silenciosa.

– E já decidiu a área? – Assenti agora sorridente. Essa parte eu me orgulho de dizer – E qual é a escolhida?

– Medicina – O café que papai ingeria foi cuspido para o outro lado da mesa retangular de tamanha surpresa que eu lhe dei.

– Minha filha vai ser médica? – Proferiu mamãe, incrédula.

– Você vai cursar medicina em Harvard? – Indagou Elsa, descrente – Como você conseguiu? Você é burra – A olhei de relance e ri – E ainda nem fez o SAT. Como isso é possível?

– Ué, eu só fiz a prova e me aceitaram – Falei dando de ombros – Pra falar a verdade eu só fiz para treinar, no começo. Mas quando vi que tinham me aceitado, eu fiquei bem desesperada por não saber se eu aceitava. E como ainda sou menor de idade, eu não posso cursar agora. Mas acabei por praticamente aceitar.

– Mas não é oficial? – Neguei com a cabeça e meus pais se entreolharam – Bom, querida, saiba que te apoiamos em sua decisão, não importa o que for. Estamos contigo no que der e vier – Fitei minha mãe, que segurava minha mão enquanto falava – Mas também vai depender muito dela, porque eu não quero ver minha moça sendo sustentada por marmanjo ou sofrer por conta dessa escolha. Eu fui clara? E isso vale pra você também – Encarou Elsa, que ergueu as mãos – E não ouvi, eu fui clara?

– Sim – Respondemos em uníssono.

– Ótimo – Papai nos observava com um olhar sereno e emocionado – Levem os pratos e já sabem que hoje não tem janta – Elsa e eu assentimos e levamos os pratos para a cozinha, enquanto prendíamos as gargalhadas. Mamãe nervosa era uma comédia, mas também dava um medinho...

Depois que deixamos os pratos na lava-louça fomos para a sala ver alguma coisa na TV. E depois de mudar o canal mais de dez vezes, deixei no Bob Esponja.

A cortina da janela próxima ao piano estava na lavanderia, deixando-nos ver a parte exterior da casa. A neve que caía lá fora estava perfeita para brincar, mas o frio que eu estava sentindo fez desanimar-me. No entanto, minha vontade de pôr uma roupa pesada, calçar minhas botas e luvas coloridas e ir lá fora construir dezenas de bonecos entristeceu-me e ao mesmo tempo encorajou-me a seguir essa ideia.

Elsa estava mexendo em seu celular com sua feição típica de tédio. Mas a voz de mamãe nos fez, de automático, fitá-la.

– Querida, você precisa praticar alguns arranjos diferentes, por isso quero que vá para o piano e toque essas músicas - Mamãe entrega a ela um livro de capa preta e de espiral branca. Confesso que fiquei curiosa para saber que tipo de música tinha ali.

Elsa folheia o livro e franzi a testa.

– Essas músicas são do tempo de hoje – Mamãe assentiu e subiu as escadas gritando meu pai para ir fazer alguma coisa. Talvez limpar a entrada da garagem - Aqui tem músicas que eu tenho que decorar a melodia, quer me ajudar? - Assenti quase na mesma hora, fazendo-a rir.

– O que foi? Sabia que tá um tédio ficar aqui sem fazer nada? - Ela assentiu com um semblante compreensivo, se levantando e indo até o divã, onde deu leves palmadinhas no acolchoado como se fosse para ir até lá. Dei um leve suspiro de cansaço e me arrastei até lá, me sentando ao seu lado e me preparando para tocar.

Até que a campainha toca.

– Eu atendo? - Ela assentiu sem me fitar e eu, relutante, levantei-me e caminhei até porta, girando sua maçaneta e abrindo-a em seguida, me deparando com Breu - Credo garoto! Não me assuste mais assim - Faço uma zoação clássica e ele apenas arqueia a sobrancelha, nem ligando muito para as palavras que eu proferi com sarcasmo.

– Vou considera isso como um "pode entrar querido amigo", mas devo concordar contigo - Viro levemente minha cabeça, confusa.

– Ah é? - Pergunto franzindo as sobrancelhas.

– É. Quando você vai atender alguém deve verificar a roupa que esta usando antes. Assim não precisa passar por um momento constrangedor - Eu não entendi de primeira. Confesso que boiei naquela conversa. Deixei até ele entrar e fechar a porta para só aí captar a mensagem.

Eu parecia um mendigo!

Meu cabelo estava nas alturas porque não o arrumei desde que acordei. As estampas não estavam batendo de forma alguma da calça com o moletom de texturas diferentes e as pantufas de ursinho não cooperaram com o look.

– Tanto faz - Dei de ombros e deitei no piano, me espreguiçando - Tô em casa. Hoje é domingo. Pra quê eu vou me arrumar? - Bruno deu de ombros e cumprimentou Elsa, que não parou de fitar as teclas e de ler as partituras atentamente.

– Opa! Dever de casa da senhora Snow? - Indagou zombeteiro e se sentou ao lado da minha irmã, que apenas assentiu - Que música é essa? - Elsa não precisou responder, pois Breu leu o título no topo da página - Vienna de Billy Joe... - Comprimiu os lábios e balançou a cabeça positivamente - ...é uma ótima música - Encarei o teto e dei um longo e alto bocejo.

– Posso cantar enquanto vocês tocam? - Ambos me fitaram e Elsa assentiu em meio suspiro.

– Só cuidado para não me atrapalhar - Me ajeitei e peguei a letra, vendo a melodia.

Elsa começou a tocar e Breu a acompanhou em algumas notas.

Slow down, you crazy child.

You're so ambitious for a juvenile.

But then if you're so mart, tell me why are you still so afraid?

Where's the fire? What's the hurry about?

You better cool if off before you burn it out.

You got somuch to do and only so many hours in a day.

Don't you know that when the truth is told

That you can get what you want or you can just get old?

You're gonna kick off before you even get halfway through.

When will you realize? Vienna waits for you

Não pude conter um gritinho histérico de felicidade. Eu fui super bem e ainda tinha de terminar a música. Mas alguém que apertou a campainha me atrapalhou desgraçadamente.

– Quem será? - Demos de ombros e Elsa foi atender.

^-* ^-* ^-* ^-* ^-* ^-*

Pov Astrid

O hospital que eu entrei era enorme e luxuoso. Deduzir ser esse mesmo.

– Coragem garota.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom espero que tenham gostado, e nos vemos no ano quem vem ^-^.
Se controlem com a piadinha do pavê e da torta e que tenham um ótimo ano novo.
Comentem.