New life - History of teenagers escrita por GabiElsa


Capítulo 58
Estranhas


Notas iniciais do capítulo

Hi guys. Me desculpe pela demora, de novo, não foi intencional. Mas quero deixar as desculpas de lado pra poder ao menos conversar com vocês sobre a fic, né?
Então, eu sei que a fic está ficando muito longa e eu falei que já estava acabando, bom, tecnicamente estar, mas as ideias foram surgindo e finalmente estou conseguindo bolar um final super top, que acho que vocês vão gostar.
Já vou logo avisando pra segurar os corações porque o cap hoje é forte, viu?
Os comentários sempre divos como sempre *-----*.
Tô percebendo que uns números estão crescendo... AIIINN QUE FELIZ ^----^. Gente por mim eu daria um beijo em cada um de vocês. Vocês que favoritam. que recomendam e que leiam, me fazem muito feliz, tipo, muito mesmo.
Ah é... antes que eu me esqueça. Eu estou preparando umas coisas muito "legais" pra vocês românticas. Foi um sonho que eu tive quando estava vendo Meu namorado é um zumbi, mas o engraçado é que não tem nada a ver com o filme. Sério, vocês podem ver o filme e depois lerem essa cena que não tem NADA a ver, nenhuma semelhança. Arr falei demais né, mas é queria conversar com vocês... Arr mas vou parar por aqui.
Boa leituraaaa.
Ps: Pensando em mudar de capa. O que acham?



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Pov Rapunzel

Às vezes eu me pergunto: Por que as pessoas que você mais ama acabam te magoando? E o engraçado é que mesmo não fazendo de propósito é tão difícil encontrar o perdão.

Eu me encontrava perdida em meus devaneios, parada de costas para meu armário esperando pela hora do final do intervalo. A movimentação não era assustadora, no entanto diferente a do dia a dia.

Enchi meus pulmões de ar e o soltei sonoramente.

– Punzie! – Estreitei meus olhos para acompanhar a aproximação de Hiccup, que chegava com minha câmera em mãos – Tirei foto dos jogadores de futebol e os de lacrosse no lanche, e no próximo tempo depois do almoço vou tirar do treino deles – Falou sorrindo gentilmente.

– Mas depois do almoço você não vai pra Robótica? – Perguntei vasculhando as fotos. No entanto reparei sua careta confusa – Tadashi não está precisando da sua ajuda?

– Na verdade ele faltou hoje. Parece que eles vão voltar pra São Francisco daqui a algumas semanas – Respondeu me acompanhando com passos de formiga. Estava numa lerdeza que nem estava aguentando ficar de pé. Mentira. Mas mesmo assim queria dormir – Então? Como está levando a sua vida? – O encarei por breves segundos e repensei a resposta.

– Está boa. Está sendo fácil morar com Flynn, e meu... Antigo pai não cancelou minhas exposições nos finais dos meses – Falei com desprezo, mas ao mesmo tempo com bastante tristeza – Era o mínimo que ele podia fazer depois de todo esse tempo – Eu não havia notado, mas Hiccup me fitava com lamentação.

– Eu sei que não quer falar disso agora, mas você já pensou que esse documento que apareceu do nada nas mãos daquela mulher pode ser falso? Ou sabotado? – Bufei revirando os olhos, mas antes de eu rebater, ele completou – É só uma teoria. Seus pais eram muito legais e sinceramente, essa mulher era sua cabeleireira... Você foi cliente dela há anos e só agora ela resolve aparecer? Desculpa Rapunzel, mas eu não confio nela... – Me afastei bruscamente dele, que me olhou assustado.

– Você nem a conhece – Elevei meu tom de voz, atraindo alguns olhares – Eu não tinha percebido, mas ela sempre cuidou de mim. Todas as vezes que aquelas pessoas saíam para jantar e eu ficava sozinha com ela. Se você não sabe, ela também foi minha babá por um tempo – Ele cruzou os braços e me encarou indignado.

– Parou pra pensar que aquela mulher, que tentou te sequestrar no passado, pode ser ela? – Suspirei irritada.

– Você está viajando Hic – Falei com deboche.

– Ah eu tô? – Perguntou sarcástico – Pelo menos, não sou eu quem está sendo idiota – Eu me calei na mesma hora. Hiccup não era de dar tiradas, só dava quando estava bravo ou chateado. Acho que eu o fiz ficar dos dois jeitos – Olha, quer saber? Depois não diga que eu não te falei – Ele me olhou por mais uns segundos e saiu bufando.

– Hic – O chamei, mas ele nem quis se virar para me olhar, isso me deixou com um sentimento de culpa e frustração.

Ah! Rapunzel, você só faz merda. Já basta minha vida ter dado uma inclinada e agora estou perdendo meus amigos por conta do stress. Urgh! Saí dali antes de começar a ouvir os cochichos, os quais se eu ouvisse era bem capaz de começar de uma briga, e ultimamente o novo diretor anda meio rigoroso. Graças a Deus que estou no último ano.

^-* ^-* ^-*

Depois de ter assistido a aula de História e a aula de Inglês, fui para a sala de Artes, onde me encontrei numa situação em que não queria estar. Minha mã... Hum... A senhora Corona estava conversando com meus professores.

– Ela chegou – Disse o senhor Cowell, professor de artes plásticas – Rapunzel, antes que pergunte, queira se sentar conosco para uma conversa civilizada, por favor – O olhei por canto de olho e mirei na morena, que se mantinha sentada de costas para mim.

– Do que se trata? Não seria mais adequado conversamos depois das aulas? – Perguntei com a sobrancelha arqueada, um pouco irritada e curiosa.

– É importante, Punzie – Me responde Halle, professora de artes visuais, minha professora preferida.

– É sobre a faculdade? – Pergunto, agora preocupada.

– Sim, faz parte também – Disse novamente, mas com receio de dizer algo mais.

Seus olhares me pareciam estar confusos e pouco incomodados. E isso estava me deixando angustiada. Odeio quando escondem a verdade de mim, principalmente quando não sabem ao menos disfarçar.

– Bom, então falem – Disse, sentando-me na cadeira ao lado da Corona.

– Nós conseguimos falar com uma organização estudantil sobre seu intercâmbio de um mês em Portugal. E felizmente conseguimos com que deixassem você participar neste ano – Abafei o grito com minhas mãos. Tinha certeza que meus olhos estavam vermelhos de tanta força que eu estava fazendo apenas para não gritar.

– AHHHHHHHHHHHHHHHH!... – Tá legal, não aguentei. Dei um grito agudo e abracei Halle, que sorria da minha palhaçada. Fala sério Rapunzel, cadê seu lado profissional?

AH QUE SE DANE! EU VOU PRA PORTUGAAAAAL!!!

– Muito obrigada – Falava enquanto estrangulava minha professora com um abraço fatal... CARACA! A soltei e me sentei novamente – É por isso que amo vocês – Falei sorrindo para ambos.

– Mas tem um porém – WHAT! – Como você ainda não tem dezoito anos, continua a ser dependente de um adulto. O que nós sabemos é que uma mulher chamada Gothel veio até você e lhe disse ser sua mãe biológica, comprovando o exame de DNA – Assenti e pedi que prosseguisse – Bom, mas ela ainda não tem seus documentos legais e por isso a senhorita Corona ainda é sua mãe para o governo – Ele hesitou em continuar, mas começou agora termina.

– E? – O pressionei.

– Iremos precisar da autorização de sua mãe para você viajar, em seu caso – Ele mirou minha ex-mãe e sugeriu com um olhar cúmplice para que eu falasse com ela.

Suspirei balançando a cabeça, tentando me livrar dos pesos que a vida me trouxe.

– Suzanne, será que pode me acompanhar. Quero conversar contigo – Falei me levantando. Já ela me olhou com tristeza e se levantou, pegando sua bolsa e me seguindo até a porta para saímos dali. Eu nunca a chamei pelo o nome. Nunca mesmo! E agora que eu falei me senti tão... Incomodada, como se eu fizesse alguma coisa errada, sabe? Um aperto no peito. Acho que ela sentiu o mesmo.

A levei para um corredor um pouco vazio. Se bem que não tinha tantos alunos pelos corredores, até porque estavam todos em aula né.

– Olha, eu... – Eu comecei falando, mas ao me virar para encará-la, ela me interrompeu com uma feição emburrada.

– Eu já sei o que vai me dizer – Falou irritada – Que é minha obrigação te dar minha permissão. E acredite ou não, eu pensei muito nisso.

– E, qual é a sua resposta? – Pergunto esperançosa – Vai me deixar ir, não vai? – Cruzei os braços e, de relance, olhei o chão e voltei a dar aquela encarada – De qualquer forma você vai ter que autorizar, já que minha mãe com certeza vai me deixar ir – Botei ênfase na palavra minha mãe.

– ELA NÃO É A SUA MÃE! – Gritou, mas percebo que se arrependeu – Ela não é a sua mãe, Rapunzel – Agora falou entre dentes – Filha, volta pra casa. Volta pra mim e para seu pai – Comecei a sentir uma dor se formando em minha garganta.

– Por favor, eu não quero discutir isso outra vez – Falei, fazendo-a se calar por um momento – Volta naquela sala, assina aqueles documentos e me deixa seguir com a minha vida – Ela suspirou silenciosamente e deu uma meia volta, e de costas, disse.

– Vamos fazer um acordo – Ela se virou para mim – Eu assino, mas você vai ter que fazer um exame de DNA comigo – Bufei.

– Você está se ouvindo?

– Esse é meu acordo. Agora me diz se aceita ou não – Procuro fitar qualquer canto aleatório daquele corredor.

– Tudo bem – Falo por fim – Eu aceito. É bom que tiramos isso a limpo de uma vez – Falei.

Eu podia ver a dor e o sofrimento nos olhos dela. Aquela pose de durona era tudo fachada. Eu a conhecia, mas agora sinto que tudo o que a gente passou não passavam de mentiras ou encenações para eu não descobri a verdade. Eu estava me sentindo uma estranha.

*-*

Pov Astrid

E assim eu lhes digo para o que estão lendo minha vida passar, nunca se dar ao luxo de pegar um táxi ao invés de um ônibus em New York só por conta da preguiça de ficar em pé e andar até sua casa. Por quê? PORQUE É UMA IDEIA MUITO IDIOTA!

Deixe me esclarecer.

Lá vou eu, feliz da vida comendo meu hambúrguer e tomando meu milkshake de ovomaltine pelo corredor principal do colégio, pronta para sair daquele inferno. Quando um ser surgiu lá de Narnia para interromper essa minha cena de felicidade.

– E aí amor – Tinha que ser o idiota do Melequento.

– Oi – Falei com aquele sorriso gentil que mamãe me deu, mas como sou uma porca com algumas pessoas, dei um bruto de um arroto – Opa, saiu sem querer – Ele fez uma cara amassada, talvez sentindo o cheiro do ovomaltine. Só eu mesmo pra arrotar com milkshake, mas continuando – O que foi?

– Eu queria saber, onde tá aquela sua amiga linda? – Perguntou com aquela cara de bobo, mais bobo.

– Quem? A Heather? – Fiz uma cara de pensador, formando um suspense – Acho que já foi embora – O respondi – Só isso? Tá bom, tchau – Eu saí o mais rápido que eu pude antes que ele me fizesse perguntas sobre minha nova amiga.

Passei pelo estacionamento e corri até a parada para pegar um ônibus e ir pra casa, já que eu estava evitando voltar de ônibus escolar pra casa. “Por que Astrid?” Porque aquela merda me traumatizou!

Flashback please.

“Ano passado eu estava praticando vôlei nos finais de semana, e o ônibus escolar passava para me pegar e as garotas do meu time. Foi aí que eu pesadelo começou.

Depois dos treinos nós íamos lanchar nas Fast foods da vida, só que num belo dia resolvemos mudar de cardápio e comer camarão ao molho rose. Até aí tudo bem, só que não! Quando nós estávamos voltando no ônibus, uma menina começou a passar mal e eu estava do lado dela, aí o que a piranha fez? ELA VOMITOU EM MIM!

Desde então eu nunca mais volto pra casa naquele ônibus por esse trauma de alguém vomitar em mim. Até hoje não sento mais no fundão por conta do cheiro. Parece que aquele odor, aquela catinga ficou impregnada naquele banco. Nunca mais!”

Fecha flashback.

Fiquei esperando pelo ônibus há alguns minutos, e entre esses minutos Hiccup apareceu com Heather. Cheguei a estranhar porque eles conversavam, mas não chegavam a ficar perto um do outro, só quando estavam comigo.

– E aí Astrid? – Falou ela fazendo um “toca aí” comigo.

– Oi, e aí – A cumprimentei retribuindo. Já Hiccup me deu um selinho – O que aconteceu com vocês? – Tradução: O que deu em vocês pra ficarem agarradinhos longe das minhas vistas? – Chegaram rindo.

– É que eu estava contando pra ela aquele dia que você rolou na rampa de bike – Respondeu Hiccup, rindo muito. E eu pra não ficar sem graça, dei uma risadinha – Foi muito hilário.

– Deve ter machucado – Falou Heather sorrindo.

– É, se pra você machucar não é só ralar o joelho, quebrar o braço e ficar com a boca inchada. Não, não machucou – Falei ironicamente e ela riu por breves segundos.

– Vocês vão de táxi pra casa? – Perguntou sorridente. Hiccup e eu nos entreolhamos e negamos com nossas cabeças – Bom... Então eu vou indo – Ela se despediu com um aceno e saiu caminhando até um carro amarelo, o qual adentrou e saiu para seu destino, sua casa, deduzi.

– Vem cá, por que não chamamos um táxi? É melhor do que ônibus – Falou Hiccup entrelaçando seu braço no meu.

– É, seria uma boa ideia – Falei o encarando.

Peguei meu celular e liguei para uma companhia de táxi, no entanto, levou uns vinte minutos para atender, e quando atendeu disseram que todos estavam ocupados. Argh! Liguei para outras e disseram a mesma coisa. Foi aí que percebi que estava ficando com fome e Hiccup nem se fala, já estava praticamente desmaiado no banco da parada e os portões do colégio já estavam fechados (Nova regra do novo diretor) para comprar comida na lanchonete. Então resolvemos pegar o primeiro ônibus que veio.

– Será que esse ônibus passa perto lá de casa? – Perguntei para Hic, que deu os ombros e subiu.

– Às vezes dá – Falou enquanto pagava a passagem.

Nos sentamos e esperamos até onde aquele ônibus ia parar. Adivinhem? Paramos lá do outro lado da cidade, um lugar em que não conhecíamos. Foi aí que o bicho pegou.

– Amor. Estamos perdidos – Disse já me cagando de medo.

– Relaxa. Eu ligo pro meu pai e ele vem nos buscar – Tentou-me tranquilizar. Ele pegou seu celular e ligou para o Stóico, só que pela sua feição, não obteve sucesso.

– Hiccup, fala que ele atendeu – Tentei aparentar o mais calma possível, mas ele deu aquele sorrisinho nervoso dele e me olhou apavorado – Ferrou! É o nosso fim – Falei andando de um lado pro outro, mas Hic me segurou pelos ombros e me encarou olho no olho.

– Já falei pra você relaxar – Disse – Vamos pedir informação para a gente voltar pra escola, já que perdemos o ônibus não tem problema se a gente pegar um metrô – Suspirei e fomos caminhar a procura de alguém que nos desse um tempo, só que como moramos em New York foi difícil encontrar alguém que não estivesse com pressa. Mas felizmente conseguimos encontrar um ser humano bonzinho para nos ajudar.

E aí conseguimos achar o metrô, e tudo ficou bem. Conseguimos chegar à nossa rua do ônibus e fomos pra casa morrendo de medo de apanhar da minha avó. Sim, até meu namorado ia apanhar porque minha avó fica muito preocupada quando eu demoro a voltar pra casa, principalmente quando eu não aviso.

– E aí? Você e a Punzie já fez às pazes? – Perguntei para matar o silêncio.

– Não. Ela não veio me pedir desculpas e eu não vou pedir desculpas pra ela porque ela que ta errada – Ele falou fitando a janela. Eu estava deitada nele, abraçando seu tronco com a bochecha apoiada em seu peito.

– Ela está passando por um momento difícil, e como seu papel de amigo você deve ajudá-la – Falei e ele resmungou – A Heather também sofre com a família e seus pais adotivos. Sabia? – Comentei – Eu estou ajudando ela da melhor forma possível. Acho que você deve fazer o mesmo com a Punzie, mesmo ela não querendo.

– Vamos mudar de assunto? – Falou me interrompendo – Por favor, não quero falar sobre isso – Engoli um pouco de saliva e abaixei o olhar.

– Quer saber o que Heather e eu fizemos na aula de Educação Física? – Ele assentiu e eu comecei a contar um monte de encrencas que Heather e eu nos metemos nesses últimos dias, mas ele me interrompe de novo.

– Não me leve a mal, mas essa amizade sua com a Heather não vai te levar a lugar nenhum – Falou seriamente – Mas queria saber, cadê a Merida nessas suas aventuras? – Me sentei e o fitei – Brigaram? – Neguei – Então o que foi?

– A Heather não foi muito com a cara da Merida – Falei um pouco chateada – Nesse dias eu tentei falar com ela, mas parece que ela não tem mais tempo pra mim. Sempre está compondo músicas... Nem pra me chamar pra tocarmos juntas ela me chama – Não tinha percebido o quanto a Meri me fazia falta, eu estava desabafando com meu namorado sobre ela. Isso não é natural da minha parte – E sinceramente estou ficando com medo de perdê-la – Hiccup me abraçou fortemente e me beijou na testa.

– Não esquenta. Vocês vão se resolver – Falou acariciando meus cabelos, quando o ônibus freou, nos lançando para frente – É, parece que chegamos – Hiccup fala após se recompor do susto, rindo em seguida.

Descemos na esquina da minha casa e fomos descendo a rua a pé mesmo. Era para termos chegado umas duas horas, mas como demos a volta ao mundo por conta do táxi, chegamos às quatro e meia, na rua.

A temperatura estava um pouco baixa, isso porque o sol era coberto por várias nuvens cinzentas, mas um risco do azul do céu e do por do sol animava aquela tarde de qual, por incrível que pareça, havia gostado.

Minha mochila batia em minha bunda a cada passo que eu dava. Minha trança eu comecei a desmanchar, nos poucos metros que me aproximava do meu aconchego. Já meu uniforme, tirei apenas aquela coleira que chamam de gravata e amarrei no pulso, já que não queria segurar.

– Já que estávamos falando da Heather, eu posso fazer um comentário? Uma coisa que estive percebendo em você desde que se tornaram amigas – Hiccup falou enquanto fitava o chão. Fiquei confusa na hora, mas assenti por curiosidade – Você está mais insensível quando ela chegou, não sei se é só comigo ou com a Merida, mas... Ah sei lá – Deu de ombros – Eu só queria saber se você está mudando por conta dela – Engoli um pouco de saliva e lambi meus lábios.

– Eu não sei por que você acha isso. Agorinha eu me abri na maior sensibilidade do mundo querendo minha melhor amiga de volta e você me fala isso? Que eu estou insensível? – Procurei segurar minha indignação.

– Bom, você era assim antes... – O interrompi.

– Falou certo. Eu era. Você sabe que eu deixei de ser aquela garota há muito tempo, Hic – Ele tentou reparar a merda que disse, mas bufei de raiva.

– Eu sei que você mudou e tals. Mas eu percebi que você está começando a ser o que era antes só na frente dela. É isso o que estou tentando te dizer, Astrid. Você muda de personalidade toda vez que está com ela, e isso me preocupa – Subi um pequeno degrau da varanda de minha casa e fiquei de costas para a porta de entrada, encarando Hic de braços cruzados.

– Isso me lembrou alguém na escola preparatória. Um nerd que começou a se enturmar sendo outra pessoa. Lembra quem é esse nerd Hic? – Tentei me defender, jogando seu passado contra ele. Mas isso resultou em apenas angustia.

– Eu aprendi com o tempo, você sabe disso – Ele falou quase gritando, e isso me deixou um pouco incomodada, não gosto quando alguém levanta o tom de voz – Mas não vem me atacar com suas palavras agora. O assunto é você – Bufei de novo, e me virei para entrar em casa, mas Hic me segura pelo pulso e fecha à porta, segurando a maçaneta – A gente ainda não terminou – Me virei pra ele, que estava bem próximo de mim – Me fala pelo menos o motivo de você está fazendo isso – Insistiu outra vez, me deixando sem paciência pra contar.

– É que... – Prendi o ar e o soltei sonoramente – A Heather é do tipo de garota que eu sempre quis ter como amiga. Louca, durona, divertida, bagunceira... – Ri pelo nariz – Eu sempre admirei o estilo durão e a Heather é desse estilo. Eu também sou, ou pelo menos eu era até você me transformar – Hic ri brevemente com o pequeno soco que eu dei em seu abdômen, lhe causando cócegas – Eu senti falta de quando eu era vida louca, e quando vi a Heather, quando eu a conheci... Ela me trouxe lembranças boas do meu passado – Os olhos dele me fitaram com um pouco de pena – E desde então eu comecei a andar mais com ela e comecei a me sentir mais eu, sabe? – Ele assentiu e me deu um abraço meigo.

– Por que não me disse isso antes? Eu poderia ter ajudado – Falou sem se separar do abraço.

– Não queria te preocupar com isso. Além do mais, esse assunto eu que tenho que resolver. Sei me cuidar, sabia? – Falei de um jeito tranquilo, fazendo-o ri.

– Disso eu não tenho duvida – Falou puxando minha cintura, me fazendo arquejar.

Bom, aí vocês já sabem o que veio a seguir, né? Nos beijamos por uns instante. Foi um beijo tranquilo, nada muito melado, só um beijo simples.

– Tenho que ir – Falou sorrindo – Banguela deve estar me esperando – Assenti.

– Com certeza está – Ele riu pelo nariz e andou para longe de mim.

Entrei em casa já jogando tudo para os cantos. Mochila, dinheiro, roupa, tênis e assim por diante. Mas quando vi as horas no celular, pensei: está bem, é melhor eu me trancar no quarto antes que minha vó chegue.

Oh vida que me lasca!

– Onde esteve Astrid? Você demorou muito – Falava minha vó enquanto eu prestava atenção na chinela que estava em sua mão.

– É que... – Não terminei de falar e ela tentou me acertar. Mas como sou ágio corri para as escadas gritando e rindo ao mesmo tempo.

Sim sou estranha, mas me orgulho disso.

^-* ^-* ^-* ^-* ^-* ^-*

Pov Merida

O som do violão estava sendo gratificante pra mim naquela tarde tediosa. E para melhorar começou a chover para trazer a inspiração e toda aquela minha dramaticidade para terminar de compor aquela música depressiva. Se é que eu a tenho, porque vamos combinar que de dramática eu não tenho nada. Vamos não custa arriscar.

Eu estava em meu estúdio secreto aproveitando a solidão para cantar e fazer música. Sim, eu estava sozinha. Por quê? Porque estou passando por um “abandono de amizade”. Triste não? Só sei que não foi minha culpa e sim da garota nova que TOMOU ASTRID DE MIM! Aquela Badgirl filha da mãe. Argh! Tô começando achar que alguém vai levar uma surra, e esse alguém com certeza não serei eu. Arg! Que raiva! Deixei até o violão de lado para prender meu cabelo, que insistia em cair nos meus olhos.

– Por que todo mundo resolve se afastar de mim? – Murmurei enquanto apoiava meus cotovelos em meus joelhos.

– Merida! – Escutei uma voz oca vinda dos corredores – Onde você está minha filha?! – Falou novamente. Era minha mãe me procurando – Apareça – E agora? O que eu faço? Fiquei repedindo isso várias vezes, até ser atingida por uma ideia.

– É isso! – Fui à procura do meu celular, que estava em cima de um pufe – Vem cá meu lindinho – Falei enquanto desbloqueava a tela, indo direto para contatos. Procurei pelo número de minha casa e felizmente o encontrei com rapidez. Liguei e esperei tocar e escutar o doce som do telefone da casa, para sair logo do meu cantinho secreto.

– Não tem ninguém nessa casa?! – Ouço minha mãe gritar, irritada.

O som dos passos dela foi diminuindo, e quando escutei um barulho de porta se fechando, eu abri a porta do sótão e rapidamente corri até o corredor.

– Tuduru, turuturu, hahaha! – Cantarolei baixo dando pulinhos alegres até o hall dos quartos. Mas não havia percebido que alguém estava atrás de mim – Mãe?

– Eu não sei quem é. Você sabe Merida? Não está respondendo – Falava ela segurando o telefone em uma das mãos.

– Deve ter ligado por engano – Falei ironicamente, fazendo-a ficar mais irritada do que já estava.

– De onde saiu àquela porta? – Indagou me puxando até a porta secreta.

– Que porta?! Mãe isso é uma parede – Procurei argumentos pra me safar.

– Abre-a Merida! – Ordenou – Por favor, não insulte minha inteligência. Eu vi você saindo de uma porta. Abre-a! – Ela ficava me encarando super furiosa, e essa feição há anos eu não o vejo.

– Mãe, você deve estar vendo coisas – Ela segurou meu pulso e praticamente me jogou pra perto da porta – Mãe!

– Abre-a! Mérida mentir não vai te levar a lugar algum – Tentei focar minha visão em partes aleatórias do corredor, mas se eu não a olhasse nos olhos iria ficar mais concretizada sua crença – O que esconde ali? Diga-me!

– Mãe...

– Responda-me ou vai ser pior – Respirei fundo e abri a porta, fazendo minha mãe entrar como um furacão observando tudo.

– Que gritaria é essa?! – Se pronuncia meu pai, ofegante – Elinor? – O encarei preocupada. Era o fim pra mim. Minha mãe descobriu tudo. Tudo!

Lágrimas começaram a deslizar sobre minhas bochechas, pois eu sabia que iria levar uma baita bronca e iria dar adeus à música.

– Mãe, eu posso explicar – Comecei a falar, mas ela me interrompeu já gritando.

– Há quanto tempo você esconde isso de mim? – Indagou - Por favor, vai direto ao ponto. Não me magoe ainda mais – Eu percebi que seus olhos estavam marejados, e isso me doeu mais que uma facada. Ver minha mãe chorando, ainda por minha causa. Acho que isso foi pior do que ver Austin me deixar.

– Há muito tempo. Anos, pra ser clara – A respondi – Eu precisava de alguma coisa pra tirar as dores de mim.

– QUE DORES, MERIDA?! Você tem tudo e ainda sofre com isso? – Ela disse com a voz alta, me fazendo chorar mais – Na verdade nem tudo, porque a educação, a decência de uma dama que eu lhe ensinei não serviu pra nada – Contra minha vontade, comecei a soluçar – Você é uma vergonha pra mim, sabia? Tudo que eu planejei pra você, você pisoteou e nem percebeu o quanto isso me doía. Eu sempre quis ter uma filha parecida com uma princesa, mas o que eu ganho? Uma adolescente que não me escuta e que só me desobedece pra fazer seus gostos. Você é o oposto do que eu queria como filha.

– Elinor, chega! – Falou meu pai me abraçando por trás, mas eu me desvencilhei dos grandes braços.

– Então me troca num orfanato qualquer e pega uma meninha pra ser seu fantoche! – Berrei com ódio.

– Por favor, parem! – Ouvi as vozes de meus irmãos da porta – Não briguem.

– Meninos vão pro quarto com o papai – Falei e minha mãe me fitou de um jeito.

– Eu não vou deixar vocês sozinhas – Meu pai falou grosso – Vamos parar com essa discussão. Discutir com cabeça quente é a pior coisa a se fazer por agora – Ele fitou minha mãe com um olhar cúmplice – Elinor, vamos querida.

– Essa conversa só me trouxe desgosto – Ela falou entre dentes, mas antes dela sair eu segurei seu pulso, e fiz ela me encarar.

– Você acha que é assim? Me magoa e quer sair me deixando arrasada? Pois agora você vai me escutar – Falei.

– Mérida! Agora não – Repreendeu-me meu pai.

– Sabe o porquê eu preciso da música pra me livrar das dores? Porque é a única forma de me expressar sem você perceber que fui eu que escrevi. É o único jeito de você não me julgar. É a única forma de você me escutar! - Gritei novamente - Você acha que eu tenho tudo, mas a única coisa que eu sempre quis você nunca me deu.

– O que? Uns tabefes para criar juízo nessa sua cabeça? – Lambi os lábios e engoli o choro, forçando uma cara de desgosto.

– Seu apoio em tudo que eu amo fazer – Só falei isso, mas a deixou sem fala. O silencio reinou entre minha família, que chegou a me assustar – Sabia que você é um monstro? É isso é o que você é.

– Pare! – Murmurou ela se apoiando na madeira lateral da porta.

– Eu nunca vou ser igual a você.

– Merida, por favor – Peguei um quatro de nós duas e taquei no chão com toda minha força.

– Eu prefiro MORRER a ser como você – Ela arquejou e cobriu a boca com as mãos.

– O que você fez? – Murmurou cambaleando, mas meu pai a segurou antes que caísse – Fergus, pega meu remédio – Falou para meu pai.

– Ah, agora vai começar o drama? Me poupe mãe – Falei o mais grosseira que eu pude – Agora vai dizer que está tonta e que vai desmaiar, não é? – Debochei e ela meu que caiu nos braços de meu pai.

– MÃE! – Gritou os gêmeos em uníssono, correndo até ela.

– Mãe, por favor, para com esse showzinho – Falei, desejando que aquilo não estivesse acontecendo – Mãe? – Olhei para ela e vi que ela realmente estava passando mal – Mãe? Por que ela não me responde? Pai, o que aconteceu? – O questionei desesperada.

– Merida, liga pra ambulância – Essas palavras foram as últimas que eu ouvi do meu pai antes de... Arrr... Antes de ver minha mãe ficar de coma.


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Notas finais do capítulo

E aí???? O que acharam? Mereço comentário? Espero que sim, pois essa é a única forma de eu continuar.
Gente eu chorei muito na parte da Elinor e da Merida, tipo, chorei mesmo, pior do que aquela cena Kristanna. Gente eu me senti como a Merida. Sabe? A minha conexão com ela ficou tão forte que eu me imaginei no lugar dela.
Vocês viram que ela tá no OUAT? Gente... Tá rolando muita treta, como sempre né.
WELL, eu espero que tenham gostado, e se preparem para mais alguns caps.
Bjos.
Ps: Vai ter surpresas por aí, só que eu não vou falaaaar rsrs. E por favor comentam o que acham da capa, please.