Pov Rapunzel

As ruas estavam vazias, as árvores já não tinham mais a coloração alaranjada proporcionada pelas folhas secas, os ventos frios alertavam um inverno rigoroso, e o cheiro de chocolate ou balas açucaradas tomavam conta de toda vizinhança. O Halloween chegou da maneira mais animada. Daqui à poucos minutos centenas, ou milhares, de crianças estarão pedindo doces e fazendo travessuras nas casas.

E no meio disso tudo, estava eu, Rapunzel. O que eu fazia em uma rua completamente deserta, carregando apenas minha mochila nas costas e meu camaleão de pelúcia nos braços? Estava esperando um certo albino me buscar na parada, afinal eu não sei pegar ônibus e muito menos saber seu destino. Claro que eu poderia pedir para meu motorista me levar para casa de Jack, mas sabia que ele contaria para meu pai, o sujeito que não me deixou sair só por causa do Dia das Bruxas e por temer que alguém me fizesse mal ou que me oferecesse algum doce com uma droga, veneno, etc. Mesmo assim eu sair às escondidas, pois eu acho que isso é muita frescura para meu gosto.

– PAH! - Sentir dedos cutucarem meu abdômen e um grito ecoando meus ouvidos, me assustando.

– Idiota - Falei ao encarar o garoto, que me lançava um sorriso de deboche.

– Foi mal a demora, mas Jamie queria vir comigo e a mãe dele não deixou e...enfim, você sabe o que rolou né? - Assenti com um pequeno sorriso enquanto ajeitava a alça da mochila - Vamos antes que nos bombardem com ovos podres - Assenti novamente concordando.

Halloween é um dia que tem dois lados, o lado bom que são os doces grátis fornecidos pelas famílias, e o lado mau que são os moleques que, além de roubar os doces das crianças, comandam uma guerra de travessuras e nem podem ser punidos, porque é o dia das bruxas. Entendi o sentido da frase "Doces ou travessuras?". Nunca achei que fosse sério.

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Ao chegarmos em sua casa, Jack levou minhas coisas para seu quarto enquanto me deixava em uma situação constrangedora. Odeio ficar sozinha com pessoas que eu tenho pouca intimidade. Claro que Lara e a tia Milena já me sentia à vontade, mas a tia de Jack e seus filhos, Jamie e Sophie, tiravam meu espírito de folgada e o mandavam para longe.

– Boa noite Rapunzel - Fala tia Milena sem me encarar, pois arrumava a fantasia de Lara que, pelo que deduzi, estava vestida de Batgirl.

– Boa noite tia - A correspondo com um sorriso tímido, definitivamente a presença da tia de Jack me deixou sem jeito - Boa noite - Falo com a mulher que arrumava Sophie, que parecia está vestida de fada. A mulher me lançou um sorriso gracioso e voltou sua atenção para a garotinha a sua frente.

– Mãe, já podemos ir? Os doces estão esperando - Falava Jamie descendo as escadas. A capa vermelha arrastando no carpete e o cabelo com um penteado mais arrumado, me tiravam a conclusão de que Jamie trajava uma fantasia de super herói.

– Doce, doce, doce - Grita animadamente Sophie.

– Seu primo vai te levar? - Pergunta tia Milena passando um gloss nos lábios de Lara, finalizando seu trabalho.

– Ele tem que levar - Fala Lara - Pedir doces com meu irmão é muito divertido. Não é Punzie?

– Pode crer Larinha - Falei me sentando em uma poltrona próxima - Jack sabe tornar as coisas muito mais divertidas do que já são.

– Falando de mim? - Uma voz masculina silencia o cômodo, era Jack se pronunciando.

– Jack, você vai leva-los para pedir doces? - Pergunta sua tia.

– Esse era meu plano, mas quando acabarmos, vou querer vinte e cinco por cento das sacolas de cada um - As crianças assentiram com certeza, exeto Sophie que apenas observou o diálogo e assentiu sem ter ideia do que seja vinte e cinco por cento de seus preciosos doces retirados - Então tá. Vão pegar suas sacolas - Jamie e Lara correram para cozinha e Sophie os seguiu feliz da vida - Depois vemos o filme, tá bom? - Fala Jack se sentindo culpado por ter que acompanhar as crianças e atrasar nossa noite de terror juntos.

– Que isso, eu adoro pedir doces, mas se resolverem tacar ovos na gente...você vai ser meu escudo - Abro um sorriso travesso e ele apenas rir.

– Vou pensar no seu caso - O empurro de leve e logo o trio chegam para irmos.

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Pov Elsa

Olhando para aquele teto, imaginando como minha vida passou em um estalar de dedos, encontrava-se meu corpo.

Os segundos se transformavam em minutos, e os minutos se tornavam horas, me deixando angustiada. Não queria ficar no quarto no Dia das Bruxas, isso seria suicídio. Por isso que levantei-me e caminhei até meu roupeiro, da onde tirei a primeira roupa que vi pela frente, e me vesti rapidamente.

– Mãe, pai, tô pegando o carro - Grito descendo as escadas.

– Espera filha - Ouço a voz de meu pai, que logo apareceu - Você tem que levar a Anna - Sua expressão era preocupante, os lábios estavam murchos, os olhos se encontravam sem vida e o ar de preocupação me atingiu em cheio, nem dando tempo de me defender.

– O que foi pai? Por que tenho que levar a Anna? O senhor nem sabe onde eu vou - Falo com a testa franzida.

– Sim eu sei, mas desde que Anna recebeu aquele papel da peça, ela não sai mais do quarto para fazer nada, parece que ela está muito focada nisso, e estou ficando preocupado.

– Pensando bem, eu não vejo a Anna há horas, vou chamá-la, não se preocupe - Me aproximo com passos rápidos e deposito um beijo na bochecha de meu pai, que sorriu e foi para a cozinha ajudar minha mãe a organizar os doces.

Anna deve está cansada de decorar o script, nada que um passeio de carro não resolva.

– Anna - Dou leves batidas em sua porta e entro - Vamos sair maninha? Podemos ir comer pizza, eu pago.

– Oi Elsa - A vejo deitada em sua cama, com o notebook em mãos e várias folhas espalhadas pelo quarto. Ela estava fofa com a blusa do Olaf.

– O que está fazendo? - Pergunto me sentando na beirada do colchão sem tirar os olhos dela.

– Tentando interpretar a cena da morte do pai da Ella - Falava ela enquanto organizava os papéis - Não sabia que fojar um choro era tão difícil - Abro um sorriso.

– Não acha que está mofando aqui há algum tempo? - Pergunto fechando seu notebook.

– Não, talvez um pouquinho - Arqueio a sobrancelha insatisfeita, fazendo-a ceder - Okay, a tarde inteira praticamente. Mas o que eu posso fazer? Decorar mais de vinte frases não é uma tarefa fácil.

– Nem tão difícil - A interrompo - Olha, papai está ficando preocupado. Por que não saímos juntas? Eu já lhe dei a ideia, só resta-me você aceitar - Ela me olha indecisa, mas abre um sorriso.

– Tá legal vamos - Ela se levanta e eu lhe acompanho sem reservas - Você acredita que Kristoff nem me ligou hoje?

– Que chato. Você sabe o motivo? - Pergunto caminhando ao seu lado. Ela fez algumas caretas de indecisão.

– Xingá-lo por não me contar uma novidade em sua vida pode se levar em consideração?

– Por que você fez isso? - Pergunto intrigada.

– É uma longa história - A envolvo em um meio abraço.

– Acho que temos tempo o suficiente para isso.

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Pov Merida

Andava pela rua concentrada em apenas um caderno em minhas mãos. A composição era uma coisa que eu adorava, mas também me tirava do sério algumas vezes. A música que eu escrevia era depressiva, e me trazia a certeza de que se as pessoas a ouvissem em épocas de fins de namoro ou desilusões amorosas, a dor se tornaria ainda mais forte.

Entrei em uma cafeteria e me sentei na primeira mesa vaga que encontrei, precisava de um bom café para me manter acordada e de um ótimo cupcake para matar a fome que me atormentara a caminhada inteira.

– Merida?– Olhei para o loiro que me fitava e me espantei ao vê-lo aqui.

– Kristoff? - Falo com a testa franzida - Oque faz aqui? Trabalha aqui também? - Ele se senta com um sorriso sarcástico no rosto.

– Eu poderia te perguntar a mesma coisa - Abro meu sorriso - Eu não queria ficar em casa e resolvi sair, e você ruiva?

– Precisava de inspiração para fazer um arranjo para um música - O respondo e percebo que uma certa loira não estava por perto - Cadê a Anna?

– Sei lá. Deve está em casa - Ele respondeu ríspido, como se não quisesse falar sobre ela.

– O que aconteceu Kris? Pode me contar, sou sua amiga - Insisto em prolongar o assunto. Ele respira fundo rolando seus olhos castanhos por todo estabelecimento, até me fitar.

– Okay. Preciso me desabafar com alguém mesmo - Me ajeito na cadeira e o encaro esperando suas primeiras falas - É que a Anna está ficando diferente, ela não fala comigo frequentemente e parece ficar cada vez mais distante, não só comigo mas com todo mundo.

– Concordo. Eu nem lembro mais o dia em que Anna e eu conversamos.

– Pois é. Ela já me disse que está se preparando para a peça, mas acho que é algo mais, como se estivesse preocupada com alguma coisa - Fito meu café que chegou há pouco tempo - Queria saber o que é - Mordo minha bochecha inferior e o encaro.

– Olha, não se preocupe, eu sei que vocês vão se acertar. E se a Anna estiver escondendo algo, pode ter fé que ela te contará mais cedo ou mais tarde - Falo após beber me café.

– Pelo visto vai ser mais tarde - Ele rir e eu o acompanho.

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Pov Jack

Após passarmos micos atrás de micos, Punzie e eu nos encontrávamos sentados na arquibancada da praça como duas crianças.

– Eu não acredito que você me obrigou a pedir chocolate para a senhora Jackson - Falava Punzie deitando em minhas pernas.

– Ué, pelo menos ela não bateu a porta na nossa cara - Dou uma risada breve penteando seus cabelos com meus dedos.

– É - Ela concorda rindo.

– Como o Flynn está? - Pergunto observando Jamie dando um Ollie no meu skate.

– Ele está bem melhor do que antes, isso eu garanto - Ela responde.

– Que bom. Semana que vêm terá jogo e não podemos perder para a Guardians. Eu até apostei com a Lara que o Frozen vai ganhar - Ela se levantou com uma cara incrédula me fazendo rir - É brincadeira - Ela se conformou formando em seus lábios um sorriso.

– Vamos ver nosso filme, lerdo?

– Vamos sim, vaca - Nos levantamos e caminhamos para minha casa, prontos para assistir um filme e nos entupir de doces.

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Pov Anna

Depois de comer uma pizza deliciosa com minha irmã, Elsa, fomos até o carro e ficamos por lá ouvindo a rádio, pois já estava de noite e não queríamos pegar sereno.

– Então, me conte sobre você e o Kristoff - Fala Elsa - Por que você xingou ele?

– Porque ele se mudou e não me falou nada - A respondo prontamente.

– Se mudou pra longe?

– Não, é perto do Sven's - Elsa relaxou um pouco e voltou a se aconchegar no banco - É só que, eu me exaltei na hora por conta do stress. Fiquei com medo que ele tivesse se mudado pra longe.

– E o você tem contra a distância? - Pergunta Elsa, mas eu não a respondo - O que foi Anna? O que você tem? Anda muito esquisita esses dias.

– Esquisita como?

– Eu não sei, acho que...você esconde algo - A olho indignada.

– Você acha que eu não te contaria alguma coisa? Elsa somos irmãs, como você me fala uma coisa dessas? - Ela pareceu se reprovar mentalmente.

– Desculpa.

– Tudo bem, é coisa de irmã mais velha - Rimos.

Elsa ligou o carro e dirigiu para casa, mas no meio do caminho, pegamos vários sinais fechados perdendo bastante tempo, mas não me preocupei com isso, pois estava gostando daquele tempo com Elsa, mesmo com um silêncio entre nós, estava sendo um silêncio agradável.

– Hey, aquele não é o Kristoff? - Fala Elsa apontando para um loiro em uma cafeteria.

– É ele - Falo sorrindo, mas ao vê-lo com Merida rindo e se divertindo, ele se desmanchou. Uma raiva me atingiu e não pude evitar ranger os dentes.

– Quer que eu estacione?

– Não precisa, vamos pra casa - Falo fria. Elsa iria protestar, mas acho que ela me entendeu e continuou seguindo para casa.

Por que eu estava tão irritada com o Kristoff? Será que fiquei com ciumes da Meri com ele? Não, acho que não, Merida nunca faria isso comigo, já Kristoff não tenho certeza. Ah, por que isso sempre acontece comigo?