O que é Razão? escrita por caroline_03


Capítulo 1
Capítulo 1 -Um ano novo fora do normal


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e por favor... Comentem! ++



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-Mas como se a fabrica disse que entregaria na minha casa?-eu falei chorosa. Não podia acreditar em minha maldição.


-sinto muito senhora, mas a transportadora está em férias coletivas, retornaremos com nossas atividades normais a partir do dia sete de janeiro. –a telefonista falou com a voz de robô.


-mas... Não tem outro jeito? –eu estava começando a ficar desesperada, tinha que haver um meio.


-o produto está na loja em Port Angeles, caso a senhora puder ir buscar. –dei um pulo da cadeira, olhando no relógio.


-mas é claro que eles fecharam as seis horas. –bufei.


-na verdade é vinte e quatro horas. –levantei em um pulo.


-é algum tipo de brincadeira?


-na verdade senhora...


-Bella.


-Bella... Não é brincadeira. –suspirei.


-obrigada. –desliguei o telefone e comecei a andar em círculos.


Só podia ser azar. De vez em quando eu me perguntava quem tinha sido a criatura que tinha feito macumba para mim quando nasci... Já até perguntei para minha mãe onde estava a bendita galinha preta, mas ela também não sabia me responder.


Era feriado de ano novo e aniversario de Alice, minha melhor amiga desde... Sempre. Eu tinha feito a encomenda de seu presente de aniversario um mês antes pela internet, só para me certificar que estaria aqui até o dia primeiro.


E agora eu estava aqui, tentando achar uma solução para meu grande problema. Para todos os casos ainda era seis e meia e eu tinha algum tempo até a ceia de ano novo, para ir até Port Angeles e voltar. É... Era isso que eu ia fazer. Eu iria atrás do presente de Alice.


Corri para minha picape, que estava quase subterrada pela neve que caia. Voltei para casa e peguei uma garrafa térmica com chá quente e alguns salgadinhos caso me desse fome durante a viagem. Voltando para a picape, tive a surpresa que eu temia... Ou o frio tinha matado a pobre coitada ou então a bateria tinha acabado. É claro que eu poderia ligar para Jake e pedir que ele me ajudasse, se eu não soubesse que ele estava na casa da namorada passando o feriado.


Às vezes eu achava que era a única pessoa solteira da cidade. É verdade, já que Alice estava praticamente noiva de Jasper e Rosalie, minha outra amiga, estava namorando sério com Emmett há algum tempo também. E, no entanto, eu estava solteira e esperando que o maldito príncipe no cavalo branco aparecesse. Por que não? Me parece uma boa idéia morar em um castelo!


Peguei o celular e liguei para Rosalie, sabia que ela me ajudaria. Liguei três vezes, quando estava quase desistindo, ela atende afobada.


-Bella? Qual o problema? –ela perguntou obviamente assustada por eu estar ligando justo no dia do ano novo.


-estou com problemas, preciso de ajuda. –ela ficou muda por alguns segundos.


-Bella, estou na casa de Emmett ajudando a mãe dele a fazer o jantar, sinto muito. É muito urgente? –suspirei pesadamente me encostando na picape.


-preciso ir a Port Angeles pegar o presente de Alice e minha picape pifou. –ela riu um pouco, enquanto eu bufava.


-nesse caso, eu diria para você ligar para a única pessoa que faria qualquer coisa por Alice... A não ser Jasper, é claro. –franzi a testa olhando para o gelo.


-e que seria...?


-o irmão dela? –dei um pulo.


-PIRO? –berrei desesperada.


-Bella, está na hora de perder esse medo, não acha? –ela perguntou cínica.


-você sabe que eu não posso. –falei baixo de mais.


-nesse caso, terá que esperar até amanha para eu te levar. –suspirei.


-mas amanha é aniversario dela. –falei chorosa.


-bem... O que podemos fazer? –desligamos o telefone e eu tinha a sensação que podia chorar.


É claro que eu poderia usar a viatura do meu pai se eu quisesse passar a vergonha de todos ficarem me olhando com cara de: “roubou a viatura de quem?”.


Fechei os olhos novamente e pensei em quem poderia me ajudar. Minha mãe estava do outro lado do país, meu pai não conseguiria consertar meu carro e ainda diria para eu usar a viatura, o que estava completamente fora de cogitação. Jasper? Apenas se eu quisesse que Alice ficasse sabendo no mesmo instante. O menino é mais fofoqueiro que uma menina, e ainda mais agora que nossas famílias passariam o ano novo juntas. Só de pensar meu estomago embrulhou.


Nesse caso só me resta uma opção...


 


-calma Bella, ele é apenas um menino, nada mais do que isso. Não deixe que ele te coloque medo. –respirei fundo com o celular na mão.


É verdade... Edward Cullen me dava medo desde que éramos pequenos. Não que ele fosse mal ou alguma coisa do tipo, apenas por que toda a vez que eu chegava perto dele sentia minhas bochechas corarem, meu coração dar um salto e minha respiração falhar. Por muito tempo achei que ele poderia ser algum tipo de coisa ruim e que eu era o ponto que podia senti-lo. É claro que a idéia passou logo após que eu conheci sua irmã... Alice.


-tudo bem, é agora. –apertei o botão verde e comecei a pular pela sala.


Senti todo o sangue do meu corpo correr para meu rosto, as lágrimas estavam quase pulando de meus olhos e tudo isso é apenas por que eu estava nervosa apenas POR FALAR COM ELE NO TELEFONE. Agora você pode ter uma idéia de como as coisas ficam quando ele está do meu lado.


-alô? –a voz rouca e suave atendeu, fazendo com que meu coração desse outro salto.


-o-o-OI EDWARD! –silêncio do outro lado da linha.


-é... Oi. –mordi o lábio inferior e coloquei o dedo sobre o botão vermelho de “END”, mas reprimi a vontade de apertá-lo. Alice merecia aquilo.


-é... É, A Bella, sabe a Bella? Amiga de Alice, ah, você conhece as amigas de sua irmã, não conhece? Conhece? –dei um tapa em minha testa, estava agindo como uma idiota.


-ah, claro. Isabella Swan, certo? –suspirei. Odeio meu nome.


-Bella, e sim sou eu. –bufei.


-ah... Desculpe. Qual é o problema? –engoli seco.


-problema? Quem tem um problema aqui? Não sei de nada não, está louco? –dei outro tapa em minha testa.


-é... Você está falando comigo. Alice está com algum problema? –ele perguntou um pouco mais alterado.


-não... Mas, eu estou e... Eu sou uma idiota. Desculpe não deveria ter ligado. –novamente coloquei o dedo sobre o END.


-não, está tudo bem. Qual é o problema? –respirei fundo. Essa era a pior parte.


Équeamanhaéaniversariodealiceeeuprecisoiraportangelespegarseupresentemasminhapicapepifou. –falei tudo de uma vez, torcendo para que ele entendesse alguma coisa.


-calma, deixa eu ver se entendi. Amanha é aniversario de Alice, até ai tudo bem. Você precisa ir a Port Angeles buscar o presente, mas sua picape está com problema, certo?-ele falou pausadamente, como eu falaria com uma criança.


-isso. –me senti derrotada, sabia que ele não me ajudaria.


-por que não pediu que entregassem em sua casa? –ele perguntou como se a solução fosse obvia. Suspirei irritada.


-eu pedi, mas é feriado de ano novo e sabe que as transportadoras estão fechadas. –bufei outra vez. Já tinha até esquecido meu nervosismo.


-entendo, mas... Hoje é ano novo, tem certeza de que precisa ir HOJE? –ele falou a última palavra como se fosse um absurdo.


-sim. Nós vamos passar o ano novo juntos Edward, sabe que Carlisle e Charlie são amigos. Chegaremos para a ceia, eu prometo. –ele suspirou pesadamente.


-tudo bem, mas... Por que não ligou antes? –olhei no relógio. Nove e meia... É, e daí que eu tinha passado duas horas me preparando para ligar?


-é... Tive alguns problemas. – dei de ombros. O que importava mesmo?


-tudo bem, chego aí em dez minutos. –e então desligou o telefone, me deixando sozinha e surtando em casa.


(...)


Peguei minha jaqueta e desci para o andar inferior, onde Charlie assistia TV sem se preocupar em ir se arrumar. Sorri e ele notou minha diferença, olhando para a bolsa que eu carregava a tiracolo e o sorriso tremulo em meu rosto.


-aonde vai? –engoli seco.


-vou a Port Angeles buscar o presente de Alice, estarei de volta para a ceia, ok? Vou direto para a casa dos Cullens. –ele ergueu uma sobrancelha.


-me contentaria apenas com vou a Port Angeles, mas dando todas essas informações... Com quem vai? –dei um pulo.


-eu vou com... Com... Com... –o som de buzina fez com que eu me aliviasse. –Tchau pai, estou de volta logo, logo. –e então saí correndo, deixando meu pai sem entender nada para trás.


O volvo prata reluzia com a luz do poste. Novamente senti meu estomago se revirando. Me abracei como se estivesse com frio e então comecei a andar em direção ao carro. Antes que eu pudesse colocar a mão na maçaneta, Edward abriu a porta por dentro e então eu entrei, evitando ao máximo olhá-lo.


-oi? –ele falou como uma pergunta, e eu sorri fraco, ainda sem encará-lo.


-oi! –ouvi um riso fraco saindo dele, mas continuei olhando pela janela, evitando passar a vergonha do meu rosto corar.


O tempo parecia não passar. Cada vez que eu olhava no relógio em meu pulso o ponteiro tinha andado apenas mais um ou dois minutos. A música que tocava no rádio era calma, mas não o suficiente para que a sensação estranha me abandonasse por completo. Edward cantarolava baixo, sem me olhar e prestando atenção na estrada (assim espero, já que ele dirigi como um louco).


-você tem o endereço aí? –ele perguntou e com o canto dos olhos pude ver que ele virou a cabeça para me olhar.


-sim. –abaixei o olhar e comecei a mexer em minha bolsa, me virando e pela primeira vez encontrando seu olhar.


Seus olhos eram cor de mel, não... Talvez dourado. Eram belos olhos, e fitavam os meus com intensidade, a qual eu respondi com as bochechas vermelhas como eu temia. Ele usava calça jeans escura, um colete azul por baixo da jaqueta preta, deixando parecer um pouco da camisa branca por baixo de tudo.


-o que encomendou para ela? –ele perguntou tentando puxar assunto.


-é... Você verá quando chegarmos. –sorri fraco e envergonhada. Se ele soubesse que estava fazendo uma viagem de uma hora comigo por AQUILO...


-hm... Alguma coisa fez eu ficar com medo agora. –ele falou com uma cara engraçada e eu não agüentei e ri.


-do que está rindo? –ele perguntou sorrindo e se virando para mim.


-da sua... OLHA PARA FRENTE... Cara. –e voltei a rir, quando ele fez outra careta e tentou desviar de um buraco na estrada.


O carro chacoalhou, e então alguns barulhos esquisitos aconteceram e até que o carro parou. Edward suspirou fundo e encostou a testa no volante. Olhei em volta sem saber o que fazer. Afinal... O que tinha acontecido?


-Edward...


-o pneu furou. –ele falou com a voz baixa enquanto eu começava a tremer. Droga, ele ia me odiar pelo resto da vida.


-furou? Como furou? Tem estepe, não tem? Ai meu deus, o que foi que eu fiz? –por que Deus? Por que justo com ELE?


-por ordem, ok? Sim, o pneu furou. O buraco deve ter furado. Sim, tem estepe. E não precisa incomodar Deus no momento, até porque você não fez nada. –ele riu um pouco.


-tem certeza? –ele assentiu.


-deveria estar prestando atenção na estrada e não em... Deixa para lá. –ele sacudiu a cabeça e começou a sair do carro e eu, é claro, fui atrás.


 


Fazia mais de meia hora que estávamos parados no meio da estrada, com Edward tentando pela milésima vez colocar o estepe. Eu suspirava assistindo, não tinha o que eu pudesse fazer, a não ser passar uma ferramenta uma vez ou outra.


-que horas fecha a loja? –ele perguntou apertando mais uma vez um parafuso.


-para a nossa sorte é vinte e quatro horas. –ele assentiu.


-isso... É... Mesmo... Muita... AAAAAH! –e então ele se jogou para trás e olhou para cima.


-Edward você está bem? –perguntei desesperada.


-sou eu ou o céu está girando? –ele apontou e riu.


-ah... Era só o que me faltava. –suspirei e me aproximei.


-vem, eu dirijo. –ele pulou e se levantou em um salto.


-PIRO? O MEU BEBE? –arregalei os olhos.


-tudo bem, achei que você estivesse um pouco tonto. Na verdade mais um pouco. –sussurrei a última frase para que ele não entendesse.


-não, eu estou bem. Vamos. –suspirei e entrei outra vez no carro.


-tem certeza? –ele assentiu e deu partida. –AH, quer me matar? –berrei quando ele deixou o carro morrer.


-eu to bem! –ele falou tentando mais uma vez.


Revirei os olhos, mas dessa vez ele conseguiu sair do lugar sem dar um soco com o carro. A viagem voltou a correr normalmente, apesar do transito estava fácil chegar a Port Angeles, o único problema seria sair de lá...


-desculpa ter agido daquela forma. –Edward falou de repente.


-hein? –perguntei saindo dos meus pensamentos.


-sobre o carro... Foi idiota, me desculpe. –arregalei os olhos. Edward Cullen estava pedindo desculpa para mim? MORRI!


-ah... Nem me lembrava mais. –dei de ombros fingindo não me importar.


Finalmente entramos nos limites de Port Angeles. Edward dirigiu direto para o endereço que dei a ele e em menos de dez minutos estávamos lá, sorrindo e com a nota fiscal para pegar a encomenda.


Uma mulher estava do outro lado do balcão, com os seios grandes de mais para a blusa dela e fazendo as irritantes bolinhas de chiclete, que eu tinha vontade de socar sua garganta a baixo. Ela nem sequer sorriu ao nos ver, apenas pegou a nota fiscal e nos mandou sentar, o que fizemos depois de muito reclamar e suspirar.


-não era apenas pegar? –Edward sussurrou perto do meu ouvido.


-bem... Sim. –suspirei e me ajeitei melhor na cadeira almofadada.


A mulher continuou sentada onde estava, mexendo no computador e soltando uma risadinha ou outra de vez em quando. Suspirei outra vez e me levantei, indo em sua direção. Ela me olhou por cima dos óculos, ainda mascando o chiclete.


-com licença, mas eu só preciso pegar a minha encomenda. –ela revirou os olhos e pegou o telefone.


-Oi Cameron, é a Cuddy. Tem uma menina aqui, bem esquisitinha, diga-se de passagem, que está atrás de uma encomenda. Tem alguma coisa ai no deposito? –ela assentiu e eu fiquei aliviada. –SÉRIO GAROTA?


Pulei do meu lugar.


-não acredito que ele fez isso! Mas e ela? –revirei os olhos. –SÉÉÉÉÉÉRIO MALUCA?


Respira Bella. Um, dois, um, dois.


-NÃÃÃÃO POSSO ACREDITAR! –a mulher estava quase quicando na cadeira.


Edward, que até então continuava sentado e pacientemente esperando, veio ao meu lado e olhou furiosamente para a mulher.


-a encomenda, lembra? –ele falou entre dentes.


-espera aí gostosão, já te dou uma trela! –confesso que até eu corei com essa, logo após um aperto estranho sair do meu peito.


-aham... Aham... Sim! NÃÃÃÃO?! –respirei fundo e sorri.


-DA PARA ME DAR A PORRA DA ENCOMENDA DE UMA VEZ? –Berrei. Edward deu dois passos para trás e a mulher arregalou os olhos e ficou me observando por alguns segundos.


-aí... Tá aqui oh, estressada. É bom fazer terapia de vez em quando, ok? –ela falou pegando o pacote de debaixo da mesa e me passando.


Saí do lugar pisando duro. Adoro a eficiência de certas pessoas em atendimento rápido e facilitado, é incrível não?


-você está bem?-Edward apareceu ao meu lado com um sorriso torto.


-sim! –falei seca entrando no carro.


-gostei da tática com a mulher... Não esperava isso vindo de você. –arregalei os olhos e novamente senti meu coração pular.


-e... Por que não? –perguntei sorrindo fraco.


-você sabe... –ele colocou o cinto e se virou minimamente para me olhar. –é a amiga calma da minha irmã. –ele riu um pouco.


-não tão calma. –ele riu mais.


-comparado com Alice e Rosalie, é sim! –ri um pouco.


-tudo bem, talvez eu seja um pouco calma mesmo. –ele sorriu.


-mas eu gostei, é bom conhecer você assim... Tão fora de seu controle. –ele deu partida no carro e eu continuei o olhando. Fora do meu controle?


-como fora do meu controle? –ele sorriu torto olhando para a estrada.


-você sabe... Está sempre na sua, nunca faz nada sem pensar duas vezes, nunca namorou...


-como pode ter tanta certeza? –perguntei aumentando o tom da voz.


-dã, esqueceu quem é minha irmã? –fechei a cara em uma careta.


-ela e Jasper se merecem mesmo... –murmurei baixo, porem sua risada não passou despercebida. –o que foi?


-Alice e Jasper se merecerem... Concordo, mas por que acha isso? –ele me olhou sorrindo outra vez.


-faça uma competição de fofocas e os dois vão empatar em primeiro lugar. –ele riu alto.


-eu diria que eles apenas repassam informações. –revirei os olhos.


-desnecessárias, quer dizer. –ele sorriu e eu bufei olhando para a janela e as imagens que passavam por ela.


-não sei por que está tão irritada por ela ter me falado sobre você. –ele disse em um sussurro, como se não quisesse que eu ouvisse.


-não é obvio? Gosta de quando falam sobre você sem saber? –ele assentiu.


-é... Tem razão. Mas se te consola... Ela não disse nada de ruim, pelo contrario. –corei outra vez, me perdendo nos tons de seus olhos.


-não consola. –ele riu outra vez.


-foi o que pensei.


Mais uma vez o silêncio prevaleceu entre nós. Eu olhava pela janela, enquanto Edward dirigia sem dizer uma palavra. Dessa vez nem o rádio chamava a atenção. Olhei para o relógio e me assustei, vendo que já eram onze e meia.


-temos meia hora até a virada de ano. –Edward assentiu.


-perdemos a ceia de qualquer jeito. –suspirei.


-é uma lastima. –ele assentiu chateado também.


–prometi a Alice que estaria em casa para o jantar. –Edward falou em um sussurro.


-eu prometi a Charlie...


-eles oficializariam hoje o noivado. –arregalei os olhos.


-ela não me disse nada. –ele sorriu minimamente.


-era surpresa, ninguém sabia. –assenti suspirando.


-espero que ela esteja feliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiz. –outro barulho chamou a atenção. Era a mistura de gato miando, com alguma coisa sendo esmagado. –EDWARD! –falei olhando para trás.


-O QUE FOI, O QUE FOI? –o olhei com os olhos cheios de lágrimas.


-você acaba de matar um gato. –ele arregalou os olhos e diminuiu a velocidade.


-eu... Matei... Um... Gato? –ele falou pausadamente.


-sim. –falei tristonha.


-eu matei um gato minutos antes da virada do ano? –assenti. -ah meu deus... Eu sou um assassino frio.


-Edward?


-Frio, calculista, sem coração...


-Edward?


-como eu pude fazer isso? O que Carlisle diria? Oh, céus.


-Edward, Carlisle não diria nada por que é apenas um gato. Por deus, você gosta de exagerar. –ele fez bico e eu me controlei para não me aproximar dele.


-mas era apenas um gatinho... –revirei os olhos.


-é... Essas coisas acontecem.


-Alice te falou que tínhamos um gato quando éramos crianças? –neguei com a cabeça. –um dia a vizinha o atropelou... Ele era tão lindo.


-sinto muito. –ele assentiu olhando para o volante.


-tudo bem, essas coisas acontecem. –me senti culpada no mesmo instante.


Tentei achar alguma coisa em minha cabeça que fizesse com que ele se sentisse melhor, mas nada era muito convincente. Então me lembrei do que Charlie me disse certa vez... “Hey Bells... É preciso ser atriz nesse mundo”.


-Sabe, uma vez eu tive um cachorro. –sorri com as lembranças.


-e ele também foi atropelado pela vizinha? –fiz careta.


-não... Ele morreu acidentalmente... –depois de engolir meu celular pensando que eram aqueles biscoitos para cachorros. Completei mentalmente. O que posso fazer se meus animais de estimação não eram muito espertos?


-sente falta dele? –sorri.


-apesar das cartelas de remédios para alergias e a conta quilométrica na farmácia... Sim, eu sinto. –ele sorriu e então voltou a dirigir normalmente.


A conversa começou a fluir de repente. Não poderia acreditar que aquele era o menino que eu morria de vergonha de me aproximar no colégio. Que me fazia ter pesadelos e até mesmo sonhos bons todas as noites. Era difícil acreditar, era quase impossível.


-acho que não vamos chegar para a virada. –ele falou olhando para frente.


-por que... Droga. –bufei olhando o congestionamento a nossa frente.


-bem, já que não podemos fazer nada. –ele tirou o cinto e se encostou completamente no banco, ligou o rádio e olhou para o teto do carro.


Fiz o mesmo, me acomodando bem. Pelo jeito aquela fila demoraria uma pouco. Suspirei e olhei em volta, vendo o desespero das pessoas por não chegar ao seu destino a tempo, ou nem percebendo o que estava acontecendo.


-por que nunca falou comigo? –Edward perguntou fazendo com que meus pensamentos fossem direcionados completamente para ele.


Corei instantaneamente. Era uma pergunta para mim ou ele estava se perguntando? Continuei o olhando, com os olhos arregalados e caso ele repetisse a pergunta, tentando achar uma resposta. Algum tempo se passou e eu cheguei a achar que estava livre, mas ele se virou e olhou em meus olhos repetindo a pergunta.


-eu sou... Tímida, Edward e... Não tinha o que falar com você. Na verdade, nunca achei que você falaria comigo. –a última frase saiu sem querer, fazendo com que eu me arrependesse no mesmo instante.


-sempre te vi com minha irmã... Andando, conversando, brincando e... Me ignorando. –ele sorriu fraco.


-não sabia que você não queria ser ignorado. –ele riu.


-e quem gostaria de ser? –franzi a testa. Meu comentário tinha sido estúpido.


-sinto muito, sou uma idiota. –ele riu outra vez.


Ele tinha conseguido fazer com que eu me sentisse mal. Por que eu nunca o cumprimentei quando o via na rua? Por que eu virava a cara quando Alice ia falar com ele no colégio? Por que nunca respondi diretamente a suas perguntas? É fácil... Por que toda a vez que alguma coisa como essa acontecia, sentia como se algo muito desastroso fosse acontecer. Como se eu fosse morrer só por estar perto dele, porque era como eu me sentia.


Nunca me senti normal ao seu lado. Era um mal estar que começava no estomago e chegava até minha garganta. Mas no fim me lembro de ter aquela sensação boa de frio na barriga toda vez que encontrava seus olhos nos meus, quando o via rindo ou apenas sorrindo torto para alguém. Era uma boa sensação.


Edward riu sem humor, chamando minha atenção para ele.


-Feliz ano novo. –ele falou sem animo.


Olhei para o relógio assustada e só então notei que era verdade. Meia noite em ponto.


-presos em um congestionamento, perdendo o noivado de Alice, mortos de fome... Podia ficar pior? –franzi a testa o olhando.


-não! –ele assentiu rindo.


-eu sei... –revirei os olhos pegando minha bolsa.


-não isso. Estamos com fome e eu tenho a solução. –tirei da minha bolsa a garrafa térmica e mais um pacote de salgadinho.


-acho que eu nunca fiquei tão feliz em ver uma embalagem de Douritos. –ri alto.


-concordo plenamente.


Comemos e conversamos. Riamos alto. Nunca poderia dizer que tínhamos coisas em comum. O chá acabou logo, mas foi o suficiente para esquentar. O douritos acabou rápido de mais, mas matou a fome. Quando em minha vida que eu achei que poderia conhecer outra pessoa que come Douritos com mostarda? Ou melancia com sal? Eu pensava que era a única. (N/A: douritos com mostarda eu nunca comi, mas meu tio tem a estranha mania de por sal da melancia... Um dia eu tentei e... o que posso dizer? É no mínimo estranho... HAHAHAHAHAHA)


-Bella? –Edward chamou algum tempo depois de terminarmos nossa “ceia”.


-sim? –sorri o olhando.


-Feliz Ano novo. –e então ele se aproximou de mim, colocando com cuidado seus lábios nos meus.


Todas as sensações que eu sentia desde criança vieram com força total. Apesar de desejar aquilo, não tinha forçar para mover meus lábios para corresponder ao beijo. Meu corpo estava em chamas, minha pele não parecia mais me pertencer. Meus pensamentos voavam de um lugar para outro, sempre carregados de lembranças daquela noite e de outros momentos em que ele estava.


-me desculpe. –ele falou se afastando, corando minimamente. Meu coração latejava... O que mais eu poderia fazer?


-Edward? –ele me olhou.


-Feliz Ano Novo. –e novamente colei meus lábios nos seus.


A surpresa passou por ele no primeiro instante, para dizer a verdade nem eu acreditava no que estava fazendo. Quando em sã consciência eu beijaria EDWARD CULLEN assim? Nunca. Mas ele correspondeu ao beijo após alguns segundos, segurando minha nuca e me trazendo para mais e mais perto.


As sensações eram estranhas para mim. Nunca namorei sério com ninguém, mas já tinha beijado alguns meninos para saber como eu deveria me sentir. Mas nada se igualava àquele momento. Meu coração batia aceleradamente, mas de uma forma quase confortável. Como se aquilo fosse o certo e mais nada. As pontas dos meus dedos latejavam, meu rosto e orelhas queimavam. Minha espinha se arrepiava conforme ele me tocava, levando as mãos de minha cintura até meu pescoço.


O que mais eu poderia dizer? Era incrível aquela sensação de estar completa, mesmo de uma forma estranha. Era engraçado que fosse Edward, irmão de Alice e menino que sempre fez com que eu me escondesse, a despertar certos sentimentos em mim.


Ele se afastou minimamente, me olhando nos olhos com um sorriso torto lindo. Agora eu esperava que ele risse da minha empolgação ou no mínimo dissesse que era um erro. Mas ele não fez isso. Apenas colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orelha e continuou sorrindo.


-por que você nunca falou comigo? –ele repetiu para ele mesmo. Eu sabia que não deveria responder, mas mesmo assim o fiz.


-eu nunca soube o que fazer. –ele riu um pouco e se aproximou novamente, me dando outro beijo.


-acho que está na nossa vez. –ele falou de repente sério, olhando para frente onde tinha apenas o vazio e um policial fazendo sinal para nós passarmos.


O resto da viagem foi silencioso. Eu não ousava dizer nada muito menos ele, porem não podia conter minha ansiedade de ouvi-lo falar mais alguma coisa. Qualquer coisa que fosse.


Assim que chegamos à casa dos Cullens pude perceber a movimentação estranha. Muitas pessoas do lado de fora e até Carlisle e Charlie conversando, o que não me parecia ser tão calmamente. Pulei do carro e fui até eles afobada, já imaginando o que poderia ter acontecido.


-Pai? –chamei me aproximando com os olhos arregalados e o presente nas mãos.


-BELLA? AH, BELLA! Graças a deus. –ele disse me abraçando.


-o que aconteceu? –perguntei assustada.


-vocês sumiram e nós ficamos preocupados... Sabe onde Edward poderia estar? –ele perguntou olhando em meus olhos, enquanto eu já começava a ficar irritada.


-ele está bem. Pai, não disse que eu estaria em Port Angeles? –revirei os olhos como se toda aquela preocupação fosse ridícula.


-você disse que viria para a ceia. –sorri minimamente e ele me olhava como quem pede desculpas.


-me desculpe. –o abracei novamente, olhando Carlisle se aproximando de Edward.


Não tive tempo nem mesmo de sorrir para Esme, quando Alice, acompanhada por Jasper é claro, chegou pulando com os olhos inchados. Ela me abraçou e só então percebi que estava tremendo. Fui levada para dentro da casa, enquanto ela me fazia milhares de perguntas, entre elas o que eu e Edward estávamos fazendo juntos até aquela hora e se fizemos isso por que queríamos ficar sozinhos.


-piro Alice? –revirei os olhos. –eu precisava fazer uma coisa em Port Angeles e Edward apenas me deu carona.


-está tentando enganar cachorro velho? –ela falou com um sorriso. –aconteceu alguma coisa aí, eu estou farejando.


-sabe que a comparação com cachorro foi bem apropriada? –ela riu.


-tanto faz, agora... O que foi fazer em Port Angeles? –corei no mesmo instante, percebendo que Edward me encarava.


-isso. –peguei o embrulho de debaixo dos meus braços e entreguei a ela. –Feliz ano novo, aniversário e noivado Alice.


-o que é isso? –ela falou rasgando o pacote.


-espero que goste. –sorri fraco a vendo tirar a pequena medalhinha da caixa.


-Bella... É linda. Como sabia que queria uma? –ela perguntou com os olhos arregalados e colocando o presente em seu pescoço. A pequena medalhinha prata com um coração desenhado dentro, com as letras B, A, R. As iniciais de nossos nomes.


-sou mais observadora do que pensa. –ela riu e me abraçou, chamando Edward também.


-obrigada, vocês são meus anjinhos. –Edward riu.


-eu só a ajudei Alice. –ele me olhou e piscou, enquanto eu mexia os lábios agradecendo.


(...)


E assim terminou minha noite de ano novo. Eu e Edward não trocamos mais nenhuma palavra depois que Alice abriu o presente. Apenas trocávamos um olhar ou outro de vez em nunca. Eu não devia ter beijado-o. Falava para mim mesma, olhando para o teto do meu quarto no fim da tarde do outro dia.


Não era surpresa que estivesse nublado, afinal de contas Forks passava em baixo d’água a maior parte do tempo, mas era surpresa que eu me sentisse deprimida por isso, afinal de contas era para eu estar acostumada. Mesmo quando passava as férias com minha mãe, eu sentia falta da chuva e agora era a primeira vez que eu sentia o contrario. Eu queria o sol de uma maneira inexplicável. Eu queria o sol por que ele representava... Ele representava a Esperança.


Cansei de fazer pedidos a cada novo ano. Cansei de traçar metas das quais nunca cumpri. Cansei das promessas que sempre eram quebradas e de tudo o que não mudava. Por que era assim que eu me sentia a cada dia... Como se eu fosse incapaz de mudar alguma coisa. Como se minha vida fosse se resumir aquilo o que já era e ponto. Não adiantada eu lutar ou prometer. Aquela era a minha sina.


Fui tirada dos meus pensamentos deprimentes por meu pai, que abriu a porta e ficou me observando de lá, como se estudasse minhas ações. O olhei e ergui uma sobrancelha. O que ele estava fazendo?


-qual o problema pai? –perguntou num sussurro.


-você tem visita. –ele falou sorrindo fraco.


-fala para Rosalie que estou dormindo. –falei de mau humor, não estava querendo falar com ninguém.


-não é Rosalie. –ele falou sorrindo mais um pouco.


-Alice? –ele negou com a cabeça. –Jacob voltou de viagem mais cedo?


-para de tentar adivinhar e vai ver de uma vez. –ele falou revirando os olhos e saindo do quarto.


Afinal... O que estava acontecendo aqui?


Desci as escadas como um jato e paralisei no ultimo degrau. O que ele estava fazendo aqui? Por que, entre todas as pessoas que poderiam me visitar, era justo ele que estava ali na minha frente com um moletom preto e calça jeans, mais lindo do que nunca?


Por quê?


-Edward? –eu disse tentando esconder minha surpresa.


-desculpe não avisar que viria. –sacudi a cabeça.


-não tem... Problema. –ele sorriu e se aproximou.


-desculpe por ontem, eu fui um idiota. –ele falou olhando para o chão e eu suspirei.


Então para ele tinha sido um erro me beijar... Era o que eu tinha pensado.


-Edward, eu...


-eu sei que a maioria das pessoas dão presentes de natal, mas... Achei que seria apropriado. –ele deu de ombros e tirou de detrás das costas uma caixinha, que estranhamente parecia se mexer.


Peguei a caixa desconfiada. Era pesada e ela estava mesmo se mexendo. Tirei a tampa e meus olhos se encheram de lágrimas. Ele era... Lindo.


-ele é lindo. –eu falei tirando o cachorrinho da caixa e o acomodando em meu colo.


-você disse que sentia falta do seu cachorro. –ele deu de ombros e eu passei a mão no pelo caramelo brilhoso, enquanto o animal se mexia minimamente.


Minha mão se prendeu em uma fita, que prendia um laço vermelho. Com um sorriso libertei o cachorrinho do negocio que parecia enforcá-lo, e só então percebi que tinha um pequeno papel branco dobrado na fita.


Peguei e desdobrei o papel. Em letras pequenas e corridas tinha apenas uma frase, mas que com toda a certeza mudaria minha vida para sempre.


“Bella, namora comigo?”


-isso é...? –o olhei espantada e ele sorriu envergonhado.


-é... –sorri e olhei o cachorro, o colocando no chão.


-é claro que aceito. –e o beijei, assim como tinha feito na noite anterior.


Ele sorriu e parou de me beijar, mantendo uma mão em meu rosto. Agora ele era meu... Namorado.


-sempre quis conversar com você... Mas nunca acreditei que chegaríamos onde estamos. –ele sorriu torto e voltou a me beijar.


Pude ouvir os passos de Charlie na escada, mas não me preocupei com o que ele iria dizer... Eu já era maior de idade de qualquer forma e meu pedido de ano novo de cinco anos atrás finalmente estava realizado.


-Crianças... – ouvi meu pai murmurar, fazendo com que eu e Edward ríssemos.


E afinal que razão poderia existir?


“E quem um dia irá dizer que existe razão para as coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?” (trecho retirado da música “Eduardo e Monica” da banda Legião Urbana)


                                                                       **FIM**


N/A: confesso que eu gostei da história. Tipo assim... Eu não sabia o que fazer de especial, mas sabia que não podia deixar as festas de fim de ano passar em branco e então um dia eu tive uma idéia...


Acho que a Bella dessa Fic tem um pouco de todas nós... Tímidas, com medo, quieta, insegura, amiga... acho que de uma forma ou de outra todas nós temos uma dessas características, mesmo que seja apenas um pouquinho. Então eu resolvi colocar tudo isso na fic.


Isso deve estar parecendo um pouco idiota, mas eu vejo por mim mesma. Quantos fins de ano eu não cheguei dizendo: “Ano que vem tudo será diferente”, mas no fim não fiz nada para mudar. Quantas promessas, pedidos e metas não fazemos todos os anos? E quantos chegamos no dia 31 e podemos dizer: “Está feito”?


Bom gente... Eu espero que vocês tenham gostado do Especial e que por favor comentem por que isso é realmente muito importante para mim. Não quis dar nenhuma lição de moral com o discurso a cima, é só que eu estava meio agoniada olhando minha agenda (sim, eu tenho uma agenda e por sinal diário também... HAHAHAHAHAHAHAH) e percebi que não fiz muito do que eu queria esse ano... oO tudo bem que a maioria foi por preguiça ou não por falta de tentativa, mas...


Então eu espero que no ano que vem todo mundo ache seu príncipe encantado (prefiro o vampiro no volvo prata, mas como esse está difícil...) ou princesa que seja... Espero também que sejamos todos felizes e que todos os nossos sonhos de realizem, por que no final é isso o que importa. ;)


Mil beijos e um ano novo maravilhoso para todos.


Da autora que ama escrever mil coisas bobas (e que ama vocês também é claro)...


Carol.


 


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Notas finais do capítulo

Comentem e digam o que acharam! ++