Teous! escrita por Mariez, Mariesz


Capítulo 32
Sétimo Andar


Notas iniciais do capítulo

Como prometido: um capítulo na terça e um na sexta :)
Espero que gostem!



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Foi tudo tão rápido que nem pareceu real. Numa hora eu estava soando o alarme e em outra eu estava sendo puxada até o elevador por um Vinícius apressado que tinha acabado de roubar um cartão de acesso de uma atendente de cabelo vermelho e sombra azul passada de um jeito bem errado que, por acaso, era a mesma que estava gritando sobre ter sido assaltada.

Quando entramos no elevador as portas se fecharam e nos sentimos um pouco mais seguros, mesmo sabendo que estaríamos mortos se alguém decidisse entrar.

—E agora, qual botão eu aperto?

—O sete, ué, pensei que fosse óbvio!— Respondi, levemente irônica.

—Ah, é, então vem aqui ver esse negócio!— Quando eu pensei que veria sete botões perfeitamente alinhados, eu encontrei a maior bagunça da minha vida. Os botões estavam espalhados pela parede e, pelo jeito, ele ia para os lados, para as diagonais e para baixo. Não eram números que estavam na parede, os botões que levariam para cima eram vogais.

—Cada uma não representa um andar porque são sete e as vogais são cinco—Comecei a raciocinar.

—Obrigado, mas já tive essa aula no prézinho.

—Muito engraçado, Vinícius. Parabéns, de verdade. Posso continuar? Bom, talvez cada vogal seja um número e a gente tenha que somar, então a gente pode apertar a quinta e a segunda ou a quarta e a terceira.

—E com U ou I com O?

—E com U, porque “EU” fica mais legal que “OI”.

E, assim, o elevador começou a subir. Infelizmente ali não tinha nenhum espelho, parecia só um velho elevador normal, fazendo aqueles barulhos estranhos que faziam parecer que ia cair. Claro que a magia não permitiria que isso acontecesse.

—Sexto andar. E-U. — Anunciou a voz sem vida de uma gravação.

—Sexto?

— A gente foi muito burro de achar que eles iam deixar tão fácil um andar supostamente secreto.

—Pelo menos a minha estratégia estava certa!— Rebati.

—Tanto faz, vamos procurar uma passagem por aqui.

Fomos caminhando cuidadosamente, com medo que alguém estivesse naquela parte do prédio. Por sorte, ninguém saída das portas fechadas, mas meu coração ainda estava acelerado. Murmurávamos alguns feitiços para o caso de haverem portas ou escadas escondidas, mas nada aparecia. Percorremos o corredor inteiro – ida e volta – e não conseguimos encontrar nada.

—E se entrássemos nessas salas? Talvez alguma delas tenha uma passagem. —Ele sugeriu.

—Talvez alguma delas tenha pessoas dispostas a nos matar, mas não custa tentar, né?

—Muito engraçado, Larissa. Parabéns, de verdade. —Ele disse, arqueando as sobrancelhas e fazendo uma imitação muita mal feita da minha voz.

—Você é um péssimo comediante, sabia?—Eu disse, revirando os olhos.

—Tá, vamos logo. Melhor nos separarmos.

—Mas só um de nós tem o colar. Ninguém pode ficar tão vulnerável assim!— Eu aleguei, preocupada.

—Vamos mesmo contar com essa SSC?

—Desde quando nós temos escolha?

—Tá, vamos fazer assim, eu entro primeiro em uma e, se a gente não encontrar nada, você entra primeiro na próxima, até o corredor acabar.

—Acabou, boa sorte. Não tenho o que dizer, são só palavras...—Eu cantei, pensando que esse trecho da música servia perfeitamente para a ocasião.

—Eu não acredito que você está cantando isso.

—Tem tudo a ver com a missão!— Eu me defendi.

—A gente vai começar isso logo ou não?—Vinícius cortou, com a mão na primeira maçaneta.

Eu apenas assenti e ele abriu a porta. Lá dentro havia apenas pilhas de papéis sobre uma mesa escura e uma cadeira de rodinhas numa posição que dava a entender que o ocupante saíra a pouco tempo.

Por mais que lançássemos feitiços no local, nada acontecia. Tentei desde os mais simples aos mais potentes, mas não encontramos nada.

E em todos os outros cômodos do corredor a situação era idêntica. Sem pessoas, sem portas escondidas, sem passagens secretas. Apenas papéis e mais papéis inúteis e mesas idênticas.

Na última sala, depois de testar tudo o que eu conhecia, simplesmente me joguei na cadeira.

—Que ódio, a gente nunca vai achar esse maldito sétimo andar! Eu que... —O resto da minha frase ficou no ar quando eu senti um tremor no chão.

A sala parecia estar subindo. Eu caí da cadeira e Vinícius se apoiou na mesa de madeira no centro da sala. Os papéis começaram a cair e alguns livros também. A luz piscava loucamente e a lâmpada parecia que ia cair a qualquer momento. A cadeira tombou para trás e a sala começou a subir mais rápido, os papéis voando livremente pela sala. Pela janela era visto apenas um borrão da cor das paredes e as persianas se agitavam quase caindo. Aquilo tudo fazia um barulho enorme e eu agarrei a bolsa para não a perder e para que nada caísse sobre ela.

—O que está acontecendo?—Ele perguntou, quase gritando para ser ouvido.

A lâmpada enlouquecida apagou, mas tudo em volta parecia ter começado a girar. Vinícius foi atirado ao chão e as gavetas da mesa começaram a abrir e fechar, até que uma delas se soltou e foi voando em direção a porta, quebrando. Mesmo assim, a porta continuava intacta. O chão começou a tremer como num terremoto – não que eu já tenha passado por um, mas essa deve ser a sensação – e a sala começou a subir mais rápido, até que começou a ir para a direita e todos os objetos começaram a ser jogados para a esquerda e, por sorte, ninguém foi esmagado pelos móveis. Quando aquilo começou a ir tão rápido que parecia sair do prédio eu gritei, sem consciência de como aquilo era perigoso. Senti a sala voltar a subir e senti o pé da cadeira de rodinhas bater com força em meu braço esquerdo. Os papéis agora voavam de modo que era quase impossível ver alguma coisa.

Finalmente – e repentinamente – a sala parou e tudo voltou ao normal. Quando o último tremor no chão parou, o que começou a rachar foi a parede da porta. As paredes tremiam e pedaços de gesso e cimento caíam no chão. A rachadura aumentava até que pudéssemos ver apenas um corredor á nossa frente. E esse era bem diferente do corredor do sexto andar.

—Sétimo andar. Acesso restrito. —Avisou a gravação.


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