Teous! escrita por Mariez, Mariesz


Capítulo 26
A primeira noite


Notas iniciais do capítulo

Consegui postar mais um capítulo atrasado graças á minha criatividade a mil!



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Por causa de Marcus, não pudemos ficar na casa da minha tia. Vinícius foi simplesmente andando e virando ruas e eu fingia estar consciente de lugar onde estava indo enquanto Marcus vinha tentando puxar assunto. Eu só estava tentando saber pra onde Vinícius nos levava, mas meu mapa mental de Cerejeira não envolvia ruas internas.

—Tem certeza que é pra essa direção?— Eu me esforcei pra Vinícius perceber que eu queria saber em que lugar íamos parar e ele captou a mensagem.

—Claro que é! Seguir a oeste na Cidade Mágica! Foi você que anotou. —Ele pegou a carta que Ryan tinha mandado para fingir que estava se orientando por alguma coisa escrita por mim.

“Estamos indo para Helsing”, pensei, finalmente captando um possível plano de Vinícius. ”Só espero algo melhor que um acampamento aquático!”

Marcus tinha finalmente desistido de me encher e eu parei pra pensar na minha condição atual. Vinícius se mostrou melhor que eu em planos improvisados, e eu pude deduzir isso logo no nosso primeiro dia. Eu senti uma vontade enorme de comandar aquela expedição, afinal eu tinha morado no eixo Leste por todos esses anos. Mas talvez não estivéssemos mais nele. As ruas estavam diferentes e eu percebi o que ele tinha feito, e era muito arriscado. Com certeza Vinícius cairia no momento que pudesse. Ele tinha feito um portal ilusório. Enquanto parecemos nos esgueirar por becos da parte abandonada de Cerejeira, estávamos num portal para o eixo sul. O eixo sul era bem mais rico que o leste, ou pelo menos parecia. As casas eram maiores e mais claras, as ruas eram iluminadas de luz branca fortíssima e era cheio de painéis de luz com propagandas, como aquelas cidades dos Estados Unidos que eu via na TV quando roubava sinal Comum do vizinho. Aquele eixo era assim por um motivo: ele era inteiramente bruxo. Onde eu morava tinha muitos Comuns, já que era fronteira direta com a parte não-mágica de São Paulo.

Eu me lembrei de meu relógio de pulso. Eu poderia facilmente descobrir que já era quase noite só pelo fato de começar a ficar ainda mais frio. Eram seis horas da tarde e já estava praticamente escuro. O vento aqui era bem mais gelado do que no Leste e minha jaqueta já não era suficiente.

—Vinícius, pega outra blusa pra mim, por favor?

—Eu posso te esquentar, gatinha. —Era a hora perfeita pra assumir a personagem que ainda não confia totalmente em Marcus, mas as palavras de Vinícius fizeram ela se acalmar.

—Que eu saiba, eu falei com o Vinícius. — Enquanto isso, nosso guia me passava minha blusa de moletom me olhando como se estivesse estragando o plano e eu pisquei pra ele saber que era tudo parte do show.

Demos mais uma volta de portal ilusório, que reproduzia perfeitamente as ruas do sul. Eu me lembrei de um feitiço para transformar água numa poção fraca e percebi que o único garoto que realmente merecia alguma coisa ali era o garoto de olhos verdes que comandava nossa expedição.

—Vamos parar pra comprar água, eu estou com sede. — Quando Vinícius ia falar sobre nossas garrafinhas, eu simplesmente disse um não só mexendo os lábios. Ele percebeu um plano e cortou o portal ilusório. Por sorte, ainda estávamos num local habitado. Eu mandei Marcus ficar lá fora de vigia e fui comprar uma garrafa com algo que quase não podia ser mais chamado de garoto de tão cansado.

—Deixa que eu faço o próximo. —Anunciei.

—O próximo o quê?

—Portal. Eu percebi. Você está muito cansado.

—Obrigado. Por que estamos comprando mais água?

—Eu vou usar uma pra fazer uma poção pra você. E não adianta reclamar, cara, você está parecendo um zumbi.

Vinícius ficou ali, esperando eu pagar a água com a bolsinha de Lios que estava no meu bolso. Paguei um TriLio, que equivale a um real, e saí.

—Você sabe fazer? —Vinícius sussurrou. Eu não tinha certeza se era sobre o portal ou a poção, mas eu sussurrei um “sim” de volta e abri o portal. “Obedeça Vinícius”, ordenei ao portal.

Vinícius sorriu minimamente e continuou comandando. Enquanto andávamos pelo portal, eu senti como se os passos fossem sobre mim. Realmente era uma magia muito forte e até eu teria que tomar um gole de poção. Por sorte, eu senti minha força parar de ser sugada quando paramos num terreno vazio.

—Larissa, faça os feitiços de proteção, vamos acampar aqui.

Eu não contestei e lancei todos os feitiços repelentes, alarmantes e protetores que conhecia. Olhei no relógio e já eram 22h. Vinícius e Marcus tinham montado nossa barraca.

—Vamos ter que ter dois vigias por vez. Marcus pode ir pode dormir, eu e Vinícius vigiamos.

Ele não reclamou. Devia estar umas cinco vezes menos cansado que nós, o que ainda assim era cansado.

Eu peguei a água e fiz uma poção fraquinha, mas nos deixaria pelo menos mais resistentes. Tomei um gole e me senti como quando saí da escola. Talvez a poção não fosse tão fraca. Estendi a garrafa pra Vinícius e ele tomou direto. Mesmo assim, ele não parecia muito bem.

—Viní... — A frase morreu quando o vi praticamente encharcado de suor. Coloquei a mão em sua testa e ele estava queimando. —Por que não me avisou que estava com febre?

—Você tá parecendo a minha avó, sabia? — Ele sorriu levemente.

—É sério. Eu posso fazer outra poção.

—Você também está cansada. Eu sei que sim. Se preocupe um pouco com você mesma, eu posso vigiar sozinho.

—Ah, sim, você e a febre vão vigiar a minha barraca!

—Não vai sobrar água suficiente pra beber.

— Eu faço com a comida. Não importa. Eu quero acabar logo com essa busca e sua febre não vai ajudar muito.

Eu peguei um pacote de frutas secas e as transformei em remédio para febre.

—E se a gente ficar sem comida depois?

—Antes passando fome do que comendo frutas secas.

—Agora sim eu vou querer tomar esse remédio.

—Come essas frutas aí e não me enche o saco. Ironia fica mais legal nas minhas frases do que nas suas.




Depois de algumas horas, eu me senti sendo acordada. Eu nem sabia que estava dormindo.

—Vai dormir, Larissa, eu disse que você estava cansada.

— E você vai passar a noite acordado?

— Nós podemos confiar nos seus feitiços, certo?

Eu pensei em sorrir, mas estava com muito sono pra isso.

“É, foi um longo dia.”, pensei.


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Notas finais do capítulo

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