–Daniel?- Sammy perguntou. Ela ficou vermelha

–Não, Samantha, é a minha avó de saia!

– Quanta ignorância!- Ele tentou fazer uma voz de galã, pena que deu MUITO errado.

– Eu estou com fome!- Esse menino tem alguma coisa que não me permite gostar dele... Eu não sei o que é. Na maioria das vezes, eu não consigo me lembrar dele de primeira.

Saí andando e deixei eles lá. As mesas ainda estavam todas vazias, e tinham mudado de lugar, de posição no salão. Me sentei em qualquer uma e meu jantar dessa vez foi um pedaço ENORME de lasanha e um copo de iogurte. Essa escola quer me engordar, sério.

Quando percebi, Ryan e Melody estavam comigo na mesa, e eu nem sabia que eles conversavam. Antes que eu fosse perguntar da Sammy, olhei para a mesa da turminha do Daniel, e ela estava lá. Jantando pipoca.

Fiquei, então, conversando com os “habitantes” da minha mesa, até o diretor anunciar uma coisa que me fez cuspir meu iogurte, sorte que não tinha ninguém na minha frente. E olha que é raro me ver desperdiçando iogurte.

–Eu esqueci de avisar os novatos, mas vocês precisarão dançar para abrir a festa, então vocês tem até sexta-feira para arranjar um par! Boa sorte.

– Você tá bem?

–Eu?- Perguntei- Eu tô ótima!

Depois de algum tempo a maioria das alunas de todos os anos estavam andando em grupinhos. Os boatos diziam que os meninos tinham que convidar as meninas por cartinhas colocadas embaixo da porta, já que algumas meninas já tinham sido convidadas, e que elas teriam até quinta-feira pra responder. Uma menina metida a popular do módulo dois dizia pra quem passasse perto do lago que ela já tinha recebido dez cartinhas de dez garotos diferentes. Incrível, se eu fosse um garoto, eu não convidaria essa menina nem que me pagassem.

Depois que ela tinha ido embora, me sentei embaixo de uma árvore e fiquei olhando pro nada e pensando até que o barulho de alguém pulando pela grama me “acordou”.

Era Sammy, pulando igual uma pipoca, com uma cartinha em formato de coração na mão.

–Oi, Sammy.

–Oi, Larissa! Sabe o que é isso? Adivinha!- Ela quase gritou, balançando a cartinha no ar.

–Não sei. - Disse e voltei a observar o lago

–Essa devia ser a hora que você me pergunta animadamente quem foi que me mandou!

–Quem foi que te mandou?

–O Daniel, é claro!

–Eu sei, Sammy, você veio pulando, ficou meio na cara!

–Você podia entrar no seu quarto pra ver se recebeu alguma dessas, vai saber- Ela piscou.

–Ok, mas não vá na esperança de que eu vou voltar com alguma coisa nas mãos!

Fui andando até o meu quarto e vi que algumas meninas vigiavam a porta de seus quartos esperando eventuais pessoas deixarem alguma coisa pra elas. Abri a porta e não achei uma cartinha, achei NOVE!

–Cara, só pode ser brincadeira!

A maior parte dos caras que assinaram eu não conhecia, mas tinha até gente de outros anos ali. Fiquei me perguntando se deu tempo de eles me conhecerem.

Só Leandro me mandou duas cartinhas, um dos amigos de Daniel me mandou uma também. Vai sonhando... Isaac, André, Ricardo, Arthur, um Lucas que é MONITOR e uma de... RYAN?! Era a mais escondida por ali. Dali eu só tinha falado com dois. Um eu conhecia de vista e os outros eram da minha sala e eu não fazia ideia de quem eram. Guardei numa caixa que eu tinha trazido de casa pra se eu precisasse guardar qualquer coisa e levei pra Sammy ver. Ela ficou falando e falando sobre isso e eu fingia que estava prestando atenção.

Nos dias que se seguiram, muita gente já tinha par, como Melody que iria com Vinícius , mas eu não conseguia saber com quem eu ia. Segunda-feira, Leandro me mandou mais oito cartinhas. Ryan me mandou outra na terça-feira e esse Isaac me mandou outras três. Os outros, pelo visto, já tinham seus pares. Na aula de terça, parei pra prestar atenção em quem era esse Isaac. Falando sério, era até bonitinho, mas eu descartei ele, afinal, eu nunca falei com ele na minha vida. Na quarta-feira eu só tinha mais um dia para entregar o papel respondido na caixa vermelha que estava do lado do balcão onde Natália ficava e avisar o menino. Nesse dia, Leandro me mandou outras incríveis dez cartinhas, e Ryan não mandou mais nenhuma. Descobri que ele iria com Hellena e achei bom pra ele. Resolvi esperar para ver se iria receber outra na quinta-feira e recebi mais quinze de Leandro. O desespero é tanto? Fiquei sabendo que as meninas poderiam convidar também, e que ele tinha recebido exatamente trinta e sete convites pela última cartinha que ele me mandou:

“Larissa,

Recebi trinta e sete convites de outras meninas, mas não as quis.

Eu quero ter a honra de dançar com você na sexta-feira.

O que me diz?

Ass: Leandro.

P.S: Eu não vou pisar no seu pé!”.

Fazendo as contas, ele também tinha me mandado trinta e sete convites! O desespero é tanto? Peguei uma folha do meu bloquinho de notas e respondi:

“Eu ficaria muito feliz!

Ass: Larissa

P.S: Boa sorte, eu não danço muito bem!”

Saí com os dois papéis em mãos e decidi passar primeiro pelo Grande Círculo, pra perguntar pra Natália onde era o quarto dele.

–Esse Leandro é bem bonitinho, viu, Larissa, tá apoiada-Ela riu- Quarto 128.

Bati na porta e deixei o papel. Me escondi. Ele leu o papel e deu um sorriso quase maior que o rosto dele e entrou. Voltei para meu quarto e vi que tinha um aviso, dizendo que todos os alunos do primeiro ano do módulo um deveriam ir para a Quadra ás 16 horas. Eu tinha dez minutos. Cheguei e estavam todos lá. Depois a professora Amanda, de feitiços, começou a falar.

–Todos os anos os alunos novos abrem o evento com uma dança, vocês não podem envergonhar o ano de vocês! Os que vão com os mais velhos, terão de fazer esse “ensaio” com outras pessoas. Os outros, podem se juntar com seus pares.

Em segundos, estavam organizados todos os pares. Leandro veio para o meu lado e pessoas como Sammy, Joana, Isaac e outro menino que eu não sabia quem era ficaram no canto. A professora fez Sammy dançar com Isaac e Joana com esse desconhecido.

–Vamos começar!- Disse ela, ligando um rádio.

A música não era tão lenta, era algo que dava pra ser dançado com mais ritmo.

Ficamos sabendo que o dia seguinte não teria aula, já que os professores precisavam ajudar com os feitiços para organizar tudo para as sete horas do dia seguinte.

Na sexta-feira, acordei meio dia sem me importar muito com o fato de que eu teria sete horas pra me arrumar. Ontem, ouvi meninas dizendo que precisariam de DOZE horas pra se arrumar. Fiquei pensando se elas realmente acordariam ás seis ou sete da manhã só pra isso. Deduzi que estava muito tarde para ir até o Refeitório e lembrei que eu tinha trazido um iogurte pra comer ontem. Depois de alimentar meu estômago e meu vício, fui terminar uma pesquisa pra aula da Cabelo Gay e ler um livro, e quando fui ver já era cinco e meia! Lavei meu cabelo correndo e usei um feitiço pra ele secar. Com outro feitiço fiz uma trança nele e comecei a colocar meu vestido, meu sapato e meu colar de estrela pra ficar mais bonitinho. Já era seis e quarenta. Daqui a dez minutos Leandro viria até o meu quarto para irmos juntos. Passei só um lápis de olho para não ficar sem nada pois me lembrei do que minha mãe sempre me dizia: “Você não vai sair de casa de cara limpa, vai? Quem faz isso é menina que segue modinha, pra parecer “diferente” das outras!”.

Ouvi batidas na porta e sabia que era Leandro.

–Já vou!- Gritei de lá de dentro. Me olhei no espelho pronta pra sair.

O que me aguarda nessa festa?