Meu erro escrita por Apiolho


Capítulo 24
24 - A distância entre dois corações


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores! *-*

Mais um capítulo a vocês, quero postar amanhã o penultimo capítulo, mas talvez consiga terminar no domingo.

Espero que gostem, pois faço para vocês!



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Capítulo vinte e quatro

A distância entre dois corações

“Ao coração que sofre, separado

Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,

Não basta o afeto simples e sagrado

Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,

Nem só desejo o teu amor: desejo

Ter nos braços teu corpo delicado,

Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem

Não me envergonham: pois maior baixeza

Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem

Ser de homem sempre e, na maior pureza,

Ficar na terra e humanamente amar”

(Olavo Bilac)

 

Apenas decidi me entregar ao abraça-lo, deixando-me ser confortada enquanto chorava. Era como um alivio, parando de tremer quando percebi que ele sabia do meu maior pesadelo. Ficamos um bom tempo ali, calados, apenas nos sentindo.

E foi por conta desse momento que eu pisei na escola sem a cabeça baixa, com um sorriso tímido tomando conta de todo rosto e a na mente a certeza de que Sasuke me cumprimentaria. Não sei como apenas um abraço fosse capaz de trazer à tona tantas sensações, como a felicidade misturada ao nervosismo. Nem ver o Naruto agarrado a Haruno poderia ter estragado, era como se nada sentisse, porém minhas pernas ainda tremiam e minha boca seca.

— Um último beijo. — Escutei dizer para a pessoa que achava que ainda amava.

— De adeus.

E vi uma face se aproximar da outra, as testas se encostando, depois o nariz, por fim as bocas se unindo de uma maneira esfomeada. Presenciar essa cena de perto nem fizeram as lágrimas descer, meu coração parar uma batida ou a vontade de fugir dali. Era como se estivesse vendo qualquer casal, não pessoas que conheço bem demais.

Apenas não quis esperar que terminassem, por ser algo muito íntimo, e fui até o corredor. Em minha cabeça só tinha um alguém, que salvou o gato, fez um acordo comigo, lanchou no nosso canto nesses meses e provocou-me de uma maneira que me fez sentir a mulher mais desejada.

Nada poderia desmanchar meu sorriso, tirar a minha esperança e destruir a expectativa que acumulava desde ontem. Depois disso deveria ir uma virgula, pois existia uma exceção, Uchiha. Quando me olhou atentamente, ao ponto de saber que estava encarando apenas a mim, e nem sequer levantou a mão para me cumprimentar ao acenar, percebi que apenas eu tinha ficado mexida com ontem.

— Sou uma tola.

Dei um “olá” seco para o Shino e Kiba ao passar por eles e me chamarem, mas depois dei uma melhorada na expressão para me animar. Se pensasse bem sobre aquele abraço e suas palavras, quem tinha se enganado era eu ao achar que iriamos continuar amigos, pois deixou claro que não existia volta.

— Idiota.

Era como um mantra que repetia baixinho, tentando colocar na cabeça que não deveria tirar mais conclusões precipitadas. Quando entrei na classe evitei ao máximo olhar para onde os três estavam, apenas prestando atenção no quadro. Incrivelmente consegui memorizar o que o professor falava e começava a sentir novamente gosto pelo estudo.

— Agora vocês parecem um casal de namorados que acabou de ter uma DR. — Tenten aproveitou para me alfinetar ao ver o meu esforço, rindo depois disso.

— Na festa do pijama eu te conto. — Indiretamente exigi que não tocasse mais no assunto.

Quando podemos ir para o intervalo ela me avisou que ia ficar conversando com o Neji pelo celular, apenas pedi para cumprimenta-lo por mim. Não imaginava do que falariam, porém seria constrangedor ficar no meio dos dois.

Foi no momento em que passei por entre o pátio e passei pela esquina que dava acesso atrás da escola que respirei fundo. Fiquei um tempo de olhos fechados e soube que teria de encarar não tê-lo mais naquele lugar, só que a minha maior surpresa foi ver que estava acompanhada.

— Que bom estar aqui. — Ao contrário de mim, parecia não estar assustado com outra presença.

— Como sabe desse lugar?

Não conseguia puxar o ar direito, esperando que pudesse me responder. Compreendia apenas que meu coração já tinha se acalmado de uma maneira que sentia desde aquele dia que ficamos na barraca. Mesmo com a chuva e a nossa proximidade, achava que era de momento não ficar tão abalada com ele.

— O Sasuke me contou. — Parou uma batida ao escutar seu nome, para depois continuar em um ritmo descontrolado. Ter contado para outro alguém sobre o nosso canto era como traição para mim. — Convidava-me direto há três meses, mas como estava com a Sakura não podia vir.

Depois disso roborizei e o um sorriso escapou, pois apesar de pensar que ele não estava muito afim de me ajudar com o Naruto por não achar-me suficiente para seu melhor amigo, porém estava enganada. Nunca tinha questionado sobre isso, pois quando estava em sua presença sempre esquecia, mas agora jamais tinha ficado tão feliz por saber que estava errada esse tempo todo e havia cumprido sua parte.

— Vai gostar daqui. — Sussurrei.

— Já estou adorando.

Quando falava desse jeito nunca sabia se era real, porque apesar de sua alegria exterior, era como se só existisse a tristeza dentro dele. E mesmo não sendo intima dele sabia sobre seu horrível passado, marcado por assassinatos e um bullying por acharem que tinha matado seus pais e era possuído pelo demônio. Desde criança tinha a intuição de que um ser que deixava os outros contentes com seu jeito, nunca seria mau.

— Vocês terminaram? — A questão escapuliu quando o silêncio se formou.

A quietude nem em mil anos combinava com ele, tanto que me incomodou ao ponto de passar por cima da afirmação de que éramos colegas. Esses dias conversamos mais do que em todos esses anos, esse era o quão próximos poderíamos ser.

— Nós dois sabemos o quanto ela é ruim. — O vento chegou e bagunçou seu cabelo. A antiga Hinata teria levantado o celular e tirado uma foto com discrição, porém só tinha achado engraçado e continuei no meu lugar.

E o festival veio em minhas lembranças quando prestei atenção em suas palavras, junto com as vezes em que o vi. Na vez em que estava na árvore se agarrando com a Haruno, ao sumirem e perceber que tinha ficado atrás dela na nossa briga. Se ele tinha sido o maior pivô para o afastamento total do meu ex melhor amigo, eu era a maior culpada de terem se despedido antes das aulas.

— Desculpa.

— Quem deveria estar pedindo perdão definitivamente não é você. — Colocou os braços atrás da cabeça, como fazia de costume quando ficava nervoso.

Era estranho perceber que apesar de saber todos os significados de seus gestos, sentia que éramos meros desconhecidos. Quando existia a distância, a euforia vinha só de estar por perto ou descobrir algo novo, apenas esperando o momento que poderíamos bater um papo e ele ficar surpreso do quanto o entendia. Depois de finalmente realizar esse sonho, notei que ainda tinha muito mais para conhecer.

— Pensei que ficaria do seu lado. — E essa frase simbolizava que era inexperiente em Naruto Uzumaki como achava, pois para mim era alucinado pela colega a esse ponto.

— Uma pessoa que usa a violência como resposta merece ficar comigo?

— Espero que não me odeie, mas para mim estava cego de paixão por ela. — Acho que tive de parar de ama-lo para perceber que tinha seus defeitos.

— Por quê? — Chegou a sentar na escada para me ouvir, abandonado seu ar de chateação. E, adivinhem, tinha encontrado uma nova expressão, a de curiosidade.

— Nem em imaginação achava que seria eu a dizer isso, porém a Sakura ama outro. Ficar com alguém mesmo sabendo disso, é pedir para sofrer. — Isso vale para mim também.

— Eu sei.

Se algumas pessoas estivessem aqui teriam o queixo caído pelo que ouviram. Dessa vez a antiga obsessão por ele foi o ponto para não ter ficado tão surpresa, pois acreditava que era perfeito, inclusive nem acha-lo muito lerdo como fofocavam pelos corredores.

Aproveitei para comer meu lanche e dividir, mesmo achando que sempre faltava mais um aqui. Aquele que com certeza teria a cara de pau de comer mais que eu, rir disso e começar a falar sobre trivialidades. Era como se qualquer assunto poderia ser interessante, porém com o loiro sentia apenas tédio e desconforto.

Os dias se passaram e ele continuava a me ignorar, virando o rosto quando o encarava e chamando qualquer um ao me aproximar. Parecia como o diabo correndo da cruz. O curioso era que parecia me observar e se preocupar, pois via afastando a Karin ou a Sakura de perto de mim, tanto que puxava assuntos com elas até que eu estivesse segura.

Esse tempo também não foi apenas para perceber que a distância entre nós crescia cada vez mais ou de coisas ruins, pois passei a andar mais com Shino, Kiba, Naruto, Gaara e até Ino. Teve uma vez até que fizemos piquenique naquele lugar, pois o Uzumaki fez questão de abrir a boca e conta-los sobre isso.

— Eu não tenho mais nada a ver com elas.

— Mas isso não me faz ter menos vontade de te dar um socão bem na sua cara. — Tenten rebateu. — Por mim estaria é longe.

— Foi isso que disse ao meu irmão quando me contou quem era sua namorada. — Tinha esquecido que uma convidada estava conosco, Temari.

— Mas pelo menos tenho um, por estar aqui o Shikamaru deve ter te largado.

Realmente deveria ter me enturmado mais cedo, pois assim não ficaria com a mesma cara de surpresa a cada novidade. Para mim eles nem estavam em um relacionamento ou sequer se conheciam. Enquanto um dormia na sala, mas era super inteligente, a outra vivia matando aula, eram considerados completo opostos para mim.

— Posso dar um tapa nela? Deixa.

— Eu te ajudo. — Minha amiga realmente gostava de se meter em uma briga, por isso parecia ter se dado tão bem com a outra. — Talvez assim posso um dia perdoá-la.

— Assim não parecem nem um pouco diferente delas. — Comentei quando estavam se aproximando da Yamanaka de uma maneira assustadora ao ponto de fazê-la quase chorar, porém pararam quando prestaram atenção ao que dizia.

— Sem graça, pensei que era delinquente também. — Emburrou-se com o que percebeu e sentou-se no seu lugar. — Nunca fiquei tão péssima com um boato, você era a minha inspiração.

Novamente meu queixo veio quase ao chão com seu segredo. Em todos esses anos tentei a todo o custo que me vissem como alguém diferente, por isso jamais achei que seria uma base a ser seguida. Ainda assim eu queria que parassem de me chamar de yankee.

— Achava isso no começo, mas ela é uma pessoa muito boa. — Finalmente tinha escutado algo sair da boca do Naruto desde que o sinal do intervalo bateu. Apenas não sabia se era por estar ocupado com a comida ou se terminar com a nossa colega de classe tinha o deixado tão mal a esse ponto.

— Fico feliz por saber disso, Temari, porém eu nunca fumei atrás da escola, meus hematomas não são por ter batido em dez caras, essa é a cor dos meus olhos e eu pintei meu cabelo de azul para meu pai lembrar menos da minha mãe ao me ver. — Disparei em desmentir todas as fofocas a meu respeito, vendo uma reação diferente a cada palavra minha.

— Quem te machuca então? — Gaara não tinha contado a ela?

— Um dia talvez te conte.

Não me levem a mal, achar que deveria ter falado quem me agride, pois fiz isso ao ver o nervosismo de Ino e me imaginar em seu lugar. Aquela expressão de horror eu sempre tive quando fazia algo errado e era castigada, quando elas chegavam perto, era horror de ficar toda quebrada fisicamente e emocionalmente.

Bem nesse instante o primeiro sinal bateu, fazendo com que corrêssemos para guardar tudo e limpar o lugar. Ainda faltava mais um, só que eles se apressaram para ir a aula. Tenten ficou comigo e andávamos calmamente até a nossa classe.

— Ele não deixou eu fazer a festa do pijama. — Estava realmente triste de não poder ir na casa de outra pessoa.

— Então podemos ir na lanchonete aqui perto? — Perguntou.

— Claro.

Quando me aproximei da sala sozinha e tive de passar por Karin, meu coração pulou, eu tremia e abraçava minha bolsa com força. Nas vezes em que isso acontecia, geralmente pegavam alguma coisa de mim, só que quando abri os olhos ela nem tinha se mexido. Simplesmente deixou-me passar e nem sequer me fitou com desdém.

Nesses dias que se passaram nenhuma vez elas conseguiram me pegar, tanto que os meus ferimentos estavam melhorando. Nem sei há quanto tempo que não via os roxos ficarem verdes sem ter um novo no lugar, pois era como se quisessem me fazer lembrar delas a cada vez que observasse meu corpo. E, apesar de querer que fosse atitude das duas, sabia que tinha dedo do Sasuke no meio.

— Vai continuar insistindo que sente algo pelo Naruto? — Questionou Tenten quando contei tudo o que aconteceu no festival, a terrível discussão e o nosso quase beijo, enquanto comíamos hambúrguer com milk shake.

— Sim, meu coração não bate mais forte ao vê-lo, minhas pernas não fraquejam e tudo o que fala parece desinteressante, mas quero continuar apaixonada. — Confessei tudo o que sentia nesses dias que fiquei com ele.

— Não tem como se já é tarde mais, você o esqueceu. — Senti dor ao perceber que meu primeiro amor talvez tenha ido, dando lugar a dúvida.

— Mas lembro de me dizer que só se cura uma paixão com outra, eu não estou gostando de ninguém.

— Acabou de me dizer o que não sente ao estar com o Uzumaki, pense agora em quem tem seu sim para todos esses sintomas.

Ela realmente parecia um sábio chinês com todo esse enigma, no entanto dessa vez havia decifrado. Quando acabei o meu lanche percebi o quanto era bom e que há muito tempo não havia provado. E com o seu tchau corri pelas ruas enquanto pulava, porque tinha uma pessoa por quem sentia-me nervosa, só que dessa vez a minha vontade era contar a ele e jamais esconder.

Amanhã irei me confessar a Sasuke Uchiha.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo em si?

A gif não é minha. Se tiver erros podem me avisar.

Quem deseja comentar? Seja para falar que está ruim, não. Seja por MP, favoritar, acompanhar, recomendar como as maravilhosas da Sweet Smile, FugimoNaKombi e Mayume Hyuuga fizeram, com certeza fará essa autora muito feliz. *-*

Beijos e até a próxima!



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