Undercover escrita por march dammes


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa é minha primeira oneshot de Free!...eu ainda estou na metade da segunda temporada, mas tenho sentimentos tão fortes em relação a Reigisa que tive que escrever essa fic. Espero que gostem~LEIAM AS NOTAS FINAIS...



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Undercover

Eram quatro horas da tarde de uma quinta-feira de outono. As folhas alaranjadas já começavam a cair, e estava frio demais para que alguém ficasse fora de casa por pura e espontânea vontade.

Bem, pelo jeito, Rei não sentia frio, pois naquele momento, estava sentado no muro que cercava o Instituto Iwatobi. As aulas haviam terminado mais cedo por conta da ausência de um professor, e ele não pretendia ir para casa agora. Em vez disso, estava ali, com as pernas balançando, lendo distraidamente um livro sobre natação que pegara na biblioteca. Planejava ler em paz, à luz do fim do dia, sua respiração se condensando no ar frio, quando ouviu uma voz familiar chamá-lo.

—Reeei! Reeeeeei!

Ele ergueu os olhos do livro, virando a cabeça.

—Ah...Nagisa. –sorriu minimamente. O garoto vestia um suéter um pouco grande demais, que sobrava nas mangas, e um cachecol que quase lhe cobria a boca. Vinha correndo, sacudindo o celular em mãos, o fone de ouvido encaixado apenas em uma de suas orelhas. Ele se aproximou e se sentou ao lado do maior, cruzando as pernas, sem a menor cerimônia.

—Rei! –seus olhos cor-de-rosa brilhavam em animação, e ele sorriu- Ouça só essa música que eu encontrei, veja se não é ótima!

Ele encaixou um dos fones frouxamente no ouvido de Rei antes que este pudesse ter qualquer reação. O mais velho ajeitou o objeto.

—Hum, tudo bem... –murmurou. Enquanto esperava que a música começasse, observava Nagisa atentamente, cada traço de seu rosto jovial, cada detalhe seu, para que ficassem para sempre guardados em sua mente...e tão absorto estava com tal tarefa, que não percebeu quando a música começou a tocar, e Nagisa sorriu abertamente, perguntando-lhe, a voz abafada pelo som:

—Que tal? Boa, não?

—Ah –fez Rei, corando um pouco e desviando o olhar, como sempre fazia quando o loiro sorria. Ele simplesmente ficava fofo demais daquela maneira, ele não aguentaria muito tempo encarando-o sem sentir vontade de o beijar- Sim, muito boa...Nagisa.

Nagisa apenas alargou o sorriso, suas bochechas corando levemente, seus olhos se fechando no ato. Ele soltou um “Eu disse!” animado, e Rei sentiu o coração descompassar. Quanto tempo demorara ele até perceber o quanto amava aquela expressão? Por quanto tempo negara, recusara-se a aceitar que estava amando aquele garoto tão precioso?

No início, Nagisa era apenas um garoto irritante, que o tempo todo insistia para que ele se unisse ao clube de natação, até que finalmente o fez – e pensar que sequer sabia nadar! Aquela provavelmente fora a maior besteira de sua vida. Ou talvez não, ponderou; se não tivesse aceitado entrar no clube Iwatobi, nunca teria conhecido Haruka e Makoto, e mais importante, não teria se aproximado mais de Nagisa.

Depois disso, tornaram-se amigos próximos. Nagisa não hesitava para abraçá-lo ou saltar em suas costas, enquanto ele ficava acanhado apenas para convidá-lo a ir em sua casa depois das aulas do dia. Rei nunca fora muito espontâneo, bem ao contrário do loirinho.

Com a proximidade, vieram os problemas. Se conhecendo mais, ambos perceberam lados um do outro que não conheciam. Rei, por exemplo, percebeu como Nagisa sofria em casa, com a pressão dos pais. Ao saber que o menino fugira de casa, lembrou-se, havia surtado completamente. E quando Nagisa gritou com ele, o empurrou, disse que ele não entendia, Rei nunca sentiu-se tão...quebrado. Queria abraçá-lo, confortá-lo, afagar seus cabelos e sussurrar que tudo ficaria bem e ele queria ajudar. Mas claro, não poderia fazer isso; os amigos estavam bem ali, observando, e provavelmente o olhariam muito estranho caso demonstrasse tanta “viadagem” na frente deles, e num momento como aquele.

E agora, lá estava ele...sentado no muro da escola, ao lado do rapaz mais fofo de todo o Japão, pelo qual nutria uma paixão secreta há bons meses. Para piorar as coisas para seu lado, Nagisa estava incrivelmente perto, por conta dos fones de ouvido que dividiam. Rei podia sentir sua respiração bem próxima, enquanto ele movia a cabeça no ritmo da música, animado...seus joelhos se tocavam, pois o loiro estava com as pernas cruzadas, e aquele contato estava enlouquecendo o de cabelos azuis. Era tão injusto que ele não pudesse tocar Nagisa!

Na verdade...por que não poderia? Tudo o que o impedia de responder aos abraços do mais novo era seu pudor. Se ele tinha coragem, por que não tocava o menor?

Sua mente ficou branca naquele momento. Ele esticou a mão, vacilante, tendo perdido completamente a noção. Seus dedos trêmulos não demoraram a sentir a maciez da pele do loiro, de sua bochecha farta, e logo rumaram para o queixo, erguendo-o um pouco, fazendo o mais novo encará-lo.

—...huh? Rei...? –Nagisa o chamou, confuso. Ao perceber a profundidade daqueles olhos violeta, corou de um vermelho forte- Rei, o que você...?

O mais velho não sabia mais o que fazer. Não conseguia pensar em mais nada, senão em Nagisa – oh, seu Nagisa. Tão pequeno e frágil, e ao mesmo tempo tão maduro e inteligente, ainda assim, tão fofo e precioso...ele precisava tê-lo. E com essa mentalidade, sem um aviso prévio, sem um pedido, sem autorização, ele se aproximou e uniu seus lábios com o de Nagisa.

O pequeno teve um sobressalto e arregalou os olhos. O beijo não foi profundo, na verdade, não passou de um desajeitado e breve toque dos lábios, mas foi o bastante para os rostos de ambos tingirem-se em escarlate. Rei separou-se dele e abriu os olhos, e só então pareceu perceber o que fazia. Afastou-se bruscamente, o fone sendo arrancado de seu ouvido com o puxão.

—M-me desculpe! Eu não...! Eu...me desculpe por isso! P-por favor, me desculpe...eu não sei...o que me deu... –ele tentava se explicar, mas nem mesmo sabia por que agira daquela maneira.

Provavelmente, meses daquele sentimento reprimido haviam finalmente o levado ao limite.

Rei não era capaz de encarar Nagisa naquele momento. Se o fizesse, perceberia a expressão aterrorizada congelada no rosto do mais novo. Seus olhos róseos arregalados, as duas mãos sobre a boca, os ombros tensos. Mantinha uma boa distância do mais velho, principalmente pelo modo como o mesmo o empurrara.

—Me...desculpe... –Rei tirou os óculos com uma mão, e com o antebraço da outra, os cobriu. Baixou a cabeça e seus ombros começaram a tremer, como se ele chorasse.

—Rei... –Nagisa conseguiu murmurar. Teve outro sobressalto- O-oh, você está chorando?! Por favor, não...! –aproximou-se para tocar seu ombro, mas ele se afastou. O loiro sentiu o coração doer, e ainda mais quando Rei ergueu os olhos marejados, mordeu o lábio inferior e voltou a colocar os óculos.

—Me perdoe. –foi a última coisa que disse antes de pegar a mochila abandonada no chão e correr para longe, sem exatamente saber para onde iria.

Nagisa ficou um tempo parado, encarando o lugar onde Rei estivera sentado.

Como explicar que ele havia gostado do beijo?

Como explicar que desde que o vira treinando com a equipe de atletismo, nutria certa paixonite por ele?

Como explicar que todos os sorrisos, todos os gestos, todas as palavras e qualquer resquício de risada da parte de Rei descompassavam seu coração alucinadamente, fazendo-o apenas desejar-lhe cada vez mais, não apenas como amigo?

Como explicar que o amava?

Nagisa amava Rei. Desde o momento que o vira, Nagisa o achava bonito e esperto, queria conhecê-lo mais, e quando esse desejo se realizou, ele não conseguiu ver-se satisfeito. Ele apenas quis mais contato com aquele rapaz, quis tocá-lo, abraçá-lo, beijá-lo e estar com ele. Nagisa não sabia o motivo ou a origem desses sentimentos, ele simplesmente...sentia que queria mais de Rei. E quando o via triste, distante ou agindo diferente, ele sentia como se uma adaga atravessasse seu coração: fria, dura, e metálica. Pois ele não queria ver Rei chateado. Queria vê-lo feliz, ou melhor, queria fazê-lo feliz. Tudo o que Nagisa desejava era ser a razão do sorriso do mais velho, sua alegria, seu raio de sol. Era isso o que ele desejava.

E quando Rei o beijou...quando o tocou por vontade própria, se aproximou, e o beijou, ele sentiu como se tudo ao redor não existisse mais. Parecia um tipo de sonho. Por quanto tempo ele havia desejado aquele toque, aqueles lábios...por quanto tempo ele anseara para que Rei o tocasse por pura e espontânea vontade? Ele não queria apenas abraçar Rei – queria que seus abraços fossem correspondidos.

E naquele momento, ao trocarem aquele beijo, ele finalmente sentiu-se amado. Teve a absoluta certeza de que era correspondido, chegou a fantasiar por alguns momentos que ele e Rei seriam felizes juntos dali para a frente...e então se lembrou que o mais velho havia fugido.

—Ah! Rei, espere! –pegou sua mochila, socou o celular e o fone para dentro dela e correu pela calçada atrás do maior, desesperado. Rei era mais rápido, e já estava longe. Nagisa virou a esquina, parou, ofegou, olhou para os lados, perdeu o maior de vista; foi vê-lo no final da rua, já perdendo velocidade, e disparou atrás dele, aos gritos de “espere!”. Assim que Rei o viu, por sobre o ombro, voltou a correr a grandes passadas, adiantando-se. Nagisa esticou o braço, conseguiu lhe agarrar o casaco. Ele parou e se virou:

—O que você quer?! Eu já pedi desculpas! –gritou, ofegante.

Nagisa assustou-se com a reação subitamente rude do mais velho. Recuou alguns passos, a mão sobre o peito.

—Rei...Rei...por favor, não...fuja... –ele puxou ar para os pulmões antes de cerrar os punhos e apertar os olhos, soltando tudo num fôlego só- Eu gostei daquele beijo, de verdade! Por favor, Rei, não fuja de mim!

O maior ficou estático. Então Nagisa...gostara realmente? Não, aquilo não poderia estar acontecendo. Será...?

—Nagisa –ele começou. Respirou fundo, o que tinha a perder? Sentiu que aquela era a hora, ele finalmente tiraria todo aquele peso do peito, finalmente diria...diria a verdade.

E assim, ele contou tudo. Começou dizendo como o achava irritante, como ele não respeitava o espaço pessoal dos outros, e como o enchia a paciência para entrar no clube de natação. Depois, contou como o sorriso do pequeno foi lentamente o cativando, lentamente o amolecendo, fazendo com que ele desejasse conhecer Nagisa um pouco mais. Contou como se preocupava com ele, como via que, apesar de toda aquela aura de auto-confiança, o rapaz era sensível e facilmente se magoava, principalmente sobre pressão. Contou sobre como negara, por um longo tempo, os próprios sentimentos. Contou como descobrira que o amava – como descobrira que seu sorriso era o que ele mais queria ver – sobre como ele aguardava ansiosamente para vê-lo, contando os minutos – e principalmente, sobre o quanto queria estar próximo a ele, cada momento do dia.

—E eu...eu te amo, Nagisa. –finalizou, olhando para o chão- Por favor, me perdoe.

—Rei... –o menor soltou com um fio de voz, cobrindo a boca com as duas mãos, lágrimas emocionadas escorrendo dos cantos de seus olhos. Não pensou duas vezes; voou no maior, fazendo-o cambalear com a violência daquele abraço, envolvendo seu pescoço com os dois braços como se sua vida dependesse disso.

—E-eu me sinto assim também! –ele riu, não cabendo em si de felicidade- Ah, Rei...eu também te amo. Já te achava incrível assim que o vi no clube de atletismo, mas...eu fui lentamente percebendo que te amava. Eu também quero muito ficar perto de você, te ter nos braços e...sentir seus carinhos. –ele escondeu o rosto no ombro do maior, já soluçando- Não peça desculpas por isso! Eu estou tão aliviado, você não faz a menor ideia...

Rei não conseguiu fazer qualquer coisa que não fosse retribuir ao abraço. Ele tocou delicadamente as costas de Nagisa de início, mas logo tomou coragem para apertá-lo contra seu corpo, chegando a erguê-lo do chão. Não sabia quando as lágrimas haviam começado a escorrer – elas simplesmente caiam, sem parar.

—Nagisa... –ele soltou num sopro- Nagisa, eu esperei tanto por esse momento, eu desejei tanto isso... –se afastaram um pouco, apenas para conseguirem se encarar.

—R-Rei...

—Nagisa...

E ali, no meio da calçada deserta, em um espaço pequeno entre um café e o Corpo de Bombeiros, dois rapazes trocaram um beijo caloroso, botando para fora, finalmente, todo o sentimento que haviam guardado naquele ano de mudanças.

Rei e Nagisa se amavam. E, pela primeira vez, não precisariam ocultar esse amor.

Nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que se uma fic é uma ONESHOT, ela só tem um capítulo...mas eu quis muito escrever um Extra. Ele vai sair em breve, é só lovey-dovey com esses dois, só pra deixar meu coraçãozinho de shipper feliz. (:Lembrem-se de deixar reviews!



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