A Lira da Verdade escrita por Anns Krasy


Capítulo 5
Capítulo 5 - Karina


Notas iniciais do capítulo

Entãaaao minha gente... Queria dizer que são 2 capih's por personagem, mas como os outros dois antigos de Karina ficariam enormes, Super-mega-grandes, eu separei em três partes. Mas considerem os capihs passados dela um só, ta bom amiguinhos? *u*
(Postando mais cedo graças ao comentário recebido por Peixe, me deixou feliz viu? E motivada a postar tbm :3)
Ohh, o acampamento mudou um pouco, pois os Romanos e os Gregos se juntaram. Seria problemático um apocalipse com aliados separados né? Não daria muito certo.



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K

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O acampamento era imenso e nada comparado a algo que Karina tenha visto antes. No arco de pedra na entrada do acampamento tinha escrito Acampamento Meio-Sangue. Em grego. A primeira coisa que ela viu ao pisar dentro do acampamento? Foi a enorme estátua de uma deusa, aproximadamente uns 12 metros e ela não sabia como não tinha notado antes. A estátua enorme era de marfim, suas vestes de ouro, ela segurava o que parecia ser um boneco alado, outra deusa, supôs Karina. E um escudo na outra mão. Ela parecia estar servindo de divisa.

O lado direito era vários chalés formando um Ω, uma casa azul e grande, uma quadra de vôlei, floresta, um rio, a praia, o que parecia ser um estábulo, um pavilhão de colunas brancas e no estilo grego, uma parede de escalada que, por um motivo que Karina não conseguiu entender, derramava lava, e, por fim, um edifício enorme que parecia uma arena. Karina voltou a olhar o pinheiro verde.

Legal, além de que parecia ter demorado vários anos para construírem tudo aquilo, eles tinham costurado a replica de um manto. Por algum motivo Karina sabia que ele era importante.

– Opa, não eram arames?! – Karina não conseguiu não gaguejar. Aonde ela tinha visto arame farpado, agora era um dragão enroscado e cochilando.

– Ah, Peleu. Sim, é mesmo um dragão. A Névoa ainda deve estar fazendo efeito em você. – Piper sorriu. – Ele protege o Velocino de Ouro.

Karina soltou um grunhido. – Sabia que aquele manto era importante, mas não pode ser o verdadeiro. E o que é isso de nevoeiro? Eu não bebi nada, não estou sobre o efeito de nada!

– O Velocino é o verdadeiro. E não se preocupe, eu também pensei que fosse uma réplica. – Piper riu. – Névoa é a força mágica que molda a visão dos mortais, eles não veem isso. Veem algo que o cérebro deles consegue entender. Não seria muito legal se eles vissem um monstro por ai, a solta.

Piper a deixou de boca aberta, mas Karina resolveu não pensar sobre isso. Ela olhou para a esquerda, lá tinha o que parecia ser uma minicidade. Havia prédios de colunas, iguais às gregas, mais tinham a aparência de templos. Um enorme era branco e encantador. Havia um coliseu, e dois outros enormes edifícios. Mais ao longe tinha o que parecia ser uma espécie de rua com vários outros prédios.

– Huh, ambos são bem diferentes. – Karina apontou para o lado direito e para o esquerdo. Ela viu meninos e meninas, no máximo dezoito anos, andando com camisas laranja e roxo.

– Ah, lá é o acampamento romano. – Explicou Piper. – São para os filhos dos deuses romanos. Aqui é para os gregos.

Karina murmurou um “Hm”. Piper explicou sobre a estátua, ela se chamava Athena Paternos e disse que Nico e Reyna, dois semideuses a tinham trazido aqui para aplacar a ira dos romanos e evitar uma luta. Ela contou sobre a missão deles, e Karina perdeu o resto da sanidade quando se deu conta que Piper tinha lutado a bordo de um navio voador e indo a uma missão para salvar o mundo.

– Sem chance. O mundo estava por um fio e ninguém notou? – Karina franziu a testa.

– Piper – Chamou uma voz. Karina se virou para fitar uma garota loira, ela usava uma camisa laranja e calças, um cinto pendia uma faca que parecia ser feita de bronze e um boné dos Yankees estava enfiado no bolso. – Que bom que chegou antes das férias de verão, o treino de arco e flecha vai começar logo e o seu chalé é o primeiro.

Ela pousou seus olhos cinza e tempestuosos em Karina e a garota engoliu em seco. Aquela menina parecia ter uma aura de líder, muitos a cumprimentavam enquanto passavam como se ela fosse a filha do dono daquele lugar. Ela deveria ser muito popular. Karina, na verdade, estava secretamente admirada com ela. Karina nunca tinha sido líder de nada, mas deveria ser legal ter vários amigos daquele jeito e até, huh, um namorado. Ela nunca havia beijado ninguém.

– Ah, eu irei então...

– Piper! – Interrompeu Karina. Mais ela só riu.

–... Eu a deixarei em seus cuidados Annabeth, ela é novata. – Piper despediu-se de ambas. Ela murmurou algo sobre comer a comida dos deuses e logo Piper se afastou em direção aos chalés. Karina olhou para a loira, a tal Annabeth. Ela a observava como se estivesse tentando ver algo além da menina.

Por fim, Annabeth sorriu em tom amigável.

– Oi. – Murmurou ela. – Como é seu nome?

– Karina. Somente Karina.

Annabeth gesticulando para o acampamento inteiro.

– Bem Karina, vamos. Eu irei lhe apresentar ao acampamento. Não se preocupe você está em boas mãos.

Karina colocou os olhos na faca que ela carregava. Parecia ser muito afiada, murmurou um “certo” inseguro e seguiu Annabeth a alguns passos atrás. A loira mostrou a Karina tudo, começando com os chalés.

– Cada um fica no chalé de seus pais olimpianos. Antes eram somente doze, mas agora também tem os deuses menores. Do outro lado, no acampamento romano, você fica em coortes. – Explicou ela.

– E de qual eu sou então?

– Vamos saber na hora da fogueira.

– Sei. – Resmungou Karina.

Ela apresentou todos os chalés, o oito parecia legal. Era prateado e Annabeth tinha dito que pertencia a Deusa Ártemis. Karina se lembrava daquela deusa, ela ouvia historias gregas em provas da escola e ela era a deusa dos animais selvagens e da caça. Seria legal ser filha dela... E então Annabeth diz que ela não tem filhos e suas seguidoras, as Caçadoras, não podem namorar. Karina perdeu o interesse rapidinho. Sua mãe não era normal, mas era o suficiente para ser considerada por Annabeth uma mortal, então o olimpiano era seu pai.

Annabeth apresentou a garota o arsenal. Karina sentiu gelo descendo por sua espinha, a arrepiando, mas também ficou impressionada com todas aquelas armas. Annabeth tinha dito que as armas tinham sido usadas por heróis ao longo dos anos, e que muitos eram armas famosas. Karina não tocou em nada.

Annabeth a avaliou novamente, com a testa franzida.

– O que? O que foi?

– Sou filha de Atena, deusa da sabedoria e da estratégia. Escolher armas para os outros semideuses é um trabalho nosso. Somos bons nisso. – Murmurou ela, distraída.

– Oh, legal. Vou ter que usar uma arma.

A loira sorriu.

– Não se da bem com elas?

– Digamos que nunca fui fã de matar.

Annabeth parecia estar se divertindo. Ela pegou uma espada longa, de ouro e a estendeu para Karina. Era pesada, e não era nem um pouco boa para a menina. Annabeth tinha dito que era porque Karina era nova, nunca havia treinado, que com o passar do tempo pegaria o jeito com qualquer uma e que estava no sangue dela lutar.

– Ah, não. Eu vou morrer fácil. Tenho TDAH e...

– E é por isso que é especial. – Interrompeu a loira, guardando a espada de ouro. Karina não entendeu, mas soube de algum modo que aquela questão seria respondida para ela. Mais cedo ou mais tarde. Se Annabeth, a menina que parecia ser a líder de quase todo o acampamento meio-sangue estava dizendo aquilo, Karina que era novata não iria discordar.

– Hã... É muita coisa para pensar. A verdade? Não acredito em nada disso.

Annabeth riu. – Sei como se sente. Mas, se for de consolo, essas armas não matam mortais comuns. São de bronze celestial ou ouro imperial, passam direto. Só acertam monstros.

– Piper disse isso. – Lembrou-se Karina.

Depois de muito tempo para achar uma arma, ambas concordaram que as armas de ouro eram muito pesadas e passaram para as de bronze. Karina se lembrou das dicas que Annabeth dava. Ela se lembrava de como era rápida na educação física e estava confiante que uma adaga de bronze celestial seria o suficiente. Além disso, era pequena e curta, o que queria dizer que ela poderia escondê-la e manter ela fora de sua vista quando estivesse se recompondo. Ela não acreditava que estava segurando algo afiado, ela poderia matar alguém e isso não seria muito legal.

– Vamos, vamos ver Quíron.

Eles já estavam perto da casa azulada quando Karina franziu a testa para Annabeth e a fitou, lembrando-se da pergunta que agora estava em sua mente, como se fosse feita de neon. Aquilo tudo deveria ser um sonho, e então Karina soube que era bom “embarcar na onda” e acabar logo com esse pesadelo.

– Quem é Quíron?

– O quanto sabe de mitologia, grega ou romana? – Perguntou à loira.

– Os deuses que me lembro são: Zeus, Hera, Poseidon, Hades e Ártemis. Somente.

Trovoes simbolizaram no céu.

– Nomes são poderosos. Mas sim, esses são alguns dos deuses gregos. Os deuses romanos são como se fosse o outro “lado” dos deuses, com características e tributos diferentes. – Ela murmurou.

Annabeth entrou depois de dar somente uma batida na porta. Parecia que ela já era mais que bem vinda naquela casa. Havia uma lareira, uns sofás e, mais adentro, a casa se desenvolvia. Era enorme, contando também com um sótão. Talvez... Uns quatro andares? Ali deveria ser o Quartel General de todo aquele lugar, como a sala do diretor da escola. Karina conhecia a sala de seu antigo diretor como a palma de sua mão, sempre ele guardava chocolates da terceira gaveta da mesa. Embaixo de computador era onde ele deixava as provas para copiar e depois distribuir no dia seguinte. Ela tinha gabaritado duas provas daquele jeito, se encrencava um dia antes e logo descobria as respostas. Em casa era somente estudar para respondê-las. Era muito fácil.

– Bem vinda à Casa Grande.

A primeira coisa que Karina notou foi um homem de meia-idade, cabelos castanhos e em uma cadeira de rodas. Uma garota conversava com ele, mas parou quando fitou Annabeth. Ela deu um sorriso pequeno, tinha sardas, olhos verdes e cabelos ruivos e cacheados. Sua camisa dizia “Adrenalina nas Férias, sempre em Long Island” mais parecia ter sido pintado com tinta, em várias cores. Parecia também que a borda das calças da menina tinha servido de cambo de batalha para marca-textos verdes, ela usava um casaco de capuz xadrez e bebericava uma Coca.

– Annabeth! – A ruiva alargou um sorriso.

O homem da cadeira de rodas sorriu, indo até elas.

– Oi Rachel. Oi Quíron. Está é Karina, ela é uma novata.

– Oh, bem vinda pequena. Determinada ou Indeterminada? – Ele ergueu os olhos para a loira depois de falar com Karina.

– Indeterminada. Mas chegou com Piper, então acho que seu parentesco será grego.

– Como assim?

Karina não gostava de ser ignorada.

Ela não sabia o que tinha de importante, tinha uma aparência muito normal: cabelos castanhos, quase avermelhados e olhos de um dourado que parecia ouro e claros, sua pele era um pouco morena pelos dias de praia que tinha levado e não tinha nenhuma característica marcante como os outros. Annabeth tinha belos olhos cinzentos e um cabelo loiro cheio de belos cachos, Piper era linda por natureza. Cada um parecia ter algo de especial. Ela não tinha.

– bem, normalmente quando o semideus é romano, ele vem sozinho e alega ter encontrado uma casa com lobos. É a matilha de Lupa, que guiam os semideuses para o acampamento Júpiter. Ou então chegam sabendo o básico e com uma carta de recomendação no caso de algum parente na família que já tenha feito parte da legião romana. Semideuses gregos são achados por sátiros nas escolas, ou raramente por outros semideuses, como Piper lhe achou.

– Hm... Mas?

– Alguns que são achados por semideuses gregos acabam sendo nomeados romanos. Se até a hora da fogueira ele não for reclamado, ou seja, se seu pai olimpiano não o reconhecer, quer dizer que é romano. É assim que funciona agora. Também lemos os agouros. Mas se tiver a carta é automaticamente romano. – Ela explicou e Karina notou que quando ela queria explicar algo, ela acabava se empolgando um pouco.

– Entendi.

– Então, você tem uma carta? – Rachel perguntou.

– Ah, não. Sem cartas nem entregas especiais. – Karina riu sem graça, erguendo as mãos.

– Você parece não acreditar, pequena. – Disse Quíron.

– Não acredito. – Suspirou ela. – Não sei nada sobre gregos ou romanos, nada sobre mitologia. Não acredito em nada disso.

– Você aprenderá aos poucos, não se preocupe.

Quíron se recostou na cadeira. Ele emendava uma aura tranquila, fazia Karina se sentir aconchegada como se ali fosse sua casa. Ou a casa que ela queria ter. Queria ter uma mãe responsável, que ligasse para a filha e não para vários homens ou bebidas. Queria ter uma casa legal, como aquela.

– Essa é Rachel Elizabeth Dare. Ela é o oraculo do acampamento. – Apresentou Annabeth.

– Como uma vidente?

Rachel encolheu os ombros. – Bem, digo profecias. O espirito de Delfos rouba meu corpo e eu falo várias coisas que não faz sentido para ninguém. Mas não tenho um caldeirão mágico e nem bola de cristal.

Ela não parecia frustrada. Parecia estar tomando sua coca como se fosse um dia qualquer no recreio da escola, como se tudo aquilo fosse normal para ela.

– Você é semideusa?

– Não. Sou mortal. Mas Delfos aluga meu corpo, então passo as férias aqui. Sempre precisam de mim e sempre é divertido. – Ela riu.

Aquele lugar definitivamente era estranho. E isso só piorou quando Karina descobriu que Quíron tinha um traseiro de cavalo branco. Ela sabia o que ele era, mas demorou a lembrar do nome. Centauro. Metade homem, metade cavalo. Annabeth contou a ela que tinha sido Quíron que havia treinado Aquiles, Héracles e outros semideuses famosos.

– Para onde vamos mesmo?

Karina acompanhava Annabeth. A loira parou no edifício que a menina reconheceu sendo a Arena. Annabeth sorriu.

– Você chegou a um momento ótimo, todos os conselheiros de chalés reunidos em um só lugar. – E então ela entrou.

Karina a seguiu. O lugar era enorme, como um campo e meio de futebol. Havia alguns garotos ali, mas somente dois de camisa roxa estavam lá. Annabeth não perdeu tempo para apresenta-los. Karina se sentia envergonhada, não gostava nem um pouco de multidões. Gostava de baladas, era divertido. Mas nas festas ela não precisava conhecer ninguém, somente tinha que dançar, beber e tomar cuidado com sua carteira. É. Karina era parecida com sua mãe. Mas ela estava decidida não acabar como ela.

– Gente, está é Karina. Ela é nova no acampamento e, antes que pergunte, ela é indeterminada.

E então veio uma maré de rapazes e meninas, incluindo Piper. Annabeth fez questão de apresentar Karina a todos eles, um por um. O primeiro era loiro, alto e tinha pele morena com olhos cristalinos e azuis. O tipo de garoto confiante e que sempre faz o dever de casa assim que chega da escola. Ele segurava uma espada que, pelo que ele tinha dito, era um gladio. Sua camisa era laranja.

– Sou Jason Grace, Filho de Júpiter. – Ele indicou o chalé enorme, com raios gravados na porta. – Representante do chalé 1.

– Hã... Posso ser nova e não saber nada sobre mitologia, mas Júpiter não é romano? – Ele concordou com a cabeça. – Você é romano. E está no acampamento grego.

Ele sorriu.

– Eu escolhi o acampamento meio-sangue. É uma longa historia, mas a metade do motivo é por causa de Piper.

– Piper? Piper McLean? – Karina apontou para sua amiga. – Esta Piper?!

Ele assentiu.

– Você não me disse que namorava!

– Você nunca perguntou. – Piper sorriu, dando uma piscadela para Karina. O que a deixou mais irritada ainda. A menina cruzou os braços, mas não conseguia ficar realmente irritada com Piper. Ela era realmente sua amiga. Sua melhor amiga.

– Okay... Karina, o chalé 2, o de Hera, é honorário. Ela é a deusa do casamento, então não tem semideuses. Ela nunca trai Zeus. – Annabeth falava como se fosse um mau agouro. Ela olhou desconfiada para o céu, e Karina sabia que por algum motivo ela não gostava da tal Hera. Falava com se quisesse pegar sua adaga e jogar para os céus. Totalmente agressiva.

– Certo. – Karina falou, tentando fazer Annabeth parecer menos apavorante. Por um momento, Karina pensou que tinham realmente tempestades em seus olhos. E sabia que não seria legal presenciar um ataque de raiva da Annabeth.

E então a loira sorriu, como se tivesse se lembrado de algo muito bom. Novamente ela estava feliz, estava... Corada.

Um garoto moreno estendeu a mão para Karina, dividindo sua atenção para ele. O garoto tinha cabelos negros desgrenhados e levemente desarrumados, olhos verde-mar e um sorriso torto. E Karina corou instantaneamente.

– Sou Percy Jackson. – Uma espada de bronze estava pendurada em seu cinto. Ele agarrou a cintura de Annabeth a puxando pra ele e então Karina entendeu porque ela estava corada. Esse tal garoto era o namorado dela. – Sou o representante do chalé 3, filho de Poseidon.

– Prazer. – Até mesmo Karina corou. Ele era mesmo lindo. Ela sempre tinha sonhado com um namorado daquele jeito. Mas não iria roubar o namorado de Annabeth, não era esse tipo de garota. Se não fosse para ela namorar, então ela não iria namorar. Não iria passar por cima das pessoas para conseguir algo. Não era esse tipo de pessoa.

Uma menina se adiantou, tirando Karina de seus pensamentos. A menina tinha cabelos cacheados e castanhos, olhos verdes como se estivesse refletindo uma floresta. Um sorriso amigável. Uma rosa enfeitava seu cabelo.

– Sou Katie Gardner, o chalé 4 é o meu. Minha mãe é Deméter, a deusa da agricultura. – Ela sorriu.

Karina sorriu, tentando ser amigável também.

Uma garota emburrada se apresentou. Ela tinha cabelos curtos e castanhos, cobertos por uma bandana. Era o tipo de garota que poderia facilmente aprender qualquer tipo de luta. Uma valentona, o tipo que aparenta atormentar qualquer um que estiver em seu caminho.

– Sou Clarisse. Filha de Ares. – Ela pontou para um chalé mal decorado. Era pintado de vermelho, como se tivessem jogado tinta, somente para dizer que tinham pintado. Havia uma cabeça de porco empalhada no alto da porta e o teto era de arame farpado. O seu chalé era o 5. Karina torcia muito para seu pai, seja qual for, não fosse Ares. Ela não era nem mesmo fã de armas, quanto mais de guerras.

– E você já me conhece. Annabeth Chase, filha de Atena. Chalé 6. – Sorriu a loira de olhos tempestuosos. Ainda agarrada com Percy. Até mesmo Piper estava ainda agarrada com o tal Jason. Todos ali pareciam ter namorados.

– Chalé 7, estou aqui. – Sorriu um menino louro. Olhos dourados e com um arco e flecha nas costas, camisa laranja. – Meu nome é Will Solace, filho de Apolo.

Ele deu uma piscadela para Karina, e então voltou para seu canto. Karina o fitou meio confusa. Ele era mesmo bonito, como um modelo. Mas Karina não tinha sentido nada por ele. Sabia disso.

Será que eu sou anti-namorável?! Não podia ser possível! Pensou ela. Sim, Karina estava mesmo carente.

– O chalé 8 é de Ártemis, acho que já sabe. Minha irmã, Thalia Grace, normalmente é quem a representa. Ela é a tenente das Caçadoras. – Disse Jason e então ele encolheu os ombros. – Ela não está aqui. As Caçadoras são independentes dos acampamentos.

– Hey, meu nome é Leo Valdez. Sou o conselheiro do chalé 9, filho de Hefesto. – Ele deu uma piscadela para Karina. O garoto tinha pele morena e cabelos encaracolados, orelhas pontudas e parecia ser totalmente movido a açúcar e cafeína. – Máquinas e engrenagens são comigo.

A garota ficou corada. Piper deu uma cotovelada nela, sorrindo. Ela se aproximou do ouvido de Karina.

– Nem adianta. Leo namora Calipso.

– Eu não falei nada. – Emburrou-se ela, adotando novamente seu estado de “barreira” para conter qualquer sentimento seu. Ela não iria ter amizades com mais ninguém. Piper tinha se mostrado uma boa amiga. Ela sabia que deveria tentar criar amizades, mas iria se decepcionar novamente. Como sempre acontecia quando alguém virava “amigo” dela.

– Bem. – Continuou Piper. – Você já me conhece, sou sua amiga. Filha de Afrodite, chalé 10.

– O rosa? Você nunca gostou de rosa. – Murmurou Karina.

– Nunca gostei. – Concordou ela. – Mas Afrodite é mesmo minha mãe. Digamos que sou mais... Rebelde que o resto de meus meios-irmãos.

Jason agarrou a cintura de Piper, a apertando mais contra si. – Eu gosto dessa sua rebeldia. – Sorriu ele. Karina viu a própria amiga corar. Ela tentou disfarçar aquilo num sorriso tímido, e então deitou sua cabeça no peito dele. Karina achou aquele momento meio meloso.

– Eu sou Travis Stoll. – Apresentou-se o garoto de cabelos castanhos. Ele tinha o tipo de rosto que daria arrepios até mesmo no diretor mais severo. O tipo de menino que seria posto numa cadeira da frente e o qual os professores recolheriam as tesouras e as lapiseiras. – Meu chalé é o 11, sou filho de Hermes. Normalmente os novatos ficam lá.

– Por que...? – A ideia de ficar num chalé com ele dava arrepios a Karina. Indicavam que não daria certo, que não seria coisa boa.

– Hermes é o deus dos ladrões e dos mensageiros. – Ele deu de ombros. – E como também deus dos viajantes, ele aceita os novatos até que os deuses o reclamem. É um bom lugar para ficar. Não é tão apertado quanto antes.

– Hm... – E foi nessa hora que Karina queria que aparecesse um sinal, indicando de quem ela era filha. Não ficaria nem mesmo uma hora no chalé com aquele menino. Ele tinha uma expressão de muita encrenca, do tipo que você acumularia desde os dois anos de idade.

– Eu sou Pollux. Chalé 12, filho de Dionísio. Ou Sr.D. – Murmurou o garoto.

– Sr.D? – Repetiu Karina. Será que eles chamavam os outros deuses por apelidos assim também? Hefesto de Sr. H, Poseidon de Sr. P? Ela duvidava muito.

– Ele gosta de se chamado assim. – Pólux deu de ombros.

Metade dos meninos de camisa laranja bufaram, principalmente Percy que completou com uma revirada de olhos. Por motivos desconhecidos para Karina. Um trovão cruzou os céus, mas foi meio que ignorado.

– Me diga... Proibido bebidas alcoólicas, certo? – Perguntou a garota, receosa.

– Aí é com Travis. Normalmente os filhos de Hermes disponibilizam esses tipos de coisa. Uma vez a cada seis meses, então nós temos de aproveitar. – Sorriu o garoto filho do deus grego das festas.

Karina ficou muda enquanto os outros escondiam os risos. Ela olhou de realce para Travis, que comprimia o riso de todos os modos possíveis e até mesmo impossíveis.

– Hey, não olhe para mim assim. Eu também contrabandeio chocolates e doces variados. – Travis ergueu os braços.

– O chalé 13 é o chalé de Hades e não tem conselheiro, apesar de Nico ainda vir no acampamento algumas vezes. – Murmurou uma menina de camiseta roxa e cabelos encaracolados. Os olhos dela eram tão dourados quanto às pepitas de ouro. – Ah, meu nome é Hazel Levesque. Filha de Plutão e, de certo modo, meia-irmã de Nico.

Demorou um pouco para entender como aquilo funcionava. Sobre como os gregos tinham dupla personalidade de modo exagerada. E o fato de Jason e Thalia serem desse modo, um filho de Zeus e outro filho de Júpiter, mas ainda sim irmãos de sangue e de mesma mãe confundia mais ainda a cabeça da menina.

– E eu sou Frank Zhang, filho de Marte. Que corresponde a Ares em grego. – Ele deu um sorriso tímido.

Frank não parecia nada ameaçador. Não como a aura que Clarisse emanava. Ele sorria de modo tímido e, por outro lado, fofo. E ela logo soube que ele era namorado de Hazel. E então veio o que Karina pode chamar de “Aulas Básicas de Gregos que você é obrigado a saber”. Ou na língua deles a história dos Três Grandes. Em que Zeus, Poseidon e Hades tinham feito um acordo de não ter mais filhos e, por incrível que pareça, nenhum deles cumpriu a promessa por muito tempo. Bem, eles eram irmãos. Não era de se esperar que concordassem totalmente com esse acordo. E, para terminar, darem a noticia que semideuses não viviam por muito tempo. Os romanos eram mais propensos a viverem mais, graças à Nova Roma. Até mesmo ter uma família. Os gregos também acabavam indo morar lá, então tinham “dividido” a cidade tanto para gregos como para romanos. Mas muitos ainda morriam nas missões.

– Impressionante. – Karina murmurou, nada entusiasmada. – Estou ansiosa para minha primeira missão.

Annabeth, Piper e os outros sorriram.

– Crianças, seu juiz chegou! Se arrumem logo para começar esses jogos e, ah, certo... – Karina virou-se na direção da voz.

Um garoto de cabelos ruivos e encaracolados cobertos por um gorro, uma barba rala, e com... Pés de bode? – Vinha na direção deles. Ele estava acompanhado de uma menina e um rapaz. A menina tinha cabelos castanhos e escuros, uma coroa de flores e folhas estava em sua cabeça e ela tinha sardas pelas maças do rosto. Usava um vestido fino e verde e um xale por cima, estava descalça e era pálida. O garoto tinha cabelos loiros, olhos castanhos escuros e vestia uma jaqueta verde por cima de uma camisa marrom e calças jeans. E ele estava claramente emburrado.

– Você tem pés de bode? – Murmurou Karina, precisando piscar os olhos. Uma vez ela tinha bebido gasolina, mas ela não achava que deveria ser uma consequência disso. Havia se passado muitos anos e aquela não tinha sido uma boa experiência para a garota.

– É sátiro. – Disse o garoto. – Bem, pessoal, esse é Neal e ele é novato.

E então correu tudo uma apresentação novamente. Assim que terminaram, todos os conselheiros se reuniram em um circulo. A tal garota que tinha vindo com eles havia se apresentado. Ela se chamava Júniper e era uma dríade. Namorada de Grover. É, parecia que todo mundo namorava naquele lugar. Menos Karina.

– A Sra. O’Leary está passeando com Nico. Irão voltar à noite. – Karina ouviu Percy dizer no círculo. Ela não fazia ideia de quem era ela, mas tinha um mau pressentimento. A sensação que não gostaria de sabe sobre ela.

Karina fitou o garoto que observava o chão de areia com bastante interesse. Ele chutava a terra com os tênis, claramente entediado.

– Oi, meu nome é Karina.

– Neal. – Murmurou ele sem desviar os olhos para fita-la. – Me desculpe... Só não acredito nisso. Não acredito que meu amigo de escola, Grover, era um sátiro e não acredito nisso tudo.

– Somos dois. – Resmungou Karina.

Neal sorriu. Ele parecia ser somente um ano mais velho que Karina. Parecia ser divertido, amigável.

– Acho melhor vocês irem para lá. – Júniper apontou para uma pequena área que seria um lugar para guardar armas. Hesitantes, eles seguiram para aquele local no momento que Grover, o sátiro, anunciava:

– Agora vai começar a competição. Será como o capture a bandeira, não vale aleijar e o ultimo que sobrar será o vencedor.

E então Karina presenciou uma cena que ela não veria todos os dias. Eles lutavam um a um, o perdedor saia do “jogo” como eles chamavam e o vencedor continuava. E então vinha outra partida com mais dois jogadores até terem eliminado metade dos competidores. Os últimos na batalha eram Annabeth, Percy, Hazel e Leo.

E então a luta foi Percy contra Leo e Annabeth contra Hazel. Karina e Neal ficaram claramente em estado de choque quando viram chamas dançando nas mãos de Leo. Ele havia tirado um martelo do cinto de ferramentas que ele usava – como ele fez isso, Karina não sabia – e o martelo literalmente pegava fogo em suas mãos. Percy ganhou a luta usando uma ilusão – supôs Karina – de controlar a água. Tinha que ser algum tipo de mágica. Bem, o principal foi que Percy iria para a final.

Hazel e Annabeth lutavam ferozmente. A garota de olhos dourados usava uma espada que normalmente um cavaleiro usaria. O tipo que se usa para atacar em cima de um cavalo. Annabeth continuava com sua faca de bronze. Hazel desviava, Annabeth bloqueava, a morena investia, a loira acertava. E nisso tudo terminou com a vitória da filha de Atena.

– Luta final, Percy contra Annabeth!

– Eles não são namorados? – Perguntou Karina.

Piper sorriu. – Algo contra? Percy e Annabeth sempre lutavam juntos desde pequenos e fazemos esse jogo para saber e aprender novas técnicas de luta. – Explicou a filha de Afrodite.

– Jogo? – Repetiu Neal ao mesmo tempo.

– Isso não tem sentido! – Exclamou Karina.

A luta foi dura. Eles lutavam com tudo que tinham, sem diminuir o ritmo nem a intensidade. Por um momento pareciam que lutavam para machucar mesmo, mas a garota sempre via uma hesitação em Percy e outra em Annabeth. Em um momento de tensão, a loira tinha sua espada no pescoço de seu namorado, mas o jogo foi virado com uma simples rasteira. Annabeth não caiu, ela simplesmente saltou para trás. Quando Karina achava que não iria terminar nunca, eis que uma espada voa na direção da menina. Ela sufocou um grito quando a espada se cravou no chão bem perto de seus pés.

Uma espada de bronze. Percy havia perdido?

Quando a poeira baixou Karina fitou uma cena que a fez ficar de queixo caído. Percy tinha arrancado de algum modo, a arma de Annabeth quando perdeu a dele e apontava para o peito da loira. Ambos estavam ofegantes e suados com a luta. Nenhum deles se mexeu até Annabeth abrir um sorriso tímido. Percy deixou cair à adaga no chão e sorriu para ela também.

– Você lutou bem, Cabeça de Alga. – Disse a filha de Atena.

– Você também, minha Sabidinha. – O sorriso de Percy passou de “normal” para torto. um brilho brincava em seus olhos. E então Annabeth lhe roubou um beijo tímido e pegou sua adaga. Restou somente o sorriso sincero no rosto do moreno.

– Eu não vou fazer algo assim, vou? – Karina não acreditava que ela teria que lutar contra alguém ou contra algo.

Piper sorriu. – Vamos pequena, talvez... – A expressão da amiga de Karina deu lugar à surpresa. Ela olhava par um ponto perto da garota, mas não em si. Seguindo seu olhar deparou com um Neal iluminado por uma luz em cima de sua cabeça.

– O que? O que é isso? – Murmurou ele, tentando soar controlado.

Neal estava desesperado. Ele passava a mão pelo cabelo tentando apagar a luz que brilhava em sua cabeça. Era um sol brilhantemente iluminado. O símbolo sumia aos poucos e lentamente Neal tentava se acalmar. Karina estava pasma. Aquilo tinha sido sua imaginação? Não, ela descartou logo essa hipótese. Todos eles não podiam ter tido a mesma ilusão, certo? Isso era algo individual. Ela pensou no fato de que poderia ser o reflexo dos raios de sol, mas parecia muito real para ser verdade.

– O que... Ele... – Karina perdeu a voz.

– Isso é ser reclamado. – Disse o loiro, Will, passando o braço pelos ombros de Neal e voltando a dar uma piscadela para Karina. – Bem vindo ao grupo, maninho.

– Maninho? Eu sou filho único! – Disse Neal.

Will fez um sinal de “tanto faz” com a mão e voltou seu sorriso torto e brilhante para o seu rosto. – Escuta, vamos comigo que eu explicarei tudo para você. Os deuses do Olimpo não têm... Como posso dizer? Regras sobre sem traições... Exceto Hera, deusa do casamento. Eles têm filhos com vários mortais e esses filhos...

E lá se vão eles. Karina ficou com dó de Neal por ele ter que ouvir toda aquela ladainha sem sentido.

– Vamos também Karina, mostrarei a você o chalé 11. – Sorriu Piper.

Karina soube que naquele momento em diante, seu mundo nunca mais seria o mesmo. Ela nunca quis encostar-se a algo que machucasse outras pessoas, mas não demonstrava seus sentimentos com facilidade. Ela sempre sonhou em terminar, pelo menos, o ensino médio e arrumar um emprego em uma loja pequena. Sonhava em juntar dinheiro para quando completar 18 anos comprar uma casa para si mesma e tentar subir na vida. Certamente com a sua mãe naquele estado ela não chegaria longe, tampouco com suas notas de escola.

Mas agora não era culpa de sua mãe todos os seus sonhos ter ido por água a baixo. Era culpa de seu pai.


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Notas finais do capítulo

E então povo? Capih meio meloso? A ação de vdd só vai começar a alguns capihs. Gostaram do Neal? Eu achei ele fofo quando criei ele >.< O proximo capíh era para ser do "novo" integrante do trio. Até agora vocês sabem que os integrantes são Noah e Karina né? Falta mais um... (Se não sabiam, agora sabem xD ~sorry) - Maas, voltando ao assunto! É essencial que o próximo capih seja Noah. Então quem gostou dele pode sorrir de alegria :D