A Lira da Verdade escrita por Anns Krasy


Capítulo 11
Capítulo 11 - Karina


Notas iniciais do capítulo

Demorei? ;-;
Bom, pelo menos fiz um capiih legal e grande com uma revelação legal também... Hei, quem vcs achavam que era o pai de Karina antes desse capiih? Falem sem mentir ok? ;) (se vão falar...) - Genteeee! É triste ficar com o pc sem funcionar! Meu Deus! É tristeee!! T^T
>> Aviso nas notas finais!!



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K

A

R

I

N

A

Karina não havia conseguido cochilar. Ela estava cansada e agora sentia a adrenalina saindo de seu corpo e a deixando lá, exausta. Ela começaria o tal treinamento no dia seguinte, então tinha o resto da tarde para descansar. Mas não conseguia. Ela havia trazido o celular e ele estava jogado na cama com um número em destaque. Em cima estava escrito “Mãe”. O aparelho estava no silencioso, e somente agora a menina pode ver três chamadas perdidas de sua mãe. Ela tinha parado de tentar ligar para Karina? Talvez estivesse pensando que a garota estaria pela cidade, zanzando por ai.

Karina observava a tela, mas não conseguia erguer a mão para discar o telefonema. Porque não saberia o que dizer a sua mãe e que naquele instante, Karina sentiu sobre suas costas o peso daquele farto. Meio humana e meio deus? Ela ainda queria acreditar que aquilo era uma piada, mas não conseguia. De algum modo seus instintos não apitavam, não alertavam que ela estava fazendo algo ruim quando segurava o punho de sua nova adaga. E agora ela se sentia mais confiante, e percebia como ela estava vulnerável todos aqueles anos no mundo mortal sem tocar em uma única lâmina. Agora, aquilo era uma visão desconcertante e bem distante.

Lany havia ido treinar então a garota não sabia o que fazer. Ela odiava estar trancada então saiu pela porta do chalé e caminhou sem rumo pelo acampamento. Ela observou as plantações de morango e os sátiros que passavam por perto. Ela achou a entrada para a praia e resolveu que seria um bom lugar para pensar.

Pariam décadas que tinham se passado. Karina ainda estava sentada em uma das dunas de areia e olhava o sol ganhando cor de vermelho no horizonte. E ela teria ficado assim, se não tivesse sentido alguém tocar sem ombro. Ela se virou com um pulo, e não deixou de corar. Mais uma vez ela se perguntou como Annabeth era sortuda. Aquele garoto realmente era bonito. Karina ficou em dúvida se o cheiro de maresia vinha dele ou do oceano. Seus cabelos estavam molhados, talvez por causa de um banho. Ele segurava sua espada e agora tinha dado um pequeno sorriso para Karina.

– Você é aquela garota, certo? A garota que Sabidinha tinha levado a arena. – Disse ele.

– Sabidinha? – Karina franziu a testa.

– Desculpe. Annabeth. Foi você quem Annabeth havia levado, certo? – Ele se corrigiu, sentando-se na duna ao lado da garota.

Ele havia apelidado ela de Sabidinha? Ah, Karina havia se lembrado. Sim, ele tinha chamado Annabeth daquele jeito na arena. Karina agora se sentiu sem graça. Não era diferente de uma garota normal. Tinha cabelos castanhos sem graças, e olhos mais sem graça ainda.

– Sim. Fui eu. – Ela respondeu.

– O que faz aqui? – Ele perguntou.

Ela demorou em achar uma resposta. Na verdade, não havia achado nenhuma resposta. Então deu de ombros olhando o céu por um tempo, até que criou coragem para perguntar o que estava incomodando-a tanto.

– Então... Foi você quem liderou o acampamento na Guerra de Manhattan?

O moreno sorriu. Percy. Seu nome era Percy. Karina havia lembrado. Melhor ainda, como poderia ter esquecido o nome dele? – Ele havia ficado sem graça e tinha dado de ombros até que finalmente abriu a boca para responder.

Nada como outra boa história surreal...

– Somente naquela ocasião, mas Annabeth e meus amigos ajudaram-me bastante. Havia uma profecia sobre essa guerra. Ela citava um filho dos três grandes, um meio-sangue, que chegaria aos dezesseis anos. Na volta de minha segunda missão, ajudei Clarisse a trazer o Velocino e Thalia foi “expulsa” da árvore. Então viraram dois semideuses dos três grandes, eu e ela. Thalia virou Caçadora e agora tem quinze anos para sempre. E então veio Nico e Bianca, filhos também dos três grandes. Mas Nico era muito novo para ser o meio-sangue da profecia. A profecia dizia que uma lâmina ceifaria a alma de um herói, e sua morte seria a salvação ou a destruição do Olimpo.

– Mas você ainda está vivo. – Disse Karina. Ela não pode se conter.

Percy sorriu. – Eu não era o herói da profecia. Era Luke, um filho de Hermes. Ele era um grande amigo meu, e me traiu. Ele se aliou a Cronos, e o titã o usou para levar a guerra ao Olimpo. Eu sentia raiva dele por isso, mas no fim também aceitei o fato de ele ser um herói. Ele se sacrificou para o bem do Olimpo e do mundo. Naquela guerra tiveram muitos sacrifícios, mas morreram com honra.

Eles ficaram em silencio por um tempo. Aquilo era muita coisa. Nico. Ela já tinha ouvido esse nome antes. Nico e Bianca? Quem era Bianca? E o que havia acontecido com ela?

– E essa tal Bianca?

Percy fitava o mar em silencio. – Ela tinha se juntado as caçadoras, mas acabou morrendo. Não pude cumprir a promessa que fiz a Nico.

Haviam morrido muitos naquela guerra? Era difícil saber, e ela não queria se intrometer de mais nos pensamentos de Percy.

– Todos os semideuses morrem assim? Em missões e em guerras? – Karina pode ouvir sua voz falhar. Naquele momento ela tinha dado outro pulo quando outra mão pousou em seu ombro. – Piper?

A menina deu um sorriso fraco e acenou com a cabeça para Percy. O moreno se levantou e apontou para a arena, falando algo sobre logo ser a janta e para se prepararem para a fogueira. Foi à vez de Piper se sentar ao lado da garota que olhava para a areia no chão.

– Karina? – Assim que Piper conseguiu a atenção da amiga, sorriu. – Antes essa era a vida dos semideuses. Mas quando nos tornamos adultos, vinte anos no mínimo, podemos criar uma vida em Nova Roma. Que agora é uma cidade mista. Entende?

Karina umedeceu os lábios e negou levemente com a cabeça. Ela poderia ter parecido segura algum tempo atrás, mas agora não estava. – Eu estive vivendo numa linha bamba todo esse tempo? É isso?

– Não. Antes de descobrir que era uma semideusa, você vivia. Eu não imaginava que alguém como você tivesse uma vida complicada daquele jeito... Você deu duro, mas teve momentos bons. Não foi, Karina?

Ela assentiu, distraída em algumas lembranças. Quando era pequena, sua mãe ainda não tinha despertado o amor por bebidas. Ela sempre lia historias para que Karina dormisse, com aventuras e tesouros enterrados. Passeavam e naqueles dias a mãe dela era uma pessoa dedicada e protetora. E então um homem havia aparecido na porta e desde aquele dia sua mãe havia se perdido para sempre. Primeiro se afastando aos poucos, depois faltando às reuniões de escola e trabalho. Foi demitida. A ligação entre as duas foi cortada e cada uma tomou um rumo diferente na vida. Karina para um lado, enquanto sua mãe ia para outro. Mas mesmo assim sempre retornando para o ponto principal, onde se encontravam uma hora ou outra. A sua casa.

– Sim. Estava pensando em manter minha mãe, e conseguir afasta-la das bebidas, talvez. – Ela respondeu. – Ter um bom emprego... E agora, bem, acho que não irei ganhar muita coisa somente por matar monstros, certo?

Piper deu um sorriso falhado. – Vamos dar um jeito, O.K? Prometo a você.

Karina não deixou de sorrir. – Certo, então. Lembre-se: Você me prometeu.

No refeitório, a mesa do chalé 11 era enorme. Vários garotos e garotas se ajeitaram por ali, e na frente havia um prato vazio e um copo. Karina ouviu um garoto ao seu lado pedir uma pizza e um guaraná. A comida e bebida apareciam como se fosse mágica, o que havia deixado Karina de queixo caído. A mesma coisa parecia ter acontecido com Neal, já que ele parecia imóvel em meio a vários loiros e loiras na mesa do chalé 7. Lany empurrou Karina para o lado e se sentou.

– Não vai comer?

– Eu...

– É fácil! – A loira interrompeu. – Basta pedir o que quer comer.

Como se fosse para provar, Lânia pediu um prato variado e Coca-Cola. Karina pediu sua refeição, algo que não comia há muito tempo: macarronada. Sua mãe costumava fazê-la, e era delicioso. Ela quase cuspiu a comida quando viu que era o mesmo gosto que a de seu passado. Como se sua mãe tivesse feito par ela. Bebeu o suco de maracujá com beterraba e então se voltou para o resto da refeição.

Agora que ela havia notado bem, viu que eram mais de quatro mesas unidas juntas, um longo pano branco por cima e bordado por minúsculos caduceus. Duas das mesas eram garotos de laranja com suas sobrancelhas arqueadas e um sorriso que mostrava que qualquer coisa num raio de 1000 metros poderia ser roubado. Das duas mesas para lá, a maioria tinha cabelos castanhos e escuros, um olhar que parecia dizer duas coisas ao mesmo tempo. Do tipo que daria para você confiar e ao mesmo tempo manter distancia. Eles usavam camisas roxas. E eram filhos de Mercúrio, forma romana de Hermes.

E assim era em todas as mesas. Exceto a de Poseidon, onde só havia Percy; Zeus, que era onde Jason estava sentado; Hades, onde Hazel estava sentada; E as mesas de Hera e Ártemis estavam vazias. A de Atena era curioso. Metade da mesa estava ocupada somente por garotos e garotas de camiseta laranja. Por quê?

Lany deu uma cotovelada em Karina.

– A forma romana de Atena é Minerva. E Minerva é uma deusa virgem para os romanos. – Explicou à loira, como se lesse os pensamentos de Karina.

– Isso é confuso. – Grunhiu a garota, voltando a comer.

Depois da janta, Karina ainda caminhou um pouco. Era viu um garoto de cabelos encaracolados e olhos castanhos. Ele estava melado de graxa e parecia levar algo escondido em suas mãos, que permaneciam em forma de concha. Ele reclamou algumas vezes, até que se esgueirou entre um chalé e outro. Karina, curiosa, observou se ninguém a via caminhar até lá e então fitou o menino, que ainda não tinha percebido sua presença. Ela se lembrava dele, e parecia que seu nome era Leo.

– Olha bicar não é legal O.K? E você precisa de uma reparada e um novo disco de memoria, então fique quieto!

– O que tem ai? – Karina o interrompeu, observando-o conversar com suas próprias mãos. Ele deu um pulo, virando-se para ela.

– Ah... Você... É a novata, sim eu me lembro! – Ele sorriu. – Sou Leo Valdez, ao seu dispor!

– Não adianta. – Avisou Karina. – Eu vi você conversando com algo. Está em suas mãos.

Ela apontou para ele, encostando-se no chalé.

– O.K! – Ele cedeu, grunhindo. – Somente o resto dos Sete sabe certo? Então não saia espalhando por ai.

– Eu não saio soltando tudo o que descubro! – Resmungou a menina.

– Certo, certo.

Ele abriu as mãos. E Karina não sabia se estava encantada ou surpresa. Bem, ela já havia visto robôs em vários lugares, mas aquele não parecia ser controlado. Muito menos parecia ter um lugar para por baterias ou pilhas. Seus olhos eram de um dourado e centralizado num preto misterioso, e ele era feito de bronze. Era pequeno, como um pássaro normal.

– Incrível! Ele é...

– Um pardal. – Assentiu Leo, ainda o segurando para que não voasse por ai. – Ele é um autônomo de bronze. Está vendo seus olhos? São câmeras.

– É? E para que você faria um desses? – Karina perguntou.

– Não o criei, o encontrei em uma arvore e o capturei. Alguém estava filmando-nos, e eu ia rastrear, mas... Fiquei um pouco encantado. Outros autônomos não são muito reais como esse, exceto Festus, meu dragão de bronze. Mas eu queria ver como ele funcionava primeiro, sabe?

– Espera, você tem um dragão? – Karina franziu a testa.

– Longa história. – Ele deu de ombros.

O pardal de bronze emitiu um piado de pássaro e então Leo o cobriu novamente.

E então uns montes de campistas chamaram a atenção dos dois.

– O que é agora?

– Hora da fogueira. – Explicou Leo. Ele ainda entrou no chalé mecânico e voltou sem o pássaro, sorrindo para Karina. – Vamos?

*.*.*

Alguns dos romanos haviam ido para o acampamento deles logo depois de comerem. Alguns foram para a fogueira com a intenção de apreciar o show. O chalé de Apolo começou e, admitindo, eles eram melhores cantores que os romanos, filhos de Febo. Como os romanos eram melhores poetas que os gregos. Quíron também estava lá com seu habitual traseiro de cavalo branco.

– Hoje, como devem saber, chegaram quatro semideuses. Um deles já foi reclamado, o pequeno Neal, filho de Apolo, deus das poesias, do Sol e da música. – Ele fez uma pequena reverencia. Karina estava de queixo caído. Quatro? Em um dia só? E então Quíron apontou para ela e para mais duas pessoas. – Karina, Rose e Kaio.

Rose tinha cabelos castanhos, olhos negros como noite. Possuía pele cor de oliva, que perto da fogueira até parecia avermelhada. Ela usava uma camisa verde escura e jeans, além de um gorro na cabeça. Tinha um olhar tímido e centralizado para baixo. Quando percebeu que quase todos a fitavam, ela corou. Um garoto loiro e emburrado aproximou-se dela, com uma faca pequena e... Bichos de pelúcia?

Ele entoou algo e ergueu os braços para cima, como se esperasse algo. O céu parecia esperar algo também, e isso fez uma Rose curiosa olhar para cima. Quando terminou, continuou fitando a menina. Tudo parecia ser normal para os outros, exceto para a garota, o tal Kaio que estava ao lado dela, para Karina e para Neal.

– O que ele está fazendo? – Sussurrou Karina.

– Não entendo muito bem até hoje, mas é algo como ler os augúrios. Normalmente é para saber se você é um dos nossos ou um romano. – Disse Lany.

– Nossa, ele assusta bastante com aquela faca! – Desdenhou uma filha de Ares. Alguns riram do comentário dela, inclusive Clarisse. Jason e Percy, que estavam mais a baixo, trocaram um olhar significativo e então riram juntos como se tivessem lembrado ao mesmo instante de uma velha piada.

Lany contou que antes era diferente, antes você tinha que ter um ursinho ou algo do tipo para ler os augúrios, mas que agora era a vontade dos deuses. Se a pessoa que tinha os augúrios lidos era romana, teriam uma resposta. Se não, era determinado pelos deuses gregos naquele mesmo instante. Por um tempo, o garoto de cabelos cor de palha pareceu um idiota com as mãos no alto. Ou melhor, ele tinha mesmo cara de idiota com ou sem os braços erguidos. No ultimo minuto trovões estouraram no céu, assustando Rose e Karina.

– Rose, você foi aceita na legião.

Uma menina de cabelos negros sorriu para ela, estendendo sua mão. Rose a aceitou relutante.

– Rose, primeiro ano de serviço! – Gritou a garota, que mais tarde Karina soube que se chamava Reyna. Rose engasgou-se com um grito quando os símbolos queimaram no braço dela. As letras SPQR e uma espada e uma tocha cruzadas além de uma linha. – Filha de Belona!

Os romanos presentes comemoraram com alguns comentários. Reyna pareceu feliz, então se abaixou para Rose.

– Bem vinda à legião, irmã.

– Irmã?! – Ela perguntou um pouco pasma e com a voz fina.

E então Rose foi cercada de romanos.

Foi à vez de Kaio. Ele tinha cabelos castanhos e claros, olhos marrons e escuros como terra e sardas pouco visíveis. Ele era novo, talvez uns treze anos. Os trovões gritaram novamente nos céus, e o garoto de cabelo de palha, chamado Octavian, ergueu seu braço.

– Kaio, primeiro ano de serviço! – Ele gritou, os romanos deram pequenas vivas novamente. Outro símbolo queimou em seu braço e esse era bem diferente da de Rose. – Filho de Ceres!

Karina ficou inquieta.

Todos olhavam para ela e o garoto de cabelos de palha que havia se aproximado dela. Na verdade, Karina não queria nenhuma tatuagem, nenhum símbolo e tampouco um serviço. Ele rasgou outro pobre ursinho e então ergueu novamente os braços. A garota se encolheu, fitando o chão. Parecia ter passado anos, quando uma luz cegou o tal Octavian e o fez tropeçar. Era uma luz dourada e a garota viu Lany soltar um “Oh” de surpresa. Ela queria que não fosse Ares o seu pai. E engolindo em seco, olhou para o símbolo que afirmava quem era seu pai.

Ninguém estava mais pasmo do que ela própria.

– Salve Karina, filha de Hermes! Deus das estradas, dos ladrões e dos viajantes! – Anunciou Quíron.


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Notas finais do capítulo

Gente, no capítulo 5 (aquele lá das lutas e tals, que Neal foi reclamado...) Neal disse que era filho único. E no primeiro capítulo dele ele disse que tem 10 irmãos. Na vdd meio-irmãos por parte de mãe (mortais) ele têm três. Mas se considera filho único. Mais a frente Neal explica direito pq num capítulo. (acho que beeeem a frente msm... kkk)
>> Só estou explicando pra não ficar confuso ou acharem que é algum erro. Acho que alguns pensaram assim. Espero que tenham curtido o capítulo. :3