Infinitos escrita por Evee Batista


Capítulo 6
Capítulo 6




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Rio de Janeiro, 31 de Dezembro de 1998.

Querido amigo,

Tenho muita coisa pra te contar. Meu aniversário já passou, meus amigos fizeram uma festa incrível para mim, a festa dessa vez foi na casa de Petra e de Perseu. No dia seguinte eles iam para as suas faculdades. Meu pais me deixaram ficar lá, dormir lá pois a festa duraria muito tempo.

Depois que a festa terminou ficamos conversando até que Perseu me perguntou porque eu nunca tinha pedido pra sair com ele. Expliquei o motivo, que eu queria que ele ficasse feliz com quem quer que fosse, e então ele me beijou, disse que estava apaixonado por mim. O clima esquentou, fomos para o quarto, aquela seria a minha primeira vez, estava tudo indo as mil maravilhas até que ele tocou a minha perna e quando ele fez aqui, senti algo estranho e vi um flashback passar pela minha mente, e então me lembrei de um dos traumas do meu passado. Meu tio.

Quando minha mãe estava no hospital e ele cuidava de mim e do meu irmão junto com minha tia ele fazia com que minha tia saísse de casa e levasse Alec consigo, e então quando estávamos sozinhos em casa, ele me molestava, e já chegou a abusar de mim uma vez, nunca contei a ninguém, aquilo era doloroso.

Não deixei que Perseu percebesse aquilo, mas foi em vão, ele percebeu, mas não perguntou nada, apenas foi carinhoso comigo. Se quer saber se transamos? Sim nós transamos, dormimos juntos logo em seguida.

Logo pela manhã ele ia embora junto com Petra, mas não quis ir antes de falar comigo. Nos despedimos, foi um momento triste, Petra chorou quando me abraçou e prometeu que voltaria e que enquanto isso tomaria conta do Perseu pra mim.

Assim que eles foram embora aquele flashback do meu tio ficou passando várias e várias vezes na minha cabeça. No meio da rua tive um ataque, fiquei vendo minha tia e meu irmão, eles falavam comigo, acho que fiquei maluca. Eles ficavam falando, e falando até que eu desmaiei. Quando acordei estava aqui no hospital, minha mãe e meu padrasto, sim minha mãe se casou, estavam lá preocupados. A doutora disse que queria falar comigo.

Conversamos bastante e eu contei a ela o que aconteceu em relação ao meu tio, ele foi preso é claro, minha mãe ficou arrasada, mas superou, ela contou para os meus amigos o que aconteceu.

Depois que recebi alta, minha mãe e meu padrasto cuidaram muito bem de mim e no fim de semana Petra e Perseu vieram me ver, pediram pra sair comigo e minha mãe autorizou.

Passamos o dia todo juntos, conversamos sobre suas faculdades, conversamos sobre tudo. Se eu superei meu trauma? Sim eu superei. Eles ficaram um mês de férias aqui, todos os dias nos vimos, e eles me ensinaram que é melhor enfrentar os problemas que se esconder deles.

A noite fomos para o prédio e subimos até o terraço, a lua cheia brilhava mais que tudo, o tempo estava fresco. Dançamos, cantamos e eles me fizeram uma surpresa. Depois todos os nossos amigos chegaram, sim todos, Ava e John vieram, Tessa e sua amiga também, até o professor de português e sua esposa.

Minha família do coração, toda reunida aqui. Fizemos nossa ceia de ano novo, sanduíches e sucos. A esposa do professor está grávida, eles estão tão felizes.

Ava estava muito entusiasmada com sua faculdade, ela disse que vai ser a melhor de todos da turma, e como uma boa aluna estava com sua câmera em mãos, tirando fotos de todos.

John estava feliz com sua namorada, ele estava estudando bastante para medicina mas sempre arrumava tempo de ficar com ela.

Petra, minha doce Petra finalmente superou de vez Ella e está namorando, a menina se chama Lena, é da mesma sala que ela na faculdade. Os pais de Lena aceitaram numa boa a filhar estar namorando com uma pessoa do mesmo sexo, e disseram que se ela está feliz eles também estão.

E tem o Perseu, ele finalmente tomou coragem e me pediu em namoro, eu aceitei é claro, e ele me disse que conseguiu todos os fins de semana vagos para vir para cá ficar comigo. Minha mãe e meu padrasto estão muito felizes com isso.

Ah, por falar na minha mãe e no meu novo papai, eles terão um filho, ou filha, bem não sabemos. Minha mãe está com 4 meses ainda. Falei com meu pai, finalmente, conheci sua esposa e ele me pediu perdão pelo que aconteceu. Ele e minha mãe começaram a se dar bem, e viraram amigos de novo.
Tessa estava namorando um menino, sim ela estava conosco no terraço, ela e Perseu viraram amigos. Parece que todos nós resolvemos nossos respectivos problemas não é mesmo.

Começou a tocar a música 'Heroes' do David Browie e Perseu me puxa pra dançar, o que era engraçado pois todos começaram a dançar também.

Eu só conseguia olhar pra cima e dizer em pensamento "Muito obrigada por me deixar viver pra presenciar esse momento, onde todos nós estamos felizes, juntos, como uma verdadeira família".

A vida tem tantas incertezas, nunca sabemos o que esperar dela. Cada um aqui trilhou seu próprio caminho, escreveu sua própria música, mas nossos destinos estavam escritos nas estrelas. Deus escreveu que nossos caminhos se cruzariam, que nossas músicas seriam completadas por cada pessoa que está aqui em cima.

As vezes pensamos só em nós mesmos. Cada um aqui teve um vida difícil, uma música triste e um caminho cheio de espinhos para percorrer, mas por sorte todos nos encontramos. Nossas vidas se forçaram a se encontrar e formar uma família.
Faltava pouco para o relógio bater meia noite. Todos nós estávamos esperando os fogos de ano novo. Olho para trás e vejo todos sorrindo e aquilo me deixava mais feliz que tudo nesse mundo. Então estou eu aqui na beira do terraço, sentindo o vento agitar meu vestido e meus cabelos, fecho meus olhos e começo a sentir o pingo da chuva que estava começando.

Quando abro meus olhos para contemplar a chuva, consigo ver, todos estavam ao meu lado, todos junto, unidos de mãos dadas celebrando o começo de um novo ano, um novo começa para nossas vidas. Sinto Perseu segurar minha mão, ele que me mantém com os pés no chão e não me deixa cair na escuridão total.

Muitos já ouviram a frase "Me sinto infinito", talvez já até disseram essa frase em um momento de felicidade, mas esqueceram dela quando estavam no momento difícil de solidão e dor. Por isso nós não nos sentimos infinitos.

Não só nesse momento, mas nós sempre nos sentiremos e seremos Infinitos.

Obrigada por ter lido todas essas cartas, você me ajudou muito, eu sinto em dizer que irei parar de escrever por um tempo, para assim aproveitar mais tempo com minha nova família. Quem saiba no futuro eu te escreva sobre como minha vida está, como todos estão e como é realmente bom estar vivo. Te contarei tudo, te contarei o quanto estamos felizes e o quanto nós somos infinitos.


Com amor,
Lissa .


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