Emily estava nervosa, precisava de uma armadilha. Os hipogrifos inimigos estavam muito atrás, mas Emily tinha a impressão que eles não demorariam para alcança-los. Avistou grandes portões de ferro abertos, que pareciam ser resistentes. Disse ao hipogrifo para virar-se para lá. Avisou os amigos e eles mergulharam na entrada e junto com os amigos, fechou os grandes portões. Todos finalmente respiraram.

–Algum plano?- perguntou Astrid, ofegante

–Eu... Eu acho que eu tenho.- disse finalmente Wendy- Mas é muito perigoso. É uma armadilha.

–Isso me excita- declarou Jack

–Diga o seu plano

Wendy disse que seu plano era muito mais que perigoso, mas teriam que arriscar. Jack se voluntariou para ser a isca. Wendy arqueou as sobrancelhas, surpresa com o que ouviu. Jack montou em Orlam e saiu pelo teto. Chamou atenção de todos os hipogrifos e voou. Distraiu todos até um certo canal que cruzava. Jack desceu do hipogrifo e avançou em todos os outros, sozinho, apenas com sua espada. Foi cortando os animais, e os fatiando, transformando-os em pó dourado. Um das criaturas bateu as garras nas costas dele, o fazendo cair.

Pensou que seria o seu fim. Até ouvir um grito de guerra ameaçador. Era de Wendy, e estava acompanhada com Astrid e Emily. Ela correu, e entre seus passos largos, ia cortando os monstros. Ficou completamente suja de pó de ouro. Estendeu a mão para Jack, para que ele se levantasse.

–Levante-se sua marica.

Ainda naquela situação ele conseguiu rir. Quando se levantou, o quarteto batalhou de maneira voraz. Sem perceberem, haviam matados todos os hipogrifos. Orlam sacudiu pó de sua cabeça. Astrid estava inteiramente coberta de pó dourado por suas roupas, cabelos e rosto. Ela olhou para o céu e viu que estava escuro. Olhou para os amigos e disse:

–Pessoal... estou cansada. Vamos dormir.

–Tudo bem. Vamos.- chamou Emily

Logo todos foram para uma floresta. Pegaram madeiras e fizeram uma fogueira. E sentaram-se e esquentaram peixes, que pescaram recentemente. Estavam em um círculo, como se fossem jovens normais, mas infelizmente não é o caso deles. Estavam em silêncio, até Astrid começar a falar:

–Bem... Wendy, você tem algum algum...- ela fez gesto de aspas- parente?

–Sim... Meu irmão se chamava Lushie. Ele era um guerreiro, assim como eu, mas morreu na...- Wendy deixou escapar uma lágrima, mas logo limpou- guerra, de uns dias atrás.

–Eu sinto muito...- disse Emily

–Não sinta. Por favor... eu não quero que compartilhem essa dor comigo. E você Astrid? Alguém como parente?

–Eu tinha Aden. Ele era como um irmão para mim. Mas agora... Eu vou acha-lo. Nem que seja a ultima coisa que eu faça!

–Prometemos que acharemos ele.- reanimou Jack

–Eu espero... Eu creio.

Astrid olhou para o céu estrelado. Como Aden adorava as estrelas. Ele sempre quis voar até o espaço e ver todas. Falou mentalmente sozinha para as estrelas: "Aden está mandando um oi...". Fechou os olhos e sentiu o vento bater em sua face. Ouviu Wendy perguntar algo interessante a Jack, que fez Astrid se animar, ansiosa com a resposta do rapaz.

–Então...Jack. Por que exatamente está nos ajudando?

–Já disse. Porque não estou do lado de Satã e...- ele foi cortado

–Pergunto a resposta verdadeira.

–Você ainda não confia em mim srt. Wendy?- perguntou entre um sorriso irônico

–Quer saber a verdade...?- ela se aproximou do rosto dele e sorriu- Não.

Jack ficou observando os olhos de Wendy. Os olhos cor de ouro divertidos. Como sua pele morena era perigoso e sedutor ao mesmo tempo. Como seus cachos o faziam tremer e quando erguia a voz... céus, parecia tão madura e confiante de si. Ele suspirou e se deitou em cima da mochila que estava o olho do gigante. Pareceu ter ficado chateado com a resposta de Wendy. Emily riu dos dois e se deitou também.

No dia seguinte, voaram até uma praia. Mas não era uma praia qual quer, era a praia dos elfos e das fadas.

–Então... O que faremos agora?- perguntou Jack

–Temos que fazer a armadilha.- disse Astrid

–Como se faz essa armadilha?- retardou Jack

–Nossa! Você não estuda não moleque? Tem que por um prato de água morna na beirada da praia com sal. Só isso. Isso é quase um perfume para elas, que desejam beber a qual quer custo.- explicou Wendy

Prepararam tudo e deixaram na beira da praia. Esconderam-se atrás de uma enorme pedra e viram uma linda mulher se aproximar do prato. Tinha cabelos longos e negros, olhos negros como os cabelos e uma pele tão pálida quanto a lua. Não vestia nada, estava nua. Ela observou o lugar, a procura de caçadores, mas como não viu ninguém. Se ajoelhou e bebeu a água do prato. Wendy foi avançando devagar sobre areia. Ergueu a espada para ataca-la quando ouviu um berro, e esse berro vinha de Jack. As garotas olharam para ele como se fosse um idiota. Na realidade Jack ficou com pena de derramar o sangue de alguém tão bonita, uma criatura doce e encantadora. A fada percebeu a presença deles e soltou um grito agudo tão fino que os ouvidos deles doeram. Ela simplesmente desapareceu em seguida. Wendy virou-se para Jack com fogo nos olhos. Soltou a espada no chão e começou a bater palmas sarcásticas.

–Parabéns seu... seu grande estúpido!- gritou

Em seguida pulou em cima dele, fazendo os dois caírem na areia. Ela batia nele, Astrid e Emily tentavam separa-los. Finalmente conseguiram. Acidentalmente, Wendy bateu sua mão no olho ferido de Emily, fazendo ela gemer.

–Desculpe-me Emily, foi sem querer.- disse Wendy, tentando ajudar- Foi culpa dele! Já poderíamos ter terminado essa missão se não fosse esse...Argh!

Jack não sabia o que dizer. Nem sabia direito por quê fizera aquilo.