Rafael desceu com Astrid nos braços. Não pode evitar as bochechas vermelhas e o olhar desviado. Tocando no chão, Astrid pulou dos braços do anjo e passou a mão na roupa, para ajeita-la. Queria ter Celeste ali, ela era esperta e sabia te tantas coisa... Queria ter Aden ali, para protegê-la do perigo, não que ela seja uma donzela em perigo,mas gostava de se sentir segura. Queria ter Paulus ali, para inventar uma máquina do tempo para consertar o que o mundo fez. E principalmente, queria ter Daemon ali. Queria ver o sorriso irônico, o olhar felino e o corpo quente e frio ao mesmo tempo. Foi despertada de seus pensamentos por um chamado de Deus em sua mente. O recado dizia: "Astrid, estou no universo agora. Estou tentando fazer que os mortais nada percebam o que aconteceu. Você vai conseguir. Confio em você.". Aquilo era reconfortante para ela.

–Então... A Casa das Almas fica em Roma. Eu torço por vocês meninas. Até mais.- Rafael voou e partiu

–Bem, eu sei que A Casa das Almas não é barata. Precisamos de umas oferendas para o local.- disse Wendy

–Pelos meus estudos- começou Emily- temos que ter um olho de gigante, penas de hipogrifo... Nossa. Faz tempo que não vejo um. Enfim, e o sangue de uma fada.

Gigantes encontravam-se em Lima, no Peru. Lá que nasceram os gigantes e o ninho provavelmente deve estar lá. Hipogrifos eram animais de alta beleza quando o acharam da primeira vez e a França fez questão de pegar o animal e faze-lo crescer lá. Fadas achavam-se em qual quer praia, apenas deve-se fazer uma armadilha para pega-la.

Antes de partir, Rafael deu o mesmo notbook que Celeste tinha, para Emily. Teve lembranças de que quando ela e Celeste implicavam uma com a outra, chegou até ser meio engraçado. Agora lá estava Astrid, no meio de duas estranhas a procura dos amigos.

Ficou combinado que iriam na ordem: primeiro pegarão o gigante, depois o hipogrifo e por ultimo a fada. Os mortais desconhecem desta parte da história, mas eles foram as criaturas primárias. Fadas tomavam conta do Éden e os gigantes também. Hipogrifos viviam em paz lá, eram considerados criaturas de perfeita paz. Até que Adão e Eva chegaram ao paraíso. Comeram o fruto proibido e todos foram castigados por seu erro. As criaturas primárias ficaram com tanto ódio dos humanos, que já tentaram destruir o mundo, mas Deus não permitiu. Como Deus se inspirou com os humanos em aparência dos anjos, Astrid suspeitava que quando chegarem lá, os gigantes não irão recebe-los com abraços e beijos

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Rafael já tinha deixado as três garotas na fronteira do Brasil para o Peru, então teriam que caminhar um pouco. Chegaram em uma rodoviária e se postaram na fila para comprar passagens. Wendy parecia ter mais nojo dos humanos do que as criaturas primárias, quando um acidentalmente encostava nela, evacuava e o encarava como se fosse um lixo deixado na porta de casa. Emily olhava para todos os lados e viu uma figura sinistra que fez seu único olho dilatar.

–Astrid...- chamou Emily e apontou discretamente a um homem- Um demônio.

Astrid seguiu o dedo de Emily e viu um garoto (com a aparência "normal") de pele pálida, olhos negros, um cabelo loiros mal penteado. Trajava-se com uma blusa sem mangas longas,uma calça jeans e uma mochila. Ele olhava diretamente para as três. O olhar dele era de faminto e quase um: eu vou te matar. Wendy seguro no cabo de sua espada e cerrou o olhar para o rapaz. Astrid queria muito imaginar o quê os humanos viam nele, por exemplo, nenhum jovem normal anda armado com uma espada de ouro imperial. Mas isso agora não importava. Esse cara cheirava a encrenca.

Para a surpresa das garotas, ele se aproximou. A mochila só estava apoiada em um ombro e ele vinha em passos largos. Emily segurou um dos vidros de suas poções. Ele levantou as mãos para cima, em sinal de rendição e deu o mesmo sorriso que Daemon: irônico.

–O que três anjos fazem por aqui?- perguntou

–Nada que interesse a você seu nojento.- disse Wendy e em seguida cuspiu nos pés do demônio

–Nossa garota, seus pais não te deram educação?- as três o olharam como se ele fosse algum tipo de idiota- Eu sei que vocês não tem pais. Era só para quebrar esse clima.

–O que quer aqui? Vá embora.- disse Astrid e o demônio a olhou de cima a baixo- Algum problema?

–Já ouvi falar de você. As... Como é mesmo? Mestrid? Trident?

–Astrid.- corrigiu ela

–Sou Jack.

–Certo. Tchau.- rebateu Emily

Sem que percebessem, já havia chegado a vez delas de comprar as passagens. Elas pediram três passagens para o Peru. Sem que soubessem, Jack estava ouvindo tudo e comprou a mesma passagem. Afinal, qual é o objetivo dele?

Subindo no ônibus, se depararam com Jack sentado numa das poltronas, sorrindo. Wendy deu meia volta para a saída, mas Emily segurou sua gola. Fingiram que não o viram e sentaram em suas poltronas. "Ei" Alguém chamou na mente de Astrid. "Sou eu, Jack. Eu só quero ajudar. Não estou do lado de Satã. Ele é falso e traiçoeiro.". A mensagem fez sua cabeça doer. "Não me importo! Você não é bem-vindo. Vocês pegaram a alma dele! Isso pra mi não tem perdão!" Astrid respondeu mentalmente. Ela se referia a Daemon do sequestro da alma dele. "Não peço muita coisa a você. Só uma chance." disse Jack.

Astrid voltou-se para as meninas e conversaram. Logo disse:

–Menina? Então? Vamos, não custa nada.

–Você enlouqueceu?! Claro que não!- disse Wendy, num tom pouco alto

–Mas... Se ele vacilar você pode cortar a garganta dele. Não há problema. Mas só se ele fizer algo errado.- sugeriu Emily

–Meu Deus...- Wendy suspirou- Tudo bem.

Conversaram com o tal de Jack e ele parecia alguém confiável. Ele conseguiu a confiança delas. Ele não tirava um minuto se quer o sorriso nos lábios. Tinha uma cicatriz no canto da boca, o que fazia ele sensual. O olhar dele era vazio e indecifrável. Algo diz a Astrid que ele podia ser alguém bom...