Não deixe elas te abalarem - Disse pra Claire. Mas eu sei que é difícil pra ela ficar quieta, ela não é o tipo de pessoa que fica calada nessas situações, mas ela sabia que que era melhor não confrontar ela, muito menos depois do que tinha acontecido. Emma, suas comensais da babaquice e seu salto-alto-sou-melhor-que você chegaram fazendo barulho. Uma das meninas do grupo fez um gesto de vomito e saiu andando.

Claire sabia que as meninas da escola estavam dizendo que ela estava vomitando para emagrecer. Também sabe que não adianta revidar, elas não vão parar

Ela queria sair da escola. Eu sabia que vir pra cá não era a prioridade dela. A escola era só uma repetição monótona de eventos obrigatórios com os qual ela nunca se sentiria a vontade, mas o tio dela cismou que ela tinha que terminar o ensino médio.

Vou pra casa - disse Claire se levantando e indo embora. Não tentei segui-la ela precisava de um tempo sozinha, então fui pra casa caminhando com Alex e um Doritos. Tirando o fato de o meu rosto ter sido acertado por um Doritos voador que "do nada" pulou da mãe de Alex, a caminhada foi tranquila.

Mas infelizmente, a partir daqui essa caminhada com ataque de Doritos foi a coisa mais tranquila que aconteceu.

Percebi que deixar Claire ir andando sozinha pra casa com Emma infernizando a vida dela não era a minha melhor opção. Só queria ter tido esse "momento A-há" um pouco antes.

Durante essa semana que se passou, Claire ficou trancada dentro do quarto. No início pensei que ela estava na Nova Grécia, mas Charles me garantiu que ela estava trancada no quarto.

Na outra semana ela voltou pra escola, mas assim que ela chegou surgiu o boato de que ela tinha vomitado durante o intervalo. Eu fiz de tudo para não acreditar no que tinha ouvido, mas Alex disse que viu ela entrando no banheiro correndo depois saindo se escorando nas paredes.

Ela não falava comigo direito... Na verdade nem olhava pra mim. Mas... eu não fiz nada de errado certo ? Ou fiz ?

Passei um bom tempo sentado no gramado pensando em todas as possibilidades existentes e não existentes para descobrir o motivo de ela estar chateada comigo.

Fiquei triste ao lembrar que exatamente naquele gramado tinha sido o úlitmo lugar em que conversamos antes de ela "Mudar"

Meus pensamentos de culpa foram interrompidos por uma cachoeira de cachos negros que passaram por mim de repente. Meu instinto falou mais alto e antes que eu pudesse me controlar já tinha gritado seu nome

Claire! - Ela continuou andando, ignorando completamente minha voz - Claire! - Não dava pra voltar atrás agora. Fui atrás dela e puxei seu braço com certa brutalidade. Quando ela olhou pra mim, seus olhos se encheram de lágrimas e dava pra perceber que ela estava fazendo toda força do mundo pra segurá-las - Por que está fazendo isso ? - Quando percebi já estava alterando meu tom de voz com ela - Por está fazendo isso comigo Claire ?! - Tanto eu quanto ela deixamos as lágrimas escorrer e ficamos nos encarando sem dizer uma palavra um ao outro. Apenas viajando na conexão dos nossos olhares ao se cruzarem

Kevin... - Quando ela começou a falar, parecia que cada palavra que ela dizia saia com tanta dor que eu fiquei tentado a mandar que ela parasse, mas minha curiosidade falou mais alto

Continue!

Me desculpe - Ela estava tremendo muito e seu rosto estava mais pálido que o normal. Notei que alguma coisa tinha caído no chão, mas estávamos tão concentrados em olhar um pro outro que nenhum de nós se importou em ver o que tinha caído

Claire... Não tem como eu te ajudar sem saber o que está acontecendo - Ela literalmente se jogou em cima de mim e me abraçou com toda força possível

Estou com medo Kevin... - Quando ela falou isso meu peito se apertou. Nunca visto ela em um momento de fraqueza, muito menos com medo. Ela estava realmente assustada - Kevin eu... Estou grávida

Enquanto meu cérebro tentava se decidir entre o panico e o medo, ficamos encarando um ao outro. Dava pra ver nos olhos dela que ela estava com medo, e foi esse olhar que me fez não duvidar que seria uma brincadeira de muito mal gosto.

Claire eu... - Deixei que minha cabeça se organizasse até responde-la - Mas... como ? - Ok. Eu sabia como, também sabia que aquela casa na árvore tinha servido para muitas coisas, mas nunca tinha parado pra pensar nessa possibilidade

Sério que você quer que eu te explique ? - Mesmo chorando conseguia ser irônica

Não! Espera! Você tem certeza ?

Claro que tenho! Eu fiz os testes

Então é por causa disso que você simplesmente desapareceu?

Claro que não! - Ela olhou pro lado com... medo ? - Vamos pra Nova Grécia, lá eu te explico

***

Chegando lá Claire foi me puxando por entre as árvores me fazendo dar de cara com alguns galhos. Ela estava nervoso, mas eu não entendia o motivo. Se minha mãe me deixasse vivo depois de descobrir que eu iria ter um filho, iriamos cuidar dele com todo o amor e formar uma família feliz. Além do mais, faltavam menos de um mês para o fim das aulas e a nossa formatura. Depois disso era só ela esperar os nove meses e começar a fazer a faculdade. Minha mãe ficaria com o bebê enquanto estivéssemos fora e aos poucos iriamos construir nossa vida juntos. Esses pensamentos me fizeram abrir um sorriso, mas que logo foi fechado por outros galho arranhando minha boca e parte da minha bochecha.

Chegamos na casa do tio dela, ele nos encaminhou para a sala onde tinha uma menina ruiva com expressão preocupada foleando freneticamente um livro com aparência surrada.

Kevin, essa é minha prima Lucy - parou de ler por um segundo, fez um aceno rápido e voltou a folear as páginas surradas do livro velho

Kevin eu... não sei como te falar isso, é melhor você sentar - Fiquei nervoso, mas me sentei imediatamente - Você se lembra que eu te contei das duas deusas do meu colar ?

Afrodite e Selene certo ?

Isso. Bem, há vários outros deuses. Um deles se chamava Apolo, ele é o Deus do sol. Existe uma lenda, que não é contada no seu mundo. - Eu ouvia todas as palavras com toda a atenção do mundo - Reza a lenda que ele se apaixonou por uma mortal, mas deuses não podem se apaixonar por mortais. Apolo acreditava naquele amor com tanta fidelidade que acabou passando por cima das regras para ficar com sua amada. Um tempo depois ela engravidou. Mas o poder dessa criança era tão forte que fez a mortal morrer durante o parto. Por desobedecer as regras e insistir em ficar com sua amada mesmo sabendo que era proibido, o espirito dela ficou aprisionado na lua, para nunca poderem se encontrar. Porém, o amor deles é tão forte que de tempos em tempos, ocorre o eclipse solar. - Não entendia o que todo aquele papo tinha a ver com a nossa filha. Lagrimas brotaram nos olhos de Claire e ela inspirou fundo - Desde então é proibido que abençoados da lua se apaixonem por mortais - Olhei pra ela sem entender - Kevin, ou um de nós dois vai morrer... ou a criança