Mestiça escrita por Tayná Milene


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

(Reescrita) Desculpem a demora, mas a faculdade começou e eu estava meio sem tempo. Estão gostando? Alguma sugestão.
Obrigado a todos que comentaram, de verdade, são vocês que me dão inspiração.



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  Nossos olhos se encontram, as risadas param, não se trata mais de uma brincadeira e parece que um ímã recobre nossos corpos, nos aproximamos centímetro a centímetro, até que posso sentir sua respiração juntando-se com a minha, aproximamo-nos cada vez mais, até que nossos lábios se encontraram, o beijo começou lentamente, provocante, mas conforme nos entregávamos foi ganhando mais intensidade.

   O monstro dentro de mim rugiu com uma urgência desesperadora, nós dois não éramos mais apenas nós, éramos dois predadores, lutando pelo controle. Ele soltou meus braços e eu envolvi seu pescoço, o puxando para mais perto. Suas mãos fortes foram parar na minha cintura, me prendendo e me puxando em sua direção, como se estivesse com medo que eu escapasse por entre seus dedos. Eu tinha sede, sede de Edward.

  Correntes elétricas percorriam meu corpo e eu tinha quase certeza de que ele as sentia também. O beijo foi se tornando mais ardente, mais profundo, mais intenso, se tornou uma necessidade, eu queria mais, muito mais. Nenhum dos dois temia machucar o outro, éramos dois monstros, dois monstros sedentos um pelo outro.

  Algo que eu jamais havia experimentado antes tomou conta de mim. Rolamos na cama de novo, fiquei por cima de Edward novamente, minhas mãos foram parar em seu cabelo, o puxando para mim, já as mãos dele passeavam pelas minhas costas, me deixando completamente arrepiada. Seus lábios foram deslizando até meu queixo e depois seguiram até meu pescoço e voltaram lentamente, me provocando, quase me levando a loucura. Somente com um puxão minha blusa se voltou em farrapos e foi parar jogada no chão, o mesmo aconteceu com a blusa de Edward, quando eu a puxei.

   Mas então um raio de sanidade percorreu minha mente e me levantei bruscamente, indo parar no outro lado do quarto, sem conseguir olhar para ele. Edward continuou deitado na cama, controlando a respiração e sem entender o que aconteceu.

—o que estamos fazendo!? –eu falo retoricamente, tentando controlar minha própria respiração ofegante.

—não sei o que deu em mim, desculpe. –fala Edward, jogando a cabeça contra o travesseiro e passando a mão pelo rosto.

—não foi só você. –eu comento, rindo.

   Vou até o guarda-roupa e pego uma camisa lá e a visto, uma básica preta. Olho na direção de Edward e vejo que ele esta sentado na cama, analisando os pedaços que um dia ele chamara de camisa. Sorrio. Vou até a beirada da cama e pego a camisa de Alice.

—olha o que você fez, espero que Alice não gostasse muito desta camisa, não há concerto. –falo.

—eu? Olha o que você fez. –Edward fala brincando também e mostrando a camisa dele.

—quero ver você explicar o porque de chegar em casa sem a camisa. –murmuro para mim mesma.

—culpa sua. –diz ele.

—espere aqui. –eu falo.

   Vou até o quarto de visitas e abro o guarda-roupa, pego uma das camisas de Jacob que ele uma vez deixara aqui e a levo para Edward, eu a estendo para ele e ele franze o nariz.

—isso tem cheiro de cachorro molhado. –fala ele olhando com nojo para a camisa.

—é isso, ou sair sem camisa. –falo autoritariamente e ele coloca a camisa a contra-gosto.

—morreu? –pergunto brincando.

—sim, quero ver eu explicar porque cheguei com uma camisa com cheiro de cachorro. –fala Edward.

—diga que eu derramei alguma coisa em você e te emprestei a camisa, ou sei lá, você lê mentes, deve ser fácil arranjar alguma história. –falo o provocando.

—o que uma coisa tem haver com a outra? –pergunta ele.

—tudo. –falo rindo.

—não vou discutir. –diz Edward.

—sua família não está lhe esperando? Gostaria de ficar um pouco sozinha. –falo, não olhando em seu rosto.

—está mesmo. –murmura Edward e se levanta, indo em direção à porta.

  O sigo escada abaixo e paramos na varanda. Edward vem até mim e me dá um beijo na testa, o que ele faz facilmente, por ser ao menos 15 cm mais alto que eu. Fico sem reação e permaneço imóvel.

—até amanhã Isabella. –fala ele.

—até amanhã Edward. –falo.

   Ele entra no carro e fecha a porta, mas antes que ele dê a partida vou até o carro e abro a porta do carona, ele me olha curioso, me inclino para dentro do carro.

—você já se apaixonou Edward? –pergunto com seriedade na voz.

—não, e você? –ele retorna a pergunta.

—já, e sabe o que aconteceu? Ele morreu, os Volturis o mataram, como aconteceu com muitos que alguma vez já se importaram comigo, minha mãe e meu pai biológico, alguns amigos, não posso me dar ao luxo de por mais vidas em perigo, eu não me perdoaria. –falo, fecho a porta do carro e entro em casa rapidamente, não olho para trás.

  Do meu quarto escuto ele saindo com o carro, deito-me na cama e encaro o teto, tento pensar em qualquer outra coisa, mas só consigo lembrar de seus lábios junto aos meus.

—controle-se! –eu grito, irritada comigo mesma.

  Meus sentimentos viram uma bagunça e eu não consigo controlá-los.

—pare de se importar! –falo para mim mesma.

   Mas tudo o que penso é em Edward, como se fosse uma tortura, ou talvez uma maldição. Não posso me importar com ele, nem com os Cullens, pois  quanto mais importante eles forem para mim, mais perigosa serei para eles. Eu simplesmente não suportaria perder mais ninguém, nem por alguém em risco.

  Passo o resto da noite perdida em pensamentos e memórias, minha mente lutando bravamente contra meus sentimentos, uma tarefa nada fácil. Levanto de minha cama e abro as cortinas, espiando pela janela vejo mais um dia raro de sol em Forks. Fico em duvida sobre aceitar ou não passar o dia com os Cullens, mas minha curiosidade acaba vencendo.

  Pego minha moto, a que Emmet tanto adorou, e vou em direção à casa dos Cullens a toda velocidade, estaciono e desço, Carlisle é quem vem me receber, junto a Esme, que vem em minha direção e me da um beijo carinhoso no rosto.

—fico feliz que veio. –fala ela, passando o braço pelos meus ombros e me levando até a entrada da casa.

—bom dia. –fala Carlisle estendendo sua mão, eu a aperto vacilante.

—pode entrar querida, as crianças estão na sala. –fala ela em tom brincalhão.

  Os acompanho até a sala, Carlisle volta a seu lugar, onde jogava uma partida de xadrez contra Jasper  perto da escada em uma pequena mesa com duas banquetas. O vídeo game estava instalado e Emmet jogava contra Edward uma partida de luta, os dois sentados no chão perto da TV. Alice desenhava em uma tela em um canto e Rosalie examinava o resultado. Esme sentou-se no sofá e pegou o livro que estava lendo anteriormente.

—olá. –cumprimento a todos.

—bom dia Isabella. –fala Alice e os outros também me cumprimentam, inclusive Edward, que acabara de notar minha chegada.

  Edward me encara e eu tiro os olhos dos dele, envergonhada. Ninguém percebe, mas por minha causa Edward se distrai do jogo e Emmet se aproveita de sua distração momentânea e ganha uma vantagem, acabando por vencer a partida.

—eu sabia que você não podia ganhar sempre cabeção! –fala Emmet segurando a própria mão em sinal de vitória.

—não vale, você roubou. –acusa Edward em tom de brincadeira.

—assuma que eu sou o melhor. –fala Emmet se gabando teatralmente.

—podemos começar outro? –pergunta Edward.

—mais uma oportunidade de eu ganhar de você? Claro que sim! –fala Emmet gargalhando.

  O jogo é trocado e em jogo de corrida é colocado no lugar, me interesso e sento próximo a TV, no sofá, vendo-os jogar. Emmet ganha novamente, desta vez sem que Edward tenha se distraído e sai correndo pela casa dizendo que é o melhor, em provocação à Edward. Até que senta novamente e Edward se levanta.

—quem é o próximo? Rosalie? Amorzinho? Por favor... –começa Emmet olhando como um cachorrinho que caiu da mudança para Rosalie.

—nem pensar. Você sabe que odeio videogame. –fala ela na defensiva.

—mas Rose... –tenta novamente ele, em vão.

—nem mas, nem meio mas, não é não, pare de ser criança Emmet. –fala Rosalie começando a ficar brava.

—okay. Ninguém ai está a minha altura? –pergunta Emmet e espera.

—Emmet é muito bom nesse jogo, ninguém ganha dele. –comenta Esme.

—Edward deveria ganhar, ele não lê os pensamentos dele?-pergunto curiosa.

—digamos que Emmet não é de pensar muito. –fala Esme em tom de brincadeira.

—até você mãe? –fala Emmet, ofendido.

—eu estava brincando filho. –ela se desculpa.

—sei... –fala Emmet olhando para ela desconfiado.

   Nesse momento eu esqueço que eles são vampiros, ali estão, na minha frente, a prova que vampiros podem ser bons, se assim quererem. Ali estavam eles, não um clã, não um bando, mas uma família, em todos os sentidos da palavra.

—eu jogo. –falo, assumindo o lugar que antes Edwrad ocupava.

—e você sabe jogar mocinha? –pergunta Emmet, erguendo uma sobrancelha e me olhando de cima a baixo.

—porque não jogamos? Daí você descobre. –falo em tom de desafio.

—beleza, mas jogo apenas se fizermos uma pequena aposta. –fala Emmet com cara de inocênte.

—que tipo de aposta? –pergunto, curiosa.

—bem, se eu ganhar, fico com aquele bebezinho lá fora, mas se você ganhar, vejamos, você pode escolher o que quiser. –explica Emmet. –seria muito fácil sem apostas, eu ganho sempre!

—okay então, eu aceito a aposta. –falo, confiante.

—Emmet, você não deveria fazer isto filho. –fala Esme.

—tudo bem Esme, eu não me importo. –falo.

—então vamos começar. –diz Emmet esfrengando as mãos.

   Apertamos nossas mãos, um gesto ridículo, mostrando que a aposta esta feita e então cada um pega seu controle.  O jogo inicia sem maiores rodeios, Emmet toma a frente rapidamente, apesar de somente por eu deixar que ele fique ganhando. Ele já olha como se tivesse ganhado, vamos para a última volta, Emmet bem à minha frente, então eu pego o atalho da pista, já tão conhecido, já que joguei inúmeras vezes este jogo com Seth, Emmet aparentemente não conhecia o atalho e fica furioso quando apareço à sua frente na corrida, ele ainda tentava se recuperar quando cruzo a linha de chegada, ficando em primeiro e Emmet em segundo.

—não é justo, você trapaceou! –fala Emmet se levantando bravo.

—não trapaceei não, não tenho culpa que você não sabia do atalho. –falo rindo.

—atalhos são trapaças.

—não são não.

—são sim. –fala ele matendo o pé no chão como uma criança pequena.

—vocês dois até parecem irmãos brigando. –comenta Alice.

  Olho para Emmet e sorrio, ele se parece muito com Seth, os dois se dariam muito bem se viessem a se conhecer, claro, isso se Seth não fosse um lobo e Emmet um vampiro.

—você não pode ganhar de mim em tudo... –fala Emmet pensativo.

—talvez eu possa... –murmuro sorrindo em provocação.

  Emmet me encara pensativo, e coloca a mão no queixo me examinando dos pés a cabeça novamente, calculando seja lá o que esteja passando em sua cabeça. Um sorriso travesso passa por sua face. O encaro, curiosa.

—você não parece ser muito forte. – comenta ele.

—e o que tem isso? –pergunto sorrindo.

—eu sou o mais forte de minha família. –constata Emmet.

—isto é verdade. Meu gato é o mais forte. –falo Rosalie brincando e piscando para Emmet.

—obrigado tigresa. –fala Emmet a encarando com adoração.

—Emmet! –fala Edward.

—não mandei ficar bisbilhotando meus pensamentos. –fala Emmet constrangido.

  Seja o que for que Emmet pensou, não era nada puro, penso rindo.

—Isabella, eu quero uma revanche. Proponho uma queda de braços. Se eu ganhar fico com sua moto, e se você ganhar leva meu Jipe.  –propõe ele estendendo a mão.

—apostado. –falo, apertando sua mão. –mas desta vez é pra valer.

—beleza. –fala ele e sai da sala para arrumar o lugar onde faríamos a queda de braço.

   Lembro do desconforto de Edward ao ler os pensamentos de Emmet e me solidarizo. Decido ajudar Edward, vou até ele, me posiciono a sua frente e o encaro.

—posso? –pergunto erguendo as mãos.

—pode. –fala Edward prontamente sem pensar, não fazendo a menor ideia do que eu fazeria.

  Coloco uma mão em cada lado de sua cabeça, ele fecha os olhos e eu faço o mesmo. Me concentro em sua mente, ouço como é estar dentro de sua cabeça, um verdadeiro tormento, ele consegue ouvir os pensamentos a quilômetros de distancia, e eles simplesmente não se calam, ele os escuta a todo momento. Me concentro um pouco mais e uso meus poderes para calar as vozes em sua mente.

—melhor? –pergunto sorrindo e dando um paço para trás.

—isso é... –Edward fala, mas não encontra as palavras. –isto é maravilhoso.

  Ele olha para mim com adoração, dá um passo para frente, nossos olhos se encontram e parece que algo me puxa em sua direção, mas me afasto e olho para trás, o que vejo são todos os Cullens prestando atenção em nós dois, Emmet já havia acabado de organizar o local.

—eu não ouço mais os pensamentos! Minha mente não fica mais assim, desde, desde...

—desde que você era humano. –completa Carlisle.

—não é permanente, só irá durar enquanto eu estiver por perto, se realmente quiser ouvir algum pensamento é só se esforçar um pouco. –aviso.

—obrigado, de verdade, é bom estar sozinho com meus próprios pensamentos. –diz Edward.

—não há de que. –falo sorrindo.

—como você fez isso? –pergunta Jasper, legitimamente curioso.

—só bloqueei a mente dele, assim nenhum pensamentos pode entrar. –explico.

—você poderia fazer isto com meu dom também? –pergunta ele.

—de um jeito diferente, mas sim, poderia. –falo calmamente.

—eu gostaria de experimentar um dia desses. –fala Jasper, cauteloso.

—é só pedir. –falo e sorrio para ele.

—okay, okay, chega desses coisas chatas de poderes, agora vamos ao que interessa. Vem comigo Isabella. –fala Emmet, me puxando pelo braço, fazendo todos rirem.

  O acompanho para o lado de fora, até a floresta, onde ele colocou uma enorme pedra lisa sobre outras duas, formando uma mesa, resistente. Me posiciono de um lado da pedra e Emmet do outro, com Rosalie, Esme e Carlisle logo atrás observando. Jasper a Alice observam a nosso lado direito e Edwards fica a minha esquerda.

—preparem-se. –fala Jasper, como Juiíz.

  Eu e Emmet colocamos nossos cotovelos sobre a pedra e damos as mãos da forma correta. Ao ouvirmos o “já” começamos a fazer força, tentando encostar a mão do oponente na pedra, Emmet começou ganhando, faltavam menos de três centímetros para meu braço encostar na pedra, mas então  senti minha força aumentar, em cada pedacinho de meu corpo, como uma descarga de energia. Consegui levar o braço dele novamente ao ponto inicial, e depois mais para baixo, começando a tomar vantagem.

  O rosto de Emmet estava contorcido pela força que ele exercia, me empenhei mais um pouco, o braço dele descendo mais alguns centímetros. Ele se recuperou um pouco, mas eu sou mais forte, o braço dele foi descendo pouco a pouco e Emmet não conseguia acreditar, olhando incrédulo para nossas mãos unidas. Faltavam apenas alguns poucos centímetros, usei todo restante de minha força e o braço de Emmet bate na pedra com força, quebrando-a ao meio. 

—não acredito nisso. –fala ele me olhando aturdido.

  Eu apenas sorrio, ele dá um chute na pedra, descontando toda sua raiva, e ela vai parar do outro lado de um pequeno riacho próximo. Todos os Cullens me olhavam admirados, aplaudiram brincando e Emmet ficou mais bravo ainda.

—olha o tamanho dela! Não sei de onde ela tirou tanta força! –reclama Emmet para Rosalie. -olha o tamanho desse bracinho! Parece que vai quebrar a qualquer momento! -ele levanta o meu braço e o mostra a todos, como se para confirmar o que estava dizendo.

—para mim você sempre será o vampiro mais forte que eu conheço. –tranquiliza Rosalie, meio brincando meio falando a verdade.

  Edward vem para o meu lado e me observa por alguns segundos, me pergunto no que ele estaria pensando, ele sorri e eu instintivamente sorrio de volta. Alice se aproxima também.

—parabéns Isabella. Foi uma disputa interessante. –fala ela piscando para mim.

—Emmet vai ficar arrasado quando lembrar que apostou o Jipe. –sussura Esme se aproximando com Carlisle.

—ah, meu jipe! O que eu fui fazer?! Era meu jipe, meu bebe, minha vida! Como eu pude apostar ele! –lamenta-se Emmet dramaticamente ficando de joelhos no chão e olhando para o céu, fazendo todos rirem.

—tudo bem Emmet, não quero seu jipe, foi só uma brincadeira, pode ficar com ele. –falo.

—mas aposta é aposta e eu sempre cumpro elas. –fala Emmet, mas sem muita força na voz, abrindo um olho para me olhar.

—então fazemos assim, você fica com o jipe, mas fica me devendo uma. –digo sorrindo.

—feito! –fala ele e se levanta me abraçando e me girando no ar.

Eu dou risada da situação, Emmet é uma criança pequena no corpo de um urso! Ele me solta fazendo uma dancinha de vitória e joga um beijo na direção da garagem, depois vai para dentro da casa com Rosalie, que revira os olhos antes de entrar.

—ah Alice, a calça que você me emprestou eu trago um dia desses lavada, mas vou ter que comprar uma camisa nova para você. –falo e dou uma olhada com o canto de olho para Edward.

—não precisa devolver não, tenho milhares de outras, mas o que aconteceu? –pergunta ela.

—digamos que ela não está mais em condições de uso. –falo constrangida.

  Alice olha de mim para Edward, sorrindo sugestivamente.

—Edward chegou de sua casa com uma camisa fedendo a cachorro, ele disse que a camisa dele também não estava mais em condições de uso. Tem alguma coisa que não estão nos contando? –pergunta Alice provocando e sorrindo maliciosamente.

—nada! –falamos eu e Edward ao mesmo tempo.

  Esme dá uma risadinha, provavelmente compreendendo o que pode ter acontecido para duas camisas desaparecerem ao mesmo tempo.  Carlisle olha de mim para Edward, curioso e Alice só faltava sair pulando de felicidade.

—nada mesmo? –pergunta Alice provocando novamente.

—não Alice. –fala Edward e se vira para mim. –quer ir caçar? A cor dos seus olhos sai mais rapidamente.

—claro. –eu falo e olho para os outros. –querem vir junto?

—não obrigada. –fala Esme em nome de todos dando uma olhada severa.

  Esme queria nos deixar sozinhos. Nem eu, nem Edward queríamos ficar ali, quando todos nos olhavam sugestivamente, então partimos imediatamente.

—queria lhe mostrar um lugar. –fala Edward.

—onde? –pergunto.

—não muito longe daqui, é uma campina, gosto muito de ir para lá. –comenta ele.

—gostaria muito de conhecer. –digo sorrindo. –quer apostar corrida?

—por que não? Mas aviso que você vai perder. –diz ele convencido.

—mais um duvidando de mim? –pergunto erguendo uma sobrancelha e ele apenas sorri. –já.

   Saio correndo imediatamente e Edward vem atrás de mim, dizendo que não vale trapacear e que ele não estava preparado, mas o ignoro. Logo ele está correndo ao meu lado e me mostrando que direções tomar. Ele acelera, mas eu o acompanho, lado a lado, corremos por um bom tempo. Árvores e animais passam por nós como um borrão. Eu dou uma gargalhada espontânea, me divertindo. Olho para Edward, que sorri também.

—falta pouco. –fala ele e para de correr.

  Vou até seu lado e continuamos caminhando.

—quem ganhou? –pergunta Edward.

—digamos que foi um empate. –falo e pisco para ele o olhando de canto.

  Continuamos a caminhar lentamente, cada um focado em seus próprios pensamentos, mesmo em silencio, não há nenhum desconforto ou necessidade de puxar assunto entre nós. Para mim parece natural estar ao lado dele, mesmo não proferindo nenhuma palavra. Examino o lugar onde estamos, nunca estive aqui, as árvores são grandes e devem ter algumas décadas, a floresta é fechada, mas algumas flores brotavam aqui e ali. Estamos no topo de uma montanha e os raios de sol passavam por entre os galhos das árvores em alguns lugares.

  Minha mão toca na de Edward conforme andamos e envia um pulso elétrico novamente, fazendo com que eu queira tocá-lo mais. O sentimento é estranho para mim, nunca eu o havia sentido em minha vida inteira, era uma necessidade, uma ânsia, por Edward.

—uma vez Carlisle me disse que os vampiros sempre sabem quando encontram a pessoa certa para dividir a eternidade. –diz Edward calmamente.

—Carlisle parece ser muito sábio. –comento, sem saber o que dizer.

—Alice, Jasper, Emmet, Rosalie e até mesmo Esme disseram que você sabe assim que vê a pessoa pela primeira vez. Carlisle fala que você simplesmente sabe, que é como um ímã, te puxando em direção àquela pessoa. Ele diz que não importa quanto tempo leve, todos tem um par e vão encontrá-los algum dia. Sempre tive inveja dos meus pais e de meus irmãos, para eles foi tão fácil, tão certo. Sempre quis alguém ao meu lado, procurei pelo mundo todo, mas nunca, nada, ninguém, nenhuma fagulha, mas agora... –fala ele perdido em pensamentos, mas se interrompe, vendo que iria falar algo absurdo.

—mas agora... –murmuro o incitando a continuar.

—nada. –diz ele convicto.

—eu sempre fui diferente em minha casa, sempre tive que manter cuidado perto das pessoas, até de meus pais e irmãos. Tentei não me aproximar de ninguém, mas com o tempo essa tarefa se tornou impossível, eu comecei a querer ter alguém que fosse somente meu. O problema é que todos sempre foram somente irmãos para mim, como se nossas diferenças não fossem barreira o suficiente. Meus pais se amavam, verdadeiramente se amavam, e eu sempre quis isso para mim. Uma vez me apaixonei, mas eu ainda era muito imatura, fui enganada e  vejo agora que não era nada, apenas uma ilusão criada por mim mesma, estar apaixonada não é a mesma coisa que amar, hoje eu consigo ver isso claramente. –digo quietamente.

—compreendo. –fala Edward dando um sorriso triste.

  Num impulso seguro sua mão, ele aperta forte a minha de volta e tudo o que sinto é que estou no lugar certo, exatamente onde deveria estar, em meu encaixe perfeito. O mundo parece não existir, o que há é apenas Edward e eu, e nada mais, nenhum Volturi, nenhum passado, sofrimento, dor ou preocupação, apenas nós e um futuro imenso e inimaginável pela frente.

—acho que no fim Carlisle está certo, você simplesmente sabe. –murmuro.

   Edward olha para mim, me examina, pesando minhas palavras, então ele sorri, e internamente eu já sei que a decisão está tomada, são os sentimentos que mandam afinal, não a razão, muito menos a consciência. Sorrio de volta e dou um aperto em sua mão, imaginando o que esperar daqui em diante, que brigas teria que enfrentar. Edward não sabia, mas eu já era dele, não importando as circunstancias, muito menos se ele correspondia o que a muito já estava certo.

  Nós dois procurávamos alguém para nos completar e aqui estava o motivo por nunca termos achado: Éramos destinados, destinados um ao outro. Bastava saber se Edward iria correr o risco de amar uma pessoa feito eu.


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Notas finais do capítulo

Comentem que posto mais um capítulo ainda esta semana (2021)!